terça-feira, 29 de setembro de 2015

Refugiados

Um dos assuntos do momento são os refugiados, os migrantes, os que fogem, os que mudam do local onde nasceram, em busca de outro lugar. São múltiplas as explicações, bem como o são as interpretações, bem com o são imprecisas as hipotéticas certezas sobre o que está a acontecer, muito mais ao que virá a acontecer.

Talvez pelo facto de me encontrar, nos tempos que passo aqui onde me encontro, mais calmo, mais tranquilo, me posso permitir a uma análise mais cuidada, e imparcial de toda esta sucessão de acontecimentos. Isto sem querer ter a presunção da certeza, mas tão somente, uma pacífica existência comigo mesmo, uma vez que, discutir estes assuntos, é melindroso. Muito melindroso.

O que me é dado a conhecer pelas notícias divulgadas aqui pelo Grãoducado, confere com o tratamento considerado justo, e na medida certa daquilo que é considerado, no meu entender, e pelos vistos pelos povos aqui da redondeza, como acçõs respeitadoras do ser humano e da sua dignidade, com o particular cuidado de não pisar em seara alheia, sem deixar primeiro de cuidar da sua própria seara.

O que daqui vejo no meu país, é algo que não é novidade. Já antes vi Portugal vestir-se de branco, a bem de Timor. Sobre Timor, sobre Sarajevo não faltaram até canções com aspiração a hino. Somos o povo da caridade no Natal. Em suma, o tuga tem uma tendência a abrir a camisa, mostrar os peitos, e tomar as rédeas de salvadores. Aqui me declaro, antes de prosseguir a prosa, a favor do apoio e inclusão de refugiados em Portugal. Contudo, seguindo exemplos inteligentes e sem publicidades. Não esqueçamos que em países ditos irmãos, tais como Angola ou Brasil, todos os dias morrem crianças por doença e sub-nutrição. Não esqueçamos os que tendo nascido em Portugal, e certamente, sem condições de de lá sairem, irão morrer de, e na miséria. É uma questão de coerencia e de autenticidade. Façamos então, já que temos nós esta característica de dar os peitos às causas, concertos, eventos vários, peditórios, aos que estando dentro da própria casa, que se diz país, não têm o direito de antena de se fazerem ouvir. Se como se diz todos somos filhos de Deus, porque olham alguns homens, só na direcção de alguns homens, apenas porque estes estão na aurea do mediatismo?    

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Voltei, voltei

Desde Março de 2014 que aqui não vinha. Ano e meio de falta de inspiração? Talvez. Creio que o mais apropriado será dizer, falta de vontade. Motivos para a prosa nunca faltaram. Depois vem aquela questão - escrever para quê? para quem? De facto, quando escrevemos, para além de nós mesmos, temos sempre uma esperança que  alguém, por vontade ou por acaso, nos leia. Por vezes escreve-se como se fotografa, para mais tarde recordar. Relemo-nos pode ser por si só uma viajem ao nosso passado, ao nosso interior, o que pode ser bom e menos bom, doce ou amargo ao mesmo tempo. Conforme, portanto.

Nestes últimos meses por aqui não me desvendei, por aqui não me perdi. Muito retratei, e muitas notas músicais debitei. Os horizontes musicais alargaram-se a outros palcos, e qual Linda da mala de cartão, em menos de um ano fiz mais de meia-dúzia de visitas ao Grão Ducado, para tocar para quem me escuta, os portugueses.

Se vemos, ouvimos, e lemos, não podemos ignorar. No meu caso, andando cá e lá, ou lá e cá, observando in loquo as colossais diferenças existentes entre o meu pobre país, e este onde me encontro, e mesmo nos países limítrofes, a minha indignação aumentou dramáticamente, quanto à forma como vai o meu país, num estado do qual, prevejo, nunca sairá. Porque é bem habitado, mas mal governado.

Deixo por hoje as palavras escritas, dado que a intenção era mesmo esta: a dizer, Voltei, Voltei.