sexta-feira, 31 de maio de 2013

ébano

Escuto num documentário que o abate ilegal dos ébanos, coloca em perigo a existência desta nobre madeira, muito cobiçada no fabrico de instrumentos musicais, levando ao extremo de grandes marcas terem sido alvo de inspecções. No caso relatado, a marca visitada era a Gibson, constructora de excelentes e caras guitarras em solo americano.
Sabendo que um contentor desta madeira pode ser pago com o preço de uma única guitarra, não será difícil prever o desfecho, pois quem ganha é sempre quem mais tem. E os clientes esperam ávidos, as suas guitarras com escala de ébano.
Tal como o marfim, ou o corno do rinoceronte, os clientes esperam. Ávidos.
Tal como nos saldos dos trapos de marca, ávidos esperam, os clientes das roupas Made in Bangla Desh.
Não precisava de ser assim.
Não tinha de ser assim.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Amizades

Alguém disse que a criança, no início, educa-se, e depois, treina-se. Quando no conhecemos decerto a fase era a do início. Depois, neste reencontro, já todos tínhamos ido a jogo.
Foi há 10 anos. Após um prévio jantar com alguns de nós, no dia 13 de Abril de 2003, reuniram-se estes quinze jovens, com a experiência de vida em comum - colegas na instrução primária. 
Foi um lanche-ajantarado inesquecível. A este encontro seguiram-se mais uns quantos, com baixas imediatas, embora não tivessem faltado planos de reunião tais, que incluíam excursões, e até viagens de cruzeiro. 
Passaram os meses, passaram os anos, e deste grupo, não mais se ouviu falar. Não fosse a rede social da moda, e poderia dizer-se que não haveria mais amizade. Contudo, a da rede, vale o que vale por si só. Pouco ou nada.
Salvam-se poucas, muito poucas honrosas excepções. E uma delas, que se manteve, nem sempre com o afecto e assiduidade merecidos, mas porque se manteve após uma década, significa que é uma Amizade. Porque as amizades são como as tatuagens, há as que são para sempre, e as que são apenas temporárias.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Pobreza

Porque calhou, ouvi hoje o forum TSF, cujo tema era a pobreza em Portugal. Mais tarde nas notícias da tv, outra vez o tema, a pobreza, a fome, o desespero. Em crescendo.
Entendo quando a minha mãe, no limiar dos 80 anos, me diz que não está para ouvir mais notícias.  Porque a deprimem, porque a entristecem. Afinal não foi para assistir a isto que ela trabalhou e lutou durante décadas. Pior, se imagina que tipo de futuro terão os descendentes. Aflige-se ao pensar nas crianças, e por isso, resguarda-se, recusando-se ao massacre da realidade dos noticiários. Não censuro a minha mãe, mulher que sempre gostou de aprender, de hoje em dia apenas assistir aos canais Historia, Nacional Geographic, e outros do género. 
Não posso entender a manutenção da apatia, de outros, em idade de lutar, em relação a estes dramas, e que assobiam para o lado, porque não se pense que só toca aos outros. Vai tocar a todos, nem que seja por tabela, nem que seja naqueles que cá deixaremos. E se quem cala consente, quem cala torna-se cúmplice, responsável pela consequência, e cobarde.

terça-feira, 28 de maio de 2013

arranjos

No noticiário, dizem que por causa da crise, as mulheres vão cuidando dos seus cortes, pintura de cabelos, maquilhagem, etc. em casa.
Diz uma entrevistada - não consigo sair de casa sem estar arranjada.
Imaginei-a "desarranjada". Imaginei também, quantas pessoas, dependem de terem de se adornar, para agrado próprio ou alheio, quando aquilo que menos importa (não a todos) não está no arranjo.
Escreveu um grande escritor brasileiro, mais ou menos isto: se você não amar a mulher que acaba de acordar, descabelada, e sem maquilhagem, então você apenas estará amando uma fantasia.

SLB - requiem

A sério que se eu fosse estudioso dessas matérias, me debruçaria sobre estes fenómenos, de amor-ódio, do bestial a besta, do histerismo à depressão, enfim uma total falta de personalidade, típica dos vira-casacas.
Não é porque eu seja simpatizante do SCP, que não lhes veja os defeitos, e quantos. Não reconhecermos os nossos pontos negativos, para além de não se inteligente, só os fazer crescer até ao ponto irreversível.
Admitamos que ao SLB tudo lhes aconteceu de mau nesta ponta final, e da pior forma, a do "quase", pois em qualquer dos 3 jogos corridos a 2-1, o vento parecia de feição. 
Se é triste ver a volatilidade de mudança de amores por Jesus, nos adeptos, triste e grave é ver a mesma postura nos dirigentes, gente que devia ter a prudente inteligência de só abrir a boca depois da festa, tal como astutamente o rival do norte fez, esperou e depois de ganhar, falou.
Responsabilizar agora Jesus, é antes de mais um acto injusto e cínico, para não lhe chamar pior. Como há que fazer rolar cabeças, a de JJ é conveniente, e apazigua a malta. No entanto, os responsáveis e a incompetência ficarão para próxima época com a aprovação, e contentamento do homem do norte.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

ofensas

O homem fica ofendido porque lhe chamaram palhaço, e age. Melhor, manda agir.
Agirá contra os que lha chamam de gatuno? Esperemos para ver.

E o que são aqueles que têm de ouvir pérolas do tipo:

mal ganho para as despesas, ou, ai e tal, aquilo da troika, diz a minha mulher, é obra da santa.

No mínimo a palavra será, estúpido, partindo do princípio que só um estúpido achará credível, a veracidade da carência financeira, ou que a haver santa, a mesma não deverá querer saber da 7ª avaliação para nada, será que os que se consideram ofendidos, vão agir?

É que isto de chamar nomes uns aos outros, tem que se lhe diga.

duelo de pernas?

As entrevistadoras são de canais diferentes, os entrevistados são diferentes. As perguntas também. Os temas quase os mesmos. Em comum, em comum mesmo, o curioso hábito dos operadores da câmara, que, a pedido ou não, fazem interessantes planos às pernas das meninas, estratégicamente, ou não, cruzadas e generosamente ao léu. Se num lado, prefiro o entrevistado, no outro, de caras, perdão, de pernas, prefiro a entrevistadora. Desconheço se rivalizam, uma com a outra. Se for o caso, aconselha-se a que uma delas se tape mais um pouco, e que mude de estilista. Aquelas roupas parecem decorações da Joana Vasconcelos.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

zombieland

Ontem, dei-me ao trabalho de efectuar uma contagem das lojas de porta fechada, na zona histórica do Seixal. Andei na principal rua, a que antes era repleta de portas abertas e plena de gentes. O cálculo, embora por alto deu em mais de 70% de estabelecimentos encerrados. Publicada a foto em dois grupos fechados no facebook dedicados a tudo o que tem a ver com a terra e os seixalenses, choveram comentários a culpar tudo menos os culpados, e muitos deles de quem afinal, muita cumplicidade aplicou para se chegar e este cenário tipo zombie.

terça-feira, 21 de maio de 2013

roubo descarado

Considero o telemóvel uma coisa estupenda. Serva para contactarmos, e sermos contactados a qualquer hora, em qualquer lugar.. bem, em qualquer lugar não é bem assim, e aqui fica a minha indignação. Não se admite que os preços que nos cobram os tarifários, ainda não exista uma cobertura plena de rede. É que é frustrante ligar para alguém, ouvir a pessoa aos soluços, não conseguir conversar, e pagar um balúrdio. Esses valores deviam de nos ser devolvidos, pela incapacidade das operadoras de efectuar o serviço que pagamos. Mas como disse uma má língua, o dinheiro cobrado indevidamente pela duplicação das chamadas, serve para subir o nível da cilindrada dos automóveis das administrações, à custa dos otários.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

um bom filme

Na ressaca de três actuações que me levaram ao tapete, estico-me a ver um excelente filme. Elegia de seu nome, baseado no romance O Animal Moribundo. Dotado de frases espantosas, daquelas que queremos guardar, ou sublinhar, se fosse um livro. Uma história das relações, dos afectos, dos egoísmos, inocências e traições, onde se retrata excelentemente o que pode ser o fosso entre duas pessoas com 30 anos de diferença de idade, ou não. Mais ainda nos leva à presença de um dos grandes flagelos do ser humano, o cancro.

jogo da bola

Existem no mínimo dois tipos de adeptos, os que gostam de desporto e os que são fanáticos. Sendo os 1ºs gente que o aprecia, são os segundos, gente que cega, ou no mínimo, usa aquelas palas de quadrúpede. Sabemos que a bola um dos ópios do povo. Sabemos que a bola é esmagadoramente um negócio, que gera legiões de comentadores, de lixo ?informativo? para consumo do 2º grupo, os dependentes. Enquanto o árbitro exercer o seu pleno poder, a bola, nunca será um jogo honesto. Não modificar essa lacuna, é o mesma coisa que concordar com a posição do Vaticano sobre o preservativo. 
Pasmo, com aquilo que leio e escuto. Encontro nas redes sociais, gente que tece comentários que nada têm a ver com o desporto, carregados de raiva, ódio e despeito. Entendo que quem poucos horizontes tenha, e poucas preocupações reais se fique pelas limitações de respirar apenas o emblema do seu clube, é aquilo que chamam de mística, de garra, mas não passa de escape para as suas íntimas frustrações.

sábado, 18 de maio de 2013

liberdades e natura

Se limitarmos o infinito, este deixará de ser infinito. Porque para lá da limitação, o que temos? Mais infinito. Logo, o infinito não tem fim, e . Diz-se.


E se limitarmos a liberdade? Onde podemos colocar as fronteiras que a vão delimitar?



Dizer que se aceita um casal homem-homem ou mulher-mulher, não parece ser mais algo que mereça discussão. A aceitação faz parte de respeitar duas vontades de pessoas adultas que decidem em consciência.  A liberdade das escolhas permanece intocável.



Por aqui falei da polémica afirmação de um conhecido actor: "o casamento de duas pessoas do mesmo sexo pode estender-se à união de um pai com um filho". É aberrante só de pensar, mas se ampliarmos o conceito da liberdade das escolhas, vamos ter de o aceitar. 


Nesta linha de raciocínio podemos até encarar como possíveis, as uniões de seres humanos com animais. Li algures que um americano exibia orgulhosamente a sua cadela como esposa. Era a sua escolha, e quanto à cadela, não se sabe se concordava, ou não.

O conceito natura e contra natura deviam ser repensados. Não na forma que alguns teimam em afirmar, de que é um conceito castrador das liberdades, mas sim num plano de definição inequívoca do que é essa tal liberdade. Porque todos sabemos que quando os assuntos metem crianças, estas, não têm liberdade de escolha, nem que seja pela tenra idade.

É que se andarem demasiado para a frente, e aplicando a hipótese acima citada, podemos encarar o cenário do pai que se apaixona pelo filho, e como o filho já tem um filho, passa o pai a ser, para além de avô, um padrasto, ou um madrasto.

Repense-se e limite-se o infinito, portanto.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Delírios

A sala estava particularmente atractiva, a meia luz, gente bonita espalhada pelas mesas redondas. O meu palco, acolhedor, com as violas alinhadas, à espera de serem tocadas. Na mesa mais próxima, mesmo ali à minha frente, cinco mulheres, irradiando  charme e distribuindo olhares. No misto que servia  de camarim, e de lavatórios, faço a barba, com duas máquinas de barbear, uma delas com duas cabeças enormes, que mais parecia uns binóculos. De vestido curto, justo ao corpo, uma das belezas da mesa próxima, levanta-se e dirige-se ao lavabo do meu lado. Pelo espelho trocamos olhares cúmplices. Já não sei se estou a fazer a barba ou a tocar, tal é a confusão. A tocar, estou a tocar, e a troca olhares e sorrisos ganha intensidade. Mas a viola não afina. Dela só saem os sons que não lhe pertencem. Aquele pi-pi-pi-pi, não pára. Onde estão os olhares que troquei? Ah, pois. O despertador. São 7:30. Vamos lá a levantar e fazer a barba. Sem plateia. Os sonhos são do caraças.
"Na terra dos sonhos podes ser quem tu és, ninguém te leva a mal"
Jorge Palma

quarta-feira, 15 de maio de 2013

o que é nacional é bom?

Não nos dignifica verificar que no jogo de bola, que hoje terá lugar na Holanda, a equipa portuguesa se apresente sem um jogador português. Ainda por cima, na equipa inglesa, apresentam-se jogadores do país adversário. No mínimo, bizarro. No entanto, esta poderá ser a fórmula do eventual e apregoado sucesso da equipa lusa. O que me leva a duas conclusões: 1.se a malta de fora faz melhor que nós, importem-se governantes. 2.com esta seleção na escolha, daqui a uns anos, Seleção portuguesa, só com importados naturalizados.

Música

Há uns dias, alguém me disse que nunca devia ter sido músico de baile. Que era fuleiro. Detesto convicções elitistas, do tipo, se como caviar, não posso comer chouriço. Nunca fiz distinções, o gosto de tocar supera preconceitos. Como exemplo, citei em resposta, o facto da grande cantora Maria Bethânia, ter tido à perna alguns críticos snobs pelo facto de ter cantado Roberto Carlos, e os irmãos Camargo e Camarguinho.
Mais interessante ainda, outro facto - resolveram os brasileiros fazer um excelente filme sobre a vida desta dupla sertaneja (facilmente este termo resvala para o nosso fuleiro) com o nome "os filhos de Francisco". E dado que o filme foi premiado internacionalmente, até na Alemanha, a snobagem mudou o seu conceito.
E porque nunca tive preconceito, o meu conceito permitiu-me tocar e em grupos de baile, de rock, orquestras, ranchos, boites , nos últimos anos, a solo, sempre com a mesma paixão. A Música.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

velhinha asseada e ecológica

Aqui ao lado, vendem bicas e galões, mas também vendem pão. A velhinha diz para a empregada, que não quer o pão no saco de plástico, e apresenta-lhe o seu próprio saco do pão. Em pano. Daqueles aos quais dantes, se dava uso, e hoje, servem para enfeitar, ou estão guardados nas gavetas. A rapariga sorri, não deixando de abanar a cabeça, como que reprovando. E a velhinha responde - eu sei filha, não conheces o saco do pão, és muito novinha, mas sabes, o pão é sagrado, e num saco de plástico, mete-me nojo.
Tem toda a razão, a velhinha. Os plásticos, sabemos são feitos das piores porcarias e resíduos. Tristes que somos, os que carregamos toneladas de plástico para casa. Porcos em todo o sentido. E nem a prática de separar o lixo, nos salva. A salvação está, como tão bem exemplifica a velhinha, em não o produzirmos. Ao lixo.

sábado, 11 de maio de 2013

Bangladesh - a culpa é do consumo

Quando visitei a fábrica de aspiradores da conceituada marca europeia, o chefe daquilo, informou a comitiva: esta fábrica vai ser toda deslocada para a China. Alarmados, alguns questionaram, e a qualidade do producto? - Inferior, mas compatível com os padrões da marca, teremos um PVP mais competitivo, vamos penetrar outros mercados, com a vantagem de pagarmos salários vinte vezes inferiores aos daqui - respondeu, num inglês arranhado.

A esta hora, certamente estarão a ser vendidos, por esta europa fora, aspiradores, confeccionados com materiais rascas, por gente que ganha tuta e meia. E a malta está-se borrifando.

A esta hora, certamente estarão a ser vendidas por esta europa fora, milhares de peças de roupa, em lojas de nome, confeccionadas em condições sub-humanas, por gente que nem meia tuta ganha. E a malta está-se borrifando.

Porque afinal, o ser humano nem sempre evolui da melhor forma. Finge que não sabe, ou não quer saber aquilo que deveria exigir. E recusar. Deveria ter o cuidado de, no acto da compra, informar-se do país de origem do bem que vai adquirir. Não é pois este ser humano menos predador e selvagem, do que aquele que ostenta cabeças de animais embalsamadas por cima da lareira, e cinzeiros em marfim na mesa da sala.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

polivalente

Olha-se para ela e parece uma guitarra como tantas outras. Mas não é. Isto é um 3 em 1. Com esta bichinha posso tocar as melodias em acústico, rasgar solos à Pink Floyd, e conseguir registos tais como de violinos ou pianos. E tudo ao alcance de carregar nos botões. Desde aquelas lapiseiras de 4 cores que não tinha um brinquedo tão bom.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

quando o passado nos telefona

Por vezes, sabemos que temos algo que não abona a favor da pessoa, mas esse algo está tão arrumadinho nas gavetas das nossas recordações, que, ou nos lembramos mais tarde, ou nunca nos chegamos a lembrar. Esta é a situação em que dizemos: não sei porquê, mas não gosto deste gajo.

Ao fim de uns 40 anos, liga-me um gajo. Sou o T, não te lembras? E foi instantâneo. Tudo está gravado, porque existem cenas da nossa vida que não esquecemos. Nem perdoamos.

Como poderia esquecer, que um tipo que conquistara a minha amizade no Liceu, com o qual partilhei músicas, lhe dei estadia nas férias, na colónia da Fnat, na Caparica, na hora da partida, me deixou meio desconfiado, ao olhar-lhe a mochila, gorda em exagero. Pudera. O meu amigo T, acabara de me roubou metade dos discos que  eu levara para férias.

Com tanto colega no Liceu, logo me havia de ligar este.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Pão com Pão

Leio algures na revista Visão comentários de duas pessoas famosas, em relação ao tema -  gay, e seus direitos adquiridos. O primeiro, deixou-me totalmente de acordo. O segundo, aterrorizou-me, perante a possibilidade, mesmo que hipotética. 
casar com uma mulher é um luxo

o casamento de duas pessoas do mesmo sexo, pode estender-se à união de um pai com um filho


terça-feira, 7 de maio de 2013

Fanatismos

Um fanático é um doente. Um doente obsessivo. O fanático também é estúpido, pois cega em relação aos  restantes assuntos que o rodeiam. Tal como no quadrúpede, existem  duas palas junto aos seus olhos, que o impedem de ver mais para além do objecto do seu fanatismo. O fanático revela-se falso, quando hipoteca ou dizima amizades, porque a amizade não pactua com ele. O fanático é frustrado, porque deposita todos os seus fracassos nas glórias do  objecto da sua idolatração.
Por trás disto tudo existe uma máquina. Máquina essa, bem afinada. Não de fanáticos, mas de gente que sabe como manipular o seu cego servidor, e dele conseguir o dízimo. Por isso vemos num país, que se encontra no limiar de perder a sua soberania, com crescimentos alarmantes de pobreza, delinquência, suicídios, emigração, desemprego, etc, meio mundo histérico com os jogos de bola, para grande contentamento da classe governante que legitimamente concluirá que enquanto a malta esgotar lotações de estádios, e gastar balúrdios para ver estrangeiros a jogarem noventa minutos com o emblema da sua devoção, afinal isto não está tão mal assim.
disse:
Eric Clapton - o futebol é um desporto manipulado



segunda-feira, 6 de maio de 2013

a vizinha

- Então vizinho, não sabe da última? 
- Que última? pergunto. 
- Aqui a viúva - a acena com a cabeça na direção da casa - arranjou um tipo, dizem que também é viúvo. 
- Ah, então está certo, fazem companhia um ao outro.
- Pois a ver, se ela ganha juízo, e deixa de andar aí toda provocante. 
Nem respondi. 
Mas o meu marido já os viu para aí aos beijos. 
- Onde? Arrisco perguntar. 
- Diz que foi no quintal.
- Deles?
- Sim!
- Então o seu marido que não olhe. Digo a sorrir.
Mas a vizinha fechou a cara e seguiu em frente, quem sabe se aliviada porque a viúva deixou de representar um perigo que creio nunca ter existido, quem sabe com uma pontinha de inveja por já não ferver nos braços de um homem, no seu casamento de décadas. 

dia das Mães


Não seria justo invocar o dia da Mãe, sem ter em conta, as Avós. As Mães duas vezes. Na parte que me toca, muito lhes devo, sem colocar em causa a dedicação e empenho da minha Mãe, que, como todas as mães, exerceu, e ainda exerce a sua função o melhor que pode, sente e sabe. Contudo a Avó, leva a vantagem da idade, que lhe confere a experiência tantas vezes crucial. A par de todas as vantagens do convívio duplamente materno que tive, creio que em parte devo a ambas, as primeiras bases da minha instrução musical, dado que ambas cantarolavam, e bem, verdadeira pérolas do cancioneiro das suas origens, de riba, e de além - Tejo.

sábado, 4 de maio de 2013

pedalar

Pelas minhas contas a minha bicicleta já rodou uns cinco mil quilómetros, o que equivale a dizer que já pedalei um bom bocado. Faço-o mais pelo gosto, do que pelos benefícios que trás ao corpo. Pedalar tem-me dados enormes prazeres de sensações, de contemplação, que dificilmente conseguiria se optasse por caminhar. Fazer o circuito da Serra do Risco, ou Cabo Espichel, ou descobrir as zonas ribeirinhas de Lisboa, sem gastar mais que a nossa energia, dá um prazer imenso. Juntando o gosto pelas fotos, é um dois em um. 
Continuo sem entender muita coisa no meu país. Como é que tão poucos portugueses gostem de pedalar, com o excelente clima e espaços que temos, e prefiram as filas de trânsito, e as compras ao fim de semana. 
Qualquer dia meto-me num avião e vou até à Holanda. Onde se pedala a valer. 

papas e bolos

Leio por aí que o papa Francisco, se dirigiu a um dos seus guardas pessoais, lhe perguntou se este estava cansado, e perante resposta afirmativa foi buscar uma cadeira e uma sandes de presunto, a fim de consolar o guardião. Não disse a notícia, aquilo que se deduz: que o rapaz deve estar na pujança da idade, logo, está física e mentalmente preparado para umas horas em posição vertical, sem qualquer espécie de violência. Para não falar do chorudo ordenado que deve receber, pela guarda das portas do Vaticano. Um desempregado passará mais horas de pé, com dores no corpo, e com fome, numa fila do centro de emprego, e tem de se aguentar.
Está-me a parecer que este papa, resvala sábia e subtilmente para o marketing da imagem. Não é a dizer que tem pena dos pobres, a beijar um pé e a lavar outro de um qualquer crente, ou em comoventes actos de dar colo a criancinhas e pessoas deficientes, que se muda o mundo. Não venha o novo papa a tomar atitudes de fundo nos próximos tempos e terei de admitir, que estes papas falam, falam, abençoam, abençoam, oram, oram. Mas fazer, não fazem nada.

o monstro antes do belo - IV

Antes de partir para Santa Apolónia

Hoje, em Santa Apolónia. Estou curioso em ver o resultado, e por aqui deixo uma sugestão: dado que os submarinos do portas, não têm qualquer utilidade, porque não serem a próxima obra? Aproveitava-se o embalo criativo, e o contagiante protagonismo actual da Artista, e sempre se ganhavam umas coroas.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

o essencial...

... por vezes está ao alcance dos olhos.
Desde que ardeu uma parte do pinhal aqui perto, poucas pessoas se sentem atraídas a voltar ao local. Contudo esquecemos que por enquanto, a Terra renasce, e fica bela novamente.

Vivaaaaaaaa

Podem dizer que me queixo porque me dói, mas não por aí. É uma questão de democracia, de igualdade, de sol quando nasce... Por isso afirmo: o comércio deu cabo do pleno 1º de Maio, em Portugal. E explico: o tuga,se vê uma loja aberta, é pior que o cão na igreja.Entra. Fiz dezenas de passeios por este mundo fora, e observava sempre o mesmo fenómeno, a malta vê uma lojeca, e pimba, lá vão em excursão, ver e remexer. Os locais de interesse que se lixem. Com a singular e selvagem imposição que os grandes espaços fizeram em solo português, no que respeita (também e não só) aos dias e horários de funcionamento, o dia 1 de Maio, se não vivesse já em dias de amargura por causa dos índices de desemprego, dado que é justamente o dia do trabalhador (não desempregado, creio) leva agora com a concorrência desmedida do grande feudo do consumo. Excepção honrosa para el Corte Inglês. Curiosamente (ou não) tudo isto com a ajuda preciosa do suspeito menos óbvio: a Esquerda. Pois foram estes que escancararam as portas aos grandes da distribuição, corriam os anos 80. O que prova que ser mulher de César, é f_d_d_.