sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

o 5º elemento


Durante os 30 anos que se passaram após o dissolução da banda, pouco se soube dele. O TóPê, membro fundador dos Iodo, sempre foi um mistério e um guru para mim. Dos três autores de canções, ele era sem dúvida o grande criador, genuíno, de palavras, acordes e harmonias. Fazia-o com uma naturalidade e facilidade desconcertantes. Dele guardei, do período que com ele passei, saborosos momentos musicais, de tertúlia, de viagens e hoteis, e de estúdio, que nunca esqueci. Guardei também a sua preciosa sebenta, plena de escritos, uns vagos, outros longos, apontamentos dispersos passados, da sua mente mirabolante para o papel. Episódios únicos, existiram muitos, tais como tocar de ceroulas, ou tocar todo o concerto voltado de costas para o público. Outros, complicados - fugir a correr do palco, no Rossio, e só ser agarrado por dois colaboradores nos Restauradores. Ou começar a bater com a guitarra baixo no palco provocando ensurdecedores decibéis. Quando inspirado, o TóPê deslumbrava tudo e todos com a sua arte nata de tocar. Totalmente imprevisível, o TóPê teve de ser afastado, e com ele se foi a veia criativa e mote inspirador de um grupo de jovens que um dia concretizou o sonho de tocar no dramático de Cascais, na primeira parte do Iggy Pop, concerto esse, em que o único músico em palco que se manteve calmo, e não meteu água, foi... o TóPê.
Recentemente, um amigo comum encontrou-o, de boa saúde, e receptivo a um jantarinho que creio vai ser histórico, com muitas recordações, palavras e cantigas à mistura. Estou ansioso que aconteça.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

2012

Faz cerca de um ano que por aqui escrevi que 2010, não me deixava muitas saudades. Hoje, o mote é o mesmo. Para pior. Desde o início da semana que vou escutando aqui e ali, os votos - um bom ano!!! Atrevo-me a dizer sem pessimismo que não vai ser um bom ano. Quanto muito eu desejo à laia de saudação, o melhor ano possível, e com saúde, dado que vai ser proibitivo ficar doente por estas paragens. Não creio que as mentalidades mudem assim do pé para a mão, e sabe-se que sem se mudar de vida, não haverá a tal luz lá no fundo do túnel. O pior de tudo isto, é que a malta não faz a mínima ideia do que por aí vem. Muito menos a cambada de miúdos que supostamente nos devia governar. Vêm aí os tempos de nostalgia, os tempos retro, os tempos anos 50, e por isso faz muito sentido, como diz a minha Amiga Antígona, voltarmos aos novelos de lã, e ao faça você mesmo. Por enquanto, qual canto do cisne, os tugas continuam a bater os seus recordes - os que gastam mais dinheiro em telemóveis, os que fazem mais pequenos almoços fora de casa, e outros fenómenos de um povo que não se governa nem se deixa governar. Vamos lá então treinar para 2012, e comer uma sopinha.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

fragilidades de Natal

Já é quase como o bolo rei, e as rabanadas. No Natal, se me descuido e lá vem uma constipação mais forte que me deixa em apuros com os compromissos musicais, dado que a danada me afecta principalmente a garganta. Desta vez até sei quando e onde a apanhei - a ver o mar, sem a devida protecção térmica, ao passar do ambiente quentinho do carro, para o areal onde corria aquele ventinho gelado na manhã natalícia. São nossos descuidos, e a nossa fragilidade. Que o diga a D.Palmira, que hoje ao ver-me espirrar, exclamou bem alto - GRIPE - e logo se apressou a fugir de mim, explicando-me a distância segura - desculpa lá, mas não posso apanhar nenhuma gripe. depois da operação que fiz, o médico disse-me que se tossir, posso-me ficar. E eu a pensar que era frágil...

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

prenda de Natal

O dilema assolou-me. Que presente de Natal, dar à senhora minha Mãe? Detesto dar ou receber prendas sem nexo, só por praxe. Dos seus gostos, sou-lhes sabedor, e daí, saber-lhe as limitações. Um livro, seria um tiro certeiro, para quem passou uma vida a ler, mas a idade traiu-a. A visão foi-se-lhe sumindo. Música, seria a segunda opção, porém várias vezes fui informado - tenho música para ouvir até ao resto dos meus dias. O mesmo recado quanto a roupa, e por mais que se diga que mais um trapito faz sempre jeito, lá caíria eu na corriqueirice. A prenda quer-se com uma ignição capaz de provocar alegria, sorriso, surpresa. E por estas vielas, juntas com a exclusão das partes, concluí que à senhora minha Mãe, a natureza ainda não lhe retirou o apetite, e o prazer do disfrute da boa comida, pelo que comprei o maior camarão tigre que encontrei, e confeccionei-o no momento, para prazer e felicidade da própria, que mesmo com a visão debilitada, consegui identificar a iguaria, tão grande lhe era o tamanho. cujo Disse-me no final do repasto, que estava delicioso, e que nunca recebera uma prenda tão original e saborosa. Anuiram os restantes presentes, que pelo bem que cheirava, devia estar, sim senhor. Questionado sobre os meus dotes culinários, a resposta foi a que ouvi em tempos - quando se faz com amor, tudo nos sai bem.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

filminho de Natal

Porque sou fâ do realizador, e do actor principal. Porque a música é mágicamente arrepiante. Porque nele, entra o Natal. Porque revela com simplicidade o que de melhor e pior existe na espécie humana.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Espírito de Natal


Encontro-me em modo de navegação do espírito natalício. Não obstante as agressões externas, nos próximos dias irei dedicar-me tanto quanto possa, à verdadeira qualidade de vida, simples, bela, e despojada das ilusões materiais, as quais, não as podendo dispensar de todo, usarei na medida e forma certa. No caso da música, exceptuando os compromissos fora de portas, aos meus ouvidos e sentidos apenas servirei os clássicos. O espírito assim mo dita.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Segurança

Assaltaram há pouco, a dependência bancária aqui em frente. Felizmente não houve violência. Levaram só a massa, contudo, decerto as marcas ficarão naqueles que viveram o momento. Ontem, ao ver o nosso pessoal governativo, a dizer aos portugueses que podiam ficar descançados quanto à segurança, não deixei de esboçar um sorriso, embora que amarelo. Triste portanto. Porque é grave este alastrar de criminalidade, bem como grave é a inconsciência daqueles que vêm para a televisão dizer paternalmente para ficarmos descasados. Corrija-se. Escusamos de ficar descansados.

Festas

Num vai e vem anda o meu povo. De cá para lá, numa azáfama capaz de enganar os homens da troika. As compras para o Natal são mais que muitas. Ele é brinquedos, bebidas, bacalhaus e bolos-rei. Tanto embrulhinho e tanto lacinho. Enchem-se os parques de estacionamento dos grandes espaços, de carros que despejam gente sem paciência, implicante, e irritadiça, e logo nesta altura que se quereria de paz, e mais do que de paz, de ganhar fôlego para enfrentar um 2012, que se afigura peso pesado. É o stress do meu povo. E como se não lhe bastasse o stress natalício, logo a seguir há que pensar onde passar a noite de fim de ano, uma noite especial para uns, uma noite igual às outras, digo eu.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

karaoke vs política

Porque a quem me convidou, não podia dizer recusar, lá me arrastei em noite de domingo a um jantar de grupo, daqueles onde habitualmente estou presente como animador. Não foi desagradável de todo, não obstante, as maratonas de cantoria, me recomendassem o aconchego do sofá. Passados que foram os rituais dos aperitivos, da comida, e dos discursos, houve lugar a troca de prendas, agora muito em voga, em que se compra uma porcaria qualquer a poucos euros, e se recebe outra porcaria qualquer de poucos euros. Teve este convívio, pelo meio, a xaropada inventada pelos asiáticos, chamada karaoke. E do karaoke não sei o que é pior, se os apresentadores, que cantam alto que se farta, ou aqueles que se julgando cantores, não acertam nem no tom nem no compasso. Tenho apanhado muitas vezes nas minhas peripécias musicais, este tipo de pessoal - que cantam mal como tudo, mas estão totalmente convencidos que são os melhores cantores das redondezas. Exactamente como os nossos políticos. Os primeiros lixam-nos os ouvidos, os segundos, lixam-nos a vida. Uns como outros, deviam ser corridos dos palcos. Pelos motivos invocados.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Sodade



Lata

Se não os conhecesse (forçasamente) de há anos a esta data, eu diria que o casal presidencial que ontem divulgou a sua mensagem de Natal ao seu povinho, tinha acabado de aterrar aqui, de improviso, vindos numa nave de longínquas galáxias. Ou então, eles não entendem o que se está a passar, o que é grave. Ou então sou eu que não entendo, o que, sendo grave, é-o menos. Ou talvez lhes tenham pedido para dizerem aquilo, assim como para parecer bem, porque afinal presidente tem de botar palavra. Ou, e nem quero pensar nesta hipótese, estão a mangar com a malta. Algumas pérolas do discurso(sic): festa de família, parar um pouco - certo Senhor Presidente, mas apenas para algumas, as outras andam sem norte, desmembradas, desalentadas, sem futuro, nem dinheiro, nem vontade. Parar um pouco? Parados já eles estão... Solidariedade, partilha - sempre se disse que o exemplo vem de cima. Que tal reduzir os gastos da máquina presidencial, que segundo se diz por aí, em matéria de despesa só encontra rival lá para a realeza britânica. Da partilha nem vê-la. Todo o Estado, nos sorve em impostos, a partilha que não pedimos. Assim foi e assim será. Considero um insulto vir alguém da política, falar-me em partilha e solidariedade. A minha solidariedade e partilha, demonstro-as todos os dias, semanas e meses. Desemprego, coragem - é fácil de falar, fica bonito, caridoso até, mas gestos que denunciem uma intenção de mudar a agulha, nem um. Que coragem querem incutir nos desempregados de longa duração, aos quais se juntam todos os dias mais desempregados, perante as previsões cada vez mais negras? Bem, talvez seja coragem para cometer o suicídio... futuro melhor - não duvido nada. O deles. É ao qual me refiro. No fim de ter escutado aquela mensagem, só me saiu isto - ganda lata.



sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

ciclos



Partiu deste mundo, ontem, a minha última tia-avó. A última visita que lhe fiz, a pedido da minha mãe, considerei-a maravilhosa. Uma lição de vida de uma pessoa que sempre foi simples, dedicada aos seus, vivendo apenas com os mínimos recursos, como lhe ensinara afinal, disse-o ela, a minha avó. Neto babado que sempre fui, naquela derradeira visita ao Espinheiro, lá pelos lados de Alcanena, tão bem que soube escutar o rol de histórias de quem passou tanta privação numa terra que muitos anos atrás poucos ou nenhuns horizontes podia oferecer aos seus. Quase por imposição da senhora minha avó, lá rumou o casalinho a Lisboa, onde progrediram a pulso nos rumos das suas vidas. Sofrida, esta minha tia, entre sorrisos das lembranças das peripécias vividas, e o recordar da perda recente dos seus dois filhos, fez-me ver de que fibra são feitas as pessoas de coragem. Ontem, com a sua partida fechou-se um ciclo. Outros virão, outros fecharão. De muitas imagens dela, recordo-a equilibrando grandes cestos à cabeça, sem perder a postura elegante no andar. Ensinamento da minha avó, eximía nesta arte de equilibrar volumes à cabeça por aquela Lisboa fora. Hoje, imagino-as juntas, a reverem velhas histórias, lá, onde dizem que se vive para além desta vida.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Quero todas










Invasão silenciosa



Em tempos em que os apelos aqui pelo burgo visam o producto nacional, ao mesmo tempo em que se vendem ao desbarato os nossos anéis, calhou-me almoçar com ilustre personagem da nossa terra, acostumado a viajar por este mundo, particularmente ao país do arroz chau-chau. Identifica-se este meu amigo com os usos e costumes daquelas gentes, com os seus métodos de produção, de negociar, de estar e de viver. Conhece-os bem, e entende-lhes a forma de actuar. E é sem qualquer dúvida que me afirma estarmos nós, portugueses, bem como os restantes europeus, à mercê dos suspiros de uma civilização que pouco ou nada tem a ver com a nossa. Para agravar a situação, estes, não nutrem por nós, europeus, grande estima ou admiração. Entendem-nos como parasitas, preguiçosos e arrogantes. Destas paragens gostam dos monumentos e dos carros marca de topo. No restante a táctica é simples: comprarem-nos. Não é nada que já não se soubesse, mas escutado de quem há vinte e tal anos, visita aquelas paragens uma boa meia dúzia de vezes ao ano, faz muita diferença. Toda. Porque este, ao contrário de outros, sabe do que fala.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Nobre Povo, em dois actos

O destino seria o Chiado, mas os domingos servem para isto mesmo, fazer o que nos dá na gana, e mudar o bico da agulha a nosso belprazer. E foi assim que me decidi parar ali pelos lados de Alfama em busca do Panteão Nacional. Nunca o visitara. Julgava-o menor. É imponente, tem harmonia, e guarda quem, se hoje por aqui viesse, decerto duas vezes morreria, perante a desgraça e desnorte deste país, ou do que dele resta. Subir ao topo, degrau a degrau, é coisa parecida com uns oito andares bem medidos, sacrifício merecido pela visão de causar vertigens que proporciona, de toda aquela nave, com a voz da Dona Amália como pano de fundo, a ecoar no espaço. Arrepiante.


Também sem programação prévia de visita, o Museu do Fado convida-me a entrar, e que bom que é ao domingo, pois por enquanto, é de borla. Do museu, esperava mais. Falta-lhe a alma do Fado, apesar de todos os conteúdos existentes. Falta-lhe a recriação dos ambientes, das casas onde nasceu o Fado, falta-lhe transmitir a magia, um pouco como se recriam os ambientes nas peças de teatro. Desiludiu-me a pouca presença do grande Carlos Paredes, naquele espaço. Se alguém me disser como já escutei que o mestre não é bem do fado, a esses eu responderei que todo o Fado muito lhe deve. E como remate final, poderei enunciar uma boa mão cheia de guitarras expostas, que apesar de soberbas, nada têm a ver com o Fado. Logo, questiono-me, porque carga d'água estão ali expostas aquelas guitarras, e porque escondem o Carlos Paredes, como sendo um mal-amado. Nobre povo, sim. Uns mais que outros.








sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Ironias


Sempre foram aquele casal típico em que o homem trabalha e a mulher, dona de casa. O fruto da união, uma menina. A mulher sempre foi a cabeça de casal, nas decisões e nas vontades. Ele sempre foi aquela pessoa chamada de paz d'alma, aquele que foi sempre dizendo amen às decisões de mãe e filha, que entretanto crescera, e adquiriu os tiques maternos. Com a reforma, ele começa a ficar mais por ali, por casa, ou entre a casa e os biscates. A elas, mãe e filha, a presença dele não lhes agradava. Desdenhavam-no. Dele, bom mesmo só o dinheirito amealhado durante os anos de trabalho, mais aquele que recebera por reforma antecipada, que junto com o restante, que copiosamente lhe caía mensalmente na conta bancária. Aos primeiros sinais de debilidade física dele, logo ela se antecipou na decisão, afinal não mais que o desejo, que muitas vezes lhe escutei - que ele morreria em breve, e finalmente elas, gosariam belos passeios, jantares em lugares chiques, e férias de sonho, pois com ele por cá, não dava para ir. Ele não tinha classe. Aqueles sítios não eram para ele. Diziam elas como que em coro. Havia pois que encomendar o caixão. De tantas encomendas à morte, a dita, lhes bateu à porta. Não a ele, mas a ela. Os anos passaram, e hoje com antes, o vejo vejo passar, na lufa dos seus biscates, velho e trémolo, como que teimando em resistir à profecia da defunta. Diz a filha, solteirona, a partilhar casa com ele, que não vê o seu futuro sem o pai. Coisas da vida e do seu inverso. Ainda hoje o vi, e veio-me à memória aquele ditado das linhas tortas.

frio de rachar...

... ou frio é bom para enrijar os ossos. Assim fala o vulgo popular. Rachar não rachei. Se os ossos me enrijaram, também desconheço. Sei que ontem, montado na minha bicicleta, tudo o que era ponta ao léu, gelou. No caso, o nariz.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Photo-Shop


Existem actualmente, na música, tal como nas fotografias, mil e uma maneiras de modificar a forma original, o que possibilita que gente fracota na arte de cantar, ou até com mais arte para desafinar, apareça em público com aquele vozeirão do disco. Bem como existem formas de alterar para melhor, a qualidade sonora e de execução dos instrumentos. Aqui, a palavra aldrabar também pode ser usada. Na fotografia que fiz hoje de manhã a estas duas embarcações, no original, a neblina quase impossibilita o vislumbre dos moinhos de maré lá ao fundo. Também cortei um pouco do retrato, bem como lhe apliquei outra tonalidade e um ligeiro aro, sugerindo a visão de monóculo. Assim são na vida, algumas pessoas, que de tanto usarem do recurso alterar para não dizer aldrabar a dado momento, têm dificuldade em se reencontar com o padrão original. Porque a cópia de segurança se perdeu na balburdia dos save as. Eu e a minha mania de gostar dos originais, dos cheiros naturais, and so on.

......

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

milagres

Quando algo acontece de muito improvável, o vulgo é chamar-lhe milagre. O milagre tem de ter saldo positivo, mesmo que nada tenha a ver com o cariz religioso. Alguém é totalista solitário no euromilhões, e logo se diz - foi milagre. O milagre das Caxinas, pode e deve ser considerado um Milagre, mesmo por aqueles que o não atribuam a causa divina, dados todos os indicadores que contrariavam um vislumbre de esperança. Pede agora o bom senso, que com a urgência mais que justificada, porque de vidas humanas se trata, que cada embarcação, onde partem estes corajosos homens do mar, seja dotada de um localizador, e já agora, também as balsas. A diferença, justifica-o - a prevenção das vidas.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

In


O portuga é mesmo assim, não há nada a fazer. O Fado agora está in. O Fado agora é que está a dar. Desde já aqui assumo que, nada contra. Antes pelo contrário, apoio tudo o que contribua para dignificar aquela que já foi a canção maldita, a canção dos vadios, das rameiras, a canção do regime fascista, porque afinal, o fado é a definição da pura e simples do ser português. É fácil hoje gostar do Fado, ou fazer-se passar a ideia que se gosta do Fado, tal como do CR7, do Mourinho, ou da Mariza, menina que, não esqueçamos só teve créditos no seu país, o do Fado, depois do reconhecimento fora de portas. Diziam por aqui que a pretensa fadista, não tinha perfil de, fadista. Uma vergonha. Quem se dá ao trabalho de vasculhar estes meus escritos neste cantinho, constatará a minha devoção ao Fado, que nada tem a ver com a moda. Escuto, toco, canto e sinto o Fado, Sinto-o desde que o escutava das bocas das minhas avós que os cantarolavam, nos seus afazeres caseiros, ou na telefonias em onda média. Da sua história, do Fado, me inteirei, lendo as narrativas das origens, das danças, dos cantos, das gentes, e dos instrumentos do Fado. Gostar-se do Fado, é muito mais do que uma moda a reboque do mediatismo. Como em outros amores, há que amar em silêncio, e em continuidade. A coisa tem de vir de dentro. Há que viver os pequenos e os grandes momentos com a mesma intensidade, e sentir os seus detalhes. Aí sim, podemos sentir, gostar e respeitar o Fado, com a responsabilidade que nos cabe, porque o Fado embora sendo uma recente aquisição de património mundial, continua a ser acima de tudo, nosso, e só nós o sabemos sentir, tal como um brasileiro sente a sua bossa nova. Contudo e acidentalmente encontro-me in. Eu que, até nem sou de modas.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

desafio

O desafio apareceu-me via portador ao qual eu não podia dizer, não. Por vezes, na nossa rota, temos de dizer sim, apenas porque quem nos pede, merece. E esse merecer, justifica, se não tudo, quase tudo. Tive de regressar aos confins do universo pimba, recorrer aos meus tesourinhos deprimentes, fazer de animador, locutor, sonoplasta do Ruca, e da Hello-Kitty, e até de um rancho foclorico. Aconteceu ontem e foi um sucesso. A maratona começou cedo, pela manhã e só terminou à hora de jantar. Deixei para trás muitas horas de ensaio, o corpinho cansado, mas ganhei, mais amizades e a gratidão de por quem lá passou. Na hora do descanso do guerreiro, a ver o meu SCP, a jogar sem jaula, realizei que para além de fazer um favor ao meu amigo, me realizei um pouco mais, e nem doeu nada cantar aquelas canções.