segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Afectos

Um telefonema à mamã, para saber da sua saúde, e das impressões eleitorais, fez-me recuar ao tempo em que circunstâncias da vida, nos afastaram. O indiscritível sabor que se encontra num destes pequenos carinhos actuais, contrasta com o azedo sentimento desses tempos.
Por vezes demoramos algum tempo em reconhecer os trilhos certos, e muitas vezes adiamos uma reconciliação por puro egoísmo e teimosia. Muitas pessoas existirão que apenas tarde demais reconhecem o erro, e sendo tarde demais, só haverá espaço para o lamento e para o remorso.
Podemos nutrir afectos e desafectos, por muitas pessoas com as quais nos cruzamos na vida, porém, só a um núcleo duro devemos dar uma única direcção - a do afecto - aos nossos pais,e aos nossos filhos. Podemos com os demais, ser recíprocos, olho por olho, dente por dente. Mas ao núcleo duro, não devemos dar sequer um momento de desafecto, ou de afastamento sob pena de um dia ser tarde demais.
Podemos barafustar, inquirir, discordar, mas no final sempre haverá harmonia, pois um núcleo duro coloca sempre um argumento de peso, o amor na frente.
Não quero aqui falar da minha vida, muito menos meter-me na vida de outros, mas, se a leitura destas palavras servir para amaciar algum coração, então já valeu a pena esta pequena confidência, e afinal, foi o que aconteceu comigo.


"Só uma coisa me entristece
O beijo de amor que não roubei
A jura secreta que não fiz
A briga de amor que eu não causei

Nada do que posso me alucina
Tanto quanto o que não fiz
Nada do que eu quero me suprime
Do que por não saber ainda não quis

Só uma palavra me devora
Aquela que meu coração não diz
Só o que me cega, o que me faz infeliz
É o brilho do olhar que eu não sofrí"

1 comentário:

  1. Desta feita assino eu. Gostei muito das tuas palavras. Sábias... Muito sábias...

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