quinta-feira, 31 de março de 2011


Entrei nisto do Facebook, a pedido. Resistentes adeptos do Iodo pediam-me uma página da banda, e criei-a. Através dessa página verifico algumas amizades na rede, e decidi-me a criar uma também para mim. Posso dizer que de certa forma esta adesão-exposição me trouxe algumas surpresas, gente julgada perdida, gente que bem podia continuar perdida. Achei uns, fui encontrado por outros, se bem que o ditado diga que quem bem se quer sempre se encontra, não há dúvida que as redes sociais, e em particular, esta, revolucionaram a tese, porque afinal, quase todos estamos no Facebook, e aos poucos, lá nos vamos encontrando, no sítio do costume.

Um saldo positivo portanto, quanto à utlilização da ferramenta. Da utilidade, já a questiono em determinados pontos, mas não há bela sem senão. No entanto como em tantas ofertas da net, existe uma barreira entre o real e o virtual, entre o lúdico e o útil, que por vezes nos esquecemos.

E a páginas tantas, embora saibamos que os "amigos" que ali estão são pessoas reais, existe uma certa tendência em os "ter" como se tinham os cromos da bola - olha fiz mais um "amigo" = "consegui o cromo do Eusébio".

Na semana passada, deparei-me com uma realidade, através do Facebook - duas pessoas que constavam no meu grupo de amigos, faleceram. A palavra certa seria, conhecidos, dado que ao estatuto de amizade se exigem mais requisitos. Não obstante o grau de intimidade, eram duas pessoas, reais, que a par das aplicações, jogos, partilhas de textos, de fotos e videos, me apareciam na coluna da esquerda, e com os quais vez ou outra, trocámos alguns gosto disto ou partilhámos publicações. Vez ou outra também, e graças à música, houveram bons serões, lá pelo Seixal, alguns deles postados no sítio do costume. Deixaram um espaço vazio, os meus "amigos". Dois espaços.

Sinto-me confuso. Talvez com o confronto de que os que estão no espaço virtual também morrem. Ou de sendo a morte omnipresente, ela também viva nas redes sociais.

Dos conhecidos que partiram, fica-me a tristeza, a eterna questão do - porquê, pois eram tão novos? - na contemplação das fotos, no sítio do costume, pelo menos enquanto por lá permanecerem.

quarta-feira, 30 de março de 2011

assim também eu II

Portugal pode ser um país falido, mas é pródigo em formações académicas a la minute. Veja-se o exemplo do Sr.Engenheiro, que até motivou um tema dos Xutos, curiosamente afastado, vá-se lá saber porquê.
Já que em terras de Vera Cruz, o pernambucano Lula, não conseguia ser doutor nem engenheiro, nada melhor do que vir a sê-lo em Portugal. Errado quanto a mim, não o doutoramento, mas sim o local da doutoração - Coimbra, pois atendendo ao conhecido gosto do ex-presidente pela pinga, o Porto parece-me mais a propósito, com as suas aguardentes velhas, capazes de fazer esquecer a melhor cachaça mineira.
Mais caricata que a situação em que se encontra Portugal, só a boa vontade manifestada pelos actual e ex-presidente do país irmão - se Portugal quiser, o Brasil pode comprar-lhe dívida pública.
E depois, dito em palavras pequeninas, como as das apólices de seguros - compra mas só se o risco estiver cotado em AAA.
Olha que grandes amigos estes! Apanham-se com o canudo, e nem uma esmolinha nos dão!

segunda-feira, 28 de março de 2011

Chegadas e Partidas


Uma série da tv que procuro ver sempre que posso, é o conta-me como foi. Gosto, pela tentativa de rigor, dos assuntos, dos figurinos, das músicas, dos costumes. Por vezes um filho, ou sobrinho me vem perguntar se era mesmo assim. E era.

O assunto mais relevante do episódio de ontem, tratava da partida do jovem mancebo para Moçambique, para o Ultramar.

Instantâneamente, viajei até às partidas e chegadas do paquete Império, pertença da Companhia Colonial de Navegação, que a cada cinquenta e dois dias, mais coisa menos coisa, atracava em Lisboa. Estava-se na década de sessenta.

Poucas partidas presenciei, pois a minha avó, apesar de não se ir despedir do meu avô, por muito tempo, pois sendo ele tripulante, não ía para a guerra, leváva-os para a guerra. Mas não trazia todos. Aos rapazolas, que na esmagadora maioria, só pisavam Lisboa nesse mesmo dia. As partidas eram emocionalmente arrasadoras. Os megafones à boa maneira nazi debitavam frenéticamente, o hino Angola é nossa (disponível no Youtube). Os pides à paisana e as forças da ordem fardadas garantiam que a multidão não entrásse em histeria colectiva. Mães, pais, mulheres, irmãos, emitiam gritos de arrepiar, ao primeiro soltar das amarras, acompanhado da potente sirene do navio. Nas amuradas, aos miúdos, então mais velhos que eu, a uns dáva-lhes para rir como se fossem em excursão, a outros para chorar. Era um mar de lenços a abanar. Na medida em que lentamente o barco se afastava do cais, aumentava a dor dos que ficavam. A partir daquele dia seriam anos de medo e aperto nos corações. Nos dias de partida, e principalmente naqueles que presenciámos, ao serão não se via televisão e comia-se uma sopinha, como que numa espécie de recolhimento. E a minha avó rezava mais, ao deitar.

Das chegadas, não as perdia. O avô vinha recheado de tudo o que era bom. As bananas, os ananazes, as lagostas, os doces de Capetown, e principalmente, os brinquedos. Era uma festa lá em casa, assim como era festa para os restantes familiares das tripulações. Porém, no meio de nós, haviam os outros, um pouco esquecidos pela euforia destas chegadas. Esses outros, afinal aqueles que sustentavam aquele navio, a sua viajem, e o seu propósito, os que contribuiam com os seus meninos para ir lá para fora matar os terroristas !! A apreensão, insegurança, e desnorte era sempre grande naqueles rostos, pois as informações eram sempre imprecisas e escassas. Não havia mãe ou pai que não tivesse um pressentimento, de que o seu rapaz não chegasse de maca, amputado, cego, ou mentalmente afectado.

E por isso as chegadas do Império tinham três fases. A primeira, onde saíam os passageiros civis, e os soldados saudáveis, com as suas tatuagens de amor à Guiné , e até todo este grande grupo descer do navio, e com as suas bagagens e familiares rumarem às suas terras, a polícia não autorizava mais desembarques, até que depois se seguia a segunda fase. Os que esperavam os da segunda fase não riam, olhavam apenas para o navio numa tentativa de ver quando descia o seu soldado. E quando começavam a descer, os coros eram arrepiantes, um a um desciam, ajudados ou não os mutilados. Os jovens soldados,marcados para o resto da vida. A polícia garantia que não houvessem fotografias, ou jornalistas armados em espertos.

Para os que saiam na terceira fase, não haviam espectadores. Nem os seus familiares, pois nem estes sabiam da sua chegada. Era a vez do desfile dos caixões. Um a um eram carregados, na calada da noite em camionetes militares, e depositados lá para os lados do Braço de Prata. Nos dias seguintes, os pides locais, avisariam lá na terrinha, sobre a morte do jovem, que bravamente se batera em defesa da pátria, e entragava-se o caixão com um corpo e uma medalha à família. Ficava sempre a dúvida se estariam a enterrar o soldado certo, dado que abrir o caixão, nem pensar.

Se conto como foi, é porque sei. E porque sei, não consigo entender porque raio, Cavaco Silva, que até se gaba de ter estado, a servir a nação, vir com aquela conversa aos jovens da geração à rasca, sobre os jovens da guerra colonial, e tal e tal.

Ele há coisas que não entendo.

domingo, 27 de março de 2011

Definição

Em alegre cavaqueira em mesa de amigos, lá do Taberna, o tema de conversa, um bocado como os rios afluentes, desaguou-se num determinado tipo de mulher, considerando que nisto de homens e mulheres podem ser catalogados, e tipados. E foi-me pedida opinião pessoal, que dei, sem porém, antes advertir, sobre os perigos que as imprecisões da tendência à generalização podem trazer. Mas arrisquei em plena explosão expontânea:

É uma mulher tipo Magnum, bem apresentada, trinca-se bem. saborosa, que tem de se comer rápido porque se derrete com facilidade, e quando se dá por isso não ficou nada. Só o pau (zinho).

Mais do mesmo





sábado, 26 de março de 2011

das Mangueiras

Na hora do costume apresento-me nas trazeiras do restaurante, a fim de descarregar as minhas tralhas da música, e dar sequência ao ritual de montar tudo nas calmas. Uma enorme mesa, toda apetrechada chama-me a atenção. Exclamo, ena hoje temos um grande grupo! Mais que um grupo, respondem as meninas de serviço, todas eriçadas - hoje temos o pessoal da mangueira!! Perco-me em segundos, e vagueio na palava, Mangueira? Os gajos da escola de samba de Sesimbra? Não, nada disse, respondem-me em frenético uníssono, as cachopas: bombeiros, e tudo gajos bons. Devo ter feito aquela carinha do messenger, no qual a boca parece o S deitado. Bolas, penso, anda um gajo uma semana a pensar nos toques, e saiem-me uma data de gajos. Mas afinal, a informação carecia de actualização, pois para além de bombeiros, existem as bombeiras, e não menosprezando as outras mulheres presentes, que bem que elas cantaram e dançaram o vamos fazer o que ainda não foi feito, numa prova inequívoca de que nem só para apagar fogos as meninas, à civil, servem. De resto encheram-se as duas salas, numa noite em que até uma sirene, veio à mesa.


sexta-feira, 25 de março de 2011

páginas

Diz-se que, por vezes não basta virar a página, que há que arrancá-la e rasgá-la. Não subscrevo.
Quando te perdi, adimito, doeu, fiz o meu luto. Evitáva-te. Afinal foram muitos anos de plena cumplicidade, de momentos inesquecíveis, que estão bem guardados. Porque a página foi virada, mas não rasgada. Eras o meu vício, o meu escape, a minha fuga , o porto de abrigo. Eras também o hábito e a rotina. Quando decidi perder-te, recordei as páginas, com um misto e alívio e nostalgia, e alguma ansiedade em as virar, de partir para outros lugares, sem as tuas garras sempre tão seguras.
As novas páginas, deram-me outros alentos, outros sabores, outros cheiros, que compreensívelmente não possuis. Tu és tu, com as tuas particularidades que te tornam única. Porém, não mais minha, nem eu teu. Vez ou outra busquei-te, mas não houve sabor, não houve empatia, eu era apenas mais um, tal como a rosa do Principe, deixaramos de ser únicos. O luto não estava concluído. Havia que retornar às novas páginas, às novas sensações saboreadas num clima de bem mais e melhor que você, como diz o Chico.
Contudo, uma relação como a nossa, solidificada por tantos anos de total partilha, não se rasga. Nem que se mudem tempos e vontades. Hoje não te tenho como tive, mas já te tenho outra vez. Já te sinto o pulsar, e tu, já me sentes a alma. Porque nos reconhecemos. Isso foi vincado no dia de ontem. Posso dizer-te, que mesmo que em ti não durma nunca mais, mesmo que a outros pretenças, não deixarás de ser minha, porque te sinto. Não serei tão assíduo com antes, não serei só teu, como sabes, mas sabes que a ti rumarei a partir da página de ontem, muito mais - Aldeia do Meco. Meu aconchego Natural.


quinta-feira, 24 de março de 2011

quarta-feira, 23 de março de 2011

queda


Sócrates cai.
Finge ser empurrado.
Finge tropeçar.
Ou escorregar na casca.
Que alguém o empurrou, os sacanas dos PPD's...
Que alguém colocou a banana, não toda, só a casca, eficaz e traiçoira.
Quem sabe,os do CDS...
Que a esquerda, afinal sendo de esquerda, não pactua com a esquerda, do PS. E deixa-o caír...
É o PCP, o BE e os Verdes a colocar berlindes.
Tudo afinal para Sócrates se espalhar ao comprido.
E tadinho dele que estraga o fato. Bem confecionado, o fato, e caro.
Mas acenta-lhe bem.
Guarda-o, ao fato, Sócrates, porque o próximo, terás de o pagar, com o dinheiro não sabemos(?)
O alfaiate rejubila, pois o Passos, também lhe parece ser moço elegante, de bem vestir, e de bom gosto.
Será que Passos, fará Cavaco sorrir?
Sim, decerto, em fato deslumbrante e de custas do Novo Estado, a bordo de um dos reluzentes german cars da escuderia, Passos, acolitado pelos barões do costume, e pelos filhos dos barões do costume, resgatará uma tentativa de sorriso daquele que nada diz, daquele que nada faz, daquele que pouco se pronuncia, daquele que, se abre a boca, lhe pode ser um tiro, tipo - qualquer coisa dos soldados que foram para as colónias vs os jovens de hoje...
O PR sorrirá amarelamente.
O PS entrará em banho-maria.
A esquerda fará o seu papel meio foice e martelo, meio caviar e champanhota.
O PPD trará o discurso do país de tanga.
O CDS dirá que bom mesmo, seriam quatro submarinos.
E tudo se resolverá em alegre cavaqueira, em consertação unânime, quando se debater, em sede fechada, à porta fechada, a panela do financiamento dos partidos.
Triste.
Muito triste e vergonhoso.
Assim são os políticos do meu, cada segundo mais pobre, país.
No final - Sócrates que estava a caír no início deste texto, caiu sim, mas sosseguem-se as almas mais impressionáveis, sem um arranhã, porque afinal havia uma rede daquelas dos circos. E tirando uns vincos no fato, o nosso ex está como novo, quem sabe preparado para um exílio forçado a soldo de uns sessenta mil euritos mais coisa, menos coisa, que é o castigo aplicado aos do falhanço. A saber, assim de repente - Durão Barroso, Victor Constâncio e Guterres.

terça-feira, 22 de março de 2011

outras fidelidades

Do tema da pureza e simplicidadeda fidelidade canina, ao ser humano, passou o diálogo de ontem, à minha defesa de que existem objectos que também nos são fieis. O que gerou alguma contestação. Passei a explicar - mais que objectos de culto, de utilidade, de eventual valor sentimental ou financeiro, de mera contemplação, existem objectos que nos são sempre fieis, que apenas nos traem em situações extremas, e essa traição apenas se fundamenta no sentido em que não cumpriram o feito de funcionarem naquilo para o qual foram concebidos. São objectos de pouca ou nenhuma manutenção, que durante anos nos acostumamos a que nos estejam disponíveis e sejam competentes. Pouco adepto do usar e deitar fora, ou de fancarias, prefiro no que posso alcançar, ter como quero, e como gosto. Prefiro não ter, do que ter assim-assim. Porque decepciona. Porque não é o ou a tal.
Como exemplo, três objectos - o relógio, vindo do pai, sempre certo como um relógio tem de ser, sem qualquer manutenção, porque a corda é de balanço. As violas, uma delas a mais querida e sempre tocada, companheira de tantos palcos de há 30 anos a esta data, que com uma polidela vez ou outra e uma mudança de cordas, está sempre pronta a ser tocada. A minha biciclete, de consumo zero, que poucas afinações me pede, e me leva a caminhos, vistas e cheiros, tantos quantos eu aguente.
Se eu podia substiui-los? Poder, podia, mas não seria a mesma coisa.
Porque de certa forma fazem parte de mim.

segunda-feira, 21 de março de 2011

tão óbvio...

Leu-se na primeira página de um jornal dedicado ao desporto, a propósito da excelente prestação das equipas portuguesas nas competições europeias - a Europa aqui não manda.
O que quer dizer que Portugal pode estar falido, nas contas públicas, e dependente da caridade europeia, mas encontra-se em altas na competição futebolística.
Juntando a esta notícia, os seguntes factos:
- A esmagadora maioria dos jogadores destas equipas não é portuguesa, mas os resultados são excelentes.
- Todos aqueles que governam este país são portugueses, e resultados piores, talvez só na Grécia.
Conclui-se portanto que para Portugal saír do abismo em que se encontra, terá de contratar para as equipas governativas, jogadores estrangeiros. Por outras palavras, pessoas que, pagas para a função solicitada, a executam com competência, com resultados positivos e sem cartões vermelhos.
A confirmar a minha tese, tristemente constato a prova real - o meu SCP, joga com muitos tugas, e resultados estão à vista...

Amigos

Talvez a melhor obra que o Município aqui da terra fez, em benefício da qualidade de vida dos seus habitantes, foi o calçadão na baía natural. Espero que não seja moda de pouca dura, pois ontem deu gosto sentir a alegria de tanta gente, que por via do sol que convidava ao passeio, invadiu literalmente toda a zona ribeirinha. Entre as pedaladas que dei, num momento de descanso, travo conhecimento com uma senhora que passeava o seu cão, ou o seu cão a passeava a ela. Observando a forma com que lidei com o seu animal. a senhora gentilmente me disse ser eu uma pessoa da bom coração, que os humanos tal como os animais, se revelam nestes pequenos gestos, e assim sendo, o meu carinho para com os cães me revelava. De bom coração. Mais foi dizendo que os falsos costumam fingir gostar de cães, e que outros, também falsos, ou fúteis apenas gostam do seu cão, e este terá forçasamente de ser de marca, leia-se, raça. E quando mais cara a marca, mais eles gostam. E lá nos perdemos em conversas de cães, e da presença destes nas nossas vidas, na dela desde que enviuvou, e na minha, desde que me conheço. O primeiro chamava-se Mustafá. Era rafeiro, mas como tudo o que é primeiro nas nossas vidas, não o esqueço.
Continuei o meu passeio, entre os muitos anónimos que passeavam, como eu, na bela tarde de sol, com uma pontinha de satisfação, pelo bom coração, porque afinal, se as crianças não mentem, os velhos, também não.




sábado, 19 de março de 2011

Mais um dia do calendário

Hoje seria suposto eu estar mais feliz, sentir-me mais querido, mais amado, porque hoje é o dia do Pai. E se sou pai, duplamente pai, seria de esperar que a alegria fosse a duplicar, no mínimo. Porque hoje, tal como nos outros dias escolhidos por não sei quem, nem com que fundamento, se celebra o dia do tantos e tal. Ele é dia para namorar, para assustar, para a mãe, para a criança, tudo marcadinho no calendário. Hoje não há mimos para as mães, os tios ou as avós. Os pais vão açambarcar os mimos.
Mas pergunto-me - não serei tão pai amanhã, como o sou hoje? como fui ontem e nos últimos trinta anos, sem dias dias de folga? Porque me prestam homenagem hoje, se exerço o cargo, sem me queixar, saliente-se, e em permanência.
A serem dias de alguém, estes dias poderão ser o dia das caixas registadoras, por via de uma ou outra prendita que se compra para marcar a data.
Como não quero ser desmancha-prazeres, joguei o barro à parede a ver se pega, mencionando um porta-chaves muito giro que vi no Colombo, e até mencionei a loja em questão. Mas até agora, nada. O barro não pegou, pelo que sinto apenas pai. Como ontem, como desde aquele sábado, na Alfredo da Costa.

quinta-feira, 17 de março de 2011

body-guard



Fontes ditas não oficiais declaram à boca pequena, do género, se vocês disserem que fui eu quem disse, eu desminto, que o nosso PM decidiu contratar uma alma protectora, após o visionamento do video acima exposto. Outras fontes também não oficiais e anónimas já vieram a terreiro, embora muito discretamente afirmar que tal medida pode ser quase tão cara como meio submarino, ou um bocado da linha do Poceirão, pelo que, uma outra fonte, também solicitando o anonimato, assegurou que um conhecido lider da oposição, deixará de o ser, não lider, mas oposição, digamos, da posição, se o PM o aceitar como apto ( ou será ato? olha não sei, que se lixe, vai à antiga) para a função, uma vez que se poupa em divisas, em papeladas da emigração, a coisa é em euros, e fica tudo como que, digamos, em família.

quarta-feira, 16 de março de 2011

jam



Encontro o V no "calçadão" aqui da vizinhança. O V é um exímio guitarrista, que fez parte de uma banda, por alturas do boom do chamado rock português. Tocámos juntos algumas vezes, e partilhámos palcos em diversas ocasiões. Fui acompanhando a sua vida musical, pois o V tornou-se o maestro da banda um conhecido cantar luso, e algumas vezes aparece pelas nossas tv's. Ele ía sabendo de mim por informações de amigos cumuns, mas há muito tempo que não nos viamos.
Digamos que sempre fomos fâs um do outro, dadas as trocas de ideias que sempre mantivémos. E claro, colocou-se a escrita em dia, o tema música e mais música, muitas opiniões convergentes em relação aos novos valores do fado, e da tristeza que dá ouvir Carmo a cantar Sinatra. Falámos das ferrementas - as guitarras, os amplificadores, os pedais, os processadores de som...
De partida para o Canadá, prometeu-me uma visita ao Taberna, para uma jam e a organização de um projecto que envolve juntar uns quantos músicos e fazer uma noite de nostalgia. Agradou-me. Agora é só esperar.

terça-feira, 15 de março de 2011

vou ali e volto já


Vou a uma loja comprar bolas de golfe, e mais os tacos, e aquelas roupas amaricadas, e dedicar-me à prática do desporto do povo - o golfe!!! Que se lixe a prática burguesa da biciclete.
Aproveito e trago um iate, para abastecer o depósito, e depois sacar o gasóleo para o carro. Assim escuso de ir a Badajoz.
...
(quando pensas que já viste tudo, abre-se sempre uma nova janela)
...
Neste caso a do absurdo agúdo, da impunidade extrema, da estupidez crassa, da imbecilidade pura, da verdadeira falta de respeito por quem trabalha
Hoje estou com a Antígona - P.Q.O.P.

Rumos I

Rumos II



E ao cabo de uns bons anitos, deixou de haver justificação ou motivo de rumar sempre à mesma praia, ao mesmo mar, aos mesmos caminhos, às mesmas vistas e cheiros. Ao cabo desses anos surgiu uma paleta com outras escolhas, onde as sensações se tranformam, e novas descobertas se apresentam. Tal como uma boa faxina que devemos fazer nas nossas tralhas, a descoberta de novos rumos, é tal e qual arejar a casa. Se bem que existam locais, e objectos dos quais nunca iremos abrir mão, outros porém assumem uns pela presença, outros pelo hábito e pela rotina, o papel da madrasta da Rapunzel. E tal como diz o actualíssimo Eça, que os políticos e as fraldas devem ser mudados com frequência, pelas mesmas razões, devemos nós, com excepção ao nosso verdadeiro núcleo duro de afectos, fazer o mesmo com as pessoas que nos rodeiam. Com a vantagem de que havendo uma saudade, uma nostalgia até, um pequeno regresso tem um sabor inconfundívelmente renovado.

segunda-feira, 14 de março de 2011

novo diale(c)to ao abrigo do novo acordo


Prantes, a gentaté foramj mlhorj ca equipádvrçária, mas comçempr jgámj com usábitrs contrágent.
Purcuspórlisboaebenfica métmedo a muntagent. Iprantes, o titalutámaisdificl, masuspórlisboaebenfica sáb quistíaserdifícl, iojmeujugadorj atéseremcapázej de cmerarelva, ieuintéingulapastilha çeforprecis.

domingo, 13 de março de 2011

e o povo saíu à rua


E aí estão as gentes do meu país, em pleno usa da forma de convocatória via redes sociais, inspirados nos recentes movimentos dos povos árabes, sem autocolantes nas lapelas, sem punhos rosa, ou foices e martelos, sem setinhas laranja. O povo veio à rua, no formato de várias gerações, dando aquilo que se espera que seja, o primeiro passo de um movimento, que tendo continuidade poderá mexer com muita coisa, daqui para a frente. Uma manifestação como a que se viu no sábado, só fará sentido, se continuada, nas mais variadas formas. Todos sabemos que a união faz a força, e que se todos se movimentarem num determinado sentido, haverão sentidos que mudarão o seu rumo. Os que pertencem à geração à farta, estão expectantes e moderadamente apreensivos, a ver se isto foi uma moda, um resto de carnaval, ou se, pelo contrário, a bolha vai evoluir, com manifestações a continuar, bem como a adopção de outras formas de protesto, algumas delas com sabor a boicote, ou menos serenas. Afinal, é do próprio primeiro ministro a tirada, de que - é Carnaval, ninguém leva a mal - e se o poeta diz que - Natal é sempre que um homem quizer . que o seja também o Carnaval, por determinação das gerações, as à rasca e entaladas.

sexta-feira, 11 de março de 2011

assim também eu!!!

-Bom dia, é da contabilidade da Escola EB1-xpto?
-É sim, bom dia. Em que posso ser útil?
-Falo da firma, otpx, pretendo saber a vossa previsão de pagamento para as facturas vencidas, números tal e tal.
- Ah, não temos previsão!
-Não??? Mas na vossa requisição constam claramente os prazos de pagamento...
-Pois, tem razão, mas o Estado retirou-nos a verba...
-Como?
-A verba que o Estado nos atribuiu, não está disponível.
-Mas não era vossa? Não é uma obrigação do Estado?
-Lá ser, era, mas eles tiraram. Deram e tiraram.
-Então o que me sugere?
- Que vá ligando...
-Acha que este mês ainda se resolve?
-Esperamos que sim, porque já temos muitas contas em atrazo, telefones, alimentação e assim...
- E nós?
- Vocês também claro, mas não são prioritários.
Entendi. Então em Abril voltarei a ligar-lhe.
Concerteza.

quarta-feira, 9 de março de 2011

2º a(C)to


Decorre neste momento a pomposa cerimónia da tomada de posse da segunda parte da presença do Aníbal no sítio do costume. Não estou a acompanhar, é um filme dejá vu, com as mesmas cenas, os mesmos diálogos, por isso, uma perca de tempo. Vi a procissão no adro, o antes do a(c)to. Vi que todos chegavam em carros de potente cilindrada, de marcas de topo, alemãs, carros esses que não custaram um euro a quem neles se senta, e cujo alto consumo, não consta que saia das suas gordas remunerações. Vi que os militares, escandalosamente pagos, para não fazerem nada mais que existirem e baterem umas continências, já que de útilidade não lhes reconheço nenhuma, e aqui confesso que o militar português, me leva sempre à associação da figura colonial, não duvidando que aos mesmos, lhes cheguem com abundante frequência o mesmo tique.
Decorre pois, a tomada de pose de um homem que faz parte do elenco dos que provocaram a crise em que nos encontramos, e que decerto nada fará mais do que dizer que isto está mal, e que temos de fazer sacrifícios. O presidente de um país que há muito perdeu a sua soberania, nos que toca a autonomia; que importa muito mais do que exporta, que prefere pagar as couves sem sabor, francesas ou espanholas, do que cultivá-las; que ao aceno da patroa da europa, mete o rabinho entre as pernas e diz amen; que nem sequer consegue conservar a genuinidade da lingua de Camões - toma agora posse. Está em pleno a(c)to. De assumir com aquela cara séria, semblante preocupado, a Presidência da República Portuguesa, convenhamos, república das bananas. Melhos, dos bananas. Mas o povo é sereno, e eles sabem, por isso, esbanjam.
Duas certezas terei, quando mais logo, assitir à notícia do evento. Uma, que de São Bento, nada de novo. Outra, que estarei mais pobre, pois quem paga aquela palhaçada toda, dos mercedes, das continências, dos amens , e dos banquetes - sou eu.

terça-feira, 8 de março de 2011

3ª feira de cinzas

Sim, sabe-se que é na quarta-feira, a de cinzas, tão bem descrita na canção de Vinicius, ao sabor dos acordes únicos de Toquinho. Todavia, no meu pequeno país, da actualidade, porque não ser esta mais uma oportunidade a sermos diferentes, se afinal até temos motivos para o desalento. Ligo a tv, e sinto a Líbia cada vez mais perto, dizem-me que os bens essenciais vão sofrer aumentos incomportáveis, e as taxas de juro das habitações vão disparar. E o FMI que tarda a chegar. Vejo uma figura que se diz primeiro ministro gosar com jovens na procura não só de um primeiro emprego, mas de uma vida decente, com direito ao trabalho, ao sonho e ao futuro, quase a chamar-lhes palhaços, e de facto, há palhaços na cena. E não chamou apenas ao grupo de jovens, convidados a saír à força, a pontapé e empurrão, insultou ordináriamente todos os jovens e desempregados deste país. É um cenário, que, senão de cinzas, é cinzento, com rápida tendência ao negro.
Salve-se do dia, a imponência do carnaval carioca, sempre deslumbrante. Salve-se a harmonia do rescaldo futebolístico, relembrando o sambinha do Benito de Paula - Tudo está no seu lugar, graças a Deus - (e se alguém encontrar aqui uma alusão a Jesus, eu direi que é pura ficção). Salve-se o dia da Mulher, que espero me dê uns bons momentos, mais para a noitinha, porque afinal, não há melhor forma de um homem celebrar o dia, do que estando no meio delas, e pelo que sei, são perto de cem. Espero chegar para todas. Cantando, claro. Para começar, talvez esta:

Depois, quem sabe o She, e nas primeiras rodadas se sangria, aquilo que se sabe, Paixão, jardins proibidos, ninguém é de ninguém, telepatia... Quando a sangria fizer o devido efeito, chega o momento de dar um ar da época, e sai o Mulheres, e outros pagodes. Lá para o fim, em ambiente de grande loucura, adivinha-se o óculos de sol, dunas, e quem sabe o aperta com ela, pois então, que a noite é delas.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Dia Especial

Serão sempre dias especiais, os dias que à distância, relembrados, despertam as emoções então vividas. Estavam na Alfredo da Costa, a promitente avó, e o promitente pai, na espera, junto com outros, que também em espera, se impacientavam, fumavam, andavam às voltas, roiam as unhas. Uns já veteranos no assunto, outros, como este duo, debutantes no assunto.
A promitente avó, que ainda o era, debutava em título de avó, mas era mais que experiente na matéria do parto. Cinco, contava ela. E puxando da sua veterana sabedoria, vai de dizer às enfermeiras, que algo de errado se passava, e que o neto ou a neta, já devia ter nascido, e para que a enfermeira não ficasse de mau humor, mete uma nota de 100 nas mãos da menina, que solicita lhe pergunta - qual o nome da sua filha? X, responde-lhe.
Passados que nem eram dez minutos, aparece a menina enfermeira com a nota bem guardada - a sua filha chama-se X? Sim, dissemos em coro. Então já nasceu, é uma menina, mãe e filha estão bem.
Nervoso, apresso-me a ir à cabine telefónica, já que o telemóvel ainda era futuro, e passar a palavra à família mais próxima. Porém, de regresso à sala de espera, havia discussão - a enfermeira menina, dos 100 escudos, enganara-se, pois só com o nome X haviam sete, na linha parideira, imagine-se a explosão de natalidade da época.
E volta tudo à estaca zero, com a promessa da nervosa menina, de atenção redobrada à menina X, agora com detalhes de informação, nome completo e descrição física.
Gastaram-se mais moedas na cabine, a desdizer o dito. Que afinal, os do lado de lá da linha, ainda não são avós, tios, padrinhos, mas no entanto, a palavra não chegou a todos...
E mais duas horas se passaram, até que, esbaforida, a subornada menina, grita - agora é que foi, e é um menino. Aconteceu em sete de Março, um sábado.
Na visita ao final do dia, receei pegar-lhe de tão frágil que me parecia, nos seus 3,550Kg, e com mais sete X por ali, receei também estar com um filho ao colo, de outra X, ou quiçá uma H, que dada a confusão gerada, não me tivessem trocado o filho.
Mas não houve troca. Disseram as visitas, mais tarde, ser a cara do pai, e ainda hoje se diz por aí.
Giras as prendas, que levavam, quase tudo em tons rosa. Daqueles a quem a palavra não chegou.


sábado, 5 de março de 2011

sexta-feira, 4 de março de 2011

Carnavais fora de portas.

Se tivesse que eleger o episódio mais marcante, dos carnavais que atravessei, elegeria sem dúvida o acontecimento vivido em 2005, em pré-carnaval, quando a meio de uma deliciosa muqueca, regada a caipirinha(s), em plena Copacabana, me dou conta que uma escola de samba desce em peso, mesmo ali à minha frente, para efectuar um ensaio geral, pela avenida fora. Não se consegue descrever em palavras, o ambiente, a alegria, o ritmo, e a imponência de uma escola de samba em plenas funções, a cadência da bateria constituída por centenas de percursionistas, toma-nos conta do corpo, possuindo-nos literalmente, e obriga-nos a sair atrás do desfile, no meio de uma multidão cuja alegria contagia.
Foi sem dúvida, um episódio único, irrepetível, melhor, afirmo, do que estar na bancada a ver a banda passar, porque participei, estava no meio deles, e senti-lhes o pulsar. Não ganharam nesse ano, a escola de Vila Isabel, mas ficará para sempre a minha eleita.
Totalmente diferente, e sem chance de comparação, a experiência ensonsa vivida em Colónia, onde tímidas folionas em máscaras de porcelana, se entretinham a cortar as gravatas de quem passava, ou, por trás da máscara retirada, beijar o pessoal, com os lábios carregados de baton.
Calhou-me um valente beijo, já que gravatas comigo, é coisa rara. Contudo, prefiro as caipirinhas, o calor, o txiquidigundum....

terça-feira, 1 de março de 2011

Toca a Rufar


É sempre demolidor ver um cenário de pós-incêndio. Hoje arderam todas os pertences do projecto Toca a Rufar, ardeu a sede, arderam os instrumentos e as vestes, os palcos, os locais de ensaio, restam os escombros e os ferros torcidos pela carga térmica. Arderam de igual modo anos de dedicação, dos mentores, e dos jovens que ali cresceram, e graças a projectos como o do Toca, o Ó que u som tem, e Wok, conheceram palcos de todo o mundo, divulgando algo de tão nosso, como a guitarra de fado - o tambor.
Hoje nada mais posso fazer que chorar ao ver a minha filha lavada em lágrimas, em frente ao cenário do rescaldo.
Amanhã, e nos tempos próximos estarei empenhado em, da forma possível contribuir para o reerguer de um projecto.

o complexo do cagão

Diz-se no wikileaks que os americanos afirmaram que os portugueses compram brinquedos caros e inúteis, a propósito da aquisição de dois submarinos que nem servem para dar um tirinho, tal como o tgv, não vai servir para transportar mercadorias. E dizem muito bem. Mais dizem, sofrerem os portugueses de uma espécie de complexo em relação a outros povos, e vai daí, darem-se a poses de falsa superioridade, na tentativa, aquilo a que vulgarmente apelidamos de cagões.
O cagão português é sui generis porque parte desse caganinismo - e acabo de lançar a sugestão para mais uma palavra do famigerado acordo ortográfico - tem na sua essência uma falta de cultura, conhecimento e educação de bradar aos céus. O cagão tuga, não se limita a comprar os submarinos mais caros e inúteis, ele faz estradas, viadutos, estádios, pontes, centros comerciais, tudo com o fito de mostrar, de exibir, e claro, com muito proveito para os de sempre.
Mas o cagão nacional não se queda só pelas altas esferas, temos de todos os formatos, e géneros, desde aqueles que em passeio, descobrem cozido à portuguesa em Frankfurt, ou pastéis de bacalhau em João Pessoa, e exclamam que o que é nacional é que é bom, enfiando grandes barretes, e privando-se de degustar a gastronomia local. Uma recusa ao conhecimento, portanto, acentuando o estado ignorante. Conheço gente que de visita ao Brasil, nem se deu ao prazer de fazer um passeio no calçadão...
Mais recentemente, assiste-se ao modo fazer parecer, muito em voga, que consiste em fazer uma qualquer actividade, seja ela uma viajem, um mero jantar em grupo, lavar o cão, que tem forçosamente de ter marca, e fazer uma infinidade de fotografias, para, claro, exibir via net.
Acredito que muita desta gente, para além do complexo, sofre de frustração.
Mas no resumo disto tudo, apenas me doi o assunto dos submarinos, e outras mamarronices. Porque serei eu a pagar.