segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Lisbon

De vez em quando dão-me estas nostalgias e lá rumo à capital, em busca de caminhos trilhados, e de recordações de outras épocas, em que palmilhava vezes sem conta os mesmos trajectos, ora rectilíneos, ora em zigue-zague, consoante o tempo e disposição. Dificilmente me vou revendo nos locais habituais. Se a uns  pouco lhes reconheço as linhas de outrora, a outros, a degradação e abandono tomam conta do estado actual. As gentes com quem me cruzo falam quase todas, em idiomas que não o meu. Sejam os turistas na baixa, ou os emigrantes ali para os lados dos Anjos, onde em busca das ruas onde antes visitava os meus tios, encontro hoje, mulheres da vida, escuto orações árabes. Os sem abrigo afectam a paisagem da Baixa,  pelo que foram corridos da Aurea, da Augusta, e paralelas para ruas e avenidas menos procuradas pelo turismo. Salvam-se alguns locais, cafés, edifícios, que teimosamente vincam o lema de que antiguidade é posto, mantendo viva a identidade de uma cidade que já foi menina, e moça. Das impressões, ficam-me estas fotos, que transformei, ao som do Rodrigo Leão. 


segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Natal consumo

Alguns dados que disponho, juntamente com o visto e ouvido aqui e ali, denunciam que embora, se diga que a crise está a afectar o tradicional Natal, é este ano, mais um ano de desmedido consumo. Não obstante as ridículas recomendações à contenção por parte de associações de defesa do consumidor, dado que só vieram a público no dia 22... o pessoal compra como se não houvesse amanhã. E é aí que bate o ponto - creio que grande parte da malta está numa de canto do cisne, na quase certeza de que no próximo Natal, se atingido, aí sim, não haverá dinheiro para compras. Nem crédito.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

12-12-12 e 21-12-12


Já assistimos a várias premonições de apocalipse, e não há Meirim que acerte no dia do fim do mundo. Este mês, então, foi logo bafejado com duas datas, mas como habitualmente, passa a data, e nada. Acorda-se no dia seguinte com as mesmas tralhas, as mesmas alegrias e as mesmas tristezas. Confesso que nunca liguei a estas previsões, ou aquele tipo de crenças, vindas das minhas avós, de cariz religioso, que se fizeres isto, vais levar com aquilo. Inocentes nesse campo, as minhas avós que temiam à divindade. No entanto, embora descrendo, nunca deixei de imaginar os possíveis cenários de um fim deste mundo. E se antes me incomodava deveras antecipar um clarão, um boom, uma enxurrada, que tudo levasse, nas tempos que correm, estou-me um pouco nas tintas. Será um modo egoísta de ver as coisas, eu sei. Afinal não têm de pagar todos pela mesma  moeda. Mas admita-se, seria uma forma de, enfim, impôr a palavra "democracia" aos que nos colocaram neste estado de não poder prever o dia de amanhã, leia-se, o ano que aí vem. Seria  o modo radical de colocar em prática o lema - ou há moralidade, ou comem todos.
O clip é de uma canção da Carmen Miranda, mais tarde recuperado pela Adriana Calcanhoto, mas escolhi a Paulinha. Se bem que goste mais do estilo de interpretação da Adriana, no restante, indiscutivelmente a Paula Toller tem outras particularidades...

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Seixal, desenhado


prenda de Natal

O Carlos vive na minha rua. Os filhos do Carlos sempre foram doidos pelos habitantes de quatro patas lá da minha casa. Relutante o Carlos e a mulher, nunca quiseram um animal em casa. A justificação é velha - que dá muito trabalho, que é uma prisão. A recente partida da minha Pantufa, e a chegada do Dunga, foram vividas intensamente no seio daquela família. Neste Natal, sem o saberem os meninos vão ser presenteados com aquilo que julgavam ser inatingível, um cão. Diziam-me os putos aqui há dias, pedimos um não-sei-quê de jogos de presente, mas o que a gente queria mesmo era um cão. Dei uma palavrinha ao Carlos. O pai reuniu com a mãe, e ambos chegaram à conclusão de que esta escolha fará dos filhos pessoas bem mais saudáveis e responsáveis, com a convivência do pequeno ser, do que viverem as frustrações que sempre sucedem à euforia de um novo videogame. Tocou-me a notícia, e a nova justificação. Concordo vivamente. Basta-me recordar a carinha de alienados dos putos, pequenos e grandes, de volta das suas tablétes.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

o Rei

O Rei, assim era, e é, conhecido na rede social. Conheço-o desde a adolescência, desconheço-lhe o trajecto de vida. A rede fez, como em tantos outros casos com que nos reencontrássemos, na via virtual. Dado que ambos pertencemos a um grupo fechado dentro da rede, por ali fui sabendo das dificuldades do Rei. Com alguma regularidade surgiam pedidos de solidariedade, comida, dinheiro, uma oportunidade de trabalho, tudo seria bem vindo. Uma vez animou-se, arranjou um estágio, que depressa deixou de o ser. Afundou-se novamente, entre as contas por pagar, e o desânimo do ser humano que no limiar dos cinquenta anos, é apanhado na roda dentada criada pelo "sistema" democrático, como excedente, ou não essencial. Haviam dois dias que na rede ninguém sabia do Rei, nem o telemóvel atendia. Comentou-se na rede que se lhe acabara o dinheiro para a luz, e para o telefone. Mas não. Haviam dois dias completados, quando se descobriu que o Rei jazia frio na sua cama, morto, na espera das ajudas prometidas e de um subsídio atribuído pelo estado, que não chegou a tempo.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Prémio Nobel da Paz podre

Quando se viu Obama receber o prémio Nobel da Paz, antes de ter realizado obra, estou certo que a credibilidade sobre a isenção e conceito do reconhecimento de mérito, desta organização, ficou muito abalada, pelo menos no que toca a pessoas que são sensíveis à coerência.
Hoje, a Comissão Europeia, recebe pelas mãos de Durão Barroso, o Prémio. O da Paz. Se em primeira análise a CE, não mais fez do que andar a reboque de interesses suspeitos, numa espécie de vassalagem cúmplice, que nada tem a ver com o esforço pacificador, em análise mais profunda, nunca deveriam designar a pessoa Durão, para receber o desacreditado prémio. Sabemos que Durão se pela por tudo o que lhe promova o ego, mas convenhamos, é preciso muito queijo para fazer esquecer que foi este mesmo senhor, que se colocou em bicos de pés, ávido por aparecer na fotografia, daquela tal cimeira das Lages, que ficou apelidada, por cimeira da guerra. Ora, guerra e paz, que se saiba, só com Tolstoi. Durão Barroso, está e sempre estará, por mais que se lave, com as mãos manchadas. Não creio que isso o incomode. Alguém lhe sussurrará justificações tão hipócritas como esta nomeação.


sábado, 8 de dezembro de 2012

o cão e a portagem

 
Para obter o indígena da foto tive de me deslocar ao Alentejo. Dado que gosto de pontualidade, a solução para chegar a horas era meter-me pelo autoestrada. A exorbitância que paguei de portagem explicou-me o motivo de ter feito cem quilómetros sem quase avistar outros veículos.
 
Como a pontualidade não é para todos, chegado ao ponto de encontro, tive, em meia hora, oportunidade de contar dezenas de camiões de longo porte que circulam pelas estradas nacionais, entupindo trânsito, danificando o piso, poluindo as localidades.
 
Creio que só um português, pode entender tamanha aberração. Acostumados que estamos com os esbanjamentos público-privados. O português sabe que a finalidade da obra acaba no dia da sua inauguração. A serventia extingue-se nas luvas, e benefícios das pequenas minorias que gerem estes bolos.
 
Claro que na viajem de regresso, usei a estrada nacional. Eu e o pulguento.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

estranha forma de ser(mos)

Estive neste último fim de semana numa maratona musical. Para além do habitual local das 6ªs, o sábado e o domingo, passei-os de manhã à noite a animar e apoiar sonoramente o aniversário de um considerável espaço comercial, cujo nome Hiper atrai a clientela. E dado que por ali se vendem entre tudo o resto, os alimentos, tive nesses dois dias mesmo ali na minha frente dignas representantes do banco alimentar, que tentavam não a sua sorte, mas a sorte de outros, na abordagem de quem entrava, com o respectivo pedido junto do saquinho para os eventuais donativos. Em todas aquelas longas horas constatei que muitas daquelas tias de chinelo D&G, falsas loiras oxigenadas, aperaltadas até ao pescoço, se desviavam das voluntárias do saquinho de plástico, algumas até fazendo gestos de desdém. O mesmo comportamento assim observei aos tios, incomodados com as gentes da Jonet. Creio até, que deu um jeitão a esta hipócrita gente, a história dos bifes em directo. Em contrapartida, alheios a mexericos e coisinhas de baixo interesse, focando o essencial, pessoas de aspecto humilde e discreto, entregavam felizes o seu modesto contributo, e os carrinhos lá se foram enchendo.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Spa natural

Porque ainda existem lugares onde podemos desligar-nos do ruído, onde o canto da passarada impera, porque quem por ali passa, cumprimenta quem passa, e quem passa cuida de deixar o espaço como o encontra, para que ele viva, bem como os que por lá vivem. Porque afinal, por mais que nos digam que não, o Homem e a Natureza devem estar em sintonia.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Museus


Embora nunca tenha integrado uma Banda Filarmónica, sempre tive muita intimidade com este mundo. Toquei com muita gente pertencente a filarmónicas, e, frequentei, toquei, e ensaiei, anos seguidos nas Sociedades e Colectividades, cuja jóia da coroa era precisamente, a Banda.

Quando visitei o Museu do Fado, nem por isso gostei muito. Na minha humilde opinião, falta-lhe uma característica essencial no Fado - A Alma. É um museu, sim senhor, tem por ali espólio, informação, e conteúdos, mas carece da dita Alma e Tradição. Direi que é melhor este museu do que nenhum, mesmo sendo snob, mas a alma, a tradição, e a essência do que é Fado, não vivem naquele edifício.

Acabo de ver uma colecção de fotos, na rede social do momento, sobre a inauguração do Museu de Música Filarmónica, em Almada, pelo que me foi dado a ver na centena de fotos publicadas, o tributo à filarmonia, perde para o conceito de novos formatos, que, mais uma vez, não respeitam a dita Alma.

Dependendo da acessibilidade de acesso ao museu, nesta moderna Almada, estraçalhada pelo comboio urbano, talvez por ali passe em busca da dita Alma, mas apenas se não se pagar um balúrdio para parar o carro, e a entrada for livre, à semelhança do que acontece nos museus lisboetas. Que isto do direito de Cultura para o povo não pode ficar só nos discursos de inauguração.







ainda nas fotografias

Descobrir novas criações é tão gratificante como desafiador. Se na música, os utensílios electrónicos servem para modificar o resultado final, algumas vezes de tal forma, que uma versão modificada pode dissimular totalmente o original, na fotografia, existem igualmente ferramentas para darmos largas à nossa imaginação. Sendo um adepto do simples e do original, não vou fora do desafio proporcionado pelas novas tecnologias, e ao gozo que começa no justo momento da contemplação, seguido do momento da captura, e culminando com o tratamento das imagens até ao resultado final. Isto claro, dentro dos critérios pessoais de gosto e prazer. É assim como que, ir à pesca, apanhar o peixe, cozinhá-lo e depois degustá-lo.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

viagens na minha terra


Há tempos que não ia à "terra". De vez em quando dão-me estas nostalgias, mas penso que são entendíveis, dado que foi ali que nasci, por ali morei, ali fiz a minha 4ª classe. Sei que haverá uma explicação. Sei que uma coisa é Cacilhas, e outra é Almada. Mas se ambas se colam e complementam, porque raio, a zona ribeirinha está tão bem tratada nua determinada área e tão votada ao abandono noutro. Claro que o lado degradado é o do Cacilhas, antes como hoje, parente pobre de Almada. 

Nobel Obama

Quando em 2009, Obama recebeu o premio Nobel da Paz, por aqui falei, e certo que não fui o único, do estranho que é, o Premio antes do Feito. Porque é uma lógica desprovida de veracidade.Logo, uma farsa. É como receber a medalha sem ter ganho a corrida, ou mais ridículo, sem sequer ter participado. A aparente descontração e simpatia de Obama, e até as boas intenções. que como dizem, enchem o inferno, não têm chegado para alcançar o direito ao Nobel. Os recentes acontecimentos no médio oriente, e o vislumbre do que este conflito pode gerar seriam um bom motivo para que Obama justificasse merecer a medalha. Porque tal como por aqui também se disse sobre outro presidente, o caseiro Cavaco, não se é Homem só porque vestem as calças, tal como não se é presidente só por cortar fitas e dar abraços.

dementes

Sinto cada vez mais a sensação de que somos cobaias. Pior. Não cobaias dominadas por gente com fins justificáveis, mas uma espécie de marionetas, manipuladas por gente imatura e inconsciente, que vai fazendo experiências à toa: deixa lá ver como é que os gajos reagem a esta porrada de impostos. Leia-se - quantos vão sobreviver, dado que no espaço de tempo que decorre entre a aplicação da medida e o seu termino, acontecem as inevitáveis baixas, irreversíveis. É uma política cega de terra queimada. O que estão a fazer aos profissionais da restauração é um acto criminoso, descabido de qualquer sensibilidade ou conhecimento da realidade. Trata-se jogar com a vida das pessoas.
Criminosos estes senhores, que além de serem perigosamente dementes, são estúpidos, porque nem sequer deram atenção ao aviso da patroa alemã - a solução para Portugal está na manutenção, apoio e expansão das micro, pequenas e médias empresas - disse. E os exemplos estão à vista por essa Europa. Os bons, a norte, os maus, a sul.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Foto & Música

A par da Música, a fotografia tem sido um dos prazeres que mais tenho cultivado nestes tempos mais recentes. De certa forma, são duas artes com alguns pontos em comum, pelo menos no que toca aos desafios da criatividade. Na viola e voz, tal com nas fotos, podemos tentar reproduzir e captar tão perto do original quanto os dotes nos permitam, bem como podemos criar dentro da criação, na música chamamos-lhe versão, nos retratos dizemos que é edição. Nos dois casos impera o nosso gosto, a nossa sensibilidade ao que nos propomos. O resultado pode ser maravilhoso para uns, e uma bosta para outros. Mas como gostos não se discutem, impera o prazer de criar e desfrutar do resultado, nem que seja para gozo próprio, o que não é o caso, mas mesmo que assim fosse, funciona isto, do criar, como uma espécie de terapia, muito necessária nestes tempos de pensamentos cinzentos.
foto editada - tirada no Seixal, entre os antigos Paços do Concelho e a Igreja.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

e afinal eles movem-se



Diziam que a nossa polícia era um mimo de exemplo. Diziam que, aguentavam serenos, as investidas do povo, quiçá, por solidariedade, quiçá porque os seus bastões não beliscariam o pelo do tuga, contrariando o bastão grego, o espanhol, o italiano...  Tudo tretas. Alguns (poucos) provocadores estavam a pedi-las, e a polícia (todos) estavam danadinhos por malhar na malta. Porque, acredite-se, eles gostam.

Como é possível em pleno século XXI, com toda a tecnologia de ponta, num país que se teima em afirmar de primeiro mundo, que tem os submarinos mais caros e sofisticados, cujas forças se segurança, militar e secretas usam das tecnologias de ponta mais avant, não consegue apurar quem são os tais meia dúzia de provocadores, e desata cegamente a distribuir porrada, sem olhar a quem?

Como podem os dois principais responsáveis neste país, vir dizer que  não viram as imagens? certamente comungam da cegueira policial, e mais uma vez provam a incompetência que vestem. mas também o cinismo e a falsidade, dado que, seguramente sabiam, ou até autorizaram a carga policial.

A malta julga que está em democracia, mas não está. Somos um pouco como as galinhas da minha avó,  que, quando saiam do galinheiro para o quintal, se sentiam livres, mas continuavam presas. Ou muito me engano, ou este mostrar de dentes da nossa polícia foi o primeiro. Outros se seguirão. As lutas podem endurecer. O ministro e algum povo-galinha virão dizer que é muito bem feito, o PM e o PR virão dizer que não tiveram tempo para ver, porque estiveram a trabalhar. A cambada, tão sedenta de banhos de multidão, quando em campanhas, que cobardemente anda a fugir pelas portas dos fundos, e a assobiar a canção não sei, não vi, não estava lá.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

o Dunga


O sentimento não é renovável, nem substituível. No entanto, no coração de quem ama os animais, e particularmente, os cães, sempre cabe mais um. Quer a natureza que eles não durem tanto tempo como nós. E com a natureza não se discute, nem decerto haverão argumentos. Enquanto puder, e enquanto me for permitido, assim farei, renovarei o vazio deixado pela Amiga que se foi, por um aparentado Rapaz, que já se vai acostumando aos cantos da casa. Bem vindo, Dunga.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

14/11

Farias hoje 78 anos. Mas nem aos 61 chegaste. Uns dizem que é o destino. Outros, que é a vida... controverso modo de apelidar a morte, dizer que é a vida. Mas enfim, é o nosso lado do fado, do dramático. Decerto estarias um velho tranquilo, bem reformado, em harmonia com a família, as tuas moedas, os teus selos, as tuas voltinhas à beira mar. Ou talvez não, talvez as limitações da idade te não dessem a chance desses pequenos prazeres, mas tal como a senhora minha mãe, com quem casaste, decerto saberias tornear as dificuldades e tirar partido do possível. Estarias mais rabugento, eu mesmo já estou... teria de haver paciência para te aturar, mas tudo isso faz parte do universo dos afectos. Terias tido o avô por cá mais uns anos, deduzo. Creio que o avô se foi, logo a seguir a ti, por consequência da tua partida. Ironia das ironias, um homem que tanto valeu a tantos, e sempre lhes abriu as portas, acaba por não encontrar nenhuma (porta) aberta na velhice. Ficar velho, sem amparo, é fodido. E fatal.  Voltando a nós - muito ficou por fazer, muito ficou por dizer, não se gastaram as conversas, não se falou de tudo que sabes que eu sei, e nem daquilo que julgo que sei que sabes. Soube que das tuas últimas palavras disseste que me levavas atravessado. Pois, eu entendo-te, talvez por isso eu possa pecar por exagero quanto aos teus netos, porque estou sempre a tagarelar, até à exaustão. Não tivemos os tão ambicionados serões à lareira, nem reabilitámos os nossos jogos tidos na Rua de Arroios, e na Costa, o xadrez, a canasta, o crapô. Tão pouco houve tempo para te ensinar a tocar viola, ou pelo menos tentarmos, dado que, como sabes, sou pouco paciente. E voltando de novo ao avô - irónico também que, por via da tua partida, foi ele que, durante alguns tempos, e belos tempos, usufruiu dos nossos planos (os meus e os teus). Foi com o avô que tive longas conversas, algumas que levarei comigo, bem como lhe escutei narrativas das viagens do navio, das terras e pessoas que conheceu. Foi o avô e não tu que deu belos passeios ali pelas redondezas da minha casa, alguns, até à casa da ex-nora. Foi o avô que comeu e bebeu até se fartar, pois grandes petiscos lhe fiz, com toda a dedicação. Digo-te isto tudo, porque sou daqueles que não acredita que os mortos andam por aí a ver as coisas dos vivos, e a ler-lhes os pensamentos e etc. Pois se assim fosse não estaria para a aqui a gastar latim.Por isso, e para terminar, renovo o que já disse no mês passado - depois destes anos, fica a saudade. E ficam as recordações, essas sim vivas, porque quem parte, se estimamos, permanece sempre vivo dentro de nós. Por isso te escrevo hoje. Por isso tenho o teu Omega no pulso.

Teu filho

PS just in case
Se eu estiver errado, e existir o tal céu, e todo o restante assunto que os padres dizem haver, dá um beijinho à avó, e outro ao avô.

greve - feriado VS espanha - portugal

Mesmo que se considerem percentagens, mesmo que nem todos ajam do mesmo modo há que observar, e acima de tudo, pensar.
Hoje em dia de greve para lá das fronteiras, as notícias dizem que lá do outro lado, se é greve é para doer, sem equívocos, o resultado - tudo encerrado.
Disse-me um bem informado passarinho, que por outras palavras significa, de fonte segura, que as grandes superfícies comerciais instaladas em solo lusitano têm por norma reforçar o pessoal das caixas, em dias de greve. O motivo é óbvio, o movimento duplica, tal como nos dias de feriado.
O que nos leva à triste conclusão de que nem só os políticos são culpados das situações.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Pantufa

Diz-se que os animais nunca nos enganam porque não falam. Os animais têm o dom do acto, nunca da palavra. Um animal transmite-nos por gestos, os afectos, os medos, as alegrias, que lhes vão na alma. Terá um animal alma? Não o sabemos. Sabemos que um animal, se acostuma a nós, e nós a eles. Tal como os humanos. Sabemos que um animal entende muitas das palavras que lhe dirigimos. Tal como os humanos. Sabemos que muitas vezes é preferível a muito humano a companhia do seu animal, do que a de outro humano. O animal carrega em si todas as coisas boas que gostamos nos humanos, e por ali se fica, porque é puro de sentimentos. Logo, a pergunta - devemos chorar a perca de um animal, como se de um ser humano se tratasse? Onde reside o limite de amor por um bicho? Quais os parâmetros do razoável, do aceitável? Até onde podemos levar o nosso desgosto sem que nos venham dizer, olha lá que é um cão, não é uma pessoa... 

Acabo de saber que a vou perder. Tem uma doença dita dos humanos. Um cancro. Implacável e infalível, como nos humanos. Resta-me recordar as alegrias que deu a todos os que a amaram, e a vida feliz que teve. Resta-me, se me der vontade, chorá-la como se de um ser humano se tratasse, porque é um facto que admito,  foram anos de amor retribuído. Até sempre 'Tufa.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

voos

Foi há dois anos. De lá para cá, não mais voei. Conhecer outros mundos, outras gentes, outros cheiros, outros aromas, os seus locais, as suas músicas, as suas comidas, devia ser mais que um prazer, um direito acessível e não um pequeno luxo.
Mas se os tempos mudam, as pessoas nem tanto. Tiram-me a possibilidade do pequeno luxo, não me tiraram ainda a vontade de outros voos mais acessíveis, quem sabe de igual ou maior prazer, como por exemplo o de preparar algo do tipo - termo com café bem quente, olhar a leste e assistir ao nascer do sol, e no leitor de cd, a música: I can see clearly now the rain is gone. What else?

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Outono troika

Difícil o exercício de viver este Outono, saborosamente, recapitulando os mimos, os rituais e hábitos do costume. Não porque se tenha perdido o apetite à água-pé, à castanha assada e à batata doce. Não porque se tenha perdido o prazer de escutar uns clássicos ou uma música mais cool. Muito menos a vontade de vaguear por trilhos incertos, onde somos nós e os nossos pensamentos, ou a visita às praias agora desertas.
Creio até que estes apetites se avivaram, que estão à flor da pele. 
O difícil é desligar por momentos da constante e presente incógnita de como vai ser o amanhã, a próxima semana, o próximo mês, o ano que vem, porque as previsões já eram, e muito menos as certezas.
Não queria viver neste estado de ansiedade, como diria Variações. Confesso que tento desanuviar, e por vezes a coisa até se vai conseguindo, mas basta-me escutar um político, um comentador, um bancário, e volta tudo à estaca zero.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

português batráquio

Será que a malta ainda não se deu conta que isto não vai lá com paninhos quentes? Será que o pessoal não sente que não chegam as concentrações, as manifestações, as vigílias, os cartazes, os movimentos nas redes sociais, e outras formas mornas e pacíficas, que até parecem divertir a cambada do governo? Não subscrevo violência, embora seja adepto ao boicote como forma de luta. Unir as pessoas em torno de uma causa, pode fazer parar parte do sistema. Contudo, o povo, não está para aí virado, se lhes disserem para não abastecer o carro de combustível, irão a correr encher o depósito. Um povo que alinha na pouca-vergonha que aconteceu no último 1º de Maio, carregando o carrinho do super-mercado com coisas inúteis, é um povo que se deixa cozer em banho maria, como a rã, não se apercebendo que está a colaborar na sua própria extinção. Porque não tenhamos dúvidas, a troika veio e vem cá para extinguir uns quantos. É uma extinção de colarinho branco, mas que não deixa de ser selectiva, implacável, destruidora de vidas e famílias. Hoje como dantes, os meios justificam os fins. A malta porém, continua alegremente a nadar na água  morna. 

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

mudam-se os tempos

Recordo com alguma nostalgia, as noites no Baía. O espaço era pequeno, acolhedor, e quando cheio de bons convivas, perdia-se o tino das horas, entre mais um copo, uma cigarrada, e mais uma cantiga.

Os tempos mudaram. Primeiro chegou a proibição de fumar. Aplaudi. Como cantor residente, era muito mais que fumador passivo naquele canto que me era destinado. O que se ganhou a bem da saúde, admito, não tem preço. Perdeu-se a partir daí, aquele fio condutor do convívio à mesa. Aquele que muito fuma, por necessidade ou apenas por ser maria-vai-com-as-outras, inventa um novo hábito de sair para a rua, a antes, durante e depois da refeição.

Os tempos mudam ainda mais. Com a crise, a malta negoceia com o restaurante. Espremem o mais que podem. Exigem o prato, a entrada, a sobremesa, e a bebida, muita bebida, por uns poucos euros. É pegar ou largar. Querem filé mignon ao preço da salsicha izidoro. Instalam-se de armas e bagagens na sala, onde após os comes e os bebes, fazem sala, sem fazer um tostão de despesa, porque dali vão para a night. Por ali andam a segurar o copo da bebida do menú, a saír e a entrar por causa do cigarro, e a tirarem fotografias uns aos outros, em poses e sorrisos de extrema felicidade. Observo-os do meu canto das cantigas, e diria que não se divertem, que não são genuínos, que fingem.

Chamem-me bota de elástico, mas, no meu tempo era bem melhor.

domingo, 21 de outubro de 2012

a alma das coisas

Um dos prazeres que o Gaspar ainda não me tirou, foi o de tomar o pequeno almoço fora de casa, pelo menos aos domingos. Rumando a Azeitão onde busco outro prazer, bem modesto, diga-se, verifico que o local habitual do galão e do bolinho fechou para descanso.

Encontro outro, ao acaso. Ao entrar, a atmosfera fez-me logo ver que não estava dentro de um qualquer "café", igual a tantos outros, impessoais, iguais, parecidos, semelhantes, modernos ou não, atá os clientes parecem iguais.

Este pequeno espaço, para além de um fartura de doces e salgados, de apetitoso aspecto, tem uma decoração original. Desde motivos ligados às touradas, a objectos de lavoura, talhas de azeite, telefones antigos, jarrões chineses, quadros, com o inesquecível retrato da criança com a lágrima, e sublimemente expostos, xailes de fadistas. Na aparelhagem, o som do rádio,no posto - Amália, pois então. Enquanto serve os clientes, o dono vai cantarolando os fados que se vão escutando. Sabe as letras todas e está afinadinho. Num canto da sala, descubro penduradas, uma guitarra de fado, e outra guitarra espanhola. Entre elas um poster. Aquela cara era-me familiar. Quando pedi a conta ao senhor, exclamei para mim - já sei quem é o gajo do poster. Gostei, senti que ali naquele cantinho existe uma alma muito nossa, que nos acolhe.

Em busca dos vinhos, para não destoar, sintonizei o rádio no FM. Amália.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

17 anos

Foi há 17 anos. Perdi o pai. Meses depois perco o avô. A hierarquia familiar pode ler-se por camadas. Quando temos camadas acima da nossa sente-se como que uma protecção, um tecto, que de certa forma e mesmo que fosse em sentido figurado, está ali, presente. Sabe-se onde estão. Por vezes um telefonema relembrava o respeito, a admiração, e o afecto tantas vezes escondidos. Mesmo que não pedidos, mesmo que não se concordando em pleno, os conselhos, as opiniões, as recomendações, eram discreta e silenciosamente guardados, pois afinal, a camada superior, para além do respeito merecido, tinha a experiência da vida, e nestes casos, a antiguidade é posto.

Foi há 17 anos, e quase de repente, o vendaval levou-me dois telhados. Não me parece ter passado tanto tempo. Talvez porque aquilo que muito nos marca fica tão presente, que por não se dissipar, ilude a passagem dos dias e dos anos. Se a tempestade do momento da perda, traz a dor e a revolta, a bonança que o passar dos anos, se encarrega de produzir, trás aquele sentir tão nosso, a saudade.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

a queda


Não fosse o caso dramático, seria até divertido observar a queda do PSD, em futuras eleições, consequência da demente actual governação. Desesperam os barões ppd's perante a evidência de tamanha queda, e logo eles, que tiveram algum trabalho e empenho, em, invocando o nome do malogrado Sá Carneiro, de roubar os votos ao PS. 

Não fosse o caso dramático, seria até divertido retornar a assistir à subida ao poder de um PS que nada mais fez do que merda, mas chegará ao poleiro, não pela sua competência, mas apenas, pela incompetência de outros.

Os delfins do poder central têm a justa fama de serem aldrabões. Das tangas de Passos, Sócrates e Portas bem se podia escrever um gordo livro. No entanto, tire-se o chapéu ao Passos, que conseguiu dizer-nos uma verdade: que se lixem as eleições. Prova que até um mentiroso consegue dizer uma verdade.

da vida

A dúvida é simples - como vamos assumir o conceito de esperança de vida a partir de agora? Escuto o médico na tv a falar da previsível possibilidade do aumento da idade na velhice, e olho para a minha previsão financeira e franzo o sobreolho. Porque quer se queira ou não, existe ligação entre as duas. O meu médico de família diz-me que tem perdido alguns clientes porque sabem não poder dar seguimento ao motivo da consulta - aviar a receita. Pelo que a maleita fica por curar. Logo, a esperança de vida, diminui. 

E falando dos mais novos, seguindo os actuais parâmetros impostos, qual a verdadeira esperança? É que a malta tem de entender que isto é coisa para quarenta anos. A ser verdade que a nossa segurança social só tem dinheiro para mais meia dúzia de anos, somando a tudo o que já se disse, como é que se pode falar conscientemente que a esperança de vida aumentou? Aqui, onde nos encontramos, não. Desespero talvez se aplique, vida, depende do que cada um entenda que ela seja.  Ultimamente, esta  não me sai da cabeça:

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Seixal, ou o retrato de Portugal


Decido-me em dar um giro pelo Seixal. Para além do benefício do caminhar, o fito eram os retratos. Contudo o melhor retrato daquele Seixal que tanto visito, é claramente  a semelhança com o meu país.

De um lado, o imponente edifício municipal, não integrado, deslocado, mamarracho, e carérrimo para sempre. Do mesmo lado outros edifícios, de menor luxo, mas também eles deslocados da vila, da população. O exemplo de que quando há dinheiro fácil, e se tem a rédea da decisão, se podem criar estes elefantes brancos. Uma foleira cascata artificial obviamente inactiva, seca de água, mas cheia de lixo, que rasga os relvados adjacentes, denuncia os sinais de degradação deste novo-riquismo.


Do outro, na vila, proliferam as casas de habitação, e os estabelecimentos votados ao abandono. Os cartazes anunciando a venda tentam a sua sorte, no meio daquele aglomerado de ruína e escombros. As gentes que por ali moram, envelhecidas como as casas vão co-habitando com as novas e recentes gentes que se tentam desenrascar na apanha ilegal da ameijoa. Por ali jazem também, vazios, os locais onde funcionavam os serviços agora instalados no "outro lado".

domingo, 14 de outubro de 2012

o silêncio dos culpados

Penalizo-me em parte por não rumar à manifestação de sábado, dado que existe o compromisso musical de fim de semana que me impede de estar em dois lugares ao mesmo tempo. Considero vital toda a forma de contestação e luta contra os sucessivos saques a que estamos sujeitos. Considero uma obrigação de cada um que não se conforma em deixar de ter dignidade de simplesmente viver, ao fazer barulho, ao manifesto, qualquer que seja a forma. Há que incomodar, por enquanto pacificamente, pois no futuro, não se sabe se assim o será, porque os comportamentos humanos, em desespero, são imprevisíveis. E como diz o outro, perdido por cem...
Aos que calam, a todos os que assobiam para o lado, aqueles que por cobardia, ou acomodação, não abrem a boca, o meu desprezo. Tolos que são, pensando que, no futuro, no mínimo os seus não sofrerão as consequências. Culpados portanto, os calados. Porque os perdidos por cem serão cada vez mais, e certamente algo sobrará para cima dos ditos, os que calam.
Depois, existe uma outra espécie, os que estando confortavelmente instalados em bons salários, rendimentos e reformas, se fingem muito preocupados e indignados, mas isso é outra história, que faz lembrar o pós 25-Abril, onde muito vira-casaca, trocou o emblema na lapela.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

velhices

Somos, em parte, uns seres egoístas com os animais que nos rodeiam. Digo somos, referindo-me ao universo daqueles que entendem o animal como um ser, pois conheço muito boa gente, capaz de se ver livre de um animal, como se ele fosse um macaco-do-nariz, daqueles que na nossa infância, o captávamos da fossa nasal, e depois de devidamente enrolado, o atirávamos fora, com determinado prazer subversivo.

Sei há algum tempo, que duas das minhas canídeas companheiras, se encontram no limiar da idade. Os sinais são claros, como se não bastasse a cédula que inscreve uma data em forma de sentença. São os sinais da velhice, que estranhamente não gostamos de reconhecer nos animais, quem sabe porque, comodamente para os humanos, não são detectados, pela simples razão da sua oportuna saída antes dos ditos sinais. Ela são a falta de coordenação motora, a falta de firmeza nas patas, a surdez, a apatia, e o olhar vitreo, baço.

Não obstante, o amor, o carinho a devoção incondicional, e aquele abanar de cauda, permanecem como desde que as conheço. Uma está lá para fora, a outra descansa aqui aos meus pés. Apesar de mais velho,  o meu amor por elas, não mudou desde que as conheço. Também eu abano a minha cauda virtual quando as vejo. 

Resta-me a dúvida: apesar de, na minha condição de humano a minha esperança de vida ser superior à das minhas meninas, que, fazendo as contas 1x7 já ultrapassaram os oitenta anos, será que mesmo sem aquelas mazelas todas, lhes conseguirei sobreviver? É que elas têm uma grande vantagem, e todos aqueles que pagam contas, sabem qual é.

No que puder, farei com que estas cadelas vivam felizes até ao tal dia. É o mínimo que poderei fazer pelo tanto que já me deram.

Foto: acabadinha de tirar à Lady, nascida em Outubro de 1999.


superou-se

Este homem acaba de me surpreender. Quando pensava que dele, não mais haveria nada de novo, eis que, pimba, lá vem a tomada de posição, via España, dado que no dia 5 de Outubro, o que foi dito, foi nada, como de costume, um discurso autista, de circunstância, e desta vez à porta fechada. É assim como que falar para dentro. Falou via España, por dois motivos, digo eu. Por lhe faltar a coragem que deveria ter, a de falar aqui, e não lá. E porque pretende mais tarde dizer, eu falei!
Em vésperas de começarmos a ter de aprender a sério, inglês, alemão, francês, iraniano (diz-se que por lá se faz muito bom cinema) porque não há guito para as legendas, não virá mal ao mundo que o presidente português, vá botar discurso noutro país. Afinal se é de lá que nos chegam os limões, as batatas, e os cornfakes, porque não há-de vir este também, que para além de não nos alimentar, o alimentamos a peso de ouro?

domingo, 7 de outubro de 2012

Saramago sempre certeiro




"Cavaco Silva anunciou a sua retirada política: que deixará a presidência do PSD, depois do congresso do partido, e que não será candidato a primeiro-ministro nas eleições legislativas em Outubro. Sobre a eleição para a presidência da República, no ano que vem, não disse palavra. O silêncio poderia significar que conservará essa carta de reserva, à espera de que as circunstâncias venham a convertê-la em trunfo, mas o mais provável é ser ele o refúgio que ainda resta a quem resiste a reconhecer o seu falhanço político. Aliás, é duvidoso que depois da guerra de sucessão  que vai principiar, com precários primeiros vencedores e vencidos não resignados, um PSD dividido mal curado da longa orfandade de Sá Carneiro, e agora sob o trauma de um abandono inesperado, estivesse de humor pacífico para apresentar como seu candidato à presidência da República alguém que, ou muito me engano, vais ser apontado como responsável de todos os males presentes e futuros do partido. Nunca estimei este homem, mas confesso que gostaria de conhecer o percurso mental, os movimentos de razão e de psique que o levaram a tomar esta decisão. Caso singular: ao anunciar a sua retirada, Cavaco Silva tornou-se num sujeito relativamente interessante…"
in Cadernos de Lanzarote - diário III - 24/01/1995

miminhos do Outono

Assim tudo funcionasse neste cantinho como o clima. Em que outro reino destas bandas, se pode rumar à praia, usufruir de um sol radioso, de um céu azulão, de uma água a temperatura amena, e por ali ficar, apenas com as gaivotas, entre banhos, barriga para o ar, livro (ainda os cadernos do Saramago), e música nos ouvidos... 

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

antes pelo contrário



Vislumbrou-se hoje, alguma coerência nos actos dos políticos que nos saqueiam. Ao contrário do que seria suposto numa nação saudável e de boa harmonia entre mandantes e súbditos, os políticos deste país, que tanto banho de multidão levam em épocas eleitorais, fecharam-se hoje a sete chaves, para ?celebrar? o 5 de Outubro. Não passa de uma consequência do resultado do trabalhinho sujo que andam a fazer. Diz o povo que quem tem cu tem medo. Ficou hoje comprovado, que o dito, todos estes, o têm. Provou-se hoje também, o desprezo. Gabo-lhes a atitude de enfim mostrarem ao país e ao restante mundo, a verdadeira posição de Portugal, simbolizada na bandeira. De pernas para o ar. Ao contrário. Do avesso.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Genesis - The Carpet Crawlers

From Genesis to Revelation

Não, não é revivalismo. Se o amor é verdadeiro, não passa de moda, mantém-se para sempre. A minha devoção pelos Genesis, pode ter períodos de alguma letargia, mas permanece intacta, desde que os descobri, e mais ainda, desde que os vi, corria o quente ano de 1975. Quem diria que nesta foto, tirada ali para os lados do Guincho, estes quatro rapazolas fizessem obras primas, complexas, belas, de um rock sinfónico de cunho único. Nesta formação, cada macaco estava no seu galho. Genesis são foram Genesis até à saída de Peter Gabriel, tal como os Queen só o foram, enquanto Mercury comandou o palco. 

Lembrei-me por esta foto, que possuo uma considerável colecção de recortes sobre estes meninos, vamos ver se consigo dar com ela.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Nostalgias, ou quem não tem cão...

... caça com gato.

Quando era miúdo, naqueles tórridos dias de verão, na falta de melhor, os meus mergulhos eram no tanque de lavar a roupa. O refresco era imediato, e a imaginação, que a sempre tive fértil, fazia o resto.

Em tempos de vacas magras, impossível que é pensar numa escapadela nem que seja a Marvão, dou comigo a navegar no google earth, e a revisitar alguns lugares , sem sair da cadeira. Foi assim que ontem, entre várias clicadelas, dei um pulo ao Luxemburgo, depois voei até Abidjan, de onde zarpei para Recife, dali a Varadero foi um pulo, e só parei em Corfu, antes de regressar, não sem antes fazer uma última paragem pelo Meco. Esta magnífica ferramenta permitiu-me estar virtualmente, nos hotéis, praias, avenidas, ruas, vielas, sem me levantar da cadeira. A imaginação,  que continua fértil, foi substituída pela memória, que sendo elefantina, fez o resto.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

as 3 espécies de Tugas

Estou em crer que existem distintamente três grupos:
  • Uma minoria francamente de acordo com a actual situação do país, porque está inserida na máquina que nos gere, e daí tira largos dividendos, assegurando o próprio futuro financeiro e o dos seus. São os que gerem a política, a banca, as forças armadas, e a igreja. Tudo isto com as suas ramificações e os seus boys.
  • Uma segunda minoria, menos menor que a primeira, de gente que tenta não olhar para o terceiro grupo, assobiando para o lado, acomodados que estão com as sua confortável permanência na zona de conforto económico, porém, olhando de vez em quando para a nuvem que lhes paira em cima da cabeça, de um qualquer volte-face que lhes tire o tapete, ou do grande ponto de interrogação sobre como será o futuro dos seus filhos.
  • Uma grande maioria de gente, que sofre na pele as dores de ter de sustentar o primeiro grupo, e ajudar a sustentar o segundo, sem saber ao certo como vai ser o dia seguinte, muito menos como vai ser nos próximos meses, ou sequer, se vai ser. É o grupo que tende a aumentar por via da entrada de membros, vindos do segundo grupo, ao qual o texto de Brecht serve como uma luva. É o grupo dos que tendo a faca e o queijo na mão, não faz nada, por enquanto, para além de se manifestar, mais em passeio do que em verdadeira consciência de luta e de revolta. Porque enquanto os do primeiro grupo não levarem uns sustos, esta ordem não mudará.

Dia da Música - Incondicionalmente, dois ídolos

Dia da Música

Decerto que hoje em muitos lugares deste mundo se está a celebrar este dia. Desde programas organizados, a iniciativas pessoais. Isto porque a Música é respeitada e valorizada, porque faz parte da Cultura, porque se sabe ser essencial. Não o é porém, aqui por estas banda. Em Portugal, creio, as celebrações deverão ser de carácter individual, porque tal como os outros, gostamos de música, mesmo que alguns de gosto duvidoso, mas isso é com cada um. Oficialmente não se passa nada, porque para os surdos que poderiam decidir, insanos que são, não tendo o dom de escutar, não poderão dançar, nem bater palmas, a Música é pois, para estes, um filho de um Deus menor. Têm os nossos dirigentes o estranho dom de tentar fazer esquecer ou banalizar, vultos da nossa música, que os de lá de fora admiram. Tal com diz Saramago num dos seus cadernos, por ocasião da notícia de que as suas obras estavam a bombar em Itália, Alemanha e Espanha - de Lisboa, capital da Cultura, nada. Corria o ano de 93.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Outono da Vida

Discutem-se na tv as novas medidas de racionamento das medicações a pacientes com doenças graves tais como o cancro ou a sida. Aparentemente, quem tratou deste assunto, exerceu o raciocínio do vendedor de carros - o seu carro já tem dez anos, precisa de reparar motor e caixa, pelo que não se justifica, vai para abate. O autismo destes imbecis governantes já não raia a incompetência, mas sim, o crime. É criminoso, sentenciar sobre a Vida de um ser humano, porque a vida lhe está a acabar. Só quem nunca viveu de perto, o olhar de uma dessas pessoas condenadas, na esperança de mais uma semana de vida, é que pode (mas não deve) ficar indiferente. 
Não se devem rogar pragas, mas...

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

e por falar no Outono

 
Orbaiceta
Navarra
España

folhas de Outono

Sempre gostei do Outono. Pela calma que transmite, pelo apelo ao recolhimento, aos regressos ao nosso interior. Em outros tempos, quando a vida tinha largos sorrisos, havia tal azáfama no verão, que a chegada do Outono, era assim como que um atracar o barco em porto seguro. O descanso do guerreiro. No Outono, para além do arrumar a casa da bagunça do Verão, apetecia-me longos passeios em tons de verde e de azul, apetecia-me dedilhar a guitarra clássica de cordas de nylon, desenhar a carvão e ouvir música clássica.
Alguns desses apetites esmoreceram um bocado. Outros vão-se mantendo intactos. Talvez seja da idade, talvez se prepare alguma renovação, porque tal como diz esta canção - as folhas quando caem, nascem outras no lugar. Canção esta, a primeira que aprendi a tocar, porque era a mais fácil de aprender. Tinha 3 acordes apenas. Na época pouco ligava às letras das canções, só hoje me dei conta que fala do Outono, das folhas que caem, e das outras, que nascem.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

manipulações

Quando escutamos uma canção, nem imaginamos o tratamento que o som original levou até ao acabamento final. Por vezes é difícil associar o cru original ao manipulado producto acabado. Assim é no filmes, e com estas novas ferramentas digitais, é um ver se te avias.

Na fotografia, como não podia deixar de ser, a manipulação, para uns, ou a transformação ou melhoramento para outros, é de sobra, recorrente. Podemos pegar na foto original e ir pincelando brilhos, contrastes, cores, efeitos, na paleta digital. Tenho resistido à tentação, mas admito, existem melhoramentos e modificações muito interessantes, e de bom gosto.

O mesmo não posso dizer quanto à manipulação no Ser Mulher. Aí sou irredutível. Adepto fervoroso do cem por cento natural, e se o amor não escolhe idades, também não é a velhice que torna menor.

Bem, faço uma concessão, na depilação.

a linha

Existe na minha actual existência, uma linha que separa. 

De um lado está a vida infernal, a do foro profissional, com todas as dificuldades de manutenção na zona de sobrevivência, que a classe política fez questão de nos trazer. 

Do outro, a vida, tal como deve ser vivida, com gosto, com paixão, a da música, a dos afectos, a da contemplação e usufruto  das coisas boas e simples.

Como será possível que não se entenda que esta linha não devia existir.

 

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

o irmão do meio

Desde que largou a costela de jornalista, n'o Independente, e abraçou a carreira política, sempre me pareceu que este astuto e manhoso rapaz se serviria do cargo e não a causa. Nada mais que muitos dos outros não façam, admitamos. No entanto, a este personagem há que se lhe tirar o chapéu, porque por duas vezes ocupa alto cargo de governo, sem nunca ter sido eleito. Manhoso, como repito, sabe usar como poucos os valores que detém, sempre, em minha opinião em benefício do seu ego, não tendo contemplações nem escrúpulos nem para com os parceiros, o próprio partido, ou povo que diz defender. Este rapaz, tudo faz para sua auto-satisfação e promoção. Apesar de duas presenças governativas, feitos a bem das pessoas que diz servir, não lhos conheço. Por enquanto, a rezar na história, apenas o caso dos submarinos, caso manhoso, com se sabe, e uma vez denunciado pelos alemães, não deixa dúvidas, no que toca a quem corrompeu e quem foi corrompido. Acho que só uma mãe pode desculpar uma pessoa assim. Porque mãe é assim mesmo.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

perdas

Conheci a P, era rapazote. Embora pacata, mas namoradeira, a P namorou dois amigos meus, e daí foi ficando alguma intimidade, aquela dos amigos dos namorados. Anos passaram, e reencontro a P, e embora ambas as ocasiões não fossem de alegria, houve lugar a longas conversações, que nos souberam muito bem.

Recentemente soube que a P perdera a filha, na idade adolescente, por doença implacável. Soube também do calvário sofrido nos meses que antecederam a partida de B. Soube que a P escolheu isolar-se literalmente do mundo, vivendo dentro de quatro paredes, nos últimos meses de vida da menina, aproveitando cada segundo de vida da filha, e dando-lhe o que lhe pode dar - amor. Já que vida, não podia.

Existem muitas formas de tentar minimizar tamanhas dores. Desconheço se outras a P está a tentar. Uma delas foi criar uma página na maior rede social do momento. Onde publica as fotos da B, onde conta e relembra os momentos vividos. Onde escreve, como se tivesse a certeza de ser lida pela filha. Sei que lhe faz bem, esta espécie de terapia, esta forma encontrada de não estar tão longe. Passo pela página com alguma regularidade, e comovo-me. Fico de olhos molhados, e treme-me a voz. Como se pode ficar insensível? A pergunta essa é a de sempre, e aquela que ninguém sabe responder - porquê.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Manif's

Quase 40 anos depois, os portugueses aprendem a manifestar-se pela causa, e não pelo desígnio partidário. Quatro décadas se passaram até este povo percebesse que não tem que estar amarrado ao a nenhum grupo organizado, para poder protestar. 

Por enquanto o protesto é light com uma dose moderada de irreverência e de revolta. No entanto, para bom entendedor, é clara, a ténue linha que separa a ordem do caos. E nem se pode argumentar que não é previsível, porque os motivos e os exemplos estão aí, escarrapachados. 

Não prevejo que nada mude após esta manifestação. Os miúdos que estão no governo, são, na calada, aconselhados pelos que, velhas raposas que são, instalados nas grandes cadeiras da finança, da igreja e militares, a manterem a calma, porque, já disse um almirante, o povo é sereno. Até um dia. Até que uma próxima manifestação, inicie uma mudança, cujas consequências ninguém poderá prever. Nem as raposas.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

a la carte

Quando monto as minhas tralhas da música, é assim como quem se senta no seu carro, ajusta o banco, os espelhos, a fim de conseguir a melhor posição de condução, conforto e segurança. Monto tudo com a distâncias certas e convenientes, a fim de poder dar o melhor que sei, as canções, a quem se dispõe a me escutar. Se alguém aparece a pedir para cantar alguma coisa, muitas vezes, lá se vão as coordenadas, porque a simples presença de outra pessoa, de microfone ligado, pode afectar a sonoplastia original.

Mas há que ser simpático, e aceder ao público bem disposto, de onde vem a dica - aqui o meu amigo quer cantar. E lá concedo. Piurço e mais que estragado fico, quando o cantor, assim à laia de quem se senta à mesa do restaurante , e pergunta quais os pratos do dia, ou indaga sobre a especialidade da casa, me diz, às vezes com um certo tique de vedeta, olhando de lado para a pasta das músicas (umas 300)  - o que é que tem aí? Ao que eu sempre respondo - o meu reportório. Depois ele(a) insiste. E eu digo, o que é que gosta de cantar? E responde a pessoa - qualquer coisa. E nisto começa-me a desfolhar à toa, sem qualquer atenção, o meu dossier. Aí, passo-me, e digo - está tudo à espera! E lá vem uma dica. Desta última vez o cantor até era bom, pediu o My Way, indicou o tom em que o canta tal como fazem os fadistas. És artista, e estavas a armar-te aos cucos, pensei, espera lá que já te passo um exercício mais difícil. E depois empurrei-o para o New York New York e o gajo lá patinou no fim. Isto só por causa do - qualquer coisa, de me ter mexido no dossier, e me ter deixado o som todo marado.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

3 anos de blogue

Vai fazer três anos que por aqui deposito palavras. Pensamentos, gostos, opiniões, desabafos, fotografias, músicas, e até confissões dissimuladas.

Releio ao calhas, publicações antigas, e realizo que - estou mais velho (verdade à la Palisse), e que começa a urgir a inclusão de novos temas ao blogue, que é como quem diz, alguma coisa tem de mudar.

Cravo, Canela & Picante

Quando, há mais de trinta anos apareceu, reboliçou a pacata comunidade lusa. A doce ousadia da Gabriela, os diálogos, as expressões vieram enfim dizer aos portugueses de um Brasil diferente. Se bem que aqui por casa a mamã já era catedrática na leitura de Jorge Amado, o Brasil  que me chegara até ali, era o das revistas Disney, nos Patinhas, Donalds, Patetas e Mickeys, descobri uma outra forma de escrever a língua mãe. No Roberto Carlos, as primeiras cantorias, e mais tarde na primeira namorada à séria, que recém-chegada de Santos, me mostrou entre outros caminhos, alguns dos mistérios do lado de lá do equador. Depois veio o Chico, o Vinicius, o Caetano, e com esta Gabriela, a Gal, cantando Dorival Caymmi.

Nos momentos mais altos da novela, Portugal parava. Encostava-se o carro ou a mota na porta de um qualquer café no caminho, para não perder pitada. Não havia video. Muito menos a zon...

Anos mais tarde, leio o livro. E foi como se o relesse. A cada página revia as imagens da novela. Relembrava os personagens e as suas vozes.

Nesta 2ª versão, estou a adorar a banda sonora, que sabiamente mantiveram intacta. E claro, a adorar também, todo o restante conteúdo, tal como as paisagens, como o foto ilustra :)


terça-feira, 11 de setembro de 2012

gota d'água

Entrei hoje, pela 1ª vez, na página do nosso PM, sita no Facebook, por curiosidade, e não resisti, para além de passar uma breve vista d'olhos a alguns comentários, e deixar por lá o meu. Considerando que o post do PM foi colocado no passado domingo, e que neste preciso momento, o número de comentários já ultrapassa os 44 mil, é caso para dizer que a malta anda descontente, em massa. Veremos se não passa este descontentamento de um rosnar inofensivo, nas redes sociais, assim à laia de maria-vai-com-as-outras, ou se, vai ganhar verdadeiras proporções de contestação, dado que quando não há pão...

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

quem faz um filho, fá-lo por gosto

Quando em tempos da outra senhora, muito difícil era para a mãe solteira, principalmente se em condição social desfavorável, provar a paternidade da sua criança, caso o pai, recusasse assumir o feito. Daí os muitos casos arrumados sob o desígnio - filho de pai incógnito. Perdia a mulher, e a criança.

Mudaram-se os tempos, e mudou a lei. De tal forma que à mulher lhe bastava apontar o dedo e dizer - foi aquele, que o dito, teria de fazer a prova contraditória, sendo o caso, bem apetrechado de análises sanguíneas, e testemunhos cujo peso, perante um juiz encarregado pelo poder de não deixar os rebentos sem um apelido, certamente se decidiria a condenar o "pai" fosse ele o autor, ou não, e, caso sendo, não havendo dúvidas sobre a autoria, se seria justo ou não atribuir o poder de decisão apenas à mulher-mãe. Perdia o homem, e a criança.

Interessante ontem, o toque ao de leve, do tipo - não me vou comprometer demasiado sobre o tema, porque posso perder clientela - de Júlio Machado Vaz, sobre o tema introduzido. O direito do homem poder decidir se quer ser pai da criança, que gerou no ventre da mulher. Complexo, admitamos. O homem, bem como a mulher, tem de assumir, querer tê-lo e criá-lo e educá-lo e amá-lo. Tudo o que seja menos que isto não presta. Resta, quanto a mim, o direito à mãe, de não querer o pai para nada. Mas para isso, que não existam apelidos nem registos. 

Talvez que com o devido acerto, se chegue a um ponto de equilíbrio da responsabilidade e do direito. E certas criaturas aprendam a distinguir que uma criança não pode vir ao mundo por capricho, vingança, descuido, interesses materiais, ou outras circunstâncias que nada têm a ver com o desejo de ser pai e mãe, e que aprendam também que, um filho não é nunca, um animal doméstico. Ganha a mulher, ganha o homem, e ganha, enfim, a criança.