segunda-feira, 31 de maio de 2010

o lado lunar

Não porque o tema me fosse indiferente. Não porque hoje se fala muito do tema, é o papa, o Cavaco, é a lei, são os gays. Mas apenas porque adquiri a preço muito interessante um pequeno lote de DVD's, onde incluí a polémica obra - O segredo de Brokeback Moutain. Começando pelo lado menos relevante do filme, mas que o compõe muito bem, destacaria a fotografia, de paisagens e contrastes de cortar a respiração. Seguindo ao ponto fulcral do filme - a homosexualidade, o ser gay , dois tipos que não só se atraem mas que se amam, embora tentem a forma hetero - gostei.
Ao contrário do que li por altura do seu lançamento, não achei as cenas de sexo, exageradas, elas fazem parte do contexto e do entendimento do tema. Este filme mostra frontalmente que entre pessoas do mesmo sexo, existe tudo o que existe nas relações hetero, os altos e baixos, a ternura, o ciúme, e todo o pacote que faz parte das relações. Não me choquei, como alguém me disse que iría acontecer. Fiquei ciente que se é difícil impôr respeito, direito de igualdade, sendo simplesmente gay, muito mais difícil será aos que sendo, tentam camuflar, casando em forma hetero, dando origem à legião de Nelos - personagem do Herman - infelizes que existem por aí.

domingo, 30 de maio de 2010

sábado, 29 de maio de 2010

Puro sangue Lusitano


Decerto que existe muito mais obra gravada fora de Portugal, de Carlos Paredes do que no país do mesmo. Decerto que não fora a convicção de Marisa, do seu próprio valor, reconhecido lá fora, já que aqui lhe era dito, não ter o perfil de fadista, e não tería Portugal um dos escassos elementos de divulgação internacional.
Mourinho é uma espécie de Marisa, só que estando no mundo do futebol, mais mediático.
Muita gente vem, recentemente, tecer elogios a José Mourinho, como se estivessem sempre do lado do homem. Para muita gente, até há poucos dias, Mourinho teve sorte com o FCP, ou foi levado ao colo, bem como o estatuto onde colocou o Chelsea, foi mais outro golpe de sorte, já que não haveria um Pinto da Costa em Inglaterra para tratar do colo. Para muitos, Mourinho era arrogante, convencido e provocador. Hoje já não é. Hoje é o maior, e tem carácter. Assim é o tuga na generalidade. Infelizmente. Não aposta de raíz, só porque o producto é nacional.
Mourinho já é especial faz muitos anos, conseguindo ter particularidades que lhe permitem dizer sem falsas modéstias, presunção, ou demagogia, ao que vem e o que quer. E depois de dizer, fá-lo. Isto porque Mourinho tem plena consciência do trabalho que faz e do seu talento. Conhece-se, e mais importante conhece a concorrência e os seus pontos fortes. E os fracos. Muito mais importante, vital mesmo, é a capacidade de saber formar um grupo, e explorar e extrair o melhor de cada jogador, tornado-o, ao jogador, uma extensão do seu próprio ser. Se um dia existir uma qualquer forma de comunicação telepática entre o treinador e a equipa, em tempo real, Mourinho não perderá um jogo.
Já se escutam vozes discordantes sobre o ordenado de Mourinho. 28000€/dia. Claro que é exagero. Mas veja-se a coisa por outro lado - é o mercado, e ele gera lucro. Contra mesmo, estou contra a cambada de políticos, que concerteza, gasta e nos saca umas cem vezes mais, por dia, e o único lucro, já se sabe, é apenas dos próprios.
Além do mais, em vésperas de cair no abismo, Portugal, tal como a Grécia e a Espanha, tem de se alegrar com estes fait divers , e por isso Que venga la Liga.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Pior que estragado


Consulta de rotina marcada com exactidão. 11.15. Nem 11, nem 11.30. Belo, pensei, assim é que se funciona bem. Vou à consulta e pelas 12, posso marcar com o R. Dito e não feito. Pelas 11.30, a menina da recepção - o Senhor Doutor telefonou a dizer que vai atrazar, só deve chegar depois do meio-dia. Fiz as contas, depois do meio-dia, em linguagem de Senhor Doutor, deve dar perto das 13, e com duas pessoas à frente, lá se vai a reunião com o R e mais o almoço, e o resto do dia fica todo engatado. Saí do consultório.
Dado que são dois os atrazos que me infligiu o Senhor Doutor, não me resta mais que dar-lhe uma 3ª e última chance, ir à consulta, e dizer-lhe que os atrazos já não são moda, porque os outros, os que lhe pagam o exercício da profissão também são gente e têm a sua vidinha.
Se não resultar, é fácil, liga-se para a Medis, e escolhe-se outro Senhor Doutor. Ou Doutora. Ah, e pontual.

Cavacão-Frade?


Ao que se ouve, e lê por aí, Aníbal, um dos culpados pela triste situação do reino, não está em boa cotação. Depois de apaparicar o papa, dando legítimos motivos aos que seguem as ideias do santo padre, para acreditarem que ele, Aníbal, as seguia também, dado que não as contestou, veio, em horário nobre, dizer à nação, que embora contrariado, dava o sim ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Tipo, vou ao jantar, não gosto de almondegas, mas como é o prato servido, tenho que mamá-las. Ou tipo, engolir o sapo, de tão triste recordação dos camaradas PCs.
O resultado - Sócrates está feliz, Santana decepcionado. E com Santana, outros estarão e vão estar, a coisa vai ser à rede social, vai-se espalhar. Tenho cá para mim, que Aníbal puxou o próprio tapete, e que, indo a Roma, não verá o Papa.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Certezas


Devemos sempre confiar nos sinais, detalhes que se nos vão deprando, em relação aos dos nossos afectos e relações, sem menosprezar cada um deles, e, principalmente os menores, aqueles que se julga, passam despercebidos. É o misto de todos esses pequenos nadas que fazem com que não erremos quanto ao que se nos é oferecido. A grande lição é a de que mesmo sem nos apercebermos avaliamos e somos avaliados, e tudo tem de conjugar certo, como se fosse uma equação, e não sendo assim, está errado. A grande vantagem é que, se atentos aos sinais, dificilmente plantaremos mais que flores de plástico, só para adquirir a certeza dos nossos pressentimentos, que afinal não o são. São a equação, e por isso está-se certo. No final. E no final da equação, suspira-se, e pensa-se - bem me parecia, hoje tenho a certeza.

back stage


Há meia dúzia de anos tive um saudável reencontro, alunos da mesma escola primária, reviram-se num numa espécie de lanche ajantarado. Acente que foi a poeira dos mega-projectos de viajens e eventos que nunca se chegaram a realizar, resultou um núcleo duro - eu, a Antígona, e o sabes quem sou, mantemos uma saudável e saborosa ligação, não dispensando uns jantarinhos a três, que, vez ou outra se fazem. Foi um bom regresso.
Ontem foi noite de mais um regresso. Num bar da Almada Velha, onde toquei em tempos, revejo pessoas que já nem lembrava. Caras, nomes, episódios, tudo foi jogado ali para cima da mesa, com uma alegria nostalgica, e aquele brilhozinho nos olhos de todos a cada memória que vinha ao de cima. Muito daquele pessoal fez escola. Sem que se saiba, no maior anonimato, longe das ribaltas, e sem qualquer motivo mais que a proximidade geográfica da nossa sala de ensaios de então, às primeiras exibições ao público que fomos ensaiando, antes de voos maiores, no bairro do Alfeite, criou-se uma legião de putos que a princípio só queriam estar lá, a ligar os cabos, a montar a bateria, a mudar as cordas, a zelar para que não faltassem as águas e as Sagres no palco, e acima de tudo, queriam esses putos, ir para a estrada. E foram. E muitos deles tornaram-se verdadeiros profissionais, da sombra, qual enfermeiro que apoia o médico, mas nunca aparece no final da obra. Dali saiu pessoal, os roadies , aos quais chamávamos pretos , e até os road manegers , para grupos como Madrdeus ou Trovante, por exemplo.
Eram aqueles putos que saiam da sala de ensaios na 5ª à noite, após o ensaio, se faziam à estrada, dormiam por cima do equipamento, no camião, rumo a Aveiro, para que na 6ªa, tudo estivesse pronto, para o ensaio de som, depois era o concerto, lá estavam eles, atentos, e depois era desmontar tudo, e dormir estrada fora, até ao Rossio ao Sul do Tejo, e repetir tudo de novo, para que no dia seguinte tudo estivesse a postos em Beja. Enquanto os músicos se regalavam em bons hoteis, e carros Avis, os pretos lá vinham todos rotos para Almada, mas felizes. E no próximo ensaio lá estavam eles, a ouvir, sem que para isso fossem contratados.
Ontem foi noite de os rever. Os planos estão por lá. Não faço ideia de quais são. Pediram-me apenas para tocar, quando for chamado. Assim farei. E agradecer. Da forma que sei. Tocar para eles.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

luta de classes




Conheço o Sr.Zé há mais de vinte anos. Reformado, ele e a mulher, também reformada do ensino, são um típico casal que nos anos cinquenta fez as suas escolhas para o resto da vida - casaram, construiram a vivenda, vieram os filhos, arranjaram seus empregos, tudo foi atravessando os anos, sem sobressaltos de maior. Com as economias realizadas a pulso e a suor, o Sr.Zé comprou um lustroso Mercedes, quando recebeu aquela quantia, para ficar em casa. O Mercedes do Sr.Zé foi mais uma das escolhas, para o resto da vida.

Ontem, como fazem habitualmente, foram de passeio com a neta, ao local mais apetecido da pequenota, o centro comercial, e ao estacionar desenvolve-se um desentendimento sobre quem chegou primeiro, se o pacato Sr.Zé, com a mulher e neta, no seu Mercedes, ou os quatro jovens do carro em frente. Os carros não se tocam, mas os jovens ofendem, saem do carro em tom ameaçador, e partem para a agessão. O resultado ficou-se pelos óculos que se foram, umas nódoas negras, umas amolgadelas no Mercedes e um valente susto na avó e na neta. Valeu o segurança, conta o Sr. Zé, que colocou os jovens em fuga. Lamentando o sucedido, e aliviado porque as suas meninas não foram beliscadas, conta-me o Sr. Zé, que nunca na vida dele tinha escutado tamanhas ofensas, visto tanto ódio, e se sentiu tão humilhado. Uma das frases, recorda, era - por causa de velhos como tu, é que não temos emprego.
Fica o Mercedes amolgado. A netinha sem o seu passeio. E a dúvida do Sr.Zé, que me deixou a pensar - se agora já é assim, como será quando o cinto apertar mesmo?
Valeu-me a minha costela lusa, que nos tranquilizou de momento, argumentei - foi apenas um episódio isolado, Portugal tem um povo pacífico. O povo é sereno, dizia P.Azevedo. Depois de falar com o Sr.Zé, recordei uma frase em documentário recente sobre a Grécia - o verdadeiro problema começa quando morrem os sonhos.
Lá se foi o momento de tranquilidade.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Começar de novo em Almada Velha

Porque as ferramentas da net têm muitas vantagens, o Facebook aproximou-me de quem não vejo desde os tempos das músicas do boom do Rock Português. São adeptos ferrenhos, dedicados, fieis até hoje à causa. Os encontros vão acontecer, as recordações vão transbordar, os projectos também, e já oiço falar em planos para voos em pequenos palcos, a tocar aquilo que se produz, porque consta que há quem esteja dentro do meio que pode introduzir um novo projecto musical no circuito. Bom demais para ser verdade. Mas tudo indica que sim, que é. Que vai acontecer. Para começar, um copo num bar ali para a zona velha da minha Almada, de onde por vezes se saía entre a noite e o dia. Para começar, rever as pessoas com quem se partilhou tanta coisa boa. Saborear cada um desses momentos. Depois, virão os projectos. Eu bem digo que a música é intemporal e aproxima as pessoas. Neste caso, reaproxima. É já amnhã. Já estou em pulgas.

Afinal não é de agora


Eça de Queirós, em 1872, escreveu nas Farpas:

"Nós estamos num estado comparável somente à Grécia: mesma pobreza, mesma indignidade política, mesma trapalhada económica, mesmo abaixamento de caracteres, mesma decadência de espírito. Nos livros estrangeiros, nas revistas quando se fala num país caótico e que pela sua decadência progressiva, poderá ...vir a ser riscado do mapa da Europa, citam-se a par , a Grécia e Portugal".

segunda-feira, 24 de maio de 2010

No feeling


Pelo jogo que se viu hoje entre as selecções de Portugal e de Cabo Verde, das duas uma, ou Queirós está cheio de trunfos na manga e chegando à África do Sul, pumba, leva tudo à frente com uma tática secreta, ou então, melhor seria ficarem-se pelos ares da Serra a ver os outros jogar, seria menor o prejuízo.
A Argentina, ao momento que escrevo, igualmente em jogo de treino, já mostrou as garras - já vai em 5 a zero, ao Canadá...

A Bruna

Longe vão os tempos da minha idade das borbulhas, e outras erupções, que a natureza trata de facultar naquela transição entre o infantil e o adolescente, em que se desperta para outros caminhos, em que a inocência passa à curiosidade e busca de outros interesses para além dos Legos, dos piões e dos bilas. Nessa fase, e naquele tempo, cada oportunidade de vislumbrar um pedacinho de nudez, era aproveitada ao limite, e valia de tudo, desde espiar os balneários das miúdas, nas aulas de ginástica, ou ficarmos em locais estratégicos em escadas, para observar o que as saias deixavam ver. Muito às escondidas, eram fanados os livros do Vilhena, aos pais daqueles que os compravam, em algum recanto da escola. Era a pornografia desenhada. Sorte grande tiveram os alunos do meu terceiro ano do Liceu, que apanharam aquela stora de inglês, que, consciente do efeito que provocava em nós, amordaçados projectos de homem, ao traçar as suas pernas, quando sentada na secretária, exibindo uma generosa área de alva pele, muito para cima do joelho, deixando doidinhos cada um de nós, quando chamados ao quadro. Era o erotismo a que se tinha direito. Não haviam revistas eróticas, e se as houvesse, duvido que se vendessem aos putos. Não havia VHS, e muito menos DVD, e acima de tudo não havia - google. Ao que parece, o pessoal preocupa-se com a nudez da Bruna, e ao que parece ninguém quer saber se ela é competente como docente. Ao que parece não consta que a Bruna tenha atentado contra o pudor no exercício das suas funções. Se as pessoas, neste Portugal, de Nossa Senhora de Fátima, e tal e tal, estão preocupadas que os meninos vejam os dotes (e muito bons dotes, diga-se) da Bruna, e por conseguinte, outros dotes, de outras Brunas que existem por aí, há que agir em conformidade. Pelo que seguindo esta tão puritana atitude, haveria de ter que se fazer uma total razia, nos actuais meios ao dispor da criançada, leia-se os telemóveis, e a internet, pois os ditos dotes, estão à distância de um clique no google. Desenganem-se todos aqueles que dizem - o meu menino não faria isso, não senhor. Fazem sim, e desenvolvem mecanismos e cumplicidades de ocultação e defesa. Contudo creio que dada a facilidade com que tudo se nos depara, as novas gerações embora não ficando indiferentes ao erotismo, não lhe darão mais que alguma importância. Lá diz o ditado - o fruto proibido...
Quanto à Bruna, tem de palminhar a calçada, e lembrar-se que o 25 de Abril afinal, não foi aquela coisa da liberdade. E acima de tudo ter em conta mais outro ditado - aquele sobre a mulher de César.

domingo, 23 de maio de 2010

rotinas de um domingo


Ao serão liga-me um amigo - então o que fizeste? Nada de especial, respondi, apenas rotina. Após a ligação revi o dia e as rotinas..
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Não quis a minha rotina biológica que eu dormisse mais aquele bocadinho, mesmo que me tivesse deitado tarde, porque a noite de música se prolongou quase até á uma, era bem merecido mais um bom par de horas de descanso, mas acordei na hora de sempre e prendi-me na repetição do Eixo do Mal, onde os comentadores residentes abordam os temas quentes - a professora que se despe na Playboy; o Cavaco que tomou da água benta do papa, e logo a seguir vem dizer que é conta a sua vontade, mas aprova o casamento gay; depois é o Sócrates, o Passos, o futebol, as férias, o Rock in Rio, o Delta Tejo, enfim, também, apenas rotina.
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Pelos lados do Meco, dou-me conta que o Amo-te Meco se mudou, para bem melhor. Reparto a praia entre a atlântica Foz e Sesimbra, porque ainda choviscou, mas a água estava mais que tentadora. No porto de abrigo, o meu fiel fornecedor de peixe, Sr.M, vende-me um belo sortido de peixe para a caldeirada, lá para o fim do dia. Diz-me o Sr.M que a sardinha só vai estar boa no São João, quando mudar a lua, mas que vendeu todas as que tinha e mais as que tivesse, porque a malta anda sequiosa.
Uma subida ao castelo, onde se esconde uma espécie de casa de chá, com uma esplanada altaneira. Sossego, vista de cortar a respiração, uma sandocha, e um estudo ao interessante destacável da Sábado com sugestões de escapadelas cá dentro.
De regresso, uma incursão ao pinhal, abasteço-me de pinhas, e solto as minhas amigas caninas., que me agradecem com pulos e lambidelas.
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Perco-me entre retoques das pinturas pendentes, e uma regadela nas hortensias, na salsa e na hortelã, porque afinal nem choveu. Tiro o sal e a poeira do corpo e dou uns toques na viola, enquanto a caldeirada apura.
...
E só depois desta rotina domingueira, que me partiu todo, me dei ao luxo do descanso no sofá, para descansar do fim de semana. E aquela confirmação de que se aproveitou o dia.
Venham mais.

sábado, 22 de maio de 2010

Rock in Rio

Quase no término da noite de ontem, o dono do espaço pede-me que seja mais rápido a arrumar a tralha. Com cara de poucos amigos, a mulher explica-me - a Shakira no Rock in Rio, ali para os lados de Chelas, em directo na SIC Mulher.
Aproveitei a sugestão e instalei-me no sofá.
Não sou fã, mas simpatizo. Ao concerto achei-o morno, com muitas pausas. Aos músicos, excelentes, tudo escolhido a dedo. Existe em muitos temas, uma interessante mescla entre os ritmos latinos, os do norte de África e até da Índia. Quanto à menina, tem tudo onde deve ter, é jovem, bonita, sensual, e mexe aquele corpinho de uma forma que deixa a cambada masculina toda a salivar. Que ela se conserve assim enquanto puder. É bom para ela e para os olhos de quem a olha.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

toques e pausas


Aproximam-se mais dois serões de guitarra nos braços, e bem que me vai saber. Como está calor apetece um ambiente mais descontra, sobretudo porque amanhã me espera uma noite de toques, em esplanada concorrida, e de vista para o mar, depois de (espero) o Mourinho limpar mais um título, nada melhor que chil out nas minhas pausas. Fica bem. Ouve-se bem. E é a condizer. Viva o bom tempo, as boas músicas, a gente gira, a boa disposições, as caipirinhas, e os magnuns. A crise que espere até segunda-feira.

Vícios


Leio por aí, que existem pessoas literalmente viciadas no Facebook, como decerto também as haverá em outras pérolas da net, tais como Twiter, MSN, chats, e claro, os blogues.
Creio não ser a pessoa mais indicada para falar de vícios ou dependências. Nem no tabaco me consegui viciar, quando no despontar da adolescência, acendia o mais à macho possível, cigarros, nos ambientes estratégicos, a fim de afirmar a minha masculinidade. Cedo me passou essa mania, e nunca me consegui viciar, felizmente. Mais tarde, já adulto, adquiri o gosto de uma cigarrilha Cafe Creme, coisa que faço de longe em longe. Aos vícios tradicionais, tais como o fumo e o jogo, impõem-se hoje os novos vícios, os das tecnologias, que agarram desde as crianças já viciadas em telemóveis, que curiosamente, cada vez são menos usados para telefonar, até aos agarrados à net. Totalmente, tal como os jogadores nos casinos.
Além de não ser saudável, não é bom. Cada pessoa isola-se na sua caixinha, no seu cubículo, dependendo de uma ilusória sensação de integração, quando afinal, a palavra é solidão.
Na medida em que vou colocando estas palavras por aqui, conclúo que, a ser viciado, eu admitiria dois vicios na minha vida - a Guitarra e a Mulher, não necessáriamente por esta ordem.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

...











quarta-feira, 19 de maio de 2010

Aviso à nevegação


O governo anda a brincar com o fogo.
Quando o povo tem fome, tem o direito a roubar.
Só os pequenos investimentos é que podem gerar empregos.
Admito ser obrigado a fazer despedimentos.


Belmiro de Azevedo

Fausto Bordalo Dias



Sou fã de vinil desde os primeiros tempos, os da Rosalinda e da Carta de Paris. Toco e canto algumas, parcas amostras, as que estão ao meu alcance, uma meia dúzia de temas, e ao interpretá-las, sinto-lhes a força do autor, o cuidado na harmonia, os enredos melódicos, e as nossas raízes intocáveis, os malhões, os adufes, tudo magistralmente encandeado, tudo num estilo inconfundível.

Recentemente, venho dedicando quase todo do meu tempo em volta das músicas, à obra do Fausto. E tal como um urso à volta do tacho de mel, quando mais provo, mais rapo o tacho. Como escutar, todos escutam, oiço e re-oiço toda a obra, no que toca a tocar, só as que a minha arte permite, e por enquanto ando às voltas com o Atrás dos tempos vêm tempos, e modéstia aparte, parece que me sai bem.

Num país que dá menos importância, que os de outros países, a génios como Zeca Afonso ou Carlos Paredes, urge conhecer autores e suas obras, desta dimensão. Com tão poucos motivos para orgulhos nacionais, saibamos gostar e aplaudir o que é nosso, único, e Excelente.

terça-feira, 18 de maio de 2010

mudam-se os tempos, e os hábitos

Hoje, choquei parcialmente a malta mais nova cá de casa, ao dizer mais ou menos isto - se tivesse a vossa idade, com o panorama actual, a última coisa que faria era pensar em comprar casa, e constituir família, em suma, nada de encargos de longa duração. Sabia que iria ser bombardeado, custou-me falar assim tão a seco, mas prefiro que a injecção tenha um efeito directo. Não é com alegria que assim penso, não é por pessimismo também, mas sim porque tudo me leva a crer que os sonhos desta geração, e da seguinte, os mais novos portanto, na sua grande maioria, não se poderão inspirar nos exemplos paternos. Não é drama nenhum, é apenas a constatação de que o que era antes, não será certamente hoje, e muito menos o será amanhã. Saibamos ler os sinais, saibamos ou pelo menos tentemos antever o que muda na mudança. Assim há a chance à inovação, às novas alternativas, a outro tipo de realização, contrariando as frustrações e o desalento. Sobretudo desenvolve-se a capacidade de sofrer menos os embates dos inevitáveis contrastes nas comparações. Lembro-me que há anos, nos tempos de Soares-PM, haviam duas frases que ficaram célebres - temos de viver com aquilo que temos e há uma luz ao fim do túnel. Hoje, em tempos de Sócrates-PM, devemos pensar que temos que viver com aquilo que não temos, para além das dívidas, e luz no túnel, nem vê-la.

Ao que eles chegaram...

... já não se respeita nada. Assim não vão para o céu.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Metas intercalares


Certo, sei que ainda estamos na 2ª, e que até 5ª ainda pode o tempo virar. Mas facilitemos o sonho - estiveram uns desgraçados meses de consecutivo mau tempo, com frio, chuva e vento, estamos às portas de Junho, tenho folga nesse dia, assim espero. Então que seja legítimo começar a saborear, um prazer antecipado de uma rotina mais que deliciosa - nas orelhas pouca música, mas da boa; na pele muito protector solar; para a barriga, umas sandochas e um rosé, sim rosé na praia, e especialmente gelado e aconchegado até á hora da degustação, e à beira mar, que eu não sou de nectars à refeição; para umas pausas, talvez a Visão, ou o livro que teimo em não iniciar, e para o puro prazer, muitos mergulhos até entupir os ouvidos, e apanhar alguns mexilhões e lapas para o tacho a servir no pôr-do-sol aqui no Castelo. Não sem antes, dedilhar uns languidos acordes numa das meninas do harém. Há coisas melhores? Claro que há, mas esta chega-me perfeitamente, e a vontade de mar, do sol e do bom tempo é grande. E só faltam dois dias. Depois vêm aí as sardinhas, mas isso são outros 500.

Sobre os Parabéns

A propósito dos votos de parabéns, (vide o meu post anterior sobre o assunto) sempre bem vindos, há que considerar que serão sempre uns parabéns e nunca uns Parabéns, dada a circunstância da falta de uma peça fundamental e insubstituível, o Pai. Logo, por mais adornos que se coloquem no altar, serão sempre uns parabéns menores. Aceito, como me ensina a prudência, e consciência de que nada ou pouco sei, bem como a outros, que existam explicações, quem sabe, perfeitamente entendíveis, e que espero vir a conhecer, se as coisas acontecerem como tão certas me dizem. Contudo, considero lícito o sentimento que nem chega a ser de contestação, mas tão apenas de questionamento, e por isso renovo, em meu nome e decerto de muitos, a simples questão - porquê?
Num universo de pessoas em que de certa forma, todos já demos para o mesmo peditório, é lícita a pergunta de quem necessita da explicação, no lugar da consciente conformação de contribuir para o peditório de boca calada.
Estou certo que, no entendimento de uns, vários Pais, onde poderá estar o meu Pai, estão neste momento esses Pais, em observação dos movimentos e atitudes dos daqui, desses uns, e dos outros, onde me incluo, que apenas não se cansam, nem se cansarão de procurar a resposta à pergunta.
Que seja, não me me incomoda mesmo nada a ideia de que neste preciso momento, vários Pais, que outrora conheci por aqui, juntos com outros Pais, que os sei, mas nunca os vi, comunguem numa alegre cavaqueira celeste. Eu porém, só quero saber o dito porquê, qual o critério, porque vai o B em vez do C, e não foi o D, que não andava cá a fazer nada, e outros considerandos. É uma mera pergunta. nem é contestação.
E afinal, perguntar é-nos lícito, e reza nos escritos, pois se até JC questionou o Pai, episódio muito bem retratado na ópera rock Jesus Christ Superstar, aliás a minha música preferida de toda a obra - why should I die? I want to know my Lord...

domingo, 16 de maio de 2010

Obrigadinho

Obrigado à M80.
Não é todos os domingos que um gajo anda a pedalar na sua bicla, e o telefone lhe toca duas vezes com a mesma novidade - é pá, está a dar a tua música no M80, estás a ouvir? Com a confusão claro que não deu tempo, mas fica-se assim um bocado para o orgulhoso. Tipo, ver um filho na televisão, apontar para o ecran e dizer - olha ali, no canto esquerdo, coisa mais linda. São pequenos momento de felicidade, estes da ribalta, e não faz mal nenhum gostar-se deles.

sábado, 15 de maio de 2010

Viródisco

O senhor cantou muito bem, foi pena não cantar só as portuguesas. Desculpe? Pois, só devia ter cantado música portuguesa. O senhor é brasileiro? Não... É americano? ... 'Tá a ver, foi mesmo pena, mas gostei muito. Ainda bem que gostou. Gostei sim, e venho cá mais vezes, mas porque cantou as brasileiras e as outras? Porque gosto. Mas o senhor, qual é sua graça? J . O senhor J é brasileiro? Não, sou de Cacilhas. Então! 'tá a ver! Só tinha que cantar as portuguesas! Mas... O senhor, e peço desculpa, só tem de cantar as nossas músicas e não essas estrangeiradas, mas cantou muito bem. Obrigado. Foi pena as brasileiras... E as outras. Pois, essas também. Foi mesmo pena. Mas o senhor gostou. Gostei, mas as... Já sei, as brasileiras e as inglesas. 'Tá a ver, como o senhor sabe, já outros lhe disseram! Não... Mas o senhor é português! E de Cacilhas.
Então porque é que... Farei assim - quando o senhor vier aqui de novo eu canto as brasileiras e as inglesas em português, e se possível, em fado. Que lhe parece? Isso é que é falar. Até para a semana.

Será que tenho cara de Jukebox?
Bem, o outro tinha bafo de barril...

Parabéns Bibicas


Hoje a minha sobrinha faz dez anos. Será um dia especial para ela, como o são todos os dias importantes, que se esperam com a ansiedade natural, e muito mais quando se é criança. São os colegas de escola, as prendas, a festa, o bolo, as brincadeiras, a família. Tudo contribui numa comunhão a favor de tornar feliz e único este dia, pois afinal é tão bom fazer-se anos.
Falta o pai, na festa. Quiseram as circunstâncias da vida, e neste caso da morte, que este seja o primeiro de todos os restantes aniversários da Beatriz sem a presença insubstituível do pai. Não o puderam reter na vida que tinha pela frente, os homens e as mulheres da medicina, incansáveis que foram na luta contra a doença. Que ninguém me venha dizer que foi por vontades divinas, pois já dei muito para esse peditório. E convenhamos, até o mais acérrimo defensor desta ideia, se sofredor de uma qualquer maleita, irá certamente ao hospital e não à sua igreja.
Voltando ao início - hoje é um dia especial, e cabe aos que por aqui estão fazer deste dia, o melhor dia possível. Mesmo sabendo à partida, que existe dentro do coração da Beatriz, um grande buraco vazio que nada nem ninguém poderá preencher. E muito menos explicar, porque há coisas que não se conseguem explicar. Muito menos a uma menina com dez anos.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

trio


E conforme descreve a Antígona, ontem, na taberna do Taberna, reservada só para três, falou-se, comeu-se, bebeu-se, cantou-se, riu-se, concordou-se, discordou-se, cantou-se e tocou-se. As horas voaram, e o Taberna tinha de fechar. Lá fora os ares frios do Tejo mandaram cada um para o seu ninho. E ficou a vontade de repetir, pois então. Pois de tudo o que se fez, o mais importante - viveu-se. E só se vive uma vez.
Nota sobre a fotografia:
não somos nós.

Com papas e bolos...


E o homem a quem chamam, de santo, porventura porque fez algum milagre, outrora pastor alemão, depois de visitar a terra onde os pastorinhos receberam confidências, que alguns atribuem grande mistério, está de partida, vai hoje para Roma, para leste.
Para trás ficam as multidões, os choros, os risos, as velas, as promessas, as emoções, e as comoções, os peluches Made in China a debitar o Pai Nosso, em sotaque de Vera Cruz. Vai-se o papamóvel também, e a comitiva. Ficam os helicópteros, os caças, as limousines, os seguranças, as tropas, as brigadas e os serviços secretos. Fica o Aníbal a pensar nos casamentos gay. Ficam os devotos rejubilantes, com mais um não ao aborto. Ficam os preservativos por distribuir, e o silêncio sobre a Sida. Sobre a pedofilia, apenas um lamento em forma de vitimização - o mal vem de dentro. Ficam as ruas por limpar, o quotidiano por retomar, e as contas por fazer, da despesa que causou ao meu país, esta digressão, onde o disco que toca é sempre o mesmo.
Ficou-me a imagem de Salazar, na única alusão de sua santidade a um português, Cerejeira, de seu nome.
Do balanço à visita, Cavaco já veio a público dizer que é positivo, que a visita deu "esperança" ao povo português. Eu discordo, e corrijo, a visita não modificou em nada, a pouca qualidade de vida cá do pessoal. A haver uma palavra, a adequada seria "desespero", dadas as recentes medidas fiscais.
Da visita do papa, eu diria que, de leste nada de novo.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

eterno enquanto dure


Da casa dos meus avós paternos, em Arroios, saiu um considerável recheio. Espólio dividido entre os cinco netos, onde cada um ía escolhendo esta ou aquela peça, por afinidade, uma vez que cada um de nós cresceu com aqueles pertences. Não me desfiz, até hoje, e já se passaram quase quinze anos, de nada do que de lá carreguei, e em cada um desses objectos revejo os bons e tranquilos momentos em que eles, os objectos eram reis e senhores da enorme casa de Arroios, dando-lhe vida. Mais que móveis, dos que me couberam, eles fazem parte da vida dos meus avós, e de quem lá morou, e fomos muitos. Ainda hoje sei os pertences que meticulosamente a minha avó colocava em cada um deles. E de certa forma, neles vivem ainda os seus antigos donos. Por isso, dediquei parte da minha folga, no restauro de um deles. E faz todo o sentido que assim seja.

Otarilândia

placas como estas podem ser encontradas em Espanha, na fronteira com Portugal
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definição da palavra:

"pessoa que se deixa enganar com facilidade"


revisão da definição, aplicada ao povo lusitano:

"pessoas que se deixam enganar com facilidade e sucessivamente"

E é como me sinto hoje, eu, português de nascença, mas não de coração e alma, não por culpa própria, mas de terceiros - um otário. Sinto-me também, para além de otário, uma espécie de companhia de seguros, em que os segurados são os mandantes deste país, eles batem e eu pago, eles gastam, e eu pago, eles compram e eu pago. Hoje para além de, otário e espécie de segurador sinto-me roubado. Hoje, como aqui previ, meses atrás, vão os portugueses, os otários, ser ainda mais tributados, e não tenho dúvidas - não vai chegar, e nem vai ser solução.


quarta-feira, 12 de maio de 2010

porque será...

... que cada vez que oiço falar do papamóvel...
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... me lembro do batmobile?
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cordão umbilical


Reconhecemos nos pequenos momentos, o quanto é bom sermos pais. Reconhecemos também nesse exercício, os filhos que fomos, os pais que tivemos, e os dois lados da barricada. Cada etapa do crescimento dos filhos, reflete-se naquilo que fomos e também na nossa própria etapa, pois afinal, o calendário é o mesmo, e daí resulta que todos os momentos são momentos de aprendizagem mútua, e em cada um desses momentos existem lições a tirar. É uma evolução constante, agradável e saborosa em muitas ocasiões, dolorosa e difícil em outras. Mas o saldo apurado é sempre positivo, quando existe o reconhecimentos desses laços que unem os filhos com os pais. Um cordão umbilical eterno. Quem assim não pensar, e sobretudo assim não agir, nunca foi um filho na totalidade, mas apenas por uma metade, nem nunca o será como pai. Tenha-se a idade que se tiver.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Que mais irá acontecer?



Isto está mesmo do bom, esta semana:

Os benfiquistas não se calam, o bom tempo foi-se, as cinzas voltaram, o Queirós não convocou o Moutinho, o IVA sobe, o décimo terceiro vai-se, e para ajudar à festa, Her Ratzinger já levantou voo e dirige-se a Lisboa. E ainda é terça feira...

Duas músicas, de sinal inverso, para cantarolar hoje - Sou, sou, Benfiiiiica, e Come a papa, Joana come a Papa.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Baptismo


Poder-se-á chamar contradição a alguém que, como eu, embora baptizado de tenra idade, mas não praticante, e muito, mas muito crítico e questionador em relação à Igreja e seus procedimentos, ter aceite ser padrinho, do filho da melhor amiga, e mesmo não sentindo nada daquilo que foi ritualizado ontem, em missa, conjunta com catorze baptizados de uma rajada? Serei contradictório?
De facto, recriar toda aquela encenação, pareceu-me ontem mais que fora de muitas verdades. De facto, achei que da missa, apenas gostei dos cânticos, na óptica do músico. De facto, achei um bocado venda da banha da cobra a publicidade à visita do Santo Padre. De facto, as frases que tive que repetir, e o acto de acender uma vela, nada me disseram. De facto, o meu único dever ali, naquela igreja, foi mesmo, o de assumir o meu compromisso, para com quem partilho fortes laços de amizade. Um caso de - os meios justificam os fins. E caso, isso seja contradição, paciência.

sábado, 8 de maio de 2010

do ensaio ao espectáculo sobre a cegueira

Hoje é sábado. Gosto dos sábados. Prenunciam um fim de semana, e a liberdade de se fazer e inventar o momento, mesmo que sendo uma rotina, ou não. Nos sábados, gosto de deixar a semana para trás, e retemperar as forças, e as ideias. Poderia aqui falar de um sensacional encontro musical com alguém, com quem toquei, nos meus 16 anos!!! Poderia sim, mas isso fica para depois.
Hoje, não porque é sábado, mas porque me sinto mais uma vez roubado, só me dá para falar, e pensar, no TGV. Eles, os cegos, vão mesmo fazer um comboio, muito rápido, que ligará Lisboa a Madrid, e como apenas leva passageiros, ficaremos todos mais modernos, mais ligados à Europa, e Portugal ficará mais competitivo!!!
Esqueçamos que Madrid está a meia dúzia de horas de carro, e sem portagens, depois de Elvas. Esqueçamos que podemos ir a Madrid por 50 ou 60 euros, em low cost. Os cegos, e surdos vão-me endividar, porque me querem ligar à Europa. A mesma Europa, de onde já se escutam vozes, e não só as de cá de dentro, alertando quanto ao risco de novos endividamentos. Bem podiam os cegos, e surdos ficar ao menos mudos, mas não ficam, debitam comparações ridículas, como a afirmação de este caso é semelhante ao da construção da ponte sobre o Tejo. Nem se dão sequer ao trabalho de se lembrarem que em 1966, Portugal não estava falido, que a ponte mais próxima estava em Vila Franca de Xira, e que o custo da obra foi pago, dentro das previsões, pelas portagens, o que não vai acontecer com o TGV. Quem vai pagá-lo somos todos nós, mesmo que nunca o usemos. Os cegos sim, irão usá-lo, e de borla.
Bem, agora que já larguei aqui a minha indignação, vamos ver o que se pode fazer num sábado de chuva.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

70's


A M80, tem vindo a brindar os seus ouvintes com temas velhinhos de Carlos Santana, talvez porque o mestre vem tocar a Lisboa no dia 25.
Escutar hoje o Samba pa ti leva-me directamente à estação da minha vida, em que tentava a custo copiar o solo de guitarra, para orgulhoso da proeza, o exibir nos bailaricos da zona, no conjunto Sound Five. Tocar o Samba pa ti era como que entrar no quadro de honra dos solistas da época. Belos tempos esses, em que se dissecava um LP, primeiro a ouvi-lo vezes sem conta, a decorar literalmente cada detalhe da capa, e a tirar os solos do do Oye Como Va e do Black Magic Woman.
Melhor ainda era colocar o Samba pa ti, nas festas de garagem, encontrar o par certo, lei-se, rapariga que se colava ao nosso corpo, e esperar que alguém próximo do gira-discos colocasse em seguida o Dark Side, mas isso eram outros quinhentos.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Escapar é preciso


Depois de uma atribulada batalha por um sinal de internet, que teimava em baixar, e se perder, até ao descalabro de não o ter por mais de um dia, com transtorno directo no trabalho, porque o resto pode sempre esperar, eis que retorno às merecidas escapadelas, e para inaugurar, nada melhor do que o mergulho inaugural da época nas cristalinas águas de Galápos, que hoje estava assim (ver foto acima e ao centro). Segue-se uma tarde de músicas. O mexilhão e o branco seco? Só mais tarde, que o dia de folga tem de esticar.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Há sempre uma primeira vez

Acabo de me inscrever, sou voluntário.

A verdade da coisa

Sou adepto do real, não do ilusório. Mais que adepto, exijo, e quando me sinto enganado ou iludido, afino, vou aos arames, e reclamo.
Por isso não suporto o karaoke e seus craques, nem os midi-files, e por isso não suporto suportes gravados em exibições ao vivo. O play-back mete-me nojo. Se assim o sou na música, sou-o também nos restantes capítulos da vida. Quando é para a fantasia, deixo-me embalar, e desligo do real, e no que é real não deixo por menos do que a situação seja... real.
Por vezes num almoço, como o de hoje, em que fomos muitos, e logo, muitas opiniões, as conversas extravasam, e o discurso que manipulou as conversas, foi, desde as azeitonas à bica - o FCP/SLB. E claro, que num universo maioritáriamente SLB, o coro de protestos foi constante, bem como as juras de vingança, e a promessa de festão no próximo domingo. Até que um ilustre, e quase desconhecido, adepto assumido de um também quase desconhecido Vitória de Setúbal, proferiu uma afirmação que incendiou ainda mais os inflamados SLBs - para que recorrer a batota, quando se tem o mérito? Porque não ganhar sem batota, quando afinal até se tem a melhor equipa e o melhor futebol?
Concordei, e pensei que nunca poderia divulgar a minha música, e conseguir os meus intentos, recorrendo a recursos dúbios. Perderia todo o sentido. Se é música, que se faça música, se é desporto que se pratique o desporto.
Contudo, já de saída, ainda divulguei à mesa, o meu lado corrupto em forma de dúvida - se me pagassem bem, num qualquer concurso de músicos, eu desafinaria a viola do meu concorrente?
Hummm, não creio. Nem todos são bemmequer, nem todos são malmequer, nem todos são benquerença. E ainda bem.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Ela, a net

Hoje, finda a labuta preparava-me para atacar duas músicas na net, cuscar aqui e ali, e depositar um post aqui, e nicles, ela, a net, foi-se.
Confesso aqui que dependo moderadamente da internet. Com os tempos e suas mudanças, acostumei-me, e acomodei-me quanto às vantagens deste prodígio. Se no dia a dia profissional ela, a net, se torna cada vez mais presente, e por isso há que jogar numa corda-bamba, entre o uso, com o devido proveito, e a capacidade de autonomia, quando ela, a net, não está presente, no campo pessoal há que usar do mesmo truque, usar sim, servir-me sim, mas alto aí, nada de dependências. Se não falas pela net, telefona, se não há rede, visita. Se não podes tirar os acordes, e as letras, com ela, a net, vai tudo à moda antiga, vulgo - à mão. Em muito outros aspectos, sou irredutível - prefiro o olho no olho, e um cafezito, ou porque não um jantarinho, em vez do matraquear dos dedos, em sessão do messenger, e recuso solenemente as hortas do Facebook, pois não há nada melhor que cuidar dos meus canteiros de hortelã, salsa e coentro. Faça chuva ou faça sol. E o cheirinho que deitam? Nada a ver.

domingo, 2 de maio de 2010

Adiamentos

O calendário anda-me a adiar os prazeres. Ontem foi a viola, hoje a praia. Bem, a praia,naquele sentido de corpo ao léu e mergulho no oceano, porque no sentido de palmilhar areia batida na maré vazia, lá isso valeu, os óculos de sol renderam, ou não fossem os tais progressivos que me devolveram o prazer de olhar tudo à minha volta, incluindo cuscar. De facto só não se levantou voo dado o peso que carrego.

Mudança de planos proveitosa - dia da Mãe, em forma de convite não esperado, nem por mim, que o fiz, à mamã, para um petisquinho. Adorável, e muito bom saber que a Mãe dos meus dias se encontra uma velhinha feliz com a vida. Escutar uma afirmação destas, e fazer parte do processo, tem um sabor sem dimensão. Dos prazeres adiados, valeu este prazer, inesperado.

Vamos então assistir ao desfecho da batalha do FCP-SLB, o qual, pelo que escutei, e já vi, me lembra o verão quente de 75. Tão amigos que eles eram... Só espero que não adiem o jogo. Mas como se diz que não há duas sem três...