domingo, 31 de outubro de 2010

fui m'a ver o mar





Cabo Espichel, por volta das 15, sem filas e outras confusões...

Conclusão


Depois do patético discurso, com tantas pérolas dignas de caricaturas à Bordalo, ou à Eça, com reforço ao ridículo, e a cheirar a falso - após profunda reflexão, decidi recandidatar-me. Discurso esse, pautado pelo constante out-timing das realidades e necessidades nacionais, e uma mescla de narcisismo, com falta de modéstia, e convenhamos, auto-elogios infantis, um gaba-te cesto obsceno.
Depois disso, e somando umas tantas opiniões sobre o tema, que escutei no último Eixo do Mal, cheguei à conclusão que, atendendo ao tempo em que aturamos o homem ; ao que ele finge e parece ser, mas afinal não é ; à obra que deixa(?) ; ao que fez quando e se comparado com outros espécimes de condição idêntica ; à observação do mistério do porquê de tanta longevidade em cima do poste - concluo que, Cavaco Silva está para a política, assim como António Manuel Ribeiro está para a música.

sábado, 30 de outubro de 2010

a caixa mágica

Foram muitas as moedas que coloquei naquela juke-box no café do Senhor Américo, irmão do Simões do Benfica, um dos meus cromos da bola, das minhas quase nunca terminadas colecções. Eu idolatrava aquela caixa mágica onde por uma moeda, se clicava no hit e viamos saír o disco para ser tocado. Por vezes não havia a moeda desejada, e ficava-me por ali na esperança que alguém aparecer e mandar vir uma música. Com o passar do tempo, e porque o Sr. Américo não renovava o reportório, fui conhecendo, um por, os EP's da caixa. Se a uns, a grande maioria, os esqueci, a outros, não deixei de os escutar, e tocar. Este é um deles. E mais tarde, comprei-o na Melodia, no Chiado, um EP que tinha além desde tema, o these arms of mine e o I've been loving you too long. Mais tarde, o Télinhos, falso-amigo, roubou-mo, mas não roubou o prazer das viajens que faço quando escuto esta música.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Já comecei a pedir ao pai natal - II


Escapadelas


Talvez tenha sido o jantar do núcleo duro, que tenha acabado mais cedo. Eram cerca das 23 quando nos separámos porque eu teria de me levantar pelas cinco da matina, com o consequente e constante estado de bocejo em que me encontro. O motivo madrugador, uma boa causa. Levar o filho e um amigo ao aeroporto, rumo à terra das túlipas. No momento do dever cumprido, deu-me aquela nostalgia das viajens, com direito até à saudade da espera nas filas de check-in, e todo aquele ritual que antecede, o momento de sentar o rabinho na aeronave, apertar o cinto, e levantar voo daqui. Os assuntos, os assuntinhos, a vida e a vidinha, os problemas e as preocupações, que fiquem em terra, pois de regresso, certo é que não se foram. Uma vez no ar, com o pensamento em outros horizontes, somos senhores dos nossos momentos. Aqueles que vamos viver, aqueles que, uma vez vividos, ninguém nos pode tirar.
...
Acabo de saber que já chegou, que lá não chove, e aqui chovem cães e gatos. Lisboa está inundada, e a terra dos diques,não. Até por isso, pelas diferenças, viajar é preciso. Sinto-me feliz por ele.
A vontade de pisar aquele espaço que nos leva a outros rumos, essa aumentou. Tem paciência, Sputnick, só faltam mais uns dias, e mais uma hora, porque domingo, os relógios atrazam, aumentando sessenta minutos o teu estado de, em pulgas.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

do Leste, com amor (ou de Sudoeste)


Conheço o Sr.L há uns bons quinze anos. É pessoa cuja casa lhe visitei, umas quantas vezes por via do meu ofício. Casa não, mansão, um casarão, numa quinta, plena de árvores, alguma vinha até, um lugar bonito. Conheço-lhe a mulher, filhos, um deles com uma deficiência profunda, a precisar atenção constante, que sempre observei nos momentos que presenciei.
Hoje, o Sr.L, visitou-me, acompanhado de uma lustrosa rapariga com cabelos cor de sol, um decote mais que generoso, e um traje de se lhe tirar o chapéu, ou o gorro, se na terra dela. A pronúncia denunciava-lhe a origem, os olhares matadores, a pouca fidelidade. Definitivamente, esta não era a senhora L, nem pelo aspecto, nem pela idade, nem pelo resto.
Preciso dos seus serviços - diz-me o Sr.L, entre uma mistura de comprometido, vaidade, e pedido de cumplicidade, a que só faltou a tradicional piscadela de olho - é na morada da menina, não na que você conhece, quando estiver a chegar ligue-me.
Dito e feito, ligo, e antes do toque, ou misturado no toque, um forró invade-me o ouvido. No aposento, lá estava o Sr.L, em pose, pareceu-me de defender a sua fêmea, ou, arrisco, defender-me do arremesso do decote, do olhar e do que mais se veria.
De saída, em conversa com o Sr.L, fico-me pelo hall uns instantes. Os necessários para que uma porta se abrisse, uma criança saisse, e dissesse ao Sr.L - pai.
Palpita-me que o Sr.L se tornou acionista, de alguma casa de meninas, aqui da zona. Aquele "pai" e o forró, deixaram-me a modos que desconfiado.
De regresso lembrei-me se o filho, aquele filho do Sr.L, ainda merece os mesmos cuidados. Do Pai.

She

Ouvi-la, emociona. Toca-la, sente-se aquele arrepio, na espinha...

terça-feira, 26 de outubro de 2010

My Own Love Song (2010)

Vi e gostei. Delicioso. Recomendo.

10 minutos em slow motion

Era o slow mais aguardado nas festas de garagem, e não só, pois as festas podiam ser nos nossos quartos de adolescentes, desde que autorizadas pelas mamãs, ou à sua revelia. Era também sempre esperado com a maior ansiedade nos convívios da escola e do liceu, porque garantia dez minutos seguidinhos de encosto, de beijos e carícias, com maior ou menor ousadia, conforme o caso, mas miúda que aceitasse dançar, o Shine on you Crazy Diamond , dizia-nos silenciosamente, que permitia aqueles tímidos avanços na penumbra. O meu debutante lado musical, sentia este tema numa lógica da dificuldade de reproduzir-lhe os solos, numa devoção quase religiosa, que vinha dos tempos do Umma Gumma.

Os backing-tracks fizeram-me reviver mais uma vez esta música, num plano totalmente diferente. Ando a interioriza-la, a senti-la, e a toca-la, aos poucos vou limando arestas, tentando aperfeiçoar, tanto quanto consiga, os solos da guitarra do Gilmour. Este é um solo que, ou se toca igual, ou não tem sentido dar-lhe um toque pessoal. Delicio-me nestes íntimos ensaios, que faço à média-luz, para criar o clima, e vou saboreando este reaprender, até chegar ao momento de voos em outros palcos. Não coloco contudo, de parte, um ensaio revivalista em palco de dança, com par a condizer. Mas isso são outros 500...

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

o Tu e o Você


-já o avisei que não se deve afastar.
-papá, estava ao pé de ti, a brincar no jardim.
-sim, o menino estava no jardim.
-e achei uma joaninha!
-ah, que bom, que bom para si, entre para o carro, que a sua mãe está à espera. olhe para esses joelhos todos verdes, cuidado não suje o banco.
...
Tristes os pais que tratam os seus filhos por você, tristes os filhos que assim são tratados. Cria-se neste tipo de tratamento uma barreira, um corte de um cordão umbilical que certamente nunca o chegou a ser, uma redoma que impede que as auras de pessoas cuja intimidade e cumplicidade devem ser naturalmente trespassadas, toquem sequer uma na outra. O jovem menino, neste caso, com cerca de cinco anos, certamante não irá partilhar muitas das suas emoções, das suas alegrias, tristezas, dúvidas, incertezas, que seguramente vai ter pelo caminho da vida. Porque a diferença entre o Tu e o Você, é abissal, como que se tratasse da figura de um Tu, o barco bem amarrado ao cais, e o Você no barco a três metros desse mesmo cais. Presumo que a este pai que vi, e escutei, com ares superiores, corresponda também uma mamã, igualmente a dar-se ares, e a manter uma distância vincada num Você, ou na terceira pessoa, referindo-se ao "menino", poucas vezes usando do nome, que certamente não irá fora de um Manuel, José Maria, ou um antiquado e clássico Bernarno. Não terá certamente este menino o prazer de rebolar na areia com o papá, de andar a palmilhar os caminhos, pelo meio das àrvores de um qualquer bosque, a descobrir as folhas, as formigas, as joaninhas, porque um Você, mesmo que não sendo um total desconhecido, impõe uma razoável distância. E diga-se de passagem, mesmo que com esta imbecilidade, não viesse mais nenhum prejuízo... acho fuleiro. Piroso. Cagão. E em definitivo, não aproxima as pessoas, e quando não as afasta, mantêm-nas a uma distância.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

só pérolas

As notícias que escutei hoje, colocam-me perante uma séria dúvida - serei burro? eles são burros? Os outros é que são burros?
A minha asna dúvida, fundamenta-se em autênticas pérolas que desafiam a mais lerda das inteligências, a saber:
- O ministro das finanças assim como que meio em beicinho, meio em ameaça, informa que no caso de não haver aprovação do orçamento, a independência do país ficará, em risco. Será que só agora ele deu por isso? Será que ninguém lhe recomendou ler o livro do Medina Carreira, mesmo que fosse só numa de deboche.
- Aníbal vai, enfim, gastar mais uns tustos ao Estado, aquele que todos sustentamos, para, oficialmente dizer aquilo que todos sabem. E todos sabem que cada vez que um tipo do estado se move, funga, ou respira, tudo o que gravita à volta, se mexe, implicando mais despesa. Por isso, o desvendar do quarto segredo, em local nobre, em horário nobre, para dizer o que vai dizer, e todos dizermos que já estamos carecas de saber, é ridículo e despesista. Resta-me a esperança que Aníbal, tire um coelho da cartola e diga alguma novidade, à laia de Américo Tomás, que de visita à Madeira, eloquente como sempre foi, afirmou - a Madeira é uma ilha, por isso é rodeada de água por todos os lados.
- Por último, a notícia - a abertura dos grandes espaços comerciais nas tardes de domingo vai ajudar ao crescimento da economia nacional. Desgraçados estão, portanto os alemães, os espanhois, os franceses, etc etc, que vivem nos países onde portas abertas aos domingos, só lhes vimos as das igrejas, e por isso não podem ir comprar, minuins nem nogás, nem chupas, nem peúgas, nem bledines, para provocar a elevação (bem me apetecia colocar outra palavra, mas fiquemos por esta) nas respectivas economias.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Já comecei a pedir ao Pai Natal - I

tudo tem explicação

e assim começou o alcoolismo...

novas saídas

Na hora do meu cházinho matinal, no balcão, estou de costas para elas que se lastimam, à mesa, uma, que até aquele prazer de tomar o pequeno almoço na rua vai ter de acabar, a outra que prefere cortar nas refeições em casa e nos remédios, do que perder a sua bica e os dedos de conversa. Nos filhos de ambas, eles na casa dos quarenta, mora o desalento - o desemprego, salva-se um que é da função pública, mas está também empenhado até à pontinha dos cabelos. Remata uma, que as poupanças dela já há muito se foram, nas sucessivas tentativas de tapar os buracos dos filhos, e que agora o T, o filho mais velho está em desespero, pois acaba-se-lhe este mês o subsídio de desemprego, e receia a mãe que este cumpra a promessa que vem proferindo - se se vir sem saída, deita fogo ao carro e à casa, para os bancos não se ficarem a rir, e depois mata-se. Perante a angustiada e impotente mãe, responde-lhe a outra, também mãe de coração apertado - descanse, que quando eles dizem que se matam, nunca o fazem.
Será? Pensei, enquanto esperava o chá arrefecer.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

até Sempre

Faz hoje quinze anos que o teu relógio mudou da mãos, melhor, de pulso. Semanas antes desabafaras-me a tua sorte, o teu destino, as ironias da vida - que sempre tentaras que te saísse o totoloto, e da forma mais ironica, tinhas tido três totolotos nesse ano de 95, a crueldade do terceiro, implacável, anulou o sabor dos restantes. Estavas de viajem marcada, para breve, diziam-te os médicos, contudo, sem dia e hora determinados, para que pudesses ser pontual, como sempre foi tua característica, que me passaste. E apresentares-te todo engomadinho paea a ocasião, e essa particularidade, não ta herdei.
Ficaram por cumprir uns tantos planos, que a seu tempo, e noutra dimensão, presumo, poderão acontecer. Até lá, usarei o intemporal relógio, que antes de te medir o tempo, media o do avô (continua teimoso e rezingão?), hoje mede o meu, e espero, venha a medir o tempo do teu neto, em ocasiões especiais, como o dia de hoje. Mas daqui te confesso, não tenho pressa nem vontade que isso aconteça. Nem tu tinhas. Mas fazer o quê, temos de dizer que é a vida, pois do inverso, já lhe conhecemos o nome.
PS
Espero que não te tenhas aborrecido por ter mudado a correia ao relógio...

já decidi


segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Manifesto

Considerando que:
Os portugueses não sabem governar.
Que há portugueses que se governam com o que sugam dos outros.
Que esses portugueses, instalados nas cadeiras, são o polvo, que gere autarquias, determina o financiamento de TODOS os partidos.
Que vamos ter de continuar a ser esmifrados.
Concluo que:
Caia o governo.
Venha o FMI.
Venha um governo de salvação nacional composto só por estrangeiros.
Pelo menos terei a sensação de que o dinheiro que me vai ser roubado, será para realmente tapar um buraco, e não para nos tapar os olhos, e mais tarde se comprarem submarinos e outras mariquices, que para além de não nos fazerem falta nenhuma, só camuflam luvas.

domingo, 17 de outubro de 2010

dúvida

Encontro-me um pouco como a minha amiga Antígona... vou da avião, comboio, de carro, a pé...?

o prometido é devido


Depois de duas valentes noites de cantigas, e uns consideráveis quilómetros a pedalar, o que menos me apetecia hoje, domingo, era obedecer ao comando do despertador, que se tornou desnecessário, dado que, antes deste tocar, me liga a mamã, sorrateira - filho, já estou pronta, caso queiras ir mais cedo, é só para saberes... Quem me mandou prometer-lhe que a levava ao Espinheiro ver a Ti'Custódia? Foi lavar os dentes e a fronha, ir buscar o cd do Paulo de Carvalho, para agradar, e lá seguimos a terras de Ribatejo. Nas dez, horas a voz de comando - não te importas de colocar o rádio na Antena 1? Quero ouvir o Júlio! Anuí, e gostei de o ouvir, o cd que ficasse para depois.
Foi uma visita surpresa de uma mãe velhinha, a minha, com outra mãe, mais velhinha, agora com 84 anos, e uma lucidez de fazer inveja, e um riso que a perca dos dois filhos, não lhe levou. Nas conversas, um desenrolar de recordações, dois livros abertos, que desfolharam passagens que redescobri, outras totalmente novas para mim, e um carinho reforçado num reencontro de duas pessoas que se reconhecem há mais de sessenta anos.
Não me pouparam elogios, pelo cumprimento da promessa. Não me senti elogiado. Intimamente fiz um mudo mea culpa, por não a ter cumprido há mais tempo. Quantas vezes não colocamos o nosso comodismo e egoismo à frente do que afinal nos deixa tão felizes. Hoje estou feliz porque fiz alguém que amo, feliz, e isso é também uma forma de egoísmo - fazer os outros felizes, para que esses nos proporcinem o sentimento. Será? Tenho de perguntar ao Júlio...

sábado, 16 de outubro de 2010

Momentos Zen

A Música, esta, ou destas, presente como fundo.

Os Cheiros, agradáveis, discretos, mas penetrantes.

A Luz, que não se dê bem conta de onde vem, um pouco menos que quanto baste.

Os Corpos, saciados, quanto baste, perfumados, do banho de espuma.

A Lareira, acesa, a fazer parte da luz.

O Vinho, um Bordeaux, certamente.

As Iguarias, escolhidas e preparadas em dueto.

...

Os Chocolates, muito depois.

.........

A tv, o telemóvel, a campainha, e todo e qualquer outro meio de contacto com o exterior, Anulados. Sem limites.

Crónica de um passeio de biciclete ao Seixal, em tempos de crise

Em tempos de crise, dizem, não se podem baixar os braços, não há lugar para o conformismo, nem tão pouco entregar os destinos ao destino, à sina. Há que encontrar as alternativas necessárias que contribuam para melhorar aquele um por cento de qualidade de vida que os portugueses tentam heroicamente não perder.
Numa pioneira iniciativa, de antevisão das dificuldades que se adivinham, as gentes das terras do Seixal, colocaram as mãos na obra, e alguns resultados são desde já, visíveis.
Com efeito foi criado o lugar turístico ao mais puro estilo Caribenho, onde com um pouco de imaginação, e umas piñas coladas, podemos imaginar-nos em Punta Cana. Sem aeroportos, jet-legs, malas perdidas, e outras confusões. Basta apanhar a camionete da carreira, Cacilhas-Paio Pires, via Seixal.
Também está a ser incentivado o conceito, do pescador ao consumidor, evitando os talões, as confusões, e... o IVA. Com uma costa marítima como a tuga, e atendendo ao galope do desemprego, bem pode o nosso povinho dedicar-se à pesca, ou em casos desesperantes, atirarénseaomaredizerenqueosenpurráren. Fica-se isento ao IRS...
Por último, soltou-se de amarras, a embarcação que rumará a outros mares, em busca do perdido D.Sebastião, que tendo sido certamente um baby-suicida, não será pior do que esta corja que nos rouba, e nos deixa turva a visão do futuro. Veja-se o nevoeiro, a condizer.
...






sexta-feira, 15 de outubro de 2010

para mais tarde recordar

O rescaldo do dia da folga teve mesmo um gosto agri-doce, se o doce acabou, o agri está presente no dia de hoje, dia em que uma vez mais, o governo se prepara para nos roubar, agora, mais do que à descarada. Do doce ficou um dia dividido entre mergulhos em pleno Outono, o Joaquim Sassa, do Saramago, umas incursões aos magníficos lotes de Baco, em terras de Azeitão, e o trabalho com afinco num novo desafio musical, com amigo de longa data, onde para além de bons covers de Deep Purple, ZZ Top, Beatles, Gary Moore, Cars, Clapton, and so on, daremos lugar ao tributo luso, e aos temas que gravámos nos Iodo, ou não fosse este meu amigo, o cantor da banda... a coisa promete, nem que seja para goso próprio, e alguma partilha com malta da cor.
Com um dia de folga assim, esquecer mesmo, só a crise, contrariando a frase anónima, pois para que algo tenha de ser esquecido, haveria que ser lembrado.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

terça-feira, 12 de outubro de 2010

ora toma

A neta acompanhou a avó à consulta de rotina no Garcia de Orta, e a dado momento, é a avó abordada por um médico estagiário, que lhe propõe fazer-lhe um inquérito sobre eventuais reclamações e sugestões das gentes da terceira idade, e proposta aceite, diz a neta que a avó desenferrujou a lingua, e falou das listas de espera, das negligências, das incompetências, que há velhos em verdadeira prisão domicilária, e em remate final, disse ao medicinal jovem que abomina que desconhecidos tratem os velhos por "tu", bem como declina o tratamento de "minha querida", chegando mesmo a questionar quem assim ousou falar-lhe - mas desde quando é que eu sou "sua" querida? Você conhece-me de algum lado? Terminou com o reparo que apesar de ir com a neta, eles, os do hospital, devem falar com a pessoa, e não com a acompanhante, salvo manifesta incapacidade, pois um velho não é nenhum débil mental nem nenhuma criança.
Contou-me a minha filha que o entrevistador, ficou maravilhado, agradecendo vivamente - não podia ter tido melhor pessoa para entrevistar.
That's my mamma...

do estar em... Harmonia



Quando o despeitado Salieri, sugeriu ao Rei que dissesse a Mozart que a ópera era muito boa, contudo, tinha notas musicais a mais, Mozart, na sua irreverência mais que justa, perguntou não inocentemente - quais, Sua Magestade?
Se a Salieri, não lhe bafejou o seu Deus com o dom da percepção da arte, muito menos foi contemplado o orelhudo Rei, e a nenhum deles, foi possivel entender a Harmonia que se escuta nas obras de Mozart.
Assim é quando contemplamos uma tela, uma paisagem, ou quando entramos num espaço, em que nada nos incomoda, tudo nos agrada aos olhos, ao olfacto, a temperatura no ponto certo, tudo colabora numa enorme sensação de equilíbrio e bem estar. Não temos aquela sensação de que algo está a mais, ou a menos, ou onde não devia estar, tal como ao se dedilhar a viola se sente que esta está desafinada, logo, em desarmonia.
Possuir a sensibilidade de dissecar naturalmente o que é expontâneamente belo e harmonioso, não está ao alcance de todos. Dir-se-á que, a distribuição não foi democrática. Uns sentem, e sentem mais que outros, e todos os seus sentidos exercem uma selecção não premeditada do universo com que se rodear, excluindo por conseguinte tudo o que não se afigura como verdadeiro, em Harmonia, portanto. Por isso devemos, sempre, confiar nos nossos instintos, e recuar, quando no quadro, algo não nos parece bem. E buscar o erro.

Ao que é aceite, é gostar, sem limites. Incondicionalmente.

basta fingir


De lá nos chegam as imagens das crianças escravizadas, tratadas como nem os animais o são. De lá nos chegam as constantes notícias da violação dos mais elementares direitos humanos. Para lá foi o prémio Nobel, para um Mandela encarcerado.
Do mundo virão as contestações, e tal e tal. As indignações, que assim não. Que é intolerável. Uns farão barulho. Manifestar-se-ão. Inconformados que estão, a favor do mártir. Haverão vigílias. Velas. Todos muito light vestindo de branco, em protesto. Contra o gigante chino.
Mero exercício ao nada. Pura demagogia. Dado que na prática, não há nada, mas mesmo nada, que se ligue à tomada que não venha da terra do sol nascente. E dir-me-ão em coro - então querias o quê? Que nos privássemos das máquinas, da tecnologia? E eu respondo - claro que não, podemos lá passar sem eles. Basta fingir que não sabemos, nem queremos saber, de onde nos chegam os nossos pertentes electrónicos. De resto, o Mandela, os miúdos, é problema deles, e decerto darão bons argumentos para filmes, que devoraremos em casa, comovidos, no sofá, reproduzidos na varguarda do blue-ray made in China.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Viva a Rede

Já por aqui falei, e se falou das redes "sociais", das suas vantagens e malefícios. Por eles e neles vemos gente que se abre totalmente por ali, que alimenta e se alimenta nas redes como se aquilo fosse uma horta, ou um tamagochi, bem como pelo contrário, há quem não queira nem sequer fazer parte do mostruário, por mais discreta que seja a presença. Respeitem-se as vontades, respeitem-se as escolhas.
Pela parte que me toca, foi a pedido que criei uma página do meu extinto grupo dos anos 80, o que me pareceu lógico, dado que mesmo passados quase trinta anos, ainda existem uns quantos adeptos da banda.
Por contágio, criei a minha própria página, e através dela, ocorreram alguns reencontros impensáveis noutras circunstâncias, ou seja, seria muito pouco provável a possibilidade, de esbarrar com quem, há trinta anos, cruzou o nosso caminho, e votou a cruzar. Alie-se a esta condição muito improvável, a realidade de que as pessoas mudam com o passar dos anos, e por isso bem podemos até chocar com quem em tempos trocámos mais que olhares, que as possiblidades de reconhecimento são mínimas.
Acho engraçado colocar uns videos do youtube, partilhar umas ideias, uma ou outra foto, nada de mal vem ao mundo por isso. No que toca aos assuntos dos trinta anos, o assunto torna-se sério, delicioso, avassalador, admito. E como não sou mal agradecido - obrigado, Facebook.

domingo, 10 de outubro de 2010

dito e feito











revivalismo

Perdi a conta das centenas de vezes que escutei este vinil.
Sexta-feira, na Fnac, o cd olhou para mim, e disse-me, compra-me, há tanto tempo que não ouves isto...
Lá se vai o bolero e o carmina.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Retrato em Branco e Preto

antecipações

Como ando numa de antecipações, mais do que de recordações, permito-me o exercício à imaginação do que vai ser o domingo próximo, a manter-se este tempo verdadeiramente outonal, lá vai ele passar a ponte, que de quase vazia me deixará rever, sem stress a minha Lisboa - melhor que a vista de Lisboa, pela ponte, só mesmo quando se vem de avião e este entra por esta rota - depois de um pequeno almoço no Amoreiras, cheio de calorias, um livrinho que já anda debaixo de olho na Bertrand, e mais umas observações locais, hora em que decerto, o espaço começará a povoar-se de humanos, e eu me piro para vistas do Meco, seus mares revoltos, e areiais agora desertos. Será o momento dos clássicos no leitor de cd, com o indispensável Bolero, e o Carmina Burana. Momento que mesmo que não inspire, lava a alma, e chovendo, o carro. Um passagem obrigatória pelo Cabo, e a sua igreja, a única que visito com sentir especial, dado que a ela vou apenas com um intúito. Havendo vontade, um pulinho a Sesimbra, e às tortas de Azeitão, agora já de Rádio Clube Português, no som, em trajecto de regresso à caverna, onde me perderei nas músicas, e num filme que não sei ainda, sem pipocas, sem filas, sem encontrões, sem estacionamentos congestionados, sem putos embirrantes aos gritos, e sem um gajo que não pára quieto à minha frente. Mais pelo fim do dia, o petisco que ainda não sei, com um tinto que será escolhido ao rigor do um-dó-li-tá...
É um cenário antecipado de um domingo, que imaginado pelo fundo da vontade, seria claramente:
"amanhã de manhã, vou pedir o café para nós dois..."
Mas isso seriam outros quinhentos, saía o Carmina Burana, mas ficava o Bolero.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

retalhos da vida cantados


Quantas pessoas não identificam momentos da sua vida com excertos de letras das canções, ou quantos compositores não vão directamente ao sentir de quem os escuta. Todos decerto fazemos essa saborosa associação que vai perdurando ao longo dos anos, e quando relembrado o momento, logo nos vem a canção à memória, ou pela canção regressamos ao momento. Usamo-las em pequenas doses, onde o escutar daquela música nos levou num segundo àquelas férias esquecidas, ou a um abraço que ainda tem cheiro.
Não é, no entanto, ilícito, na antecipação do momento, atribuir-lhe a letra e a canção, e por isso aqui vai:
"meu amor, meu amor, minha estrela da tarde, que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde"

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Varig - Feliz Natal




Incumbido de um trabalho no mínimo diferente, ando a pesquizar, e recolher , para em forma de rapsódia, os tocar, anúncios antigos que sejam musicados. Já encontrei pérolas tais como os candeeiros bem bonitos modernos e originais, ou o boca-doce, a linda carochinha que casou com o João Ratão, de colónia é o leite...que você deve usar, mas o número um é mesmo este, que me fazia voar, e ainda faz.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Imperdível


Perdi a conta aos concertos que assisti, do Rui, fosse porque também fizesse parte do cartaz, em plano bem menor, óbviamente, ou como mero espectador, como foi o caso da memorável noite no Coliseu, onde ele tocou ao lado do BB King. Dos vinis, lá por casa existem alguns, dos primeiros, e o primeiro. Nas pastas onde carrego as músicas que vou tocando por aí, os temas do Rui são os primeiros e em maior número, pelo que dei pulinhos de contente quando o DN, colocou à venda toda a discografia, para ir saboreando a cada domingo. Daí que, até ao meio de Dezembro, o meu domingo começa pelo quiosque, e por colocar o CD no leitor. Ah pois!

domingo, 3 de outubro de 2010

U 2

Corria o início da década de 80, quando equipado da recentíssima antena parabólica, que mostrava que havia mundo da tv para lá da RTP, eu me deliciava com tudo o que os canais da estranja passavam em matéria de música, e muitos registos ficaram gravados no então pioneiro sistema de video 2000, anterior ao velhinho Beta. Num desses momentos de busca, vejo num canal alemão, um concerto que me chamou a atenção, onde o vocalista endiabrado não parava quieto um segundo, tanto no palco, como fora dele, o estilo era diferente, irreverente, aquele Sunday bloody Sunday já me batera antes, nas minhas frequentes romarias ao 2001, no Autódromo, onde muito antes de entrarem no nosso circuito comercial, eram divulgadas bandas desconhecidas. Desde esses tempos me rendi ao som inconfundível desta banda, que mais que produzir verdadeiros hinos, usa o que melhor sabe fazer como forma de intervir no mundo, e suas causas. U2 não é uma banda, é uma religião, é uma prova que uma banda pode renovar-se década após década, sem se limitar ao mero exercício de facturar bilheteiras e se arrastar pelos palcos. U 2 FOREVER.





sexta-feira, 1 de outubro de 2010

não consigo dominar...


... este estado de ansiedade
ou
estou em pulgas
ou
já não há unhas para roer
ou
tenho formigueiro na barriga
ou
tou cheio de nervoso muidinho....

Baco-radas

Em tempos de antevisão dos tempos negros, não nas nuvens de Outono, mas no desbaste que a cambada política nos vai inflingir, fui aos vinhos. Com a disponíbilidade, e a tranquilidade necessárias, pode-se rechear a garrafeira, de um bom sortido de nectars, a valores moderados, passando pelo Douro, Dão, Alentejo, e Terras do Sado, e uma pequena traição ao baco-luso, com uns Riojas e Bordeaux. Gosto de escolher o vinho assim, os que vou beber, fora do dia a dia, tal como escolho as músicas, e da escolha do vinho, escolho com que o acompanhar, à mesa, e nos ouvidos. Cada rolha sacada, será pois um pequeno prazer de Outono, cada sabor que fica, marcará o momento. Que sejam celebrações de prazer, ou, na alternativa, para esquecer as desgraças dos telejornais, mas se for caso disso, que se beba do pacote, Camilo Alves serve, porque para ver gente reles, o vinho tem de ser a condizer, embora não subscreva a Mariquinhas, entendo-a - pois dar de beber à dor é o melhor...