domingo, 30 de junho de 2013

a banhos

E hoje, porque mereço e sei como fintar as bichas, permiti-me a uma boa sessão de banhos em frente ao bar do peixe, no Meco. Ficaram-me alguns tópicos de uma proximidade maior que a desejada, mas é o preço de vir a banhos ao Atlântico, num domingo em que tugas sem muita esperança (pelo menos, muitos) afogam as suas mágoas, esperando que a semana comece o mais tarde possível. Entre os mergulhos, as batatas fritas, o Saramago e o Seu Jorge ficam as observações alinhavadas assim à laia de cusquice, tão próximas estavam as coisas dos meus óculos escuros.
  • água - divinal, cristalina, o Meco sem ondas é coisa rara, e falo com mais de 30 anos de devoção.
  • bar do peixe - atulhado de gente. não concebo a ideia de estar a comer numa redoma de vidro, a poucos metros do mar, com 38 graus.
  • batata frita - não dispenso na praia. já me vem este hábito desde os anos 60, nas praias da Costa. Quando a batata de pacote era aquela coisa...
  • espanhóis - muitos. mesmo ali ao meu lado. felizes por estar no oceano, fizeram pouco mais de 200 km para ver o mar. lastimavam-se com as portagens. país de mierda escutei a um. não sei se era o nosso, o deles, ou ambos. mira que lindo el mar.
  • nomes - das crianças. escuto os nomes dos pirralhos, quase tudo ligado à realeza e nobreza. existe algo que um dia alguém tem de explicar, os gonçalos são milhões. existe qualquer coisa que liga o sub-consciente de quem baptiza com uma secreta devoção à realeza. se o PPM sabe disto... hoje ouvi um pai chamar o filho de santiago, ainda bem que não exagerou...para compostela.
  • óculos escuros - essenciais na praia. porque sim. pelo sol. pelo cenário. porque podemos estar a fingir olhar para o mar.
  • putinha - estou dentro de água, lá mais para afrente, na zona fora de pé dois adolescentes namoriscando. duas meninas para a mesma idade do casal vão nadando à rã: 
    - vamos fazer de emplastro.
    - não, eu vou é fazer-me ao gajo, ele é tão giro.
    - mas ela é a tua melhor amiga!!!!
    - pois é, e depois?
    - putinha!
    - pois sou. shhhhhh!
  • saramago - cada vez mais apaixonante. os cadernos espelham entre muito mais, o vidente. não fosse ele um ateu assumido e convicto e a padralhada ainda o beatificava.
  • seu jorje - no mp3. jorge merece muito mais que o reconhecimento da obra no é isso aí, ele prova como o samba fervilha e se renova. bem hajas Ana Carolina.
  • tatuagens - na maioria vejo-as em pessoas fuleiras, e fuleiros são os desenhos que essas pessoas decidiram decalcar até à morte. estranhos pactos estes que se fazem com as tatoos. Mais uma vez questiono aqui a exibição. Uma pessoa uma vez disse-me: só tenho uma (tatuagem) e só a vê quem merecer. presumi que nem estando ela de bikini a veria. e não vi.
  • tias - no Meco, são inevitáveis. tal como os gays e as lésbicas, mas a malta já não vive sem eles. e elas. são as mesmas roupas, as mesmas poses, as mesmas conversas, os mesmos óculos. parece que a crise e a noção do demodée não lhes chegou.



sábado, 29 de junho de 2013

ainda Saramago

Ainda de volta dos Cadernos de Lanzarote, leio mais uma frase do brilhante mestre - Na verdade, terá de vir procurar-me nestas crónicas quem verdadeiramente me quiser conhecer.
Nada mais certo. As Crónicas revelam o blogue que Saramago não construiu. O seu dia a dia em posts soltos, pensamentos nus e crus passados a escrita. Mesmo os seus tradicionais detractores não conseguirão apagar as verdades escritas por meados dos anos 90, confirmadas 20 anos depois, como por exemplo a propósito de cavaco ou sobre o que é hoje a CEE. melhor, não é. Do mesmo modo fica explícita a estranha aversão que alguns portugueses nutrem por outros portugueses, tais como Carlos Paredes e Saramago, filhos de um deus menor, no seu país, e admirados no resto do mundo. Nas Crónicas percebe-se a receptividade de outras gentes às obras do escritor, porque ele o escreve, sem falso pudor, ou pseudo modéstia. Temos nós os portugueses o péssimo defeito de classificar as pessoas pelos partidos aos quais pertencem, enquanto que lá fora, o valor é dado à pessoa e à sua obra.
Bem fez Saramago em se pirar daqui para fora, porque como se sabe, santos da casa... E bem sabemos que santos é coisa com os quais ele não ia à bola.

alternativas


No rescaldo das canções decido-me por ir a banhos, bem perto. Chamam-lhe a praia dos tesos. Desde há anos que assim chamam à praia do Seixal, à beira Tejo. Hoje, faz mais sentido usá-la, não só porque se está teso, mas também porque as suas águas foram declaradas limpas. Que o digam o choco que por ali anda, e que o digam os golfinhos que entram Tejo dentro em busca do choco. Razão maior, para além da poupança, é o transtorno que dá ir a praias "decentes" nestes dias, simplesmente porque, todos vão. E depois são as filas, o estacionamento, o chegar à areia, o conseguir um bocado decente da mesma... e o regresso. De facto existem luxos dos tesos, que não têm preço - nas fotos que tirei estou a cinco metros da água, e a cinco metros de outros veraneantes. Atrás de mim, a outros cinco metros, o carro. Sem confusões nem complicações.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

olhar, ou não olhar, eis a questão

Hoje, lá no restaurante, foi um almoço de pesos-pesados: Machos latinos em idade de pré-reforma em debate sobre uma particular tendência dos homens - a de olhar os decotes e as saias curtas das mulheres. Isto  tudo porque uma mulher se levantou de uma mesa, exibindo generosamente as suas pernas, e um dos convivas a olhou à descarada, enquanto os restantes, olhavam ali pelo canto do olho. Como as conversas são como as cerejas lamentei-me que das muitas vezes que vou ao banco dou com o decote da menina da caixa a olhar para mim, e depois não sei o que fazer com o olhar, que habitualmente se perde no teto, para que não fiquem dúvidas. É a questão, devemos olhar, ou fingir que não damos por isso? O mais velho da mesa garantia que sim que se a mulher mostra, o homem deve olhar. Outros, mais moderados, que não, que se está à mostra é puro prazer e não exibição. 
A sentença veio da forma menos esperada - uma das funcionárias do restaurante abeirou-se da nossa mesa e garantiu várias questões - a mulher em questão gosta de exibir as pernas, logo, gosta que as olhem; não havendo mirones, as áreas descobertas, estariam mais cobertas; os sinais devem ser interpretados como uma porta semi aberta, mas carecendo de chave.
Quem fomos nós para questionar.
Por mim, vou continuando a olhar para o teto.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

que me perdoem os grevistas mas...

... hoje é o dia da minha folga, e por isso fui a banhos. Com todo o respeito que tenho pelo direito à greve, que para mim faria mais sentido sendo de zelo. Assim não seria duvidosa a verdadeira adesão, dados que sendo certo que muita gente não foi trabalhar, é também certo que as praias e os espaços comerciais tiveram hoje, maior afluência do que é costume. Acredito que quem decidiu decretar a greve de zelo, ilegal, foi um grevista ou sindicalista pouco convicto e oportunista (que os há em todo o lado, por melhor que seja a causa a defender). Vamos lá então ver aquilo que se vê há 3 décadas: o governo a dizer que foi fraca a adesão, e os sindicatos e dizer que foi um sucesso. Somos sempre a mesma palhaçada, com a dança de transformar as derrotas em vitórias. E depois o outro ofende-se com aquilo do palhaço....
PS
A água? Ui, estava demais, e as lapas que apanhei, já vou saber daqui a bocado.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

(da) natureza, ou um conto

Conta-se ( este tipo de histórias só mesmo do oriente)de um velho, chamado Ping, que vivendo junto ao mar, possuía um lago, de onde tirava belos exemplares de peixes, com os quais preparava os mais refinados pratos, servindo assim uma clientela que vinha de longe, para se deliciar no repasto. Todos lhe perguntavam o segredo de tão maravilhoso manjar, mas o velho Ping apenas se limitava a dizer que era bem simples, a água.
A notícia tanto se espalhou que chegou à aldeia no interior, do pouco escrupuloso Pong, fazedor ele também de preparos à base de peixe, mas que pouco sucesso e elogios obtinham, não obstante o enorme lago rechaeado de peixes que possuía. 
E logo, se pôs a caminho, o manhoso Pong, a fim de confirmar o sucesso e o sabor dos petiscos do Ping.
Confirmado e conformado ficou Pong ao se banquetear com a peixada de Ping. E a pergunta impôs-se, qual o segredo? A água, respondia como sempre o velho Ping. Pong não acreditou. A chave do sucesso são os peixes, pensou. E eis que madrugada dentro, Pong se apodera de todo o peixe que pode retirar e carregar em grandes selhas, do lago de Ping, rumando a casa.
Chegado à sua aldeia, Pong a todos anuncia da boa nova. Teria a partir dali o melhor peixe, os melhores aromas, estariam todos convidados. E não perde tempo a despejar as selhas carregadas dos lustrosos peixes, que entrando no imponente lago de Pong, após algumas abanadelas de cauda, se quedaram boiando à superfície. Mortos, portanto.
Confirmado o óbito ao cardume, ao ver tão triste quadro, Pong não consegue entender o motivo de tão garbosos e saudáveis peixes perecerem dentro de tão cristalinas águas. Lembrou-se então Pong das palavras de Ping. Do segredo de Ping - a água. O lago de Ping também era de água como o de Pong. Só que salgada.
Moral (os orientais tem sempre uma)
Nunca se pode mudar a Natureza, de nada, nem de ninguém.

terça-feira, 25 de junho de 2013

(das) reclamações

Se não existe, existiu em tempos um aviso num restaurante do Meco, que rezava + ou - assim: estimado cliente, ao reclamar, cuide que a sua reclamação seja justa.
Por herança de uma PIDE que vive ainda dentro de muito portuguesinho, atribuiu-se-lhe um poder via livro das reclamações, que este exerce por dá cá aquela palha só para entalar o próximo. O entalar pode ler-se também, denunciar, fazer queixinhas, ser mauzinho ( ou fdp). O livro tem utilidade e legitimidade de existir, no entanto, se facultado ao portuga-ranhoso (PR) banaliza-lhe a verdadeira razão de existir. Porque o PR típico, reclama primeiro e pensa depois. O PR quer acima de tudo provar, nem que seja à sua parda existência que tem poder sobre algo ou alguém, deixando para trás reclamar sobre, ou contra quem lhe lixa a vida. O PR reclama da empregada de super-mercado mas nunca irá reclamar de alguém superior como um médico, advogado, ou alguma patente que diga dr,arq,eng... O PR, complexado e frustrado que é, com a sua vidinha, tem nestes momentos de escrita o seu parco momento de glória, tal como o seu antecessor dos tempos de outrora, o bufo.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

salvo conduto

Há momentos em que sinto que vivemos em permanente estado de salvo-conduto. Na verdade, nada é nosso. Tudo é avulso e a prazo. Ok, pagou-se o carro, mas há que lhe pagar os impostos, o seguro, a manutenção, o combustível, e se chegada a hora do abate, há que reiniciar o processo de novo. Caso possamos. Temos a casa paga? Ok, é nossa. Escriturada no notário e tudo isso. Mas depois lá vem a carga fiscal, e os saneamentos básicos e os etecéteras. Experimente-se não pagar as contas e teremos um batalhão de credores a morder-nos nos calcanhares, até que, pagas as contas nos concedam mais uma licença de permanência na sociedade. É um bocado como não ir ao doutor, que diz ao paciente: não vens à consulta? então não levas a receita. Depois não te queixes que te sobe a tensão. E lá vai, obediente, o paciente pagar a consulta, para receber o seu salvo conduto, no caso, em forma de duas caixas de comprimidos. Efémeros portanto. Tal como a conta que se paga hoje. Porque a próxima vence-se no mês seguinte.

carta aberta à troika

Senhores da Troika,

Venho por este meio à vossa presença, pedir para que de imediato, calem o pio aos 3 canais de Portugal, e passo a explicar os meus motivos:
Ontem, após andar atrás da lua, decidi esticar-me no sofá a fim de saborear um bom serão televisivo, mas o resultado foi desastroso. No canal1 dava um programa sobre o São João, mas as músicas apresentadas eram pimbalhadas que nada tinham a ver com santos populares, ainda por cima em play-back. Marchinhas, nem uma. No canal 3, vejo uma apresentadora aos berros, e um gajo vestido de noiva, a dizer que queria comer os figurantes. Tudo isto à volta de mergulhos numa piscina. Ligo, para o quatro, e mais uma tipa aos berros, a falar com gente que está dentro de uma casa, aparentemente todos dizem mal de todos, ou quase.
Comprova-se assim a inutilidade destas transmissões,pelo contributo que dão para tornar as pessoas mais estúpidas. Pelo que aqui renovo o pedido de encerramento deste lixo televisivo.
Sputnick

domingo, 23 de junho de 2013

Como dizia o poeta


Reencontrei-me há pouco com a obra do poeta que se auto-intitulava o branco mais preto do Brasil. Revivi algumas canções, e deparo-me com a questão: seria hoje considerado Vinicius um machista? Não tenho dúvidas que sim. No entanto subscrevo-o. E creio que muitas mulheres, mesmo que não o admitindo, também.

"senão é como amor uma mulher só linda. E daí.Uma mulher tem de ter qualquer coisa além da beleza. Qualquer coisa de triste. Qualquer coisa que chora. Qualquer coisa que sente saudade. Um molejo de amor machucado. Uma beleza que vem da tristeza de se saber mulher. Feita apenas para amar. Para sofrer pelo seu amor. Para ser só perdão."

"Há sempre uma mulher há sua espera com os olhos cheios de carinho e as mãos cheias de perdão."

Nisto, creio que todos concordam:

Quem já passou por essa vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu
Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não
Nao há mal pior do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão
Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão 


sexta-feira, 21 de junho de 2013

Brasil, e o gigante acordou

Sempre que visitei o Brasil, me fez confusão o aparente convívio entre a pobreza e felicidade que parecia brotar naquela gente. Afinal, a bolha estoirou, e o samba, o sol, o futebol, não chegam para a tal de felicidade. O povo saiu, e vai sair. Num país que é um continente, parece existir uma sintonia e comunhão  capazes de envergonhar povos ditos do primeiro mundo, onde as manifestações são geridas pelas máquinas partidárias, e onde a malte se preocupa mais em poses para o facebook, do que vestir a camisola da causa. 

que las hay, hay

Sempre fui meio adverso a comemorações por calendário. No que resulta que considero qualquer dia, desde que motivado, me dê ao desfrute do dia dos namorados, por exemplo, usurpando assim, a norma que diz que tem de ser no décimo quarto dia do segundo mês do ano. Para ser mais piroso, só falta cronometrar...pois.
A provar o falhanço do calendário, é este Verão que dizem ter chegado hoje, e se chegou hoje, porque raio é que estou com duas camisolas vestidas às onze da manhã, e os gajos no Alaska andam todos despidos?
Não fosse eu, um adepto do São Tomé, e começaria a acreditar que, tal como aníbal acreditou, que a mulher acreditava na nossa senhora, que por sua vez facilitou aquela coisa da troika. E que tal como o gaspar acredita que a chuva nos deu prejuízo, o mesmo gaspar tenha feito alguma mezinha com alguma bruxa para nos lixar o Verão. Porque eu não acredito em bruxas, mas que as há...

quarta-feira, 19 de junho de 2013

adultos precoces e jovens velhos

Enquanto espero a minha vez (adoro este momento) folheio as costumeiras revistas de fofocas. Prendo-me em duas páginas que relatam a vida de pequenas crianças, filhos de vedetas, que já são... vedetas, e a fazer de adultos. Putos com menos de dez anos a jantar fora, com a namorada, em poses, gestos, roupas e condutas de gente crescida. 

Não vi na revista. É pensamento meu, que por aqui também se estão a formar legiões de crianças adultas. Não nos tiques mas na mentalidade, dados os tropeções na vida dos pais. Os tempos de crise não deixam espaço para a transição. Serão adultos forçados.

A criança-adulta não poderá mais tarde, fazer o acerto com a natureza, dado que cada vez será mais difícil ao jovem-adulto governar a sua vida, e ter filhos. Logo, aqueles que ousarem a reprodução estarão deslocados e a pisar a linha vermelha.

Contudo, a Natureza, venha da divindade, ou do big bang, não se altera, e por isso mesmo tudo o que contrarie o normal e natural evoluir da criança para o jovem e do jovem para o adulto nos tempos certos, está errado. Tal como se um dia nevar em Salvador da Baía.

Alguém se devia preocupar com isto.

terça-feira, 18 de junho de 2013

excelente filme

Excelente filme - As filhas do Botânico - uma viajem pelo enigmático mundo das plantas, e as suas aplicações; pela China tradicional, mas também pela real. Com fotografia de cortar a respiração, e sem dúvida a melhor história que conheci sobre o tema homosexualidade.
No rescaldo pensei que se o mesmo filme tivesse, uma versão em que fossem invertidos, os sexos. A beleza do impacto não seria a mesma. Porque de facto a beleza da mulher pactua bem melhor. Com tudo. E tudo parece harmonizar.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

greve, ok, mas..

Sempre entendi que quando fazemos algo a nosso proveito, prejudicando terceiros, o acto peca por injusto. E perde toda a sua eventual legitimidade. No aspecto reivindicativo é exctamente o mesmo. Quantas greves de transportes têm afectado os utentes que já tendo pago antecipadamente o seu bilhete, ficam em terra, a proveito dos que mandam. Logo, o grevista, lixa a vida ao utente. O tal terceiro. Hoje os estudantes são os entalados. Entalados entre uma luta, que por mais justa que seja, se auto-enfraquece na razão, porque lixa a vida a quem não tem culpas no cartório. Para além disto, tem este braço de ferro a habitual quezília partidária que já mete nojo. É preciso fazer notar aos jotinhas e aos comunas, que se tratam nestas questões, coisas sérias, que envolvem a vida das pessoas, e não meros jogos de interesses, manipulados sempre pelos mesmos parasitas. 
Se nos repugna pensar nos tempos bolorentos do outro regime, já vai cheirando mal assistir há décadas, as pulhices do novo estado.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

santo António já se acabou

Estranha forma de vida, temos. Ou somos. A filha de uma amiga publicou isto: Odeio os Santos! durante os restantes 364 dias do ano ninguém gosta de musica popular, pois no dia dos santos todos sabem as letras e cantam como se o mundo fosse acabar no final do copo de vinho! Santa pachorra.
Não posso estar mais de acordo. Creio que aqui, a Rita associou e alargou o conceito de música popular, ao pimba. Nada contra. Tolero o pimba, toco-o se necessário. Noblesse oblige. E esse sentimento dura exactamente 365 dias. Renovando-se em períodos iguais.
Se devemos respeitar algumas celebrações a contexto, isso não impede que não nos saibamos divertir e soltar, fora das datas oficiais. Durante muitos anos, assisti em cima de palcos aos meninos e meninas betinhos a dançar até à exaustão as pimbalhadas lá na terrinha, para depois a desdenharem quando de volta à cidade. Assim se passa nos Santos, somos sardinha, mangerico, tinto, bejeca, aperta com ela, cheira a Lisboa, uma vez num ano. Depois vem o dia dia cinzas. Os dias. Os outros restantes.
São entre muitas mais, estas as diferenças das gentes, toque-se uma valente sevilhana aqui ao lado, e é ver o salero no ar. Toque-se um sambinha gostoso lá de onde ele nasceu, e é ver as cadeiras a requebrar. Porque se sente, se vive, está entranhado. Ser reservas nem pudor, 365 dias ao ano.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Amesterdão V


A forma inteligente de, quando não se pode vencer o inimigo, é legaliza-lo. Afinal, se não o conseguimos extinguir, porque não controla-lo? E assim sendo, damos-lhe condições de existência, com a qual todos parecem conviver bem. Decerto que um cliente na red light não deverá temer uma doença venérea, ou contrair sida; assim como a mãe do jovem estudante não vai recear que um bem parecido colega, o alicie ao portão da escola com algo melhor que o cigarro escondido. Tudo o que se vê por lá, existe aqui. Lá, às claras e regulamentado, aqui, no escuro, e descontrolado, com as consequências visíveis. Quem sabe o gaspar, de visita às zonas red e coffee shop, não se inspira em mais 2 formas de colecta. É que afinal de contas o charro da foto acima custou-me 5 euros. Algum guito, certamente foi parar ao estado holandês. Para o bem de todos.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Dia da Raça

Ontem foi o dia em que uns portugueses, os do poleiro, querem que os outros portugueses, aqueles que esgravatam no chão, aplaudam o país, icem bandeiras, sintam orgulho da pátria, e essas coisas que vemos nos filmes made in USA. Não me sinto nesse tom, embora continue a minha afeição pelo meu país, mas sabendo-o  ao dispor de gente que apenas se serve dele, por mais bandeirinhas que coloque na lapela,  perco o interesse e parte da devoção. Estamos e estaremos  entregues a uma direita dissimulada, e a uma esquerda acomodada.  As duas grandes diferenças entre o agora e o antes, é que antes não se podia mandar um político  à merda, sem ir de cana, e havia uma guerra no ultramar. E agora, não. De resto a cantiga é a mesma, como tão bem canta o Tê, o Rui Veloso.O

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Amesterdão IV


Uma coisa garanto: se as brigadas da asae actuassem nesta cidade, encerravam mais de metade dos estabelecimentos ligados à restauração e hotelaria. Ou seja, matariam os de baixo, para proveito dos de cima, tal como por cá. 
Os espaços comerciais, são pequenos, personalizados, atraentes, e muito diversificados, à medida das pessoas. O maior que vi está instalado numa antiga estação dos correios, perfeitamente integrado na paisagem arquitectonica. Existe um flexibilidade de horários de funcionamento, e pasme-se, as lojas não abrem aos domingos, para o bem de todos.

utilidade assim-assim

Gosto de museus. Gosto de música. Gosto da filarmonia. Com tempo xoxo, porque não visitar o Museu da Filarmonia, em Almada. Mas não. A net diz-me que aos domingos e feriados encerra. Tal como o Núcleo Naval na Arrentela, pequeno museu, com soberbas réplicas de embarcações do Tejo. Não creio que existam falta de quadros nas Câmaras do Seixal e Almada, que impeçam a abertura, nestes dias. Pergunto-me, se os espaços foram criados pelos municípios, para as populações. Porque os fecham quando as pessoas têm disponibilidade? Afinal, é o argumento que usam para autorizar as portas abertas aos espaços comerciais - a disponibilidade. Creio que neste campo, mais uma vez cabe aos da esquerda, a tentativa de, na prática não se assemelharem tanto com os outros. Os que, como sabemos, são os adeptos do grande capital. A esses, entendo-os. A estes, topo-os.

Muse no Dragão

É hoje. Os Muse prometem um concerto ao estilo de Wembley, sem limitações às meras execuções mecânicas. Um concerto ao vivo tem de ter muito mais. Tem de ter improvisos, mesmo que parcialmente ensaiados. Um concerto tem o dever de demonstrar as capacidades do músicos para além da sua música. Tenho muita pena de não ir, mas mas os tempo$ não permitem. Vai a filha, já é bom.

sábado, 8 de junho de 2013

Amesterdão III

na terra das duas rodas
Uma das maravilhas daquelas paragens, são as biclas. Ou não fosse eu aficionado dos passeios em bicicleta. E porque não mover-nos de bicicleta no dia a dia? Pois, é impossível. Porque inventamos uma série de desculpas, e uma outra série de justificações. A maior de todas é a do perigo que constitui partilhar as vias com os carros. Depois vêm as outras todas, sendo a falta de vontade também um excelente argumento. Mexe muito com as mentalidades deste nosso primeiro mundo lusitano, observar que vou ao correio meter a carta, ou ao café beber a bica, montado na minha pasteleira. Os comentários são sempre do tipo, deve andar a fazer dieta, ou, não deve ter gasolina no carro. Garanto, e não é de agora - houvessem  ciclovias e muitas vezes o carro ficava à porta. Para o bem de todos.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Amesterdão II

Proporcionou-me a vida conhecer a grande maioria dos países europeus. Dizer conhecer é exagero, melhor será dizer que estive em determinado local. Não conheci a Holanda, mas fiquei a conhecer uma boa parte da cidade de Amesterdão. Senti-lhe o pulsar, e a forma inteligente como tudo ali parece mexer, com exito, felicidade e proveito das gentes de dentro e de fora. Mais uma vez constato o quanto errados somos nós, os portugueses. Parte do erro é de quem nos manda, a outra parte é mesmo individual. Principalmente, de quem visita outras terras e nada aprende. Viajar devia de ser um direito. Tirar lições dessas viagens devia ser uma obrigação. Para bem de todos.

nem só as asas servem para voar

Quando vi pela primeira vez o filme Forest Gump, comovi-me bastante com a luta do pequeno Forest com o seu "aparelho" na perna, assim eu ouvia chamar à engrenagem que carreguei durante tempos. Afinal o Forest, não tinha nada de grave, contudo eu tive. A poliomielite atacou-me traiçoeiramente aos quatro anos e atirou-me para uma cama. Logo a mim, que passava a vida a correr, e a fazer brumm-brrumm com os punhos a fingir que era uma mota, muito penei na janela do 2ºandar, a ver os outros meninos a brincar na rua.
O almoço de ontem, na mamã, serviu, entre outros temas, para relembrar esta fase difícil na vida de ambos. À grande determinação e persistência da senhora minha mãe, ao meu avô Izidro e ao doutor Luís Alpoim devo o facto de ter conseguido levar uma vida em pé. Não a correr, como o Forest, mas a andar. Porque após meses de inação, caminhar é como voar. 

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Amesterdão I

Fui e gostei. Muito mesmo. O lema vive e deixa viver, é regra. Limitar o chamamento da cidade à cannabis e à red light, é um erro. Amsterdão tem tudo mais, incluindo a regra simples de viver.

sábado, 1 de junho de 2013

mudam-se os tempos

Enquanto espero o jantar, folheio uma das publicações ali espalhadas pelo balcão. Tenho tido aversão a ler os textos no português aldrabado e abrasileirado, por via de um acordo com o qual muitos não concordam. Aquilo parece mais uma PPP, que servirá a alguns, mas comprovadamente, é de utilidade duvidosa para a grande e esmagadora maioria dos outros. 
Poderei estar velho demais para algumas mudanças, ou, poderei querer ser senhor das minhas opiniões.
No folhear da revista, tive de reler duas notícias, um pouco na esperança de estar presente de enganos ortográficos, ou quiçá, mais uma vez, vítima do famigerado acordo. Mas não. As notícias eram mesmo assim: uma dizia que um maestro ao receber o premio, beijou o marido, antes de se levantar para o receber, e a outra, no foro do aconselhamento íntimo, o desespero de um rapaz, que, ejaculando precocemente, está em vias de perder o namorado. 
A minha avó não resistiria a tanta modernice, se voltasse a este mundo. Não duvido que continuaria a escrever acta, em vez de ata.