terça-feira, 31 de maio de 2011

Modernices



Escuto há pouco que um jovem, em busca de uma maneira original de pedido de casamento, à namorada, sendo craque em aplicações na internet, e sabendo a namorada grande fâ do Harry Potter, conseguiu introduzir a pergunta mágica, num questionário sobre o pequeno mágico, o qual, a amada consultaria no seu portátil, e pasme-se, isto tudo num jantar a dois num restaurante. Admito que o pessoal da nova vaga tenha outros conceitos de originalidade e de romance, mas convenhamos - ir para um restaurante, jantarinho romântico a dois, de pc em punho, e ficar a navegar em vez de namorar, não era noiva para mim, nem aqui nem no Disneyworld. Para mais, é um pedido de casamento, muito fuleiro, este do marry me, no meio do Potter.

das Distâncias




Distâncias não se medem a metro. Tempos houveram em que a distância tinha um peso avassalador entre as pessoas, não só pela mesma, mas também pela ausência de comunicação. A rapaziada do meu tamanho lembra-se da carta, que até chegar ao destinatário, já estaria decerto desactualizada, caso o seu conteúdo relatasse novidades, e sendo carta de amor, poderia também perder o seu efeito. Hoje, apesar das distâncias, os meios dos quais dispomos possibilitam um namoro em tempo real, de Lisboa a Toquio, com direito a voz e imagem. Claro que nada substitui o olhar, o toque, o cheiro, e muitos mais etecetaras, mas é como que se a distância fosse bem menor do que é na realidade. Outras distâncias existem, aquelas que convivem entre pessoas próximas, que por mais próximas que estejam, estão a milhas de distância. E nada haverá capaz de resgatar essas distância. Chamam-lhe solidão acompanhada, incompatiblidade, feitios... São as consequências, das escolhas erradas, do receio de ficar só, de se ter uma figura ao lado para apenas fazer ver. Aplica-se o ditado - mais vale ficar só, do que mal acompanhado. Assuma-se - bom mesmo é a pessoa certa, aquela que encaixa como a peça do puzzle, na perfeição, ao lado. Voila.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

mimos



Chego a pensar que eu não devia cheirar tão bem...

egoísmos



Se o passado nos visita sem aviso prévio, nem que seja em forma de notícia dada por portador, amigo cumum, de alguém que em tempos passou pela nossa vida, a sensação pode vestir muitas roupas. Podemos querer saber mais, como é, como foi, detalhes, ou simplesmente pensar que não estamos interessados em saber nada. Pura e simplesmente. Existiu em mim um misto de querer saber apenas se tudo estava bem, se tudo seguiu o caminho de final feliz, mas apenas e só essa notícia, e nada mais, junto com o desejo de que o meu interlocutor não tocasse no assunto, e se limitasse a conversas de circunstância. Mas tal não aconteceu. Ele foi directo ao assunto, colocando-me a par de notícias menos boas. Egoístamente, desejei que esta conversa não tivesse acontecido. Porque me deu algum desconforto no meu serão musical, mas afinal o que é um desconforto comparado com o que me foi revelado? Nada. Insignificante. Egoísta me assumo.

este teve outro sabor



Cumpriu-se ontem mais um Portugal a Rufar. Este ano, quam apareceu para bombar, não teve apoios financeiros. Chegaram pelo seu pé, e suas despesas, e fizeram a festa. Com o incêndio da sede do Toca, foram-se as paredes, os instrumentos, muita da sua história, mas não se foram os sonhos, o projecto, nem a força de ultrapassar contrariedades. Ontem desfilou-se, tocou-se e bombou-se com outro sabor, e saboreou-se um festival não menos grandioso e genuíno do que em outros anos. Em tempos em que a crise também se enraíza na cultura, e nos pedem para consumir o que é nosso, faz todo o sentido apoiar quem mostra a outros mundos o tambor lusitano, os seus toques e compassos, as nossas tradições.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

praga

A campanha eleitoral cerca-me. Bem me tento desviar dos seus tiros certeiros mas não consigo, eles estão em todo os jornais, nas rádios, nas televisões, nos debates, ora a falar, ora a berrar. Já lhe conheço os tiques todos, os crescendos de voz, as bandeiras agitadas, o vazio de conteúdos das propostas, o falso popularismo. A novidade, é que apesar da certeza de um único trilho certo imposto pelo FMI, os manequins que andam para aí a fazer campanha, alheiam-se disso, e continuam a assobiar para o lado, e mandar umas bocas uns aos outros. Para tristeza minha, o uso destes métodos não perdeu o seu efeito, pois pelo que escuto nos debates que vão por aí, o povo português, é de péssima memória, e alinha nisto como se a coisa fosse uma espécie de campeonato de futebol. Ou seja, a malta não vai votar em consciência, coisa nenhuma. São as papas e os bolos. Eu, pela minha já manifestada posição de chega e basta, e usando um pouco, o mote do belíssimo texto de Oswaldo Montenegro - Metade, por aqui deixo o meu lamento - se todos pensassem como eu penso, os parasitas que nos governam, não ganhariam mais um tostão dos meus impostos, porque metade de mim não votaria na metade que vai à frente nas sondagens, e a minha outra metade, também não votaria, na outra metade que se segue. Porque metade de mim é desilusão, e a outra metade, saturação.

prometido e devido



E não é que não parou de chover toda a manhã!!!

Estava prometido, fui a banhos, era água por cima, e por baixo!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

terapia

Amanhã só me vejo nisto. Nem que chova.

Paixões e suas estações

Convencionando que a terceira idade seja após os 60's, não destoará chamar de primeira, aquela que vai até aos trinta, e de segunda, a que compreende entre os trinta e os sessenta. Se é certo que nos amores da primeira idade, não existem apêndices, no pacote da pessoa amada, ou a existirem, estes são desvalorizados, pela força da juventude, e pela intensidade da paixão, na segunda fase, e em regra, o pacote de extras que acompanha a cara metade já soa a cabaz do Natal, cujos productos não pudemos escolher, e ele são os filhos, os encargos, os amigos, a famíla, a pessoa-ex, e respectivo pacote, porque sabemos, tudo está interligado. Nestas paragens etárias, muitas vezes se ponderam junto com o lado afectivo, as particularidades e dimensão do tal pacote. Não havendo amor que baste, o peso do pacote manda a relação abaixo. Ou não mandando abaixo, juntar os trapinhos fica fora de questão. Joga-se à defesa. Coloca-se na balança, de um lado, o sentimento, e do outro, o fatídico pacote. Na fase terceira, muitos itens do pacote, já se foram, e outros deixam de ter peso, ou a consciência de que o tempo não pára, irá determinar e refinar muitas escolhas, principalmente as que vão excluir tudo o que seja supérfulo, daninho e sem verdadeira importância. Talvez porque afinal o ser humano evolui, e aprendendo com as suas falhas, se torna menos imperfeito. Por isso a minha sábia avó dizia que, quando estamos em vias de partir, deveriamos estar de chegada.

terça-feira, 24 de maio de 2011

muito triste

Vi há pouco no Facebook, um video realizado perto de Lisboa, onde duas jovens agridem uma outra, selváticamente, com pontapés, pela cabeça, pelos membros, barriga, coluna... De parte estão dois ou três rapazes, que assistem divertidos, incitando até as agressoras, porque afinal o interesse deles era apenas um - fazer um bom filme para o Youtube. Não lhes senti uma ponta de defesa, para com a miúda que se tentava safar em vão, nem sequer uma palavra de apaziguamento. Fiquei triste, revoltado, impotentente, desapontado, com o que vi. Pensei nos meus filhos,e nos filhos dos outros, pensei, nos pais destas criaturas. Desconheço a quantidade de casos semelhantes, mas um que seja já é preocupante. Com comportamentos destes, junto com a passividade e frieza dos outros, dos que assistiram, na ânsia preversa de conseguir um video para colocar na net, prevejo uma gente de muito baixa qualidade, no futuro que se aproxima. Muito baixa, mesmo.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

das Confianças e das Decepções

No princípio todos confiamos. Em alguém, em algo. Aprende-se, quase sempre a custas próprias, que nem tudo, nem todos, merecem a nossa confiança. Na medida em que a nossa idade avança, as nossas confianças são mais restritas, porém, mais avaliadas, e por isso, menores os riscos da decepção, essa grande consequência da quebra, ou da perca da confiança. Quando chegamos a este mundo, em estado de formatação, confiamos. São os nossos pais, avós, gente chegada, o nosso porto de abrigo incondicional, a confiança neles é total, e para nós, quando em tenra idade, adquirem o estatuto da omnipotência. Ao primeiro raspanete, ao primeiro momento em que caímos e o avô não nos segurou a tempo, à primeira qualquer atitude que uma dessas referências nos desagrade ou desaponte, tomamos as primeiras percepções da decepção. Progressivamente nas várias fases do crescimento, estas e as outras pessoas do nosso mundo, nos vão merecendo a confiança, agora em doses medidas, bem como nos tornamos exigentes, e regateamos, e apontamos as falhas e os erros, se decepcionados. Nos amores, os equilibrios, ou a falta dos mesmos, entre a confiança e a decepção, colocam muitas vezes um ponto final naquele que, à partida seria o amor para o resto da vida. Quanto maior é a dimensão da perca da confiança, maior será a dificuldade em ceder uma chance. As pessoas podem mudar sim, mas pouco, e por isso cabe-nos, como seres inteligentes, contrariar aquela imagem de confiança eterna e submissa do cão cujo dono o agride, e mesmo assim, este lhe abana o rabo. Se decepcionados, para dar nova chance, precisam-se de mudanças inequivocas, de acções, e de compromissos efectivos. Porque já lá vou com trinta e sete anos disto, e por conseguinte, não sou mais o menino confiante, porque atravessei as fases de outros acreditares, porque vivi umas quantas promessas que nunca se cumpriram, não abano mais o rabo, não senhor - estarei de costas viradas à campanha eleitoral, pelas razões invocadas. Deixo aos que eventualmente ainda confiam, porque são novatos, ou pouco inteligentes, e aos que rapam do mesmo tacho da classe política, o meu lugar vago, para assistir nas próximas duas semanas ao circo, que nos vai custar mais uns milhares, pois tal como não há almoços grátis, as campanhas eleitorais custam dinheiro, e todos sabemos que não são pagas pelos partidos, mas sim pelos que abanam o rabo, e pelos que não o abanam. deja vu para mim, só o dos Crosby,Stills, Nash & Young.

graças a Deus

Descobri que pertenço a minorias - nem sou do partido de Sócrates, nem sou do SLB. Uffff!!!!

domingo, 22 de maio de 2011

gentinha porquinha

Já por aqui falei uma vez disto, e não me canso de repudiar - as beatas! Porque terão os fumadores, na sua grande maioria de ser porcos? Porque é que numa esplanada como aquela onde estive ontem, apesar de existirem cinzeiros à disposição, para as mesas, e daqueles grandes que parecem um canteiro, o chão fica inundado das pontas de cigarro com a sua nódoa castanha no filtro? Porque será que na praia, como hoje me dei ao trabalho de inventariar, contei mais de trinta beatas na periferia? Será que para se ser fumador tem de se ser porco? Não creio. Até porque muitas das pessoas a quem observo de cigarro na boca, aparentam um bom aspecto, limpinho, e desinfectado, excepto claro, a boca e os pulmões, mas isso é lá com eles. Também não creio que essas pessoas, cheias de salamaleques, apaguem a beata no chão da sua casa, ou no tablier do seu carro. Que se emporcalhem nas entranhas, pouco me importa, que larguem as pontas cigarro para o meio ambiente que a todos cabe cuidar, irrita-me deveras.

a solo

Uma inesperada rouquidão assolou-se-me nas cantorias de sexta-feira. Tal como um carro perde potência gradualmente até se ir abaixo de vez, a voz ía saindo cada vez mais fraca e distorcida. A coisa resolve-se com uns chás, mel, e limão, pensei. Mas não. A hora da esplanada, a aproximar-se, num sábado que prometia enchente, e da voz, nada. Não comparecer foi uma ideia, afinal o corpo é falível. E naquele balanço de vou, não vou, lembrei-me de caçar com cão e com gato. Afinal se durante tantos anos fui guitarrista, porque não brindar o pessoal com uns solos. Foi assim que me apresentei ao respeitável público - a cantar essencialmente Paulo Gonzo e Bilac, aproveitando a configuração vocal, e apresentando umas guitarradas que foram do jazz aos Pink Floyd, passando por Carlos Santana e Gary Moore. E toda a gente ficou contente. Esplanada cheia, e satisfeita. Repita-se.

sábado, 21 de maio de 2011

Obama, can

Digam o que disserem, apelem às diferenças das realidades, dos países, das constituções, e mais o diabo a sete, mas para mim, o Presidente, é um chefe, um lider, aquele que está no topo da pirâmide, aquele que governa e (ou) faz com que se governe, e no mesmo barco, quem decide. Um Presidente, para mim, não pode ser uma mera figura ornamental, um qualquer faz-de-conta que sendo substituído ninguém lhe notará diferença. Um Presidente para mim, não pode ser um corta-fitas, um destapa-lápides, nem um enfadado personagem que visita a feira local lá da terrinha, e emborca uns chourços e um tinto, enquanto finge um quase autismo ao que de verdadeiramente se passa à sua volta, e o devia preocupar. Um Presidente para mim, se não tiver obra feita, que tenha pelo menos discurso com garra, com clareza de intenções e ideias, e que acima de tudo, após ser eleito, que cumpra, que seja coerente, que faça uso da honra da palavra assumida, em suma um Presidente Homem, com H, e, ao estilo Bordalo Pinheiro, com eles no sítio. Sendo candidato com passado suf- ou medíocre +, não me leva voto. É homem que não presta, e só vai empatar. Exemplos não nos faltam. Sabemos que um homem só, não faz tudo sozinho, bem como sabemos que nem tudo se decide por uma única cabeça. Sabemos também que nem tudo o que se diz, posse ser a verdade no seu cerne. Mas mesmo sabendo e considerando tudo isto, foi com muito interesse, e atenção que ontem assisti, por acaso, ao 60 minutos, onde Obama relata os caminhos que levaram à operação de eliminação de Bin Laden. Acreditei no Homem, e nas palavras que relataram os actos. Sou de avaliar pelos actos, e não pelas palavras, e sou daqueles que gosta de olhar os olhos das pessoas, e o olhar de Obama, inspira-me sinceridade, não obstante, os actores que já passaram pelas cadeiras do poder dos EU. Espero que as restantes promessas de campanha se venham a realizar, para assim poder saudar aqueles que em tempos indicaram Obama com prémio Nobel, e poder dizer que ele can sim senhor.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

the long and winding road



É uma das dez músicas mais fantásticas que conheço. Tenho-a dentro de mim desde que o LP saiu em Londres, e mão amiga, na data pertencente à TAP, fez o favor de mo trazer, junto com os singles, Lola, dos Kinks, e love lika e man, dos Ten Years After. Não têm conta as vezes seguidas que escutei este tema sem me cansar, nem nunca me cansarei de o ouvir e sentir, em todos os seus cantinhos, nas vozes, nos coros, nos violinos, na restante orquestração, na beleza da letra. Ando a aprender a tocá-la, e cantá-la. Talvez nunca o faça em público, quanto muito num restrito grupo de amigos, em que as canções vão surgindo um pouco como as conversas e as cerejas. Se o fizer, aos outros, será exigido sentirem-na, porque tal como eu a conhecem de longos anos. A mim, o mínimo que exijo, é que mesmo com as limitações e imperfeições, a saiba reproduzir com a magia que ela, a canção, tem e merece.



ansiedades



Foi uma semana recheada delas, de várias tonalidades e sabores.

Como nos filmes cor de rosa, tudo acabou bem.

Sorria-se, portanto.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

life is like a box of chocolates

Sempre tive uma relação de clandestinidade com os chocolates, e sempre fui um guloso por chocolates. Guloso, talvez seja pouco, tarado, talvez se aplique melhor. Vem de longuiquos tempos a minha relação de incesto com o chocolate, ao ponto do mesmo me ser escondido sistemáticamente, pelos motivos lógicos - se os tenho à mão, como-os. Como-os é pouco, devoro-os, quando, não os devia comer, mas sim saborear, deixá-los derreter em leves trincadelas, fazendo o doce tabelar entre as minhas mandíbulas homersimpsianas. Lembro-me de quando o meu avô trazia aqueles chocolates de tamanhos obscenos, da Cidade do Cabo, e os amendoins revestidos a chocolate, que a minha avó tratava de esconder no móvel que viajou de Arroios ao Meco, e ainda hoje, vestido à hippie me serve de apoio aos churrascos. Lembro-me de quando a minha mãe comprava aquelas caixas de chocolates envoltos em pratas que depois de bem endireitadas se colocavam entre as páginas dos livros e dos cadernos. Escondia-os a mãe, do filho, e dela própria, pois ela, a mãe, a minha mãe, era e ainda é, uma grande gulosa. O esconderijo foi descoberto, num dia em que o meu faro quase canino detectou a caixa dos gatinhos de chocolate na segunda gaveta da cómoda. Acabaram-se os chocolates, nesse dia, e acabaram-se os armazenamentos da D. Maria de Lurdes. lembro-me do único doce que sei fazer, decentemente, a mousse de chocolate, de lhe rapar a tijela, e de descer de madrugada ao frigorífico, para me deleitar em lambuzadelas servidas em colher de sopa, de referida mousse. Lembro-me dos chocolates que comprava propositadamente para saborear com um bom scotch, ou seria pretexto da ingestão de ambos? Hoje, encontro-me em situação semelhante, mas por motivos menos óbvios, mas igualmente louváveis, a degustar a conta-gotas os mais soberbos chocolates do planeta, dadas as circustâncias, as menos óbvias, juntamente com a promessa que tento manter, de não fugir a uma dieta em modo light. Hummm, acho que vou ali ao esconderijo tirar só mais um bocadinho...só hoje.

terça-feira, 17 de maio de 2011

o fim último da vida não é a excelência





"Não tenho filhos e tremo só de pensar. Os exemplos que vejo em volta não aconselham temeridades. Hordas de amigos constituem as respectivas proles e, apesar da benesse, não levam vidas descansadas.

Pelo contrário: estão inavriavelmente mergulhados numa angústia, e numa ansiedade de contornos particularmente patológicos. Percebo porquê. Há cem ou duzentos anos, a vida dependia do berço, da posição social e da fortuna familiar. Hoje não. A criança nasce, não numa família mas numa pista de atletismo, com as barreiras da praxe:

- o jardim escola aos três.

- a natação aos quatro.

- as lições de piano aos cinco.

- a escola aos seis

- um exército de professores, explicadores, e psicólogos como se a criança fosse um potro de competição.


Eis a ideologia criminosa que se instalou definitivamente nas sociedades modernas:

- a vida não é para ser vivida - mas construida com sucessos pessoais e profissionais, uns atrás dos outros, em progressão geométrica para o infinito.

- é preciso o emprego de sonho.

- a casa de sonho.

- o maridinho de sonho.

- os amigos de sonho.

- as férias de sonho.

- os restaurantes de sonho.


Não admira que, até 2020, um terço da população mundial esteja a mamar forte no Prozac. É a velha história da cenoura e do burro:

- Quanto mais temos mais queremos, quanto mais queremos, mais desesperamos.


A "meritocracia" gera uma insatisfação insaciável que acabará por arrasar o mais leve traço de humanidade.

O que não deixa de ser uma lástima.

Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo Montaigne, saberiam que o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade".



texto de João Pereira Coutinho, jornalista



segunda-feira, 16 de maio de 2011

khan-khan

Cada vez me sinto mais out deste novo mundo, ou então o mundo, ou parte dele está out e enfermo, e eu, saudávelmente lúcido, e lógico - quem me pode explicar o que é que o cú tem a ver com as calças. Por outras palavras, lá porque o manda-chuva do FMI, é alegadamente tarado sexual, e se o for, é também um grande porco, porque carga de água, tem de haver agitação nos mercados bolsistas? Será que o FMI é apenas este tipo? Porque haverão quedas, por surgir uma notícia que aparentemente nem surpreendeu muita gente? A surpresa do caso, não foi o caso, mas sim a detenção. Será que por cada alegado impulso sexual as ações vão descer? Decididamente, não vejo lógica nesta aparente fragilidade dos sistemas e das instituições.


Caso seja provado que o Sr.Khan é culpado da(s) acusaçõe(s), e caso seja uma realidade que os ímpetos sexuais têm ligação directa com a estabilidade dos mercados financeiros, então recomenda-se uma reformulação das listas de disponibilidade de oferta dos room-service, a fim de incluir os serviços profissionais das garotas de programa, o que, a 2000€ por diária, decerto não será problema. Acalma-se o Khan, e acalmam-se os mercados. Ficam todos a ganhar.

bostas

Difícil escolher entre a bosta menos bosta, dos programas televisivos do serão de domingo. Entre a encenação mal fingida de um big-brother sem qualquer nexo, da 1, a humilhação dos gordos na SIC, e a estadia dos ?famosos? na TVI, decidiu-se pela última, porque ao menos as paisagens e as suas gentes são verdadeiras, bem como o serão as bostas dos pastos dos animais. No entanto por ali também, muito do exibido, é fingido, embora a tentativa de fazer parecer que os convidados estão ali a sofrer horrores, possa convencer alguns crédulos espectadores. Se outros detalhes não houvessem, os nativos traem-se nos sorrisos que exibem, quando deveriam estar fulos da vida, na verificação às ofensas das suas ancestrais tradições. Desculpemos os nativos, pois actores são os outros. Não engulo essa de que eles comem, defecam, e exercem a higiene dos nativos. Estou certo que longe das câmaras, existirão confortáveis tendas à Kadafi, para todos os participantes e para o staff que assegura as filmagens. Achei nojento e de total despropósito, a imagem da morte de um animal, e a consequente simulação dos ?famosos? a beberem o sangue do bicho, ou das imagens de cães a abocanhar porcos. Não deixa de ser interessante verificar que no mesmo país em que histéricamente uma asae obriga a que toda a alimentação seja amuquinada, passem imagens de pessoas que até aparecem nas revistas a comer com as mãos e com as moscas, a beber leite sem ser pasteurizado, a matarem bezerros, e beberem do seu sangue. É que as crianças, como se sabe, também vêm estas aberrações, leia-se o programa, e nunca a genuinidade destas tribos.

domingo, 15 de maio de 2011

os Roazes




Tentam e muito bem, os animadores do espectáculo dado pelos golfinhos no Zoo de Lisboa, alertar as consciências e denunciar a situação - o grupo de golfinhos roazes residente no estuário do Sado, conta com 25 elementos, mas a sua extinção é quase certa. E a culpa, como sempre é do homem, neste caso, do homem português, em concreto do estado. Depois de vasculhar um pouco sobre o tema apurei que:


Os nossos roazes, são um grupo de características únicas, dado o seu tamanho, e cor de pele. Na sua maioria estes animais têm idades superiores a trinta anos. Dada a escassez da reprodução, e considerando que esperança de vida de um golfinho é de quarenta anos, não será pessimismo, mas sim realismo dizer que, daqui a menos de dez anos, golfinhos por ali, só em forma de estátua, na entrada do casino de Troia.


Para mais informação, e repúdio à espécie humana que nos governa, aqui vai:








sábado, 14 de maio de 2011

nariz na porta

Desde 5ª a meio dio serão, até hoje, quando vim a pc, que dei com a porta fechada desta coisa dos blogs, nem aqui, nem nos retratos, ou naqueles que sigo e cusco, tive acesso. Desconfortável, embora não uma tragédia, sofrer estes contratempos das novas tecnologias. Há duas semanas foi-se um telemóvel e uma pequena história dentro dele foi-se também, dado que o meu relaxe não assegura as cópias de segurança para a posteridade. Com este apagão dos blogs, receei ter perdido parte das fotografias que por ali depositei, mas também o acesso às minhas escritas, e às daqueles a quem visito. Seria pirataria do Facebook? pensou a minha maldosa mente. Mas parece que tudo voltou ao que era e podemos, saborosamente por aqui ir debitando os nossos interiores d'alma. Mais uma vez o confronto entre o tradicional e o virtual, se depara, dando lugar à questão fatalista - e se um dia isto tem uma travadinha? e se cracha? e se o que está guardado, pura e simplesmente desaparece porque alguém algures carregou num potente "esc" ou "delete"?


quinta-feira, 12 de maio de 2011

Horizontes

há mais no cantinho dos retratos

quarta-feira, 11 de maio de 2011

será o canto do cisne?

Quando há cerca de quatro anos decidi largar as bandas, vulgo conjuntos, fi-lo com a total convicção de que era chegada a data da mudança. As razões, muitas - começara nos palcos aos catorze anos, e poucas foram as pausas durante décadas. Já se tornava difícil aguentar as sucessivas actuações, por vezes de cinco horas, as noites não dormidas, e a idade a cobrar um CV desses anos todos, dos muitos palcos, das muitas terras e gentes que conhecera. Para trás ficou um percurso, tanto profissional como em modo lúdico, que recordo com muito agrado e até algum orgulho. Mas foi definitiva a decisão - porta fechada. Em boa hora, vi o excelente trabalho de voz e viola acústica do VP, que me serviu de mote e inspiração para abrir uma nova porta, e que todos os dias, me faz descobrir qualquer coisinha num tema, ou uma ideia de um novo ritmo para testar nos agora calmos palcos que piso, e no meu cantinho das violas. Comigo mesmo, egoístamente ensaio, toco, pesquizo, quando me dá na gana, sem compromissos, sem obrigações. E que bem que se está assim, porque já se encheu o papo, em época certa, do contrário.

Curioso, é que deve haver por aí um surto de nostalgia, nos músicos da minha geração. De alguns que tinham literalmente arrumado as botas, recebo em menos de uma semana, três convites para reabilitar as suas extintas formações musicais. Vou escutando as propostas, a descrição dos reportórios, dos músicos, dos ensaios, dos hipotéticos locais de exibição, e tremo só de pensar em voltar ao antigamente. É que eles, os que me desafiam, não se dão conta que as coisas mudaram, que nada está como eles deixaram há vinte anos. Não lhes digo, por educação e respeito, que tudo mas tudo mudou, a começar pelos corpos que carregam.

última hora

Considerando que alguns restaurantes consigam sobreviver à crise, a manter as suas portas abertas, Sócrates, inspirado na sua eloquente, esclarecedora e inédita comunicação ao país - do que não é - do que não vai acontecer - decidiu estender o conceito. Por isso decretou que a forma de divulgação das ementas destes estabelecimentos, deixará de mencionar o que estes têm para servir, mas sim AQUILO que estes não têm. De igual modo, diz-se pelos corredores do Rato, que estas medidas se vão estender aos transportes públicos, assim do género - este autocarro não vai para o Cais do Sodré, Damaia, Cruz Quebrada, nem para Chelas, nem....

Sócrates-brilhante, Sócrates-actual, Sócrates-a-dar-lhe, Sócrates-não-sei-para-onde-vou, Sócrates-porreiro-pá.

parolos sim senhor

Dizia-me hoje de manhã, o amigo espanhol, acostumado pela profissão a outras europas que não as da península, e a propósito das próximas e eleições - vocês são uns parolos. Aquilo custou-me a digerir. Vem-nos logo à guelra a defesa do puro luso, perante a arrogância castelhana, e apressamo-nos a rebuscar os seus telhados de vidro, e outras fraquezas, a fim de tentar equilibrar a coisa. E remata, quando ainda estou meio zonzo da primeira agressão - é tudo clientelismo, e pessoas erradas nos lugares que ocupam. Reflito e pauso. O lotito tem razão, ele sabe que eu sei que o modo de abordagem da sua empresa, funciona em moldes diferentes, consoante o país em vista. Ou seja, se vão oferecer os seus productos e serviços à Alemanha, mostram competência, rigor, e valores competitivos. Se os vêm oferecer a Portugal, subornam.


Ao terceiro soco do Ramon, fico KO - sabes porque há máquinas de fazer bom futebol, como o Barcelona? É porque os defesas são defesas, os avançados, avançados, e os guarda-redes, guarda-redes. Não há primos, cunhados, filhos e conhecidos a fazer equipa.


Mas Ramon, retorqui moribundo, mas nem todos somos parolos! Ai não? Espera pelas eleições e vais ver se vocês não vão eleger os mesmos, ou os outros, que são iguais aos mesmos.

terça-feira, 10 de maio de 2011

viajar de rabinho apertado...

... ou de coração nas mãos.

Há dias encontro uma pessoa amiga, de partida para a Turquia, desejei-lhe bom passeio, e recomendei alguns locais a não perder na visita a Istambul. De regresso, encontro-a com pior cara do que aquela com que partira. As razões - fruto dos novos tempos - o medo de atentados, um clima de desconfiança generalizado, um peso demasiado militar em muitos locais por onde andou. Pessoa acostumada a viajar, confessou-me que de futuro, os destinos serão revistos com outros critérios, considerando que existem novos riscos, e imensas variáveis. Concordei. Longe vão os tempos em que passei alegremente por lugares, onde hoje, nem que me pagassem os tornaria a visitar. No entanto, destinos aparentemente seguros e tranquilos é coisa que não falta, o que falta, é o resto - o pilim.

informação rasca

A notícia é tirada a papel químico de outras que já cansámos de ver. Numa versão, a da autoridade anuncia-se resistência à detenção, recusa na identificação, apedrejamentos, incêndio de caixotes do lixo, e tentativas de agressão às forças da ordem. Do outro lado, brada-se a inocência, o presúmivel, os tiros para o ar, a inocência. Se uns dizem que estiveram ameaçados por mais de cinquenta, os outros garantem que eram apenas dez, e crianças. Não sei a quem servem estas notícias, não sei por que carga d'água se dá voz, a quem notoria e cegamente, deturpa todos os factos, tentando transformar agresores em vítimas. Não sei se esta gente que, em nome de uma fingida liberdade de informação, dando tempo de antena sensacionalista, a quem pactua com roubo, extorsão e violência, não entende que todos somos possíveis vítimas do esticão, do car-jacking, do assalto. Gente rasca, estes que colocam no ar os inocentes coitadinhos, a manifestarem a sua indignação, dando de certa forma, pela calada, força a esta gente, e colocando as forças de ordem no papel de mauzões. Não me chateia nada, que me peçam a identificação. Se ma pedem, é porque estão a trabalhar. E se trabalham é porque andam por aí. Se não andassem, eu estaria bem mais preocupado, e sentir-me-ía bem menos tranquilo, mesmo considerando que nem todos sejam exemplares no exercício da sua profissão.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

luta, luta camarada, luta

Não lhes acho muita piada, contudo também não me incomodam, apesar de incomodarem outros. Talvez sem eles mesmo se darem conta, criaram uma onda, uma moda, e uma boa fonte de rendimento, pois é giríssimo gostar-se desta dupla, que veste à anos 70, e aplica a fórmula revivalista do apelo ao combate, em acordes, não mais que Dó, Fá e Sol. Com efeito esta gente, que os Homens da Luta retratam, existiu, vestiam mais ou menos assim, tocavam nas suas violas ronfenhas os únicos dois ou três acordes de iniciação musical que conseguiam tocar, e debitavam palavras incendiárias, numa de Maria-vai-com-as-outras. Foi um período em que esta praga tomava de assalto qualquer palco, em qualquer lado, numa clara tentativa oportunista de colagem à recente situação de viragem política, e também de obterem através do Dó-Ré-Mi, e do "fascismo nunca mais" cantarolado, um tacho para anos vindouros. A colagem desta gente, e não só, ao grande mestre que foi Zeca Afonso, apenas foi conseguida no figurino, entenda-se, a boina, os óculos e os trapitos, porque de resto, nem de perto, os falsos cantores-compositores, não tinham ponta por onde se lhes pegasse. Ficaria bem aos rapazes da Luta, uma referência, uma vez ou outra, ao Zeca, separando as águas, e esclarecendo quem, possa confundir o trigo com o joio. De resto os bonecos, são bem conseguidos, o megafone é de facto indispensável, e em nome da coerência histórica, que conste que nos tais anos 70 ainda não havia Gel, o que a malta punha era brilhantina, brillcream.

sábado, 7 de maio de 2011

excerto...

... de uma música de ney matogrosso:


"-o mar passa saborosamente...


-o quê?


-a lingua!...


-onde???


-n'areia!"


uiiiiii, digo eu.

...

escalpe



No tempo aureo do video VHS lembro-me de ter visto um filme passado na Amazónia. Numa das cenas que não esqueço desse filme, um índio, incrédulo e impotente perante o avanço das máquinas que desbravavam a terra derrubando tudo o que de verde havia no seu caminho, exclamava - estão a tirar a pele à Terra. Sábias palavras as deste cinéfilo índio, perante o avanço predador do seu semelhante.

Pois bem, sinto-me em modo índio, com a situação que as minhas feias fotografias ilustram. Não só porque estão a arrancar a pele à Terra. Não só porque é bem perto da minha casa. Mas também, e acima de tudo, porque prevejo ser esta mais uma obra que pouca serventia vai ter - mais uma via rápida, de algures para nenhures, que ninguém consegue explicar da sua necessidade. Duvido que estudos credíveis e reais tivessem sido feitos sobre o tráfego que justifique este traçado. Mas ele aí vem, com o seu betão, alcatrão, expropiações, indeminizações, e gorjetas em forma de BMW's. Coisas destas entristecem, quem, somando estes mamarrachos, a metros de superfície, linhas de caminhos de ferro inúteis, submarinos, e todas as formas que o semelhante-predador encontra para se encher à conta do semelhante, o outro, aquele que não entende, que não decidiu patavina, mas que paga. São as ditas publico-privadas no seu melhor exemplo de inutilidade pública, e criminoso aproveitamento.



quinta-feira, 5 de maio de 2011

Aprender, aprender sempre

Hoje o tema versa sobre fantasmas e porque os há de várias formas e comportamentos, aqui ficam alguns exemplos de fantasmas, suas formas e suas particularidades:


... O mais simpático, o mais genuíno, e patusco. A sua palavra preferida - buuuuuuu!


O mais guerreiro, mesmo a viver na selva nunca transpira no seu maiô. A sua palavra preferida - estás preso em nome da Lei!!!

O fantasma de sonho de muitas mulheres. O sua posição preferida? Bem esta parece que é uma delas...


Nesta foto, o fantasma encontra-se à direita. A sua posição, atrás no indivíduo da frente. A sua palavra - não disse.



Exemplar muito raro, em flagrante acto de esboço de tentativa de dizer aquilo que mais gosta de pronunciar - não me pronuncio.



quarta-feira, 4 de maio de 2011

Patetices

Hoje a locutora na rádio debitava de sua justiça, a sua, presumível, opinião sobre estar-se apaixonado, e sapiente descrevia que quando se está nesse estado se dizem e se fazem muitas patetices, como se tratasse de um caso de demência, ou irracionalidade, e ridículo. Desconheço a pessoa que assim falou para os ouvintes, tal como desconheço os motivos que a levam ao menosprezo pelo estado de paixão. Se as teve, se nunca as teve, se quis ter, também não sei. Tão pouco me interessa saber. A ninguém é lícito desdenhar dos sentimentos e emoções, que não os seus. Porque os dos outros, a esses pertence ajuízar. E esses, aos outros todos, onde me inclúo, que de rádio sintonizado no posto da radiofónica descrente da paixão, temos plena liberdade de sentir e avaliar as nossas paixões. Se se é patético, não importa, porque quando se vive o tal estado, o da paixão, o mundo ganha outras côres, outros aromas, os sentidos à flor da pele, e tudo parece inconfundivelmente mais belo. E se fazemos aparentes loucuras e patetices, elas não o são, porque sendo dedicadas à pessoa, e só à pessoa, são sempre acolhidas com igual sintonia, com olhos que vêm aquilo que os de fora não conseguem ver, porque são patetas.

terça-feira, 3 de maio de 2011

equilibrios

Cada dia que passa me dá mais a tentação de me casular, de me reservar num autismo, como que se num casulo vivesse, e nesse meu casulo, só entraria quem, e o que eu permitisse. Cada dia que passa me dão mais apreensão as antevisões do futuro, que certamente não será de pertença divina. Cada dia que passa me doi mais "estar actualizado" com as notícias, contudo, é pertinente "estar", não tenho perfil de avestruz. Cinzentos são estes dias, que contrastam com os azuis, esses que mesmo em tons de cinza no céu, são azuis e livres, aqueles em que me desligo em parte deste mundo, não ouvindo notícias, mas apenas a música desejada, não lendo nada mais do que não queira ler, nem falando com quem não me apetece escutar. Contas e números nem pensar. Fica tudo à porta do meu casulo. São os dias em que o relógio não existe, apenas as vontades são aceites.


Mas cada dia que passa, se torma mais difícil a tarefa de conseguir o equilíbrio entre esses dias - os cinzas e os azuis.


segunda-feira, 2 de maio de 2011

morre a abelha-mestra, não o cortiço

Dão-no como morto. Altos dirigentes das nações, confirmam-no em público. O que leva acreditar que desta vez é que foi. Se tudo foi feito como relatado, a decisão foi acertada, matar sem piedade, e largar o corpo em zona inacessível.


Esperam-se represálias, organizadas ou em actos isolados. Poderão existir centenas de candidatos a mártires dispostos a fazerem-se explodir em locais anónimos, onde exista um punhado de gente. Tome-se pois, cautela, porque Bin, producto americano, deixa seguidores, que devidamente apoiados, poderão tentar, dar continuidade à obra. Espero que os americanos, hoje aliviados, saibam responsabilizar quem afinal, formatou aquele que atingiu o coração da sua nação.


No entanto, mesmo que se aplique a prudência, a reflexão, e se aguardem novos desenvolvimentos, hoje é um dia em que todos devemos dar vivas - à morte de Bin Laden. Que arda nos confins do inferno.

ajoelhou? então vai ter que rezar!!!



dia triplo



















Para além de domingo, dia atribuído ao descanso, ontem houve que repartir entre as grandes jornadas de luta dos trabalhdores, e os miminhos às mães. Para os crentes, o valor acrescentado da beatificação do Papa. O meu contributo ficou-se por pequenos episódios, e uma conclusão.

Pela manhã, numa loja em Sesimbra, escuto as entendíveis lamentações das jovens funcionárias de que não deviam estar a trabalhar num 1º de Maio. Que trabalham sempre aos domingos, mas este, que não deviam. Uma rematava - o meu namorado está em Paris, e disse-me há pouco que hoje, lá, está tudo fechado. E nos outros domingos, e nos outros países também, esclareci a menina.

Lá para o serão a conversa com a mamã, andou em muitos temas até desaguar na política, e na constatação de que se não é lícito aos da direita, a política do tacho e do clientelismo, aos da esquerda, é-o ainda mais, dado que aos de esquerda lhes escutamos um discurso de imaculados. Da conversa política, apurou-se o vislumbre de dois votos em branco.

Noite dentro, a ver as imagens dos fieis em Roma, resumindo e baralhando todos estes eventos, concluí que o povo português é infiel e pagão. E explico - se o domingo, é o dia santo, feito para descansar, estar com a família, e nós, lusitanos, somos o único país europeu a não respeitar essa dádiva milenar, então somos no mínimo pecadores, com P grande. Mais ainda, a classe política, que roubando o próximo, como constata o FMI, não poderá ser perdoado por ninguém, nem pelo santo Papa, porque estes, os dos partidos, sabem bem o que fazem.

domingo, 1 de maio de 2011

testemunho

O convite foi por mim aceite com alguma reserva - tratou-se de assumir a responsabilidade pelas canções de um casamento, as cantadas ao vivo, por escolha dos noivos, no meu cardápio. As listas vieram e fui aperfeiçoando os temas até ao grande dia.

Na chegada da comitiva, sou informado tratar-se de gente ligada a uma igreja. Onde me fui meter, falo com os botões da debutante camisa negra comprada para a ocasião.

Porque nunca se deve julgar sem conhecimento prévio, ao longo do fim de tarde e até cerca da uma da matina, engoli os meus estúpidos pensamentos. Estive no meio de gente simples, humilde, unida, sem vaidades ou peneiras, sem caganças, que apenas viveram em perfeita harmonia, aqueles momentos, eu incluído. A alegria era contagiante e constante. Relembrei os muitos casamentos onde participei como músico, onde as pessoas apenas pavoneavam as suas posições sociais, os seus carrões, as suas arrogâncias, e lá para o final as suas bebedeiras, e em alguns casos, a sua verdadeira natureza.

No final foi gratificande verificar que a contribuição musical se integrou nessa harmonia. Mais um desafio superado. Obrigado avó, mais uma vez, por me teres "posto" na música.