quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Spa natural

Porque ainda existem lugares onde podemos desligar-nos do ruído, onde o canto da passarada impera, porque quem por ali passa, cumprimenta quem passa, e quem passa cuida de deixar o espaço como o encontra, para que ele viva, bem como os que por lá vivem. Porque afinal, por mais que nos digam que não, o Homem e a Natureza devem estar em sintonia.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Museus


Embora nunca tenha integrado uma Banda Filarmónica, sempre tive muita intimidade com este mundo. Toquei com muita gente pertencente a filarmónicas, e, frequentei, toquei, e ensaiei, anos seguidos nas Sociedades e Colectividades, cuja jóia da coroa era precisamente, a Banda.

Quando visitei o Museu do Fado, nem por isso gostei muito. Na minha humilde opinião, falta-lhe uma característica essencial no Fado - A Alma. É um museu, sim senhor, tem por ali espólio, informação, e conteúdos, mas carece da dita Alma e Tradição. Direi que é melhor este museu do que nenhum, mesmo sendo snob, mas a alma, a tradição, e a essência do que é Fado, não vivem naquele edifício.

Acabo de ver uma colecção de fotos, na rede social do momento, sobre a inauguração do Museu de Música Filarmónica, em Almada, pelo que me foi dado a ver na centena de fotos publicadas, o tributo à filarmonia, perde para o conceito de novos formatos, que, mais uma vez, não respeitam a dita Alma.

Dependendo da acessibilidade de acesso ao museu, nesta moderna Almada, estraçalhada pelo comboio urbano, talvez por ali passe em busca da dita Alma, mas apenas se não se pagar um balúrdio para parar o carro, e a entrada for livre, à semelhança do que acontece nos museus lisboetas. Que isto do direito de Cultura para o povo não pode ficar só nos discursos de inauguração.







ainda nas fotografias

Descobrir novas criações é tão gratificante como desafiador. Se na música, os utensílios electrónicos servem para modificar o resultado final, algumas vezes de tal forma, que uma versão modificada pode dissimular totalmente o original, na fotografia, existem igualmente ferramentas para darmos largas à nossa imaginação. Sendo um adepto do simples e do original, não vou fora do desafio proporcionado pelas novas tecnologias, e ao gozo que começa no justo momento da contemplação, seguido do momento da captura, e culminando com o tratamento das imagens até ao resultado final. Isto claro, dentro dos critérios pessoais de gosto e prazer. É assim como que, ir à pesca, apanhar o peixe, cozinhá-lo e depois degustá-lo.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

viagens na minha terra


Há tempos que não ia à "terra". De vez em quando dão-me estas nostalgias, mas penso que são entendíveis, dado que foi ali que nasci, por ali morei, ali fiz a minha 4ª classe. Sei que haverá uma explicação. Sei que uma coisa é Cacilhas, e outra é Almada. Mas se ambas se colam e complementam, porque raio, a zona ribeirinha está tão bem tratada nua determinada área e tão votada ao abandono noutro. Claro que o lado degradado é o do Cacilhas, antes como hoje, parente pobre de Almada. 

Nobel Obama

Quando em 2009, Obama recebeu o premio Nobel da Paz, por aqui falei, e certo que não fui o único, do estranho que é, o Premio antes do Feito. Porque é uma lógica desprovida de veracidade.Logo, uma farsa. É como receber a medalha sem ter ganho a corrida, ou mais ridículo, sem sequer ter participado. A aparente descontração e simpatia de Obama, e até as boas intenções. que como dizem, enchem o inferno, não têm chegado para alcançar o direito ao Nobel. Os recentes acontecimentos no médio oriente, e o vislumbre do que este conflito pode gerar seriam um bom motivo para que Obama justificasse merecer a medalha. Porque tal como por aqui também se disse sobre outro presidente, o caseiro Cavaco, não se é Homem só porque vestem as calças, tal como não se é presidente só por cortar fitas e dar abraços.

dementes

Sinto cada vez mais a sensação de que somos cobaias. Pior. Não cobaias dominadas por gente com fins justificáveis, mas uma espécie de marionetas, manipuladas por gente imatura e inconsciente, que vai fazendo experiências à toa: deixa lá ver como é que os gajos reagem a esta porrada de impostos. Leia-se - quantos vão sobreviver, dado que no espaço de tempo que decorre entre a aplicação da medida e o seu termino, acontecem as inevitáveis baixas, irreversíveis. É uma política cega de terra queimada. O que estão a fazer aos profissionais da restauração é um acto criminoso, descabido de qualquer sensibilidade ou conhecimento da realidade. Trata-se jogar com a vida das pessoas.
Criminosos estes senhores, que além de serem perigosamente dementes, são estúpidos, porque nem sequer deram atenção ao aviso da patroa alemã - a solução para Portugal está na manutenção, apoio e expansão das micro, pequenas e médias empresas - disse. E os exemplos estão à vista por essa Europa. Os bons, a norte, os maus, a sul.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Foto & Música

A par da Música, a fotografia tem sido um dos prazeres que mais tenho cultivado nestes tempos mais recentes. De certa forma, são duas artes com alguns pontos em comum, pelo menos no que toca aos desafios da criatividade. Na viola e voz, tal com nas fotos, podemos tentar reproduzir e captar tão perto do original quanto os dotes nos permitam, bem como podemos criar dentro da criação, na música chamamos-lhe versão, nos retratos dizemos que é edição. Nos dois casos impera o nosso gosto, a nossa sensibilidade ao que nos propomos. O resultado pode ser maravilhoso para uns, e uma bosta para outros. Mas como gostos não se discutem, impera o prazer de criar e desfrutar do resultado, nem que seja para gozo próprio, o que não é o caso, mas mesmo que assim fosse, funciona isto, do criar, como uma espécie de terapia, muito necessária nestes tempos de pensamentos cinzentos.
foto editada - tirada no Seixal, entre os antigos Paços do Concelho e a Igreja.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

e afinal eles movem-se



Diziam que a nossa polícia era um mimo de exemplo. Diziam que, aguentavam serenos, as investidas do povo, quiçá, por solidariedade, quiçá porque os seus bastões não beliscariam o pelo do tuga, contrariando o bastão grego, o espanhol, o italiano...  Tudo tretas. Alguns (poucos) provocadores estavam a pedi-las, e a polícia (todos) estavam danadinhos por malhar na malta. Porque, acredite-se, eles gostam.

Como é possível em pleno século XXI, com toda a tecnologia de ponta, num país que se teima em afirmar de primeiro mundo, que tem os submarinos mais caros e sofisticados, cujas forças se segurança, militar e secretas usam das tecnologias de ponta mais avant, não consegue apurar quem são os tais meia dúzia de provocadores, e desata cegamente a distribuir porrada, sem olhar a quem?

Como podem os dois principais responsáveis neste país, vir dizer que  não viram as imagens? certamente comungam da cegueira policial, e mais uma vez provam a incompetência que vestem. mas também o cinismo e a falsidade, dado que, seguramente sabiam, ou até autorizaram a carga policial.

A malta julga que está em democracia, mas não está. Somos um pouco como as galinhas da minha avó,  que, quando saiam do galinheiro para o quintal, se sentiam livres, mas continuavam presas. Ou muito me engano, ou este mostrar de dentes da nossa polícia foi o primeiro. Outros se seguirão. As lutas podem endurecer. O ministro e algum povo-galinha virão dizer que é muito bem feito, o PM e o PR virão dizer que não tiveram tempo para ver, porque estiveram a trabalhar. A cambada, tão sedenta de banhos de multidão, quando em campanhas, que cobardemente anda a fugir pelas portas dos fundos, e a assobiar a canção não sei, não vi, não estava lá.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

o Dunga


O sentimento não é renovável, nem substituível. No entanto, no coração de quem ama os animais, e particularmente, os cães, sempre cabe mais um. Quer a natureza que eles não durem tanto tempo como nós. E com a natureza não se discute, nem decerto haverão argumentos. Enquanto puder, e enquanto me for permitido, assim farei, renovarei o vazio deixado pela Amiga que se foi, por um aparentado Rapaz, que já se vai acostumando aos cantos da casa. Bem vindo, Dunga.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

14/11

Farias hoje 78 anos. Mas nem aos 61 chegaste. Uns dizem que é o destino. Outros, que é a vida... controverso modo de apelidar a morte, dizer que é a vida. Mas enfim, é o nosso lado do fado, do dramático. Decerto estarias um velho tranquilo, bem reformado, em harmonia com a família, as tuas moedas, os teus selos, as tuas voltinhas à beira mar. Ou talvez não, talvez as limitações da idade te não dessem a chance desses pequenos prazeres, mas tal como a senhora minha mãe, com quem casaste, decerto saberias tornear as dificuldades e tirar partido do possível. Estarias mais rabugento, eu mesmo já estou... teria de haver paciência para te aturar, mas tudo isso faz parte do universo dos afectos. Terias tido o avô por cá mais uns anos, deduzo. Creio que o avô se foi, logo a seguir a ti, por consequência da tua partida. Ironia das ironias, um homem que tanto valeu a tantos, e sempre lhes abriu as portas, acaba por não encontrar nenhuma (porta) aberta na velhice. Ficar velho, sem amparo, é fodido. E fatal.  Voltando a nós - muito ficou por fazer, muito ficou por dizer, não se gastaram as conversas, não se falou de tudo que sabes que eu sei, e nem daquilo que julgo que sei que sabes. Soube que das tuas últimas palavras disseste que me levavas atravessado. Pois, eu entendo-te, talvez por isso eu possa pecar por exagero quanto aos teus netos, porque estou sempre a tagarelar, até à exaustão. Não tivemos os tão ambicionados serões à lareira, nem reabilitámos os nossos jogos tidos na Rua de Arroios, e na Costa, o xadrez, a canasta, o crapô. Tão pouco houve tempo para te ensinar a tocar viola, ou pelo menos tentarmos, dado que, como sabes, sou pouco paciente. E voltando de novo ao avô - irónico também que, por via da tua partida, foi ele que, durante alguns tempos, e belos tempos, usufruiu dos nossos planos (os meus e os teus). Foi com o avô que tive longas conversas, algumas que levarei comigo, bem como lhe escutei narrativas das viagens do navio, das terras e pessoas que conheceu. Foi o avô e não tu que deu belos passeios ali pelas redondezas da minha casa, alguns, até à casa da ex-nora. Foi o avô que comeu e bebeu até se fartar, pois grandes petiscos lhe fiz, com toda a dedicação. Digo-te isto tudo, porque sou daqueles que não acredita que os mortos andam por aí a ver as coisas dos vivos, e a ler-lhes os pensamentos e etc. Pois se assim fosse não estaria para a aqui a gastar latim.Por isso, e para terminar, renovo o que já disse no mês passado - depois destes anos, fica a saudade. E ficam as recordações, essas sim vivas, porque quem parte, se estimamos, permanece sempre vivo dentro de nós. Por isso te escrevo hoje. Por isso tenho o teu Omega no pulso.

Teu filho

PS just in case
Se eu estiver errado, e existir o tal céu, e todo o restante assunto que os padres dizem haver, dá um beijinho à avó, e outro ao avô.

greve - feriado VS espanha - portugal

Mesmo que se considerem percentagens, mesmo que nem todos ajam do mesmo modo há que observar, e acima de tudo, pensar.
Hoje em dia de greve para lá das fronteiras, as notícias dizem que lá do outro lado, se é greve é para doer, sem equívocos, o resultado - tudo encerrado.
Disse-me um bem informado passarinho, que por outras palavras significa, de fonte segura, que as grandes superfícies comerciais instaladas em solo lusitano têm por norma reforçar o pessoal das caixas, em dias de greve. O motivo é óbvio, o movimento duplica, tal como nos dias de feriado.
O que nos leva à triste conclusão de que nem só os políticos são culpados das situações.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Pantufa

Diz-se que os animais nunca nos enganam porque não falam. Os animais têm o dom do acto, nunca da palavra. Um animal transmite-nos por gestos, os afectos, os medos, as alegrias, que lhes vão na alma. Terá um animal alma? Não o sabemos. Sabemos que um animal, se acostuma a nós, e nós a eles. Tal como os humanos. Sabemos que um animal entende muitas das palavras que lhe dirigimos. Tal como os humanos. Sabemos que muitas vezes é preferível a muito humano a companhia do seu animal, do que a de outro humano. O animal carrega em si todas as coisas boas que gostamos nos humanos, e por ali se fica, porque é puro de sentimentos. Logo, a pergunta - devemos chorar a perca de um animal, como se de um ser humano se tratasse? Onde reside o limite de amor por um bicho? Quais os parâmetros do razoável, do aceitável? Até onde podemos levar o nosso desgosto sem que nos venham dizer, olha lá que é um cão, não é uma pessoa... 

Acabo de saber que a vou perder. Tem uma doença dita dos humanos. Um cancro. Implacável e infalível, como nos humanos. Resta-me recordar as alegrias que deu a todos os que a amaram, e a vida feliz que teve. Resta-me, se me der vontade, chorá-la como se de um ser humano se tratasse, porque é um facto que admito,  foram anos de amor retribuído. Até sempre 'Tufa.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

voos

Foi há dois anos. De lá para cá, não mais voei. Conhecer outros mundos, outras gentes, outros cheiros, outros aromas, os seus locais, as suas músicas, as suas comidas, devia ser mais que um prazer, um direito acessível e não um pequeno luxo.
Mas se os tempos mudam, as pessoas nem tanto. Tiram-me a possibilidade do pequeno luxo, não me tiraram ainda a vontade de outros voos mais acessíveis, quem sabe de igual ou maior prazer, como por exemplo o de preparar algo do tipo - termo com café bem quente, olhar a leste e assistir ao nascer do sol, e no leitor de cd, a música: I can see clearly now the rain is gone. What else?