terça-feira, 27 de agosto de 2013

tempos difíceis


Durante alguns dias que me arredo daqui, não por falta do que escrever, mas por falta de vontade. Tem havido um certo rebuliço, não desejado. Mas assim são as coisas. Assim é a vida. Assim é a velhice, que vai tirando o melhor à senhora minha mãe, deixando-lhe apenas, o menos bom. 

Depois, do que vem noutro plano, as notícias não animam, o rapaz desaparecido no naufrágio de uma embarcação, na Fonte da Telha, é filho de uma amiga minha, e a juntar a este drama, partiu há dias, um amigo e colaborador, ligado ao trabalho que exerço. Era uma parceria com mais de 20 anos.

As notícias dos bombeiros mortos em combate, não ajudam. Há algo de criminoso, por trás destas mortes. Existe muita gente que sempre lucrou com a época oficial de fogos. Gente suspeita, mas também gente insuspeita e improvável.

Resta ir resistindo e valorizando os escapes, tais como a música e o gosto pelas fotografias. O resto não digo.

sábado, 17 de agosto de 2013

das fotografias

A revolução operada no campo das fotografias, foi brutal. Antes, tal como as cartas e os postais demoravam a chegar, também as fotografias, nos davam os tempos de espera, desde a captação até ao revelar do rolo, com a agravante que tínhamos de pagar todas, 
ou seja, as tremidas, as desfocadas, as sem interesse. Hoje podemos tirar 200 fotos, e escolher na hora as 20 que vão ficar.

Contudo, a fotografia antiga, tem para além do marco histórico, a particularidade de ser de papel, poder ser folheada, guardada em caixas ou albuns, emoldurada, e perdura de geração em geração.

A fotografia digital, embora possa ser levada a papel (li algures que apenas 3% o são) corre o risco de se perder nos labirintos da net, num disco rígido que foi à vida, numa moldura digital de pifou.

Por aqui, vou guardando os retratos que faço, em pastas, pens e blogues, na consciência de que havendo um crash neste mundo internético, lá se perderão as fotos. As outras, as velhas, de papel, reveladas em estúdios esquecidos, guardadas estão, não em pastas e pens, mas nos armários, à maneira antiga.

O meu avô, de bata branca,
em Portalegre, já na profissão de barbeiro.

O meu avô, a bordo do paquete Império.

eu, com caracóis à menino Jesus

a minha mãe

eu. em Moçambique

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

nós por cá todos bem




Das tralhas que carreguei da casa do meu avô, vieram cartas e postais, Da leitura transversal de alguns deles, e daquilo que os mesmos deixaram ler, notei que em comum as entradas da escrita começavam mais ou menos por espero que esta te vá encontrar de boa saúde, que nós por cá todos bem. 

Deliciosos os tempos em que o tempo andava mais devagar, em que uma notícia por vezes com semanas de atraso fazia a felicidade das pessoas. Longe dos rapidíssimos tempos em que trocamos sms's ao ritmo de umas quantas por minuto, em que muito se escreve, e sempre muito fica por dizer.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

galinheiro

Na entrevista a Ruben Alves, jovem autor do filme a Gaiola Dourada, o mesmo, descreve o português típico como reclamante de café, quando comparado com o francês que quando reclama, sai para a rua. 

Quem está fora tem outra capacidade, ou mais capacidade de nos analisar, dado que pode ser mais imparcial e detém outros conhecimentos. 

Onde me encontro a trabalhar, existem televisões ligadas que transmitindo imagens sem som, provocam a quem vou atendendo sempre o mesmo tipo de comentários, quando o relato televisivo mostra a classe política. E desde injúrias, sentenças de morte, pragas, e fazia-te e acontecia-te, revejo o tuga, rosnante, cobarde a mandar vir no café, ineficaz e nada convicto, que a troco de uma bandeira, uma toalha de praia ou qualquer brinde fatela, irá votar sempre nos mesmos. O tuga que depois da eleição, irá reclamar nos cafés, e sempre que vejam um jotinha do ppd ou do ps no ecran. Cacarejando, claro. Assim é, desde que vivemos em liberdade.

sábado, 10 de agosto de 2013

Vou pró bailarico

Diz-se que tudo a seu tempo, e que tudo tem seu tempo. Hoje, ao relembrar que nesta altura do ano, eu andava a correr o nosso Portugal profundo, em bailaricos sucessivos, alternando entre noites pouco dormidas, viagens de carrinha a abarrotar, as actuações, a mochila que ao fim de 4 ou 5 dias parecia o cesto da roupa suja, dei-me conta que já não tinha pachorra para tal. Isto por culpa da idade, mas também porque no que toca ao panorama dos bailes de província, e todos em geral, não houve evolução. Hoje toca-se com mais aparato, luzes, equipamento, bailarinas e tudo, mas a qualidade piorou e o dinheiro que se ganha diminuiu. Fica-me alguma nostalgia dos mais de 30 anos que andei literalmente pelos caminhos de Portugal, mas não a vontade de regressar.

Congratulo-me por ter tido a inspiração de iniciar o projecto a solo que tanto prazer me dá, me renova dia a dia na música, onde todas as semanas há novidades, mesmo que em canções antigas, tais como as do Joe Dassin que pretendo abordar na próxima semana. A excelente noite de ontem, repleta de gente que saiu satisfeita pelos bons momentos passados, o vislumbre da noite de hoje que se adivinha alegre, confirmam-me que fiz a escolha certa no momento certo.

Sobre a foto acima:
Está aqui quase todo o grupo Código. A foto é dos anos 70, feita em Santarém, a caminho de destino mais a norte. Os músicos, pesos-pesados: da esq. para a dta - o Raminhos, trompete e trombone, mais tarde Grupo de Baile, Loucuras, Salsa Latina, etc ; o Virgílio, vocalista, vindo dos Hossanna, uma super-banda rock da Trafaria; ao lado, o Fernando Emanuel, teclista, hoje maestro, em Amesterdão; o João Mário, saxofonista, depois Grupo de Baile; em baixo, o Alcobia, baterista, e eu, que mais tarde integrariamos os Iodo. Faltam aqui na foto, o Jacinto, trombone, que viria a ser maestro da banda da GNR, e o Zé Tó, baixista. 

Esta banda tocava, desde Blood, Sweat & Tears, Chicago, Ekseption, Peter Frampton, Phill Collins, Stevie Wonder, MPB, música latina, à Maria Papoila ou a Pomba Branca, tudo num grande rigor, nada a ver portanto, com as pimbalhadas que se escutam hoje nos bailes.
Digamos que neste caso específico, o dos bailes, houve um 25 de Abril ao contrário.

A nossa agenda marcava-se com muitos meses de antecedência, e fomos muito bem pagos para a época. Servíamos também de banda de suporte para a grande maioria dos cantores famosos da época, e alguns deles ainda andam por aí, tais como o Marco Paulo, a Ágata, que na altura tinha o nome Fernanda de Sousa, a Rosita Afonso, hoje Rosa do Canto, o Calvário, o Artur Garcia, o José Malhoa, a Lenita Gentil, a Maria José Valério, e já não me lembro de mais. 

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

CR7 2 - MOU 0

Ora toma lá dois golos a seco, Mourinho. Bem te disse para ficares calado.

Gente Nova, e nossa

Que eu saiba, neste ano que corre, de pessoal amigo e da minha geração, já se contam quatro nascimentos. É assim como que uma espécie de ser avô por tabela, a alegria de ver a alegria nos meus amigos, e na dos seus filhos. É também um bom sinal de que existe gente para fazer um futuro diferente do passado que é hoje o nosso presente. Uma lufada de ar fresco, esta gente nova. Sei que dois deles se chamam Rodrigo, e Amália. Coincidência ou não, nomes de fadistas. Quem sabe, este ano ainda possa nascer uma Severa.

Reconhecimento. O seu a seu dono

Ontem desloquei-me à zona raiana, e dei um pulinho a Espanha. Os sinais de que mudara de país foram muitos. Mas o mais evidente, a prova de que estava realmente em terras de Espanha, foi o nome de uma ponte. Chama-se assim: Ponte José Saramago.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

parabéns à Ponte, e à Margem Sul

Faz hoje 41 anos, que ocorreu a inauguração da ponte, sobre o Tejo, para uns, 25 de Abril e Salazar para outros, se bem que, se o Salazar a pagou, e a pronto, lhe caiba aqui alguma legitimidade.

Faz hoje também 41 anos quem vindo de África, ali por baixo passou o meu avô, que de pronto mobilizou o meu pai, que contrariado, pegou no seu velho Opel de 59 e levou toda a família a passar a ponte, que era de borla. O Opel não aguentou, quiçá, a sua primeira bicha, e fumegou em pleno tabuleiro. Foi uma zanga rumo à outra margem, para dar a volta no centro sul, e voltar a Arroios, com o radiador a ferver.

Por visão ou por mero acidente, O ditador revolucionou a margem que tanto o hostilizou, ao erguer esta ponte. O contrário do que faz hoje em dia e lamentavelmente, muita gentinha auto-apelidada de esquerda.

Por vezes a revolução não está do lado óbvio.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Mourinho, porque não te calas?

Admito que não se goste do CR. Sendo ele tuga, ainda mais sentido faz, que alguns não gostem. Faz parte do sentimento tacanho lusitano, que vê com inveja e desdém sucessos tão flagrantes, reconhecidos mundialmente, e tão diversos como por exemplo os de Saramago, Carlos Paredes, Zeca Afonso, Marisa, e vá lá, admito, Joana Vasconcelos.

Ao vir a público dizer que o nosso CR é falso, dado que segundo o iluminado Mourinho, verdadeiro, é apenas o Ronaldo brasileiro. O especial dá uma mostra da sua mesquinhes, mau carácter, e total ausência de rigor dado que, goste-se ou não, o CR joga, e joga bem, marca, resolve, e puxa pelos colegas, pelo estádio, pelo país inteiro. Como se não bastasse, CR é uma marca que rende milhões, e ao que parece, a fama não lhe afecta o rendimento em campo. Sabendo-se que o especial único até percebe de futebol, desvalorizar CR, só o descredibiliza.

Mourinho acaba por revelar-se pois, do lado daqueles que falo acima, os tugas invejosos e com dor de cotovelo. Gentinha, portanto.

domingo, 4 de agosto de 2013

79 anos...

... completou hoje a senhora minha Mãe. Olho-lhe as fotos de quando ela, nova, tinha a beleza estampada,  irradiando a harmonia estética, que os olhos azuis claros realçavam. É uma das grandes injustiças da vida, deixa-se de ficar belo, pelo menos por fora. A senhora minha Mãe é hoje, como antes a mesma pessoa, detentora de uma lucidez extrema, na proporção inversa da mobilidade que teima em a agarrar à cama. A ela e ao seu corpo enrugado.

Na visita, para além da colocação das conversas em dia, vou-me entretendo a "dar fé" do que a rodeia - revejo alguns livros por ali arrumados, velhos álbuns de fotografias esquecidas, as caixas de medicamentos, as contas mensais junto com mais fotos por ali agarradas com pionéses, as inseparáveis gatas...

Perguntará quem por aqui tropeçou, na leitura destas linhas: mas o que é que o Clooney tem a ver com isto? Pois, foi a minha pergunta à senhora minha Mãe - o que é que está aqui a fazer este poster? Então, a tua mãe pode estar velha, mas continua a ter bom gosto, de vez em quando gosto de arregalar o olho - foi a resposta pronta, aos 79 anos.

That's mum...