sábado, 31 de outubro de 2009

Teias Sociais

É muita boca para alimentar!

Ahhh! Agora é que eu percebi!!!


opera boys band


Que podemos pegar numa música e adaptá-la a outro estilo, ritmo, diferentes do original, já sabemos. Existem versões de temas que são por vezes, senão melhores, agradávelmente surpreendentes. Porém existe uma onda que por vezes inunda parte do mercado discográfico, e daí podemos escutar pérolas tais como, fados em kisomba, disco-sound em gregoriano, e como acabo de escutar na telefonia, um projecto luso tipo Il Divo a cantar, ao estilo opera light, o tema dos Xutos - o Homem do Leme.
Não vou aqui dizer que o trabalho não está bem feito. Está sim. Cumpre fielmente o formato pretendido. Aposto que este projecto é composto por rapazinhos de formação musical muito acima da média, bonitos, e arrumadinhos. Não vou aqui dizer que não gosto de modificações aos originais. Mas os meus ouvidos exigem que essas versões sejam... originais. Senão, perdem, todo o conteúdo. Se apresentadas num formato standardizado, por mais bem embrulhados que venham, não gosto. É um direito que me assiste.
Fico-me pelos originais. E logo, o Homem do Leme, tão genuíno ao natural. Xutos forever.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Mimos

.....
Existem aqueles dias em que apetece mimar, e ser mimado, e não olhar para o relógio.
rrrrom, rrrrommmmm.
...
...
...

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Sim, Caim de novo

Como bom filho que à casa torna, eis-me regressado, ontem, à casa onde me iniciei nas lides da guitarra acústica e da voz. Da visita e apoio de amigos, à mesa, não pode faltar mais uma vez, o assunto que pelos vistos ainda vai mexer por mais uns dias - Caim. Não que eu puxasse o tema, mas ele lá estava, presente, incendiando e bipolarizando as almas.
E mais uma vez, a sós, já de regresso a casa, na ressaca do que foi debatido à mesa, pensei com os meus botões - defende-se que Deus chama os seus filhos, para o seu seio, para junto dos que já partiram, os antepassados, eles também respondendo ao chamamento Divino. Não de repente - pois essa constatação é-me presente com uma frequência que eu nunca imaginei - falta-me alguém. Alguém que conheço, já se foi. Morreu. Não de repente, a árvore dos meus amigos, conhecidos, familiares, vai ficando menos cheia... ou mais vazia. Porém, muitos desses que partem, afinal não são velhos. Alguns com menos idade que eu. Não sou velho. Nem novo. Ainda tenho planos, sonhos, e ou, simples vontade de viver. Eles, os que já foram decerto os tinham igualmente. Então porque partem tão cedo? Porquê eles? E não outros, ou nenhum. Ou no pior cenário para mim, porque não eu?
E aqui fico no fim do beco - se é Deus quem os chama, quais os critérios de escolha, qual o método de selecção? Será que é ao "calhas"? Uma roleta Divina que determina do Céu para a Terra, e pumba - hoje vais tu. Ou tipo, não gosto dos meus filhos ali para os lados da Indonésia, e lá vai um tsunami...
Uns dirão, que a seu tempo Deus me mostrará porque escreve por linhas tortas. É o que peço - Saber Porquê?
Não é pedir muito, ou é? Afinal, sei que não sou o único, a querer olhar o céu.

"I only want to say
If there is a way
Take this cup away from me
For I don't want to taste its poison
Feel it burn me,
I have changed I'm not as sure
As when we started
Then I was inspired
Now I'm sad and tired
Listen surely
I've exceeded
Expectations
Tried for three years
Seems like thirty
Could you ask as much
From any other man?
But if I die
See the saga through
And do the things you ask of me
Let them hate me, hit me, hurt me
Nail me to their tree
I'd want to know
I'd want to know my God
I'd want to know...."


quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Cada vez mais actual



"Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente, e pela mesma razão.”


FRIENDS !!!




Belo encontro, o de ontem, uma repetição de um ritual que eu, a Antígona e o Mandrake, fazemos gosto em manter desde há uns anos a esta parte. E que bem que sabe. Na mesa nunca faltam assuntos, os de sempre, a família, os amigos, a saúde, os livros, as músicas, os planos, tudo envolvido numa cumplicidade que se faz sentir, e ontem, senti-a mais que nunca. Existe neste trio um querer bem, que não devia ser previlégio, deveria ser prática em muita gente. São destes saborosos momentos, pequenos nadas que a vida é feita. Adivinham-se mais encontros, de viola em punho e muitas canções, a duas vozes.
Mandrake e Antígona, obrigado por existirem na minha vida.

Jinhos e Abraço.

Do vosso amigo Sputnick.

"A gente não faz Amigos, reconhece-os.!"


"When you're down and troubled
And you need some loving care
And nothing, nothing is going right
Close your eyes and think of me
And soon I will be there
To brighten up even your darkest night
You just call out my name
And you know wherever I am
I'll come running to see you again
Winter, spring, summer or fall
All you have to do is call
And I'll be thereYou've got a friend"

ao Divino o que é do Divino

Do saboroso momento de reencontro que ontem tive com dois colegas, dos tempos da instrução primária, queridos amigos, hoje, e ao qual dedicarei respectivo destaque, como se impõe, retive no regresso a casa, uma dúvida que aqui vou colocar. Bem, não será uma dúvida, mas talvez um exercício de lógica.
Um dos temas de conversa, foi o inevitável Caim de Saramago, discutido com respeito, independentemente das divergências.
O meu amigo C, ao qual vou chamar de Mandrake, pseudónimo que tomo a liberdade de aqui lhe colocar, pois sei ser o seu herói preferido dos tempo de juventude, defendeu a ideia de que Saramago, ao tentar publicitar a venda de Caim, da forma que sabemos, fez um favor a Deus, quando provocou toda esta polémica, pois despertou em muitos a vontade de ler a Bíblia, e assim sendo, Saramago contribuiu directamente para divulgação da palavra divina, beneficiando afinal, o seu objecto de contestação. Tem lógica.
A minha questão vai um pouco mais longe - sendo certo que Deus é o pai de todos nós, será certamente, também de Saramago. Sendo Deus suficientemente poderoso para instruir seus filhos, mesmo que por linhas tortas, será lícito pensar-se que Deus iluminou Saramago, a escrever contra Ele, e a proferir afirmações contra Ele, a fim de colocar um ponto final a uma mera situação de crise de vendas, dados os supostos deficits. Conclui-se portanto, que Deus fez um jeito a Saramago, e Saramago fez um jeito a Deus, e ambos venderam as suas publicações. Em tempos de crise, é sempre bom presenciar casos de sucesso comercial, neste caso numa inesperada e dissimulada parceria. Tem lógica.


terça-feira, 27 de outubro de 2009

Shame on you


Uma das notícias do dia, a de que uma escandalosa percentagem de idosos passa fome em Portugal, decerto que incomoda uns, antecipa uma visão do próprio futuro de outros, não é novidade para alguns, e será desprezada por muitos outros. A questão é que não são apenas os idosos que passam fome, existem muitos mais, não idosos, das mais diversas faixas etárias, que se alimentam muito abaixo das suas necessidades. Muitas crianças fazem a sua única refeição decente na escola.

Somos o país dos TGV's, dos submarinos, das auto-estradas, dos estádios de futebol, dos mega espaços comerciais, dos apoios a BPN's, das indemenizações e reformas milionárias, da classe política que se auto-financia com dinheiros públicos.

Somos o país europeu com maior fosso entre os ricos e os pobres, com tendência crescente prevista para os próximos anos.

Somos o país dos desempregados, dos pobres, dos velhos sem dignidade, dos jovens desencantados, dos adultos dos endividados, das falências e dos suicídios. Estamos agarrados geográficamente ao continente europeu, mas resvalamos socialmente para níveis de terceiro mundo.

É triste lembrar esta frase, do ditador, e imaginar como estão as algibeiras da nossa classe política, pós 25 de Abril.

"No dia em que eu abandonar o poder, quem voltar os meus bolsos do avesso, só encontrará pó.."
Oliveira Salazar

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Novinho em Folha

Temos novo Governo. Novinho em folha, modelo de 2009, um up grade do modelo antigo. Novo, com garantia, ainda sem quilómetros, ou defeitos de fabrico. Este novo modelo, decerto está mais fiável, deverá aguentar-se mais nas curvas, ser mais eficiente em situações de declives. Deve ser mais económico, que o modelo anterior. Deverá também ser menos poluente, e melhorar a qualidade de vida dos seus utentes, não obstante que, quem esteja ao volante seja o mesmo chauffeur.


Tirando a parte técnica, passemos à estética.
Gosto particularmente da inclusão do elemento Mulher. Cinco no total.
Não tenho explicação lógica para isto, mas gosto.
Gosto ainda mais particularmente da figura da Ministra da Cultura.
Tem classe.
E os novos modelos precisam dela. Da classe.
Veremos quanto à competência. Do conjunto.








Á f r i c a


O programa Grande Reportagem de ontem, emitido pela SIC , de título Eu e os meus irmãos é um notável trabalho televisivo, sobre a SIDA em Moçambique. Mostrou realidades que sabemos, meio por alto. Mas o visionamento da reportagem, grande parte dela contada na primeira pessoa, faz-nos saber mais, inteira-nos dos dramas das novas gerações, e das espadas suspensas sobre as suas cabeças, heranças paternas. A SIDA vive no seio daqueles meninos e meninas que dificilmente chegarão a idade adulta.


Nma pequena pesquisa apurei que:


14% da população moçambicana está infectada

mais de um milhão

36,5% de novos infectados até 2010

700 novos casos por dia

230.000 orfãos


Pergunto-me que espécie de gente ainda defende o não uso do preservativo?

sábado, 24 de outubro de 2009

Agora sim



Com a mudança da hora, as primeiras chuvas, o cheiro da terra molhada e aquele fresquinho nocturno, o Outono anuncia a sua Época Oficial.
Abriram-se, em sessão solene, os meus ouvidos ao Tchaikovsky, e ao Grieg.
Os ouvidos, pois as orelhas ainda estão a arder, por causa do Caim.
E agora vamos à música que se faz tarde.






sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Parabéns

Que o céu nunca vos caia em cima das cabeças

Caim


Se me perguntassem qual a minha primeira impressão sobre a leitura concluída do livro Caim, atendendo às vociferações em tom de inquisição que se escutam, lêm, e se vêm por aí, eu diría - a montanha pariu um rato.

Aos que conhecem a escrita e estilo de Saramago, não lhes é difícil adivinhar que o autor se mantém fiel ao seu modo próprio, estilo - penso, logo escrevo, tal como penso. Saramago sempre foi, na minha modesta opinião, entre outros adjectivos, directo, claro, incisivo e mordaz. Os seus leitores sabem-no, e esperam-no assim. Por outro lado, o escritor atingiu um estatuto, idade, e refinamento, que só o podem fazer apurar esses seus particulares.

Saramago é para se gostar ou odiar. Os que gostam lêm-no, relêm-no e discutem-no, os que o odeiam, tentam, em vão, ignorá-lo e na ausência de argumentos válidos, uns por burrice mesmo, outros por ignorância, dado que lhes é auto-interditado ler ou sequer folhear-lhe os escritos. Avestruzes, portanto. Maldizentes.

No entanto, não tenho a mínima dúvida que a caravana de Saramago, continuará a sua marcha, não obstante os latidos. Assim Deus, o Deus bondoso, não vingativo e que perdoa os seus filhos, lho permita.

Da leitura do livro ficou-me uma divertida narração da interpretação do autor, sobre dada parte do livro Bíblia. Já o mesmo dissera que não inventou factos, que tudo vem escrito no livro sagrado, e não fossem realmente alguns episódios relatados, serem macabros e violentos, dir-se-ia estarmos perante uma interpretação de uma fábula ou do livro de aventuras do Super-Homem - tal como podemos imaginar que as serpentes falam, ou que os anjos existem e são dotados de forças sobre-humanas, podemos de igual modo imaginar que o País das Maravilhas é uma espécie de Éden, os ratos falam, e que o Super-Homem dotado de forças sobre-humanas afinal é um anjo, só que, com capa e sem asas.

Saramago pensou e escreveu. O que escreveu põe-nos a pensar. Esse é o receio dos seus opositores. Em Caim, são colocados para apreciação do leitor, factos narrados, os quais a serem verdade nos diriam ser possível, Adão e Eva viverem centenas de anos, que a arca de Noé existiu, e que um dilúvio cobriu o planeta terra, Everest incluído, ou que um pai tem de matar um filho para mostrar devoção ao Senhor. Por exemplo.

Outros autores, antes de Saramago, tocaram nos pergaminhos da Igreja, outros escritos já colocaram senão a dúvida, pelo menos a discussão, sobre as veracidade e autenticidade dos escritos bíblicos. Saramago limitou-se a colocar a questão - que Deus é este que manda matar, que arrasa cidades, mata crianças, vingativo? Não creio que algum ser humano saiba, o que, ou quem é Deus. Nem Saramago, nem o Papa, nem eu, nem ninguém. Acreditar ou não, naquilo que se quer, é-nos lícito. Respeitar ideias, mesmo que antagónicas, é, ou deveria ser implícito. São questões de fé, já aqui se disse duas vezes, e em questões de fé, cada um tem a sua. Respeite-se.
......
"My sweet lord
Hm, my lord
Hm, my lord
I really want to see you
Really want to be with you
Really want to see you lord
But it takes so long, my lord
My sweet lord
Hm, my lord
Hm, my lordI really want to know you
Really want to go with you
Really want to show you lord
That it wont take long, my lord (hallelujah)
Hm, my lord (hallelujah)
My sweet lord (hallelujah)
I really want to see you..."

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Previlégios II





Previlégios II - 22/10
almoço - iguarias
vinho - tinto alentejano
serviço - self
paisagem - Atlântica
música ambiente - sim
necessário reserva - não
arejado - muito
acessibilidade - tem dias
traje - tem dias
preço - económico
satisfação - garantida

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Acendalhas



Acendalhas aprovadas para as lareiras do Vaticano

I have a dream...

Assisti há dias a um documentário sobre soldados. Soldados britânicos no Iraque. Não eram bem soldados, eram putos. Putos de 19 anos. Tal como as conversas o são, pensamentos são como as cerejas - soldados britânicos-Iraque-Iraque-soldados americanos-soldados americanos-Obama-Obama-Nobel da Paz.

Perguntei-me qual a fórmula, de dizer a uma mãe, um pai, que o seu filho morreu. Em combate. Que não é mais um valente combatente. Que passou a mais uma baixa. Um número, portanto. Que o corpo da baixa, perdão, do filho, virá dentro de uma caixa forrada com a bandeira nacional. Que eles, os pais, vão receber uma medalha. Junto com a caixa. Não creio que a fórmula exista, para além de um método de procedimento militar e frio, de mãos bem lavadas do sangue do soldado que nunca chegou a ser homem.

Questiono-me o que fará este Peaceful Man, dadas, a herança adquirida, as promessas que assumiu e o prémio que recebeu. Gostaria que o fizesse hoje. Amanhã também serve, mas hoje seria melhor, pode poupar-se quem sabe, uma vida que seja. Para não se tornar mais uma baixa. E entre um número e uma vida, existe uma diferença do tamanho do universo. Nós, os pais, sabemo-lo. Eles, os putos poderão sabê-lo - uns, tarde demais, outros, por cada camarada encaixotado.

Espero que Obama sonhe.

"War-huh!
What is it good for?
Absolutely nothing
Say it again"

"Imagine there's no Heaven
It's easy if you try
No hell below us
Above us only sky
Imagine all the people
Living for today

Imagine there's no countries
It isn't hard to do
Nothing to kill or die for
And no religion too
Imagine all the people
Living life in peace

You may say that I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope someday you'll join us
And the world will be as one

Imagine no possessions
I wonder if you can
No need for greed or hunger
A brotherhood of man
Imagine all the people
Sharing all the world "
De repente, não mais que de repente, as bocas se calaram. Calaram-se os boatos. E as suspeições. E o diz que disse. Cala-se o segredo, que nunca o foi. Dos hits de primeiras páginas e aberturas de telejornais, passou-se ao silêncio.

De repente, não mais que de repente, deixámos de saber as novidades sobre as investigações do Freeport, dos sobreiros, dos votos internos no PSD, dos submarinos, das escutas.

De repente, não mais que de repente, os artistas deixaram de ter necessidade ao jogo do ora agora denuncias tu, ora agora denuncio eu.

Guardarão seus trunfos no baralho, a carta na manga, o coelho na cartola, recolherão a perna que passava a rasteira, até à próxima batalha. Calam-se acusadores, bufos, acusados, e calam-se os meios de comunicação, numa comovente harmonia, numa comunhão onde tudo está táticamente sincronizado na arte de entreter a populaça.

Contaram-se os votos. Contem-se as espingardas, e guardem-se, até novo toca a reunir.

Para comer e Lambuzar

Cortam-se algumas bananas, na vertical.
Prepara-se um molho com margarina líquida, mel, limão qb, canela, e caril - sim, caril.
Mais canela que caril.
Lume brando.
Fritam-se as bananas até amolecerem.
Sempre mexendo para não deixar pegar.
Flambeja-se.
Et voilà!!!!
Derrete-se na boca, pega-se nas mãos, e dá para lambuzar.
Variantes, servir com gelado, e uma folha de hortelã, que fica sempre bem.
Uiiiiiiiiiii !!!



Gripe A chega à BD


terça-feira, 20 de outubro de 2009

Transparência

Talvez todos, ou muitos de nós, representemos: Representemos uma projecção de nosso eu. Por motivação, necessidade, vaidade, interesse, numa quantidade maior ou menor do nosso verdadeiro ser íntegro. Se nos mostramos aos outros com uma determinada "embalagem", torna-se lícito que os outros nos assumam com essa formatação. Todos os nossos actos, todos os nossos gestos, e todos os nosso detalhes terão de corresponder, afinal, ao que demos a conhecer.

Quanto maior é a genuinidade, tão maior será a admiração e a longevidade do sentimento, porque o que é verdadeiro, não precisa ser forçado, e o que é verdadeiro é naturalmente belo.

Na mesma proporção existe a decepção perante o rosto sem maquilhagem, sem os fogos de artifício que iluminaram o deslumbramento.

Por instinto ou modo prático, gosto de me mostrar com os extras e com as contra-indicações, e, no mínimo, espero igual tratamento, se bem, que vez ou outra a vida nos faça tropeçar em lições que provam estarmos sempre em constante evolução. E aprendemos.

Neste contexto, rendo aqui, e mais uma vez a minha homenagem incondicional aos amigos canídeos. Mas também, e acima de tudo, muito especialmente ao punhado de gente do meu núcleo, não forçosamente duro, que sei, e eles sabem, sempre teremos estatuto vitalício. Sem dúvida. E sem maquilhagem.

Já cá mora!!!

Já cá mora, que é como quem diz, já lá mora na mesa de cabeceira, destronando outras leituras - O Caim. Saramago volta, como se tal fosse novidade, a surpreender, na lucidez, objectividade, e porque não dizer, na lógica do que é óbvio. A dizer-nos o que pensa, e porque assim pensa. Enganam-se, ou tentam enganar-se, os que alegam ignorância do escritor, sobre a matéria. Sabemos, e Saramago sabe-o mais que ninguém, que o autor comprou uma guerra com as ancestrais ditaduras da fé e da crença. E em questões de fé, já se disse, cada um tem a sua, tal como pode ter a sua não-fé, o que não torna implícito ser anti-fé.
Saramago afirma que Adão e Eva não existiram, mas a existirem coloco-me uma dúvida - seria este casal de primeiro homem e primeira dama:


ASSIM?

OU ASSIM?


e não se pode extermina-lo?


Já não consigo ouvir aquela voz a apelar ao sentimento, sobre os preços baixos, a qualidade e o amor a Portugal. É uma salganhada que mistura tudo no mesmo pacote. Nas imagens, começam por nos mostrar à laia de convite, lindas paisagens e monumentos da nossa terra, para terminarem com o apelo ao encafuamento dentro dos supermercados. Na música, escuta-se um apelo ao patriotismo fatalista, no dedilhar de uma guitarra portuguesa, para em seguida desabar numa mistura das Xaile, com a Nelly Furtado, no tema que cantou incentivando a nossa Selecção, e da Carvalhesa da Festa do Avante.
Este comercial é uma espécie de banquete na mesa, com lagosta, guarnecida com feijão, e um galão a acompanhar. Tudo do... Pingo Doce.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Maitê, conclusões


Do rescaldo da polémica Maitê e do seu video, ficou-me isto:
-Maitê, não deverá tão depressa aventurar-se na arte de fazer humor.
-Miguel Sousa Tavares veio a terreiro defender a dama, só porque pretende continuar a ser bem recebido em terras de Vera Cruz.
-Muitos portugueses revelam nos seus comentários, provincianismo, complexo de inferioridade e muita ignorância. Outros, um sub-grupo destes, são ordinários e ofensivos.
-Muitos brasileiros revelam nos seus comentários, provincianismo, complexo e muita ignorância.
-Além do seu baixo nível, a esmagadora maioria dos comentários são um atentado à lingua portuguesa, tanto na ortografia como na pontuação, quando existe.
Ficou-me também outra coisinha:
Não seria pior que os portugueses, revelassem a sua indignação contra quem, dia a dia, ano a ano, tanto gosa com eles.
Não seria pior que este toca a reunir e vociferação colectiva ganhasse o peso do abaixo assinado, e do dizer basta.
Claro que falo da classe política.
Pois afinal doi-me muito mais pagar os impostos mais caros da Europa, do que uma cuspidela da Maitê.

Só as moscas mudam

"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.
Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País.
A justiça ao arbítrio da Política,torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.
Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções,incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."

Guerra Junqueiro, 1896.

Vade Retro

A padralhada que se cuide. Vai haver eferverscência paroquial. Pelo que escutei pelo próprio José Saramago, por ocasião do lançamento do seu novo livro, Caim, a coisa promete polémica, indignação e protestos, no mínimo. Espero vivamente que Saramago não sofra ameaças mais radicais, como aconteceu com Salmon Rushdie.

Que Deus o conserve mais uns aninhos, lúcido e acutilante, para nos brindar com escritas que não lemos. Devoramo-las.

Chamem-me lamechas, mas sou do tipo de pessoa que se comove a assistir um filme. Se o filme é de humor, rio, se é comovente, comovo-me, fico assim como que de beicinho, e se tenho que falar nesse momento, sei que a voz me vai trair, fica trémula. Revi o grande Johnny Deep, que admiro desde o Eduardo- Mãos-de-Tesoura, no filme Em busca da Terra do Nunca. Gosto particularmente da cena final, e da frase, a meio da história, que diz mais ou menos assim - os rapazes nunca deviam adormecer, pois acordam mais velhos. Na cena final, é notório o meu estado de tremelicação, pelo menos por uns momentos, que tento disfarçar.
É bom sentir que parte de nós nunca envelhece, contrariando a inevitável evolução da carcaça. É bom gostar de BD, dos clássicos da Disney, e de fazer coisas doidas. E nunca, nunca perder o sentido do humor. Talvez por isso me digam que rio como um menino, e talvez por isso me derreta todo num livro ou num filme. E no fundo acredite infantilmente que algures exista a Terra do Nunca.


domingo, 18 de outubro de 2009

Outono - porque tardas?

Tal como nos dois últimos anos, o Outono tende a não comparecer ao calendário. Sentimos que ele até dá um ar da sua graça, tímida, na madrugada. Será que cada vez mais, temos de consciencializar-nos que nada será como antes?
Tal como nos dois últimos anos, vou a banhos até Novembro, e não tenho tempo de tirar a roupa de meia-estação da gaveta, nem de me preparar para receber o Inverno. Tiro o sal do corpo, guardo os calções de banho, hoje, e visto-me a rigor para o Inverno, amanhã, na esperança de uma Primavera que decerto teimará em se fazer rogada e pouco presente. Ficarão por disfrutar os pequenos detalhes que tornam o Outono tão especial.
Quero as minhas 4 Estações de volta. Fazem-me falta. Estou velho demais para tropicalismos.
E além do mais, quero ouvir o Vivaldi coerentemente.


"Nada do que foi será, de novo do jeito que já foi um dia" Lulu Santos


sábado, 17 de outubro de 2009

Nostalgias III

Uma subida ao sotão, é quase sempre uma retorno momentâneo ao passado. No sotão guardamos o que supomos não nos faz falta, mas não queremos que saia porta fora, quase sempre, via caixote. A busca foi direcionada - ao meu livro da disciplina de Canto Coral, O Livro do pequeno Cantor. Achei-o. Não resisti a folhear, alguns dos empoeirados livros e compêndios, e vaguear nos rabiscos, desenhos e anotações. O cheiro do sotão foi sendo substituído pelo cheiro dos livros, dos cadernos. Recuei mais um pouco, à Primária, revi no imaginário as batas, e as carteiras com tinteiro para caneta de aparo, a chamada à qual sempre respondia - Presente. Revi a Dona G, e as suas reguadas, mas também a forma exemplar com que preparou uma pequena legião de miúdos e miúdas. Revi as provas, as redacções os ditados, os desenhos e os laços, que pelas suas cores distinguiam os mais aplicados. Revi as brincadeiras no recreio, os bilhetinhos e os namoros inocentes. É bom dar uma voltinha ao passado, relembrar as parceiros de passado. Melhor é saber que alguns deles estão à distância de um telefonema. Continuam Presentes.



Silent

Existe um guitarra que gosto particularmente, a Silent Guitar. Além de ser um instrumento de irrepreensível desempenho, em estúdio ou palco, tem a condição de ir comigo para qualquer lugar onde a queira levar, e tocar.
Estéticamente pouco me diz, gosto da guitarra mulher, feminina, com corpo, bonita. A Silent é um esqueleto. Mas cumpre na perfeição a sua função, ou não fosse obra nipónica.
Chama-se Silent porque é realmente silenciosa, muda - um pequeno auricular transportará tudo o que lhe tocar, aos ouvidos, ao nosso interior.
É um estado de pura e saudável embriagues pegar nela, na Silent, rumar ao infinito tão próximo afinal, e fazer um brinde a todos os sentidos.
Um dia que começa assim, só tem de acaber melhor ainda. Sei que terei esta noite, uma plateia de verdadeiros pesos pesados na música. Que os dedos não se atrapalhem, e que voz não trema.
Quem sabe fecho os olhos e imagino a manhã que passei com a Silent, que claro, estará presente, mas não em silêncio.




sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Mimos

Naqueles dias em que as coisas não correm nada bem.
Naqueles dias em que regresso a casa carregado de problemas e assuntos para resolver no dia seguinte.
Naqueles dias em que parece que o mundo conspira contra.
É bom receber o carinho da ninhada canina. Descomprime.
Devolve-me o sorriso.


Cannus Horribilis
Cannus Perfectus

Cannus Patetus



Conversas de Gajos


Este verão que nunca mais termina, convidou-me ontem após o jantar, a uma voltinha de biciclete , que sabe tão bem. O cheiro dos pinheiros, os poucos que ainda vão sendo poupados na zona onde moro, é-me particularmente agradável à noite e pela manhã. Mas, pouco pedalei. Passando pela esplanada do café habitual para uma biquinha, dou com alguns amigos da velha guarda, uns com os quais me cruzo com alguma frequência, outros nem tanto. Não pude recusar o convite à cadeira, à bica e mandar o biciclo às urtigas, pois a conversa estava animada, e pedia-se mais uma opinião. O tema era, para meu espanto, o desejo. O desejo de nós, gajos, num sentido lato. Latíssimo. O desejo discutido generalizava-se ali na mesa, tanto pela mulher, como por objectos, tais como o inevitável prolongamento masculino, o carro, e mesmo outros tão banais como um par de sapatos, um cd, ou um relógio.
Enquanto que uns metiam tudo no mesmo saco, e para eles o importante era ter, possuir, ser dono de, adquirir, outros mais moderados e sensatos separavam as águas. Mas havia ali, naquela conversa de gajos um sentimento cumum - o de que depois do cume alcançado, a coisa perdia a piada. O desejo, se não morria, ali, no cume, ficava no mínimo moribundo, pela metade, com os olhos, afinal, o desejo, já focados em outro cume, o próximo, esse sim o que corresponderia às expectativas criadas.
Fui contra a corrente, discordei, bati-me em argumentos, de que penso e sinto precisamentante o contrário - uma vez alcançado o cume, vem o mais sublime - o disfrute, e sendo o caso, a partilha, o dar e receber. Logo se levantou um coro de protesto do machame presente, duvidando das minhas convicções. Tratei de ripostar que um dos critérios reside na escolha, e na certeza da mesma, bem como na determinação em peneirar, e anular tudo o que não nos diz muito, que não nos toca, que não mexe cá dentro, mas os gajos não ficaram convencidos. E, verdade seja dita, não fui ali para convencer ninguém, apenas pretendo continuar a ser, como diz o Forest Gump: Eu.
Finda a conversa de gajos, montei a minha biciclete, que não penso em trocar, pensando no bom que é fazermos as escolhas certas, nem que para isso demoremos mais tempo. O tempo necessário, afinal. Com os inevitáveis, e por vezes necessários erros pelo caminho. Muitas vezes, só no erro se aprende a escolher.