quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Seixal, antes da música - By my Nokia










































Música - Arte Mutante

Das diversas formas de arte, tais como a escrita, a pintura, ou a escultura, a música é a única em que muitas vezes, podemos modificar o seu original e se não a melhoramos, no mínimo transformamo-lo. Ninguém se lembraría de pegar num soneto de Camões e fazer-lhe uma versão, porém, podemos pegar numa música e vesti-la de novas roupas, respeitando os acordes e letra originais. Encontramos um exemplo na versão que os Xutos fizeram do nosso clássico do cinema Minha Casinha.

Sou, talvez conservadoramente demais, fiel a todas as versões originais, ou melhor, às que escuto primeiro, e às quais me acostumei mais. Um dos casos em que me sabe bem ouvir ambas as versões, é a do tema She seja pelo Elvis Costello, ou o original do Aznavour. Cantá-la, é outro clímax. Porém, dá-me particular gozo e curiosidade, ouvir e até criar versões, ou simplesmente mudar de guitarra na mesma música.

Modificar uma melodia, um ritmo, um estilo pressupõe, na minha opinião que se navegue, mas nunca esquecendo o porto de abrigo, o original.

Por isso me agrada tanto navegar na minha rádio favorita, onde habitualmente passam saborosas versões, a Marginal. 98.1.

Outras audições dos não originais que me sabem bem, vêm da MPB, onde podemos escutar, a Simone a cantar Ivan Lins, o Fagner a cantar Simone, a Ana Carolina a cantar Chico, a Bethânia a cantar Roberto Carlos, a Rita Lee a cantar Beatles (um CD do caraças), tudo isto numa plena e mutante harmonia.

Tensão Presidencial


Vá lá menina, não seja marafada, diga-me onde escondeu o microfone, que eu dou-lhe o meu hotmail.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

E esta heimm!!!!


Os Atrazados


Todos nós sentimos na pele, o efeito do atrazo. Os atrazos mais vulgares, direi até, institucionalizados, são os dos que de atrazados não têm nada, pois afinal eles são doutores. Agendar consulta num médico ou advogado, representa que temos obrigatóriamente de comparecer à hora marcada, sob pena de perdermos a vez. Cumprida a pontualidade, a nossa, os avisos das recepcionistas são previsíveis - o Doutor está muito atrazado, tem cinco pessoas à sua frente, o Doutor teve de atender... os delegados de propaganda médica.


Pior um pouco se necessitamos de determinado documento da complicada e burocrática máquina estatal. Um atrazo. De vida.


Estas pessoas que atrazam a nossa vida não são atrazadas. Elas são a personificação da falta de respeito, aos quais, eles, sentem que a podem aplicar impunemente. A educação e respeito pelos outros é limitada, parcial, tem uma escala de medida hierárquica. Todos os que nos tomam tempo indevido são pontualíssimos, mas desde que seja para interesse do próprio, ou se, com alguém hierarquicamente superior.


Sempre abominei os atrazos. Se me vou atrazar, a primeira atitude que tomo é a de avisar que vou chegar atrazado. É o mínimo que poderei fazer. Pois afinal estou a interferir no tempo dessa pessoa.
O relógio, embora possa ser um adorno, uma jóia, um objecto de colecção, é-o, em primeiro lugar, um relógio, logo, se usamos relógio, se nos regemos pelo sistema horário, se marcamos hora com alguém, faz sentido chegar na hora marcada. O contrário é que não faz sentido.


Pontualidade é respeito pelo próximo, mesmo sem relógio: Numa viajem que fiz ao Senegal, marquei encontro com um nativo de uma aldeia próxima do hotel, para a manhã do dia seguinte. A hora do encontro, segundo ele, seria quando o sol estivesse ali por cima daquela palmeira, e apontou a palmeira. No dia seguinta, à palmeira marcada, lá estava ele.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Rotinas















Quebrar rotinas é bom. Renova. Vitaliza. Dá-me aquela sensação de proveito. Umas vezes tudo sai no momento, apetece e faço. Outras, penso - um dia vou fazer isto ou aquilo. Premedito, com sabor antecipado.

Uma destas ocasiões foi premeditada, levantei-me bem cedo, e com um termo cheio de café bem quente, pão acabadinho de saír do forno, um pacote de manteiga, rumei até à ponta do Cabo Espichel, e coloquei o cd no carro. Bem alto :


Porque sempre que via o anuncio do Nescafé, dizia para comigo - um dia vou fazer isto. E soube tão bem. Um dia que começa assim, terá forçosamente de ser um dia especial. E vem-me à memória aquela frase batida, do filme Clube dos Poetas Mortos, carpe diem.

Non Son Degno Di Te















As noites de sábado, no Taberna, muitas vezes acabam em italiano. Neste último, na ponta final da noite, depois de umas voltinhas pelo Nat King Cole, pelo Frank, Beatles, Chico e Vinicius, decidi desafiar o Giovani, empregado de mesa no Taberna, e provoquei-o com O Sole Mio, ao qual ele respondeu presto e, para regalo dos presentes na sala, ainda cantámos em duo l'italiano e Bella Ciao.
Com os clientes na rua, satisfeitos na barriga e nos sentidos, vem o Giovani fazer-me uma espécie de encomenda - se eu podia tirar uma música para ele cantar - o Non son degno di te.

E pronto, ontem lá estive eu a pesquizar na web o non son degno di te.
Como estas coisas são como as cerejas, do reviver da música fui parar ao filme, a preto e branco, claro, no Cinema S.Vicente, onde devorei tudo o que eram filmes do Gianni Morandi, os westerns, e tudo o que era cinema, da época. Da plateia e balcão do S.Vicente, viajei até ao Monumental, Império, Eden, Condes, Academia Almadense... e mais tarde ao Nimas, Quarteto, Apolo 70, onde assisti por 3 vezes o Fernão Capelo Gaivota, um dos meus filmes de estimação.
Não haviam as pipocas e refrigerantes de agora. Namorava-se muito no cinema. Ir ao cinema era um acontecimento. Em TODOS os sentidos.

Após o revivalismo ficou decidido - sábado, o rouxinol napolitano cantará o Gianni Morandi, em Re Maior, e esta semana vou saborear outra vez o Cinema Paraíso. What else?


ontem fiquei desarmado



Dizem que o voto é a arma do povo.

Ontem desarmei-me.

Preocupam-me os 40% que guardaram a sua arma.

Tornam-nos um país anónima e silenciosamente armado.

Por mim, vou carragar os cartuchos, para mais um tirinho, nas Autárquicas.

domingo, 27 de setembro de 2009

terra natal















Hoje fui à "terra". Sempre fiquei um pouco desapontado, por não "ir à terra" como os meus amigos, vizinhos, colegas, sempre íam - "à terra", de férias, de fim de semana. Lá tinham a casinha, a horta, os terrenos, os familiares, e de lá vinham carregados de azeite, batatas, fruta, carne, mel, vinho, tudo "da terra". E eu nada. Urbano, não um "sem-terra", mas sem "A terra". Não fosse a minha "terra" .... Cacilhas!!!!

Pois. Cacilhas não é a "terra". Cacilhas é logo aqui, é a ponta de Almada, é o outro lado de Lisboa. Cacilhas é a passagem para a outra margem. Gostei, revivi, recordei, relembrei, percorri mentalmente outros caminhos. Regressarei muito em breve à "terra", não para trazer batatas, mas para uma incursão gastronómica e boémia, como uma das melhores vistas do mundo, ali em frente - Lisboa.

Depois da terra do berço, o choque. A confirmação do hediondo. Desfiguraram a minha Almada. Colocaram-lhe uma espécie de comboio, que não o é, a rasgar a cidade. Chamam-lhe Metro. Fizeram uma cirurgia plástica a Almada. A cicatriz está ali, visível, implacável, a complicar a vida dos habitantes, comércio e visitantes.
Conduzir agora em Almada, recorda-me o filme este país não é para velhos. Estou velho demais para conduzir em Almada, penso. Vejo pessoas nas paragens de autocarro. Vejo pessoas nos autocarros que circulam. Vejo o tal Metro, moderno, vazio. Moderno, mas vazio, ou ficará melhor, vazio mas moderno?
Não me revejo nesta Almada.
Prefiro Cacilhas.
Afinal, é a minha "terra".

sábado, 26 de setembro de 2009

Pig People I e II

I









Gente que termina de fumar um cigarro, e joga a beata para o chão, é porca.
Gente que apaga o cigarro na areia da praia, é porca.

II





A eloquência, síntese e mensagem desta fotografia, diz tudo o que quero dizer.

Reflectamos, porque hoje é sábado!

Shhhhhh!!!!
Hoje não se fala de política.

Dia de reflectir.
Porque hoje é sábado. Véspera de eleições.


De digerir as bandeiras, as esferográficas, as t-shirts, os autocolantes, os out-doors, as arruadas, os discursos inflamados, as acusações, os debates, os beijinhos nos mercados (pouco aconselhados por causa da gripe), os tempos de antena. Porque hoje é sábado.


Hoje cada eleitor, terá sérias dúvidas, quem sabe distúrbios intestinais. Questionará o dia todo. Ficará sem apetite, na sua tão grande relexão. Porque hoje é sábado.


Os telejornais ficarão tão leves e côr de rosa, que pensaremos não haver política nem políticos. O Shhhhhh dos jornais lembrar-nos-á que hoje estamos em penitência, em reserva, em recolhimento, tentando decidir a quem ajudar ao poleiro. Porque hoje é sábado.


O indeciso, mesmo assim, com este dia todo, para reflectir, amanhã colocará em dúvida a sua cruzinha, arrepender-se-á no acto, cairá em dúvida ao entregar o voto, vai andar angustiado o dia todo, e à noite vai penitenciar-se. Porque o indeciso é assim. Indeciso. Sempre. O indeciso, o que decide quem vai ser quem, é o que decide.


Quem vai ganhar? Tenho um palpite, mas um já sei que ganhou: o Pedro Passos Coelho.

Agora, vou reflectir.












Palmas

















Ganda noite. De Palmas. O largo da Igreja do Seixal foi brindado com uma mão cheia de temas, dos melhores. Jorge Palma, seu filho, Vicente, alternando aqui e ali entre a guitarra e o piano, apioados pelo acordeon, deram um festival daquilo que os meus sentidos queriam ouvir. Foi por ali que me encostei, que me ri, que dei lume, fui ao bairro do amor, voei à noite, me fragilizei, e delirei com a estrela do mar.
Jorge, quentinho como convém por vezes revelou-se um Bob Dylan na guitarra folk, lembrando o genuíno Jorge do Metro de Paris, ao mesmo tempo que no piano mostrava todo o seu talento, de escola, imposta pela mamã-mamã. Suave aqui, agressivo ali, eloquente, a voz potente, Jorge revelou mais uma vez que um homem pode ser animal de palco, músico, compositor, boémio, clássico e andarilho, tudo no mesmo pacote.
Vicente, é um Jorge-oposto. Discreto, competente, compenetrado, e com um timbre de voz muito parecido ao do pai.
Palmas para eles.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Música é ...







Falar de uma música que me toca é como falar de uma paixão, das que duram. O primeiro encontro até pode ser banal, despercebido, até que, quando mais tarde nos cruzamos de novo e sem saber porquê, ela desperta-me a sua atenção. Começa o processo de dependência - imagino-lhe a subtileza das formas nos acordes, percorro o seu interior pelas palavras, e fascino-me - é o momento da paixão, do não me sais da cabeça. Vejo a música no feminino. Desejo-a.
Parto para a sedução sem me dar conta - ela vive em mim, cantarolo-a no inconsciente, vivo-a sem premeditação. E vou-a namorando aos poucos. Sem pressas, saboreando e descobrindo os segredos no seu corpo de acordes. Por vezes, faz-se difícil... ou sou eu que não consigo entendê-la...
O momento em que estou pronto a tocá-la e cantá-la é o mais sublime de todos, afinal, a conquista consumada. Mútua.
De vez em quando, surpreendo-a, fugindo ao original, vestindo-a de outros adornos, os acordes, os ritmos, toco-a em outras guitarras, e ela gosta.
Sou fiel às canções que toco e canto, elas conquistaram-me. É um amor duradouro.
Recentemente apaixonei-me por esta - conheci-a no cinema, mas só agora ela me bateu cá dentro, só agora verdadeiramente a vi e senti. Tão simples como bela. Ela vai gostar de ser tocada, eu vou tocá-la, ... e senti-la.

"I heard there was a secret chord
That David played and it pleased the lord
But you don't really care for music do ya
Well it goes like this the fourth the fifth
The minor fall and the major lift
The baffled king composing hallelujah

Hallelujah, hallelujah, hallelujah, hallelujah

Well your faith was strong but you needed proof
You saw her bathing on the roof
Her beauty and the moonlight overthrew you
She tied you to a kitchen chair
She broke your throne and she cut your hair
And from your lips she drew the hallelujah

Hallelujah,hallelujah, hallelujah, hallelujah

Baby I've been here before

I've seen this room and I've walked this floor
You know, I used to live alone before I knew you
And I've seen your flag on the marble arch
And love is not a victory march
It's a cold and it's a broken hallelujah

Hallelujah,hallelujah, hallelujah, hallelujah

Well there was a time when you let me know
What's really going on below
But now you never show that to me do you
But remember when I moved in you
And the holy dove was moving too
And every breath we drew was hallelujah

Hallelujah, hallelujah, hallelujah, hallelujah

Well maybe there's a god above
But all I've ever learned from love
Was how to shoot somebody who outdrew you
And it's not a cry that you hear at night
It's not somebody who's seen the light
It's a cold and it's a broken hallelujah

Hallelujah, hallelujah, hallelujah, hallelujah"

Mostruário Luso










E eu a pensar que a nossa pobreza se mostrava:

No ordenado mínimo

No rendimento mínimo

Na dívida nacional

No desemprego

Nas listas de espera

Na fome

Na Musgueira, Curraleira, Bela Vista,Quinta da Princesa e afins.

Nas pescas, agricultura, indústria, saúde e educação que não temos.


Mas tá bem.


Obrigado, ó Pacheco. Contudo, como recente bloguista, não me sinto mais pobre, mas nunca se sabe se o efeito se manifesta a posteriori.

"A paz,

o pão,

habitação,

saúde, educação. "


Nostalgias II








Dos bilas, olho de boi, leiteira, abafador...

Marralhos ou Ganhas?Primeiros!!!!!









Dos Cromos, das cadernetas, da cola Cisne.








Do pião, da pianinha, das bicadas e dos bicanços.


"Eu tenho um pião

Um pião que dança

Eu tenho um pião

Mas não t`o dou não.

Gira que gira

O meu pião

Mas não t`o dou,

Nem por um tostão "

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Recadinhos...



Os bilhetinhos de amor, e não só de amor, trocados na escola dos meus tempos, eram os SMS de hoje.
Porém, mais bonitos, personalizados, de efeito bem mais prolongado, e por isso mais genuínos.
Nada contra os SMS, uso-os diáriamente.

Nunca enviaria um MMS com um ramo de flores - na falta do ramo, nem que fossem flores silvestres...
É que há coisas que não têm necessáriamente que ser modernas.
Por isso ainda gosto do sabor de escrever com uma caneta de tinta permanente. Manias...
....
"recebi o teu bilhete
para ir ter ao jardim
a tua caixa de segredos
queres abri-la para mim
e tu nao vais fraquejar
ninguém vai saber de nada
juro nao me vou gabar
a minha boca é sagrada"

Belmiro Rules










Mr. Sonae foi, se não me engano, a única personalidade que obrigou os deputados a levantarem o rabinho da cama mais cedo, e comparecerem em São Bento, à hora por ele marcada. Belmiro, manda.
Na entrevista cedida ontem na SIC Notícias, Belmiro de Azevedo foi, como sempre, claro e directo, apontou soluções, sugeriu critérios de governação, falou sem reservas sobre o TGV e o novo aeroporto, e só não falou do que não quis.
A grande diferença entre o sucesso da Sonae e os falhanços dos nossos Governos, é simples - os primeiros ocupam os seus quadros por quem melhor sabe do ofício, os segundos, ocupam-nos com os boys, familiares e amigos. Veja-se a pouca vergonha nas Autarquias. Uns fazem, outros abotoam-se.
Tiro pois, o chapéu ao homem, Belmiro de Azevedo, o responsável pelo sucesso da Sonae.


Não havendo bela sem senão, não tenho dúvidas em afirmar que o sucesso do Grupo Sonae, em Portugal, se deve em grande parte ao facto de sermos o único país da UE, onde os horários de funcionamento de grandes superfícies são mais alargados; onde os grandes espaços abrem aos domingos e feriados; o que tem mais grandes espaços licenciados, e a licenciar; onde não houve o cuidado de estabelecer parâmetros de equilíbrio entre as mega empresas e o pequeno comércio. Por cada grande superfície aberta, criam-se novos postos de trabalho, melhoram-se as redes viárias, proporciona-se mais qualidade de vida aos consumidores, diz-se.
Mas...por cada uma delas, o comércio local vai empobrecendo até desaparecer, nascem novos desempregados, as ruas vão-se desertificando, sei-o.
Pelo que vi por essa Europa fora, e me chega no que leio, reparo que por lá a coisa não é assim, e podemos comprar legumes, num mercadinho de rua em Paris, Barcelona ou Berlim. Podemos caminhar em áreas planeadas para um saudável convívio entre pequenas lojas, que mais parecem obras de arte, com ruas sem trânsito, e espaços lúdicos.
Será que eles não evoluíram? Será que são infelizes? Não terão eles qualidade de vida? E aos domingos, o que farão sem uma loja aberta?
Belmiro, em terra de cegos, convenceu a malta de que os grandes espaços melhoram a economia, e os bolsos do consumidor, o que se acreditarmos na OCDE, é redondamente falso. Estamos mais pobres e endividados. A Sonae, não. Está como se diz agora, em altas.
Acredito que existam Belmiros por outros países da UE, só que não tiveram a mesma rédea. A solta.

Nostalgias I



Todos temos as nossas nostalgias,regressos temporários a um passado, e idade que não teremos mais, a ente queridos que partiram, a momentos maiores ou maiores que ficarão sempre dentro de nós.

Foram e são, destes retalhos que parte da nossa vida se fez, e é bom revivê-los de vez em quando. É como ir ao sotão, passar os dedos pela capa daquele vinil que já nem nos lembramos, colocá-lo no prato e viajar até à época em que o disco foi lançado, e foi comprado com aqueles tostões amealhados. Mas essa é outra Nostalgia.

O paquete Império faz parte do meu molho de Nostalgias. Ele foi a segunda casa do meu avô durante quase 30 anos, e minha, durante 52 dias. Foi nele que saboreei a dolce vita do mar, que avistei as baleias, tubarões, barracudas, focas, golfinhos, que conhecia dos livros. Foi nele que conheci outros mundos, São Tomé, Angola, África do Sul, Moçambique. O Império é a minha Nostalgia de platina.

Prazeres



Sabe que nem ginjas, tirarmos do nosso quotidiano, uma tarde, uma manhã, ou até um dia. São as chamadas escapadinhas, que, a meio da semana nos temperam a alma - ontem foi uma tarde dessas, de prazeres simples, de ir a banhos na Foz, de apanhar umas lapas, de fazer uns trilhos pelos arredores do Cabo Espichel, de entrar na Igreja do Cabo - a única peregrinação que faço - de abrir um Lancers rosé ao caír do sol, e ao mesmo tempo que o sol cai, inundar o ambiente de velas e aromas e clássicos franceses (ontem deu-me práli - Brel, Aznavour, Dassin, Piaf, Becaud, Moustaki, jantaram todos comigo). Na grelha, as lapas e um camarão escaldalosamente grande, e uma rodela de abacaxi.
Saboreados os prazeres da gula, numa noite morna e estrelada, nada melhor que um scotch, uma cigarrilha e uns dedilhados inspirados neste festival de coisinhas boas.
A noite não terminou sem o regresso à segunda leitura do "Prazeres" do Eduardo Barroso.
Pelo meio ficou a obrigação de assistir à entrevista com o Belmiro de Azevedo, mas foi só uma horita.
Sabe bem massajar a alma de vez em quando. Com Prazeres. Os nossos. Os que curtimos.
Como diz uma amiga minha: Porque Eu mereço!







quarta-feira, 23 de setembro de 2009

A butes?




Dia 22 de Setembro, dia sem carros. Pois, pois. Tirando alguns que aproveitaram a borla dos transportes públicos, o efeito pretendido não se produziu, mais uma vez - o de sensibilizar as pessoas quanto à bola de neve que representa a poluição e o aquecimento global.
Talvez se escolhessem sempre um domingo, houvesse mais adesão...
De resto, o tuga assumiu o carro, como assumiu o telemóvel - não o larga nem por nada, nem que seja para um trajecto de cem metros.

Por outro lado, os transportes públicos não servem os utentes, são os utentes que os servem. As redes e suas ligações, são na grande maioria dos casos inexistentes e, ou inadequadas. Os preços, pouco convidativos. A segurança, duvidosa.

Ainda por mais outro lado, deslocarmo-nos de biciclete é um perigo constante. Não há vias para o efeito, nem os ciclistas são respeitados pelos automobilistas.

Mais uma vez, somos diferentes do resto da europa, sempre pela negativa.

Violação




A violação é um acto repugnante, cobarde, em que na esmagadora maioria dos casos deixa danos irreversíveis nas vítimas.


Do lado oposto, o violador, o pedófilo, o que comete o acto, nunca avaliará os danos que causou, porque é doente, porque é delinquente, porque tem prazer no que faz.


É um total desiquilíbrio de justiça entre a vítima e o predador.


A primeira viverá toda a sua vida com essa memória.


O segundo, assim que lhe derem chance, será reincidente.

Cabe a quem decide, quem legisla, quem governa, a aplicação, a única, de uma punição exemplar, e também de efeito duradouro: a castração.

Tudo o que se faça de menos, é um exercício ao nada, e à conivência com quem praticou o crime, e por isso um acto de cumplicidade muda.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Pragas internéticas



Existem mails que habitualmente mando para o lixo. Mais de 90% da publicidade comercial, e todos os que detecto que trazem aquela ameaça, misto praga, e jogo de sorte e azar - reencaminha este mail de imediato para X pessoas, e terás uma sorte, se mandares para XX, duas sortes. Mas se não mandares vais ter 10 anos de azar.

Esta forma ridícula de intimidar quem recebe o mail, torna-se para mim, totalmente obscena, se vem sob o tema religião, quando manda santinhas, velinhas, Jesus Cristo, envolvendo a fé de cada um. Estes mails misturam algo que é muito sério, íntimo, que devería ter recato, com uma espécie de concurso televisivo, onde quem mais boletins enviar, leia-se reencaminhar mails, mais escancaradas terá as portas do céu.

Até hoje, tenho deletado este lixo, mas creio que o mais eficiente, será reencaminhá-lo ao remetente, pois nunca se sabe se estas coisas não sofrerão o efeito boomerangue.

As Mães das Mães


"Uma Avó é uma mulher que não tem filhos, por isso gosta dos filhos dos outros. As Avós não têm nada para fazer, é só estarem ali. Quando nos levam a passear, andam devagar e não pisam as flores bonitas nem as lagartas. Nunca dizem "Despacha-te!". Normalmente são gordas, mas mesmo assim conseguem apertar-nos os sapatos. Sabem sempre que a gente quer mais uma fatia de bolo ou uma fatia maior. As Avós usam óculos e ás vezes até conseguem tirar os dentes. Quando nos contam histórias, nunca saltam bocados e nunca se importam de contar a mesma historia várias vezes. As Avós são as únicas pessoas grandes que têm sempre tempo. Não são tão fracas como dizem, apesar de morrerem mais vezes do que nós. Toda a gente deve fazer o possível por ter uma Avó, sobretudo se não tiver televisão. "

Texto redigido por uma menina de 8 anos, publicado no Jornal do Cartaxo.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Pig State


Não gosto de desperdiçar um domingo. Um domingo é para fazer o que queremos e aproveitá-lo, espremê-lo, esticá-lo ao máximo, porque a 2ª feira espreita. E eu, tal como diz o Jorge Palma, já sei o que vou dizer, segunda-fei-ei-ra.

Entre um bom passeio de biciclete, ou rumar até Galápos, a fim de me despedir dos mergulhos, decidi-me pela segunda opção.

As coisas boas e que nos fazem, são como as pessoas que são boas e nos fazem bem - nunca nos cansam. Assim é a paisagem da Serra da Arrábida, que me leva até à praia. É um banho de verde, que se junta ao banho de azul do mar. Diría que circulo num quadro, que navego nas cores.

Lá em baixo, adivinho a maré baixa, a àgua cristalina, a areia fina e quase branca, e um sol robusto quanto baste para aquecer um domingo pré-outonal.

Vai ser um domingo e peras, penso. Festival de cores, de natureza, de barriga para o ar, de leitura, de colocar nas orelhas o Mars Lasar, uns bons mergulhos, e trazer um pouco de mexilhão da maré baixa. Navego ao paraíso. Um paraíso aqui tão perto.

Chegado ao dito paraíso, sou agredido com a verdade: estou em Portugal.

Pela encosta da estrada até à praia, quilos de lixo, o normal, o urbano - as latas, os pacotes, as garrafas, e o peso-pesado - reclames luminosos e até uma máquina de lavar... Tudo isto, na encosta da paisagem protegida da Serra da Arrábida.

A brutalidade deste cenário, confirmou-me como uma bofetata o que todos sabemos sobre uma grande maioria dos portugueses: são porcos e não têm educação. Ou são porcos porque não têm educação.

Porque sujam, arrotam, escarram, destroem, vandalizam, não têm civismo a conduzir.

Depois lembrei-me que escutei, num debate na RTP, um candidado falar no modelo de subsídio de desemprego na Suécia, em que cada subsídiado, terá de contribuir com trabalho comunitário.
Como o que aqui não falta são desempregados e malta do rendimento mínimo, sería uma medida justa, colocar este pessoal em trabalho comunitário, fosse de limpeza, ou vigilância dos nossos espaços.

Contudo, pensando melhor, não creio que esta medida tivesse sucesso. É que o pessoal sindicalizava-se, fazia greves, e só de raiva, mandavam lixo para o chão, cuspiam, e ultapassavam sem fazer pisca. Pela esquerda, pois pela direita, não seria democrático.

Se o domingo foi bem aproveitado? Foi sim senhor - gozei tudo o que me propuz, e na saída de Azeitão, não dispensei a torta e o Moscatel, mas podia ter sido melhor, sem aquele lixo a sujar-me os olhos, e a dúvida se somos 1º ou 3º mundo. Creio que não pertencemos a nenhum deles, que somos ímpares, pois já dizíam os romanos, que os Lusitanos eram um povo que não se governava e nem se deixava governar. E o meu avô falava - Portugal é um país lindo, mas está muito mal habitado.

sábado, 19 de setembro de 2009

and the WINNER is...














Foram-se os debates televisivos, onde os principais representantes dos partidos políticos tentaram esgrimir as suas razões, em duelos cujas regras, me pareceram, um pouco castrantes. Agora estamos nas arruadas, nos comícios, nas caravanas, na troca de mimos e segredinhos, no emporcalhamento das pessoas envolvidas, e no emporcalhamento literal do nosso país, por via dos quase 100 milhões de euros, a gastar na campanha eleitoral, angariados num acordo muito bem conseguido, que os partidos cozinharam à porta fechada, provando que, quando o assunto é abotoanço à custa dos dinheiros públicos, a foice beija a rosa, o martelo acaricía a seta, como se de um bacanal se tratásse.
Se tudo fosse tão fácil no que toca a acordos sobre os reais problemas do nosso país, como este escandaloso e flagrante acto de divisão de patacas, não seríam necessárias as tão circenses e desacreditadas sessões parlamentares.
Voltando à vaca fria, não a dita, mas aos ditos, os entrevistados, não bovinos, claro, mas também eles mamíferos, e que bem que eles mamam... Depois dos debates, deu-me para tentar eleger quem melhor desempenho teve ao longo desta maratona. Quem ou o quê, passou melhor a mensagem. E por mais voltas que desse, cheguei à conclusão de que quem ganhou os debates, embora sem nunca proferir uma palavra, um gesto... enfim, nada, mas cuja forma e presença foi deveras eloquente, e realista, tal como foi a sua imobilidade, foi nem mais nem menos do que:

a mesa!

Sim, a mesa do debate.
A princípio podemos pensar que é um projecto de mesa a atirar para uma estrada, uma pista de aterragem, ou até um porta aviões. Ok, pode ser isso tudo, mas a mensagem que esta mesa nos dá não deixa dúvidas, quanto à sua forma descendente, quanto ao seu afunilamento, onde se adivinha um amontoar de tráfego, quanto ao seu elevado grau de inclinação, onde nenhum veículo conseguirá suster a derrapagem, qual TGV, Airbus de Alcochete, Nissan híbrido, ou Ford Transit carregada de Magalhães. A forma desta mesa, decreta-nos, a nós, aos políticos, apresentadores e staff do estúdio que a rodearam, que a mesa começa estável, hirta, direita, e termina, tal como o país: no abismo!

Amnistia Internacional







"Cada vez temos mais a animais a viver como pessoas, e mais pessoas a viver como animais."



sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Não sei, não vi, não estava lá.


Nunca gostei de gente dissimulada. Nunca gostei de pessoas que devendo agir, intervir, preferem em nome de uma hipocrisia ridícula, manifestar que não se manifestam, opinar que não opinam, falar que não vão falar.
Assim é o nosso Presidente da República. O Professor Anibal, arrisca-se a ficar na história, como se de um comprimido Melhoral se tratasse. Que não faz bem, nem faz mal. É quase invariável o seu discurso, que sempre lhe adivinho quando os jornalistas o convidam a pronunciar-se, com aquela vozinha meio rouca, e um misto de sorriso e esgar:
- O Presidente da República não se deve pronunciar.
E pronto, mainada. Além daquilo me irritar, acho uma perca de tempo darem tempo de antena a uma pessoa que fala dele mesmo, como se ele fosse outro, e ele não fosse ele, e que, repetidamente se auto-plagia.

Pelas recentes notícias de que houve compra de votos no PPD/PDS, a Dra. Manuela Ferreira Leite, já demonstrou ser solidária, no estilo, com o seu amigo Cavaco - ao ser questionada sobre a matéria, respondeu que não sabia de nada. ????
Espero ansioso, que quem sabe, o Professor venha a dar uma ajudinha, se e quando questionado, repetir a frase:
- O Presidente da República não se deve pronunciar.