quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

sobre o circo dos debates, e das papas e dos bolos


... ou sobre os tolos.
Com a pouca curiosidade que me restava, ouvi penosamente alguns debates sobre candidatos, bem como ouvi as reacções, as análises, os comentários, de pessoas, que pagas para o efeito, de modo quase nunca isento, vêm depois das lides televisivas, a terreiro, debitar as suas teorias, leia-se, aquilo que lhes pagaram para dizer.
De modo algum, aquilo que ouvi, me esclareceu, já o sabia. De modo algum, fui convencido, influenciado, sugestionado. O que se deparou, constou de uma demonstração de pobreza, nas palavras, nos conteúdos, dos personagens candidatos, que ao que se saiba, apenas um, pode (e deve) invocar, que dedicou grande parte da sua vida a causas que valem. Essa é a diferença entre os homens com H, e os que exibem um h'zinho.
Como para dançar tem de se saber dos passos, nestas andanças, as da política, há que se vestir de certas peles, que definitivamente, Fernando Nobre, não tem. Não lhe reconheço a capacidade que os políticos têm, acessorados ou a solo, de transformar água em vinho, de branquear passados recentes, de fazerem ver a palavra em vez do acto. De facto, o doutor, não tem essas capacidades, e dificilmente consegue falar em público sem tropeçar nas palavras, sem se engasgar nos dizeres. Mais um peixe fora do aquário. Sendo Nobre a pessoa, e sendo Nobre o trajecto, as intenções e cidadania, reune a condição de garantir o meu voto, mesmo sabendo eu que este Homem, sairá derrotado desta luta, em sede de aquário, onde chernes, tubarões, polvos, e outras espécies dominam.
As máquinas partidárias prepararam os seus caducos delfins, forneceram-lhe a imagem, os argumentos, os golpes baixos a infligir ao desafiante, a fim de convencer o povinho, da imagem pretendida, numa perfeita demonstração da venda do gato pela lebre, e como se irá comprovar em Janeiro, quem vai ganham será quem elegante e convicentemente fala, e sabe olhar para as câmaras, como o gato das botas, e não quem faz, discretramente, sem publicitar, anos a fio, aquilo que aos h'zinhos, decerto enojaria, lhes daria comichão aqui e ali, diarreias, cheiro de suor, e outras coisas que só um Homem consegue suportar.
(embora que se diga, serem os homens mais mariquinhas que as mulheres, mas isso são outrs quinhentos)

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Reveillon

Será aqui, não muito longe de casa, num local agradável. Aos clientes, serão servidas as coisas do costume, os leitões, os camarões, as passas, o bolo-rei e os espumantes. Em 2011 haverá fogo de artifício, e lá para as tantas, o caldinho verde. Parece-me bem.
Eu servirei as músicas. Para isso vou munido com toda a artilharia disponível, e caso a garganta se porte bem, colocar aquele pessoal todo a cantar e a dançar. Para tal feito há que recorrer aos velhos reportórios dos saudosos carnavais de Sesimbra, juntar-lhe uma novidades, e o apoio dos meus bateristas de serviço, as caixas de ritmos, que para além de não fugirem ao tempo por via de um copito a mais, nunca se cansam de tocar, nem cobram cachet.
Se eu tinha outras formas de entrar no novo ano? Claro que tinha, e muitas. Mas esta, parece-me muito bem, a fazer o que mais gosto, e trazer uns trocos na algibeira.

assim não, Mestre...

Se fosse nos dias de hoje, o exemplo deste anúncio estaria out , bastará que olhemos para figuras tais como o Abel Xavier, e estou em crer que vozes se levantariam, acusando os autores de descriminação, de atentados à liberdade individual, o que não deixa de ser verdade. Contudo, manda o bom senso repor um pouco de ordem e harmonia em tudo o que nos soa a ridídulo, ou fora do baralho, ou desafinado, por outras palavras, cada macaco no seu galho.
E o que é que este intróito tem a ver com o tema que aqui traço? Exactamente a tese do macaco e do galho:
Para que não cometesse o erro de julgar levianamente, obriguei-me a mais do que uma, às audições das recentes cantorias do Carlos do Carmo. A saber, cantando temas do Sinatra, e outros de autores lusos, à boleia do piano do Sasetti. E quanto mais escutei, mais me convenci de que as versões estão horriveis, não sendo definitivamente estas as praias do mestre do Carmo.
Ao meu modesto ver, fica aqui uma prova de que não se pode ser excelente em tudo, mesmo que dentro da mesma redoma, e Carlos do Carmo, cuja obra admiro e canto, está para estes estilos, tal como Picasso está para Da Vinci.
Terminada a tortura das audições citadas, irei fazer uma cura de audição, nada menos que os albuns "um homem na cidade", o original e o de tributo. Esses, sim.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

balanço

Mesmo que seja só uma passagem de um dia para o outro, igual em forma, quiçá, diferente no conteúdo, ou no uso, o dia que se aproxima, o do fecho do ano, convida sempre à reflexão, ao balanço, ao olhar para trás, e a uma análise daquilo que das mais diversas formas afectou a nossa vida. Nestes, olhares atrás, damo-nos conta que se de algumas situações fomos responsáveis, tomando inuciativas, decisões, escolhas, em outras, nada fizemos para que elas, as situações acontecessem. São essas misteriosas, as que se costumam apelidar de destino, de que já assim estava escrito. Não subscrevo. Acredito no improvável. No inesperado. Mas recuso-me a acreditar de que tudo já foi delineado, e nós, meros espectadores. Do balanço deste ano, declaro-o francamente positivo, pela parte que me toca. Quanto ao próximo, o futuro ano, dado que está no futuro, tratarei de cuidar, o quanto consiga, para que seja na progressão deste ano que finda. Mas, já aqui se disse que é o futuro, mesmo que alguns digam que a Deus pertence, eu alinho mais na frase do Xico César, que diz mais ou menos isto - não podemos voltar atrás a consertar o passado, mas podemos sempre construir um novo futuro.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Natalices

E eis-nos à beira de mais um Natal. A noite é já daqui a bocado, mal o sol desça ali para os lados do mar. O jantar quer-se de bacalhau. O vinho ainda não se sabe, por causa desta gripe que teima em me resistir, e eu teimo em lhe resistir, embora com a ajuda do senhor doutor, pois sózinho não ía lá.
As praxes estão e serão cumpridas. Algumas delas não dispenso. Outras, abomino-as. Mas deixemos isso para futuros escritos. Falemos apenas de um gostinho de Natal - ligar a quem temos de alguma forma dentro do nosso núcleo, da nossa redoma.
Já recebi boas e doces ligações, bem como já fiz algumas, fazendo jus a post anterior. E tão bem me souberam essas ligações, e as vozes e as conversas, e o sentir quem está lá do outro lado. Uma delas, arrisco em afirmar, deixou a vontade de tornar a ligar. E nem vou esperar pelo próximo Natal.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

no estaleiro

E pronto... é o que dá cantar quatro noites seguidas e vir para a rua suado e apanhar chuva e vento.
Se tivesse previsto este quadro clínico, teria aproveitado a consulta ali mesmo, entre um Let it be, e um Cavaleiro Andante...

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Rotina de Natal II - os Votos

Temos actualmete à nossa disposição as mais variadas formas de desejar Boas Festas uns aos outros. Os prodígios da electrónica, permitem hoje em dia, que se mandem sms de Natal, em pacote, muitas delas, nem sequer originais, assim como que à laia de despachar. Pega-se numa mensagem inventada ou recebida, e lá vai um - enviar a todos os contactos, e fica-se com menos um assunto a tratar. O mesmo se aplica aos e-mails que nos vão entupindo as caixas com lamentáveis desejos em formato standard.
Não pactuo com o conceito, ou moda, mais do que no plano da recíprocidade, dado que amor com amor se paga. A minha tolerância ao sms torna-se cada vez mais escassa, na medida em que aumenta a ninha consciência do verdadeiro sentido das relações e dos afectos. E por isso mesmo, nada melhor do que ligar e de viva voz saudar a quem mereço e a quem me merece, tendo um verdadeiro prazer, do contacto humano possível, em vez de usar a modernice saloia dos sms enfeitados.
Substituir a voz, o riso, o calor e a emoção de um telefonema, por um smiley é o mesmo que em vez do presente de alguém, recebermos um MMS com a fotografia do que supostamente nos seria oferecido. Até aceitável em tempos de crise, porém, ridículo.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Grieg - Morgenstimmung - Peer Gynt

Rotinas de Natal I - o Clássico


Tento o quanto posso, manter-me fiel a certos hábitos desta quadra. Não por alguma promessa ou devoção. Muito menos por crença religiosa, mas apenas obedecendo à vontade, e ao consequente prazer que isso me dá.
Um deles é dar um maior relevo nas audições que se querem íntimas, aos temas clássicos, e assim sendo, o Bublé e a Krall que me desculpem, mas nos próximos dias estou mais numa de Mozart e Strauss, Grieg, Bach and so on . Por contágio, a rádio marginal já deu, desde ontem à noite lugar à Antena 2.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

ontem fui à Doutora


Ou a doutora, veio até mim.
Ao contrário do que foi entendido por aqui, a minha digressão é local. Não mais que tocar, nos habituais locais, só que, todos os dias. Ontem, a sala dos medalhões de vitela, estava repleta. Soube pela D.L que era o Centro de Saúde em peso. Médicos, enfermeiros, administrativos, invadiram a sala à média luz. Comento com a D.L que assim sendo, estaria presente a minha médica de família, pessoa que até ontem eu não conhecia. Diz-me a D.L, ela está aí sim, já lhe digo quem é, agora vá tocar que eles já estão comer.
E lá comecei a tratar da gente que nos trata da saúde. A empatia foi imediata, e na segunda música já tinha pessoal a cantar ao meu lado. A coisa foi de tal forma, que até houve baile, com direito a Cheira a Lisboa.
Lá para o final, algumas resistentes doutoras, de microfone em punho cantaram umas oldies que derivaram dos Beatles até ao Jobim, e terminou-se em beleza, no Chico Buarque. Na hora das despedidas, e dos agradecimentos de parte a parte, digo-lhes - esperem, preciso de saber quem é a doutora T, é a minha médica. E responde-me ela, cuja forma de cantar não me passara despercebida - sou eu. Houve gargalhadas.
E assim é a vida, como diz o poeta Vinicius, a arte do encontro. Estivemos ali a cantar umas quantas músicas, a trocar impressões sobre preferências musicais, e só no fim da noite eu descubro a "minha" doutora. Uma forma original, sem dúvida. E vai daí, continuou a conversa sobre MPB, clássicos, vinis de 78 rotações, Carlos Gardel, tensão arterial, e a promessa de uma consulta, nem que tenha de me constipar, e esperar quatro horas pela minha vez.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

non stop

Graças à euforia do espírito natalício, é da vontade de uns grupos celebrarem a festividade, num jantareco. E eis que me dou como convocado, para alimentar de acordes, e canções este pessoal que se quer bem disposto. Mais uma vez, lamento não ter o Milo à mão, ou à boca, caso o seu efeito duplicante fosse deveras eficiente, dadas as solicitações. Mas não. Mantenho-me uno. Mesmo assim, estou a modos como que em digressão. E começa já hoje.

o Zé



O Zé Lello (nome fictício, fica bem dizer-se) é uma figura típica aqui da região. Não é de forma alguma o único. Arrisco em juntar-lhe umas boas centenas, aqui pelo distrito, de costumes, hábitos, métodos e técnicas de (sobre)vivência, semelhantes. Mais que semelhantes, tiradas a papel químico. Lembro-me de quando o Zé se instalou aqui na zona, de armas, bagagens, mulher e filhos, erguendo uma casa com placas de aglomerado de madeira, em terrenos municipais, um pré-fabicado, com terrenos à volta, que o Zé não cultivou, quem sabe se por falta de arte, se por se saber em terras que não eram dele.
Outros tempos vieram, e o generoso município ofereceu um belo segundo esquerdo, a custo zero, ao Zé e sua família, num bairro social novinho em folha. Bem, nem a toda a família, pois mal se soube do veredicto, o filho mais velho do Zé, quem sabe, o Zézito, construiu da noite para o dia, um barracão ao lado do pré-fabricado, e teve direito a um primeiro direito. Óbviamente, também a custo zero, pois embora moçoilo espadaúdo e robusto, ao Zézito, nunca ninguém o viu trabalhar.
Hoje, conduzindo o meu pópó, num cruzamento, quase sou abalroado por um garboso veículo automóvel, e qual não é o meu espanto, quando vejo o Zé a dizer-me, abrindo o seu vidro escuro e eléctrico - aiiiiiiiii, a culpa era tua!
Até nem era, ele não respeitara o Stop, e apresentava-se à minha esquerda. Enfim, lá seguimos viajem, cada um para seu lado. Fora só um pequeno susto, e ainda bem que assim foi, pois duvido que o Zé, pobre como é, vítima da sociedade como é, marginalizado como é, não tenha posses para o seguro automóvel. O Zé, pertence ao grupo daqueles que, nada têm (em seu nome). E assim sendo, o prejuízo fica para quem tem...
...
E tenho cá para mim, que o Zé, nem deve ter carta de condução, mas isso é coisa do meu pensamento.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

emoções

Ontem reencontrei o FJ, um velho camarada de palcos. Não nos víamos desde uma desastrosa actuação de passagem de ano, a la minute, o que significa, quatro bacanos em cima de um palco a sacar os honorários sem sequer terem efectuado um ensaio. Não fosse a data festiva que depressa embriagou os foliões, e a natural falta de ouvido musical geral, e teriamos sido corridos, vaiados, e não pagos.
Destas e de outras aventuras, nos fomos lembrando, ele, que largou de vez os teclados, há meia dúzia de anos, eu, que me dediquei a outras formas de fazer a música.
Revimos, os locais, aqueles que nem figuram no mapa, as peripécias, as farras, as actuações, que tantas vezes eram o pretexto para tudo o mais. Um vai-vem de palcos e festas de norte a sul. Uma forma de ser feliz, fazendo os outros felizes, e ainda por cima regressar a casa com uns trocos no bolso. Um modo ímpar de praticar um turismo íntimo, visitando pequenos recantos, onde os naturais, só elegem alguns previlegiados forasteiros, ao seu desvendar.
A sós, revi novamente, os lugares, as pessoas, e fiquei grato. Grato à minha avó que de algum modo viu em mim aquele bichinho para a música. Grato a tudo e a todos os que me proporcionaram, todas as emoções, que sem a música não teria tido.
É caso para dizer, ou cantar como o Roberto - o importante é que de emoções eu vivi.
E continuo a vivê-las.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Estado Amargo

Não estamos em estado de alerta. Nem laranja nem cor de rosa. Muito menos vermelho. Não estamos em estado de sítio, embora me sinta sitiado. Não estamos em bom estado, mas sente-se que vamos ficar em pior estado. Enxovalhados e espremidos. Num estado farraposo. Mas esse estado virá. Não chegou ainda. O que conta é o estado actual - O Amargo.
Socorro, ai Jesus, Deus nos valha, aqui d'el Rey que não há açúcar. Como vamos adoçar a vida que já nos sabe a amarga? Como se vão adocicar as filhozes? as azevias? os bolos-rei? E a bica, vamos tomá-la sem o açúcar que desgraça o sabor do café? O que se pode fazer perante tamanho anúncio de banca-rota-gustativa? Comprar, muito. Açambarcar. Ir de modelo em modelo, de pingodoce ao lidl, e à mercearia esquecida, em busca do doce néctar. Custe o que custar, o tuga irá até onde for preciso para rechear a dispensa. E foi assim que ontem assisti, incrédulo ao um triunfante vizinho, há hora da bica, exibindo o seu trofeu, uma factura da makro, pois então, na dita factura, as letras era inequívocas, nada menos que um saco daqueles que parecem sacos de cimento. E mostrava-o, inerte, o saco na bagageira do carro aquem quizesse ver. E rematava, quezilento - quando há dois anos, foi da gasolina, nem os garrafões lá de casa escaparam. Ah pois é!!!
E tudo isto porque uma cambada de imbecis, propagandeou no seu duvidoso trabalho de dar...... ?notícias? a notícia, vezes em conta, aos portugueses, de que o açúcar estava em vias de faltar, e vai daí que alguns dos que escutaram, outros imbecis, trataram de o esgotar.
Paciência, como chocolates. Agora vou ali beliscar um petit gateau para me adocicar a boca, e a alma, contrariando o nacional estado amargo, e a demência de alguns com quem me cruzo.

que dizer...


...de uma mãe de avançados 70's e mais uns quantos, que após - comer um camarão do tamanho da minha mão, ter partilhado um divinal rosé de Azeitão, ter garantido um diálogo á mesa, com temas de iam de Sá Carneiro, aos confins da nossa história, às lembranças da terra de há outros anos, e depois muda agulha para Zola, sem aviso prévio - se senta em frente à tv, e em voz de comando pede - agora coloca na quatro, que vai dar um filme com o Hugh Grant, aquilo é que é um borracho!

domingo, 12 de dezembro de 2010

surpresas


Diz-se que há males que vêm por bem. Se para mim não é grande mal montar a tralha toda da música e depois não haver quem gente no recinto, sê-lo-á decerto aos donos da casa. Paciência. Para consolação deles e do músico residente, ficam os jantares de Natal, dos grupos que já encheram a sala, e dos que a encherão durante a próxima semana, ao sabor do chef e dos meus acordes.
Ontem foi uma noite de enorme surpresa pela positiva. Entre meia duzia de músicas, umas a pedido, outras nem tanto, duas pessoas especiais, e os medalhões no prato. Só. E tanto que foi.
Do rescaldo, fica uma nova sensação, a de se conhecer alguém, que afinal já se conhecia um pouco, das leituras assiduas, e do sempre bom que é rever a minha primária amiga. Que se repitam mais bocados destes. E para não fugir ao refrão - tomem lá sorrisos. Ambas as duas :):)

sábado, 11 de dezembro de 2010

inconformado

Uma viola está para um músico, uns degraus abaixo dos entes queridos, mas só alguns, dado que é um bem material. Contudo, aquela que se elege como a viola da nossa vida, tem algo de nós, é uma extensão da nossa pessoa. Sentimo-la, e ela responde, com se de uma relação amorosa se tratasse. É um amor sólido que quase sempre dura até ao final. Eu tenho a minha Gibson, o meu amigo, JL, tem uma Fender Telecaster , guitarra mítica, muito celebrizada pelo Boss Bruce.
O JL andava eufórico, pois colocara a Telecaster em mãos sapientes a fim de um restauro, que por via da divulgação no Facebook, fui acompanhando. Quase em lágrimas o JL telefona-me ontem. precisava urgentemente da minha opinião sobre o estado em que se apresentava a menina dos seus olhos. Como os amigos se revelam por acções e não por palavras simpáticas, hoje de manhã lá estava eu, junto daquela guitarra que já conhecera de outros toques. O JL abriu o estojo, quase não olhava para ela, e dizia-me, nem a liguei ao amplificador, enquanto ma passava para as mãos. Sentei-me e puxei uns acordes, e incrédulo, dado que conheço quem trabalhou na guitarra, fui verificando que aquela escala está uma desgraça, tão longe do que se pede de um guitarrão daqueles, tão longe da escala macia e precisa, como um Omega, que eu conhecera. O JL não se conforma, diz que vai reclamar. Eu nem sei se me ficaria pela reclamação. O JL está inconformado, eu entendo-o. Não entendo, contudo, como se pode fazer um "trabalho" destes e apresentá-lo como pronto.

Hoje eu concordo com ele

Hoje, nas notícias da manhã, ouvi um pesaroso presidente da república, candidato a próximo presidente da república, que também já foi à bué bué de anos primeiro ministo deste país, proferir, à saída do preto e prata do casino Estoril, na sua habitual postura muito dramática, que os portugueses devem sentir vergonha. Vergonha pelos portugueses, ou dos portugueses que passam fome.
...
Hoje, na minha rádio, escutei o anúncio de uma revista que publicita que afinal Goucha e o namorado, não estão zangados. E prova-o, a revista, com fotos. Acredito que existam, essas revistas, essas notícias, essas fotos, e gente que consuma estas coisas. Os portugueses.
...
Talvez pela primeira vez, em bué bué de anos, que tenho gramado o Cavaco, eu concordo com ele. Ressalvando a observação de que ele tem muita responsabilidade sobre o assunto da sua vergonha. Eu não.
Que se tenha vergonha sim. Das várias pobrezas.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

se houvesse o Milo...


"Com Milo pela manhã, vales por dois", era mais ou menos o slogan que em miúdo eu ouvia, e acreditando nele, tomava-o, em vez do Toddy, mas a coisa não fazia efeito. o valor ficava-se mesmo por um.
Nos últimos dias, bem que desejei não um Milo mas um Trilo, para fazer face a todas as tarefas que abraço, e com diz o ditado, quem muitos burros toca...
Ficaram para trás alguns pequenos prazeres, e descansos, e rotinas, das quais gosto, e tento não abdicar. Uma delas é vir aqui, deixar umas palavras e ler as que gosto de seguir.
A quase interminável tarefa e atenção redobrada na catalogação de uns bons milhares de moedas, que tal como cogumelos não paravam de crescer, levou-me a quase dormir no meio delas. Em causa, estavam vários valores, e não é o monetário o mais importante, mas sim o honrar, quem, em vida as juntou. Junte-se a esta tarefa, as músicas, em dose dupla, e o trabalhinho, e sobra o tempo para a barba mal feita e escovar os dentes.
Dever cumprido. A lista está elaborada. A lupa guadada. E os cantos da casa devidamente identificados. Venha o descanso do guerreiro, e o regresso áquelas coisinhas que sabem tão bem.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

The Searchers - Sweets For My Sweet


Faz um mês que estava em outras paragens, outros ambientes, outras visões, outros cheiros, outras emoções. Nada de deja vu.
Esta canção, tem tudo a ver, com a minha demanda, embora, à primeira vista, não pareça nada. Mas como dizem os entendidos, os verdadeiros caminhos são os da linha torta.
Daí que, não tenho uma dúvida sequer, - esta música tem tudo a ver com a minha curta permanência no grão-ducado. Uh la la.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Consumo & Felicidade Lda

Um pouco na sequência do post anterior, não alinho nas tendências consumistas da época. No entanto, não dispenso nesta quadra, uma ou outra visita aos centros comerciais, porque me deleito com enfeites de Natal, gosto de ver as decorações, e não abdico, uma vez por lá, uma voltinha à Fnac, e à lojas de instrumentos musicais, quando as há. Esta manhã foi passada em parte, nessa agradável cusquice, e um galanço a um brinquedo, que não será, decerto adquirido nesta quadra, ficará em banho-maria, o sabor do saber esperar.
Em outros tempos, comprava, gastava, e só depois pensava - que depois até nem precisava assim tanto, ou nem era bem aquilo que afinal queria. Remediava, remendava. Com os tempos, e alguns rigores de(a) algibeira aprendi a reflexão simples, e prática, mas eficáz - será que é isto mesmo que queres? precisas mesmo disto? aguenta, e se não há certezas, nem ouses sacar do cartão.
Já na estrada, contatei que não gastei um tostão, que não trazia nada, nenhum saco de compras, com algo para supostamente me fazer feliz. E pensei, que alguns miminhos não me estragariam a felicidade, contudo, não me fariam (mais) feliz. Porque das coisas que aprendi com a vida, foi a ser feliz com aquilo que tenho. Simples, prático e eficaz. E afinal, tão de acordo com a austeridade, que se nos anuncia, assim que, pateticamente, se festeje(?) com excessos descabidos, a entrada em 2011.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

oficialmente

Abriu por decreto a época de Natal. Abriu pelo calendário, pelo frio, pela neve, pelo espírito. Oficialmente estamos em período de sermos docinhos, de sermos bondosos, e caridosos, de todos aderirmos às causas, ajudar os desfavorecidos, vai haver emoção e comoção, e em muitos casos, aqui e ali uma lagriminha marota que se escapará, na emoção. Não faltam os apelos nos meios de comunicação, e as caras conhecidas, de sorriso e apelo de orelha a orelha - dê, contribua, arredonde. Muito me confortaria saber a raça humana assim solidária nos 365 dias que dura o ano desses, dos que precisam, os que têm fome todo o ano, dado de frio padecerão um pouco menos, mas apenas graças á obra de São Pedro. Custa-me a hipocrisia, e a caridade barata e publicitária, cheira-me a processo de adopção de pop-star, que não distingue uma criança de um cão de raça.
As verdadeiras obras de solidarieda, são feitas sem calendário, sem publicidade, sem holofotes. No terreno, nos bastidores, sem alarido, e sempre, mas sempre, sem olhar a épocas festivas. Os obreiros, esses são pessoas discretas sem qualquer fito de lucro pessoal e despojadas de algo mais do que não seja a verdadeira vontade de ajudar. A esses, um grande bem haja. Aos outros, o meu nojo. Porque afinal, Natal é sempre que o homem quizer.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

manifesto - Candidatura quê????



O Sócrates discursou na candidatura. Foi patético. Lembrou-me o Durão Barroso em bicos de pés, nas Lages.
A candidatura é de Espanha, e com Portugal à mistura.
Havendo mundial. será em Espanha.
O TGV é importante para o mundial? Expliquem-se.
Seria bom para quem? Ah, o Madaíl. Pois.
Espero vivamente que Portugal perca. A bem da nação. Em nome do bom senso. Estamos em crise.
Não me importaria que a Espanha ganhasse. Mas só a Espanha.

pegada lusitana

Há dias, escutei uns entendidos, a aconselharem o povinho a não deixar a sua pegada ecológica, no planeta, ou no mínimo, a deixar o menos possível. Verifiquei a nacionalidade, eram portugueses, sim senhor, alguns até com capacidades de decisão, e de há muitos anos a esta parte. Chamei-lhes débeis.
Contudo, cheio de fé e boa vontade, tentei aderir, virtualmente, à causa, mas tornou-se-me difícil nuns casos, e impossível noutros. É que para adquirir alguns bens essenciais à minha permanência neste planeta, tenho de me deslocar. De carro. Para obter alguns serviços, reparações, e afins, tenho de me deslocar. De carro. Eu até podia ir a pé, mas fica longe. São quilómetros, e não metros. De biciclete, nem pensar, há muitos carros, nas filas, que afinal carregam pessoas como eu. Deslocando-se. Em carros. Repisando a pegada. Como uma bota botilde. Na medida em que as ruas das minhas cidades, vilas e aldeias, vão ficando desertas, desses pequenos locais, onde antes se podiam resolver as nossas necessidades, crescem os grandes e iluminados cogumelos. São lindos, t~em ar de hotel, de free-shop, de modernidade, e qualidade de vida. E lá vou, lá vai o vizinho, a rua inteira, de panfletos na mão, lista das faltas, parafusos para amostra, roupas para troca, de cogumelo em cogumelo, em busca dos pertences. Irrita-se a malta, mas filas, dana-se a malta, nos parques, para estacionar é um castigo. Empurra-se a malta, feroz, atarefada, frustrada, porque o tempo não chega, e o dinheiro muito menos, e a pegada que não pára de crescer. No acto de pagar, degladiam-se os consumistas. Os seus carrinhos de compras mais parecem carrinhos de choque. Impacienta-se a malta, porque querem ser despachados primeiro que os outros, e correrem para o seu veículo poluidor, e por lá depositarem umas coisas que fazem mesmo falta, e outras que nem por isso. Mas eram tão baratas. Tão irresistíveis. Mais pegada.
Inteligentes, os da Europa. Inteligentes, os do tempo da minha avó, que saía à rua, de chinelos, e tinha na rua onde morava, ou ruas limítrofes, tudo e apenas aquilo que lhe era necessário.
Tristes e atrazados, aqueles que vêm dar os conselhos e recomendações. Porque agora, não há volta a dar. Folgo em constatar, embora pálidamente, que o meu país é aquele que foge à regra. Folgo em verificar in loquo a qualidade de vida e o bom senso, de outros povos, de outras culturas, tão longe da nossa, e tão perto afinal, visto que dizem europeus. Folgo em ver que tal como no tempo da minha avó, que as pessoas tinham sorrisos nos rostos, aos domingos.