quarta-feira, 31 de março de 2010

Momentos

momento 1nq não me sais da cabeça! o que faço? avanço ou recuo?
...

momento 2 será que alguém está estúpido? colocar os dois mais badalados dirigentes desportivos na mesma hora nobre, revela estupidez e provincianismo, se calhar de todos, dos ditos, dos entrevistadores, e dos responsáveis pela nobre escolha.


momento 3 para além das revistas de música que guardo religiosamente, mantenho um bom stock das NG e das saudosas GR. Ao folhear uma com mais de 10 anos, leio no editorial, uma precupação legítima, em forma de aviso - corriam os tempos de cavaquismo e a CEE mandava-nos dinheiro, que nunca mais acabava, e nós, os tugas, vai de atapetar Portugal com belíssimas estradas. A preocupação era simples, como se iria pagar tanta massa. E não é que o dinheiro que nunca mais acabava, acabou, e hoje, o resultado está à vista.
Preocupam-me hoje, as afirmações de que cada tuga já deve para cima de 20 mil € e de que a Segurança Social, estará falida daqui a duas décadas. Se as previsões forem tão certas como as da GR...


momento 4 quando tinha uns trinta e poucos, em viajem de trabalho, comprei um Paco Rabanne, que durante esses dias, além de me deixar cheiroso, me deixava um qualquer coisa de confortável. Sei que nada tem a ver, mas tudo estava em boa conjugação - a vida sorria-me, o meu corpo era rectilíneo, o fato ficava-me bem, as viajens corriam bem e eram um manancial para todos os sentidos. Tudo parecia obra do PR.
Hoje, ainda sou fiel ao PR e ao seu aroma, porque gosto, e porque de cada vez que me unto nele, invade-me ainda, aquela sensação de um qualquer coisa de confortável.
E se eu bem preciso, não que o fato me fique mal, mas definitivamente, o meu corpo está mais redondinho.
Paco Rabanne, o clássico. Dos outros não gosto.




segunda-feira, 29 de março de 2010

N Q


NQ é o seu nome, primeiro foi-me um pouco indiferente, depois, aos poucos fui gostando, fui-me interessando, descobrindo os grandes e os pequenos detalhes. Vou deixar o tempo passar, moderar a impaciência, cultivar a espera, e saborear os momentos que espero venham a desaguar na consumação dos sentidos. NQ, não me sais da cabeça.

domingo, 28 de março de 2010

Silêncio


É crescente, e preocupante a sucessão de notícias que estão a aparecer sobre a pedofilia e a igreja. Como todos sabemos, quando se fala em dez, o número é mais que mil. Os que se silenciaram durante anos, mesmo que sendo surdos-mudos, falaram, e os que deveriam, falar, e agir, calam. Calam porque sim. Porque não há nada a dizer, e pouco a fazer. Porque estão encurrados, e trezandam a hipocrisia e mentira. Porque sendo durante séculos a fio o suposto espelho da virtude, e do bem, não têm defesa nem palavra possível. Porque sabem que ainda a procissão vai no adro, e muitos mais virão, de futura a acusar, finalmente, quem, de batina, e cruz ao peito, lhes roubou a alegria de viver.
Não sou defensor do ditado - quem com ferros mata... mas por vezes sinto-me tentado. Sim tentado, porque a tentação afinal, não é pecado coisa nenhuma.
Será que alguém ainda irá dizer - que Deus lhes perdoe?

virar a página?


Virar a página?
Rasgar a página?
Deitar o livro fora?
...
Em vários aspectos encontro-me em fase de restruturação, de mudanças, de reciclagem, de mandar fora o que não é essencial, de terminar pedaços de céu, enfim uma correria danada em vários quadrantes, que em conjugação com o pretendido método, e arrumação das coisas e das ideias, junto com o rame-rame do dia a dia, e mais as músicas, me deixa estafado. Literalmente estafado. Com o fechar de uma porta outra se abre e é sempre bom esse sabor a renovação e novidade desejada, e pensada. Daí que o estafanço fica compensado na balança.
Porém, no descartar das folhas, dos objectos, dos escritos, dos tais pequenos nadas, dos pequenos afluentes, fica sempre uma nostalgia, porque em cada um desses poréns, existe um momento, uma história, uma lembrança, que faz com que o ritmo em que se vão jogando as coisas fora diminua, como se se prestasse uma última homenagem a coisas tão triviais, como um isqueiro que nos lembra, que cigarro acendeu, quando onde e a quem; uma factura de restaurante que nos lembra com quem se jantou, onde se estacionou, o que se levava vestido, e como decorreu o resto da noite; uns apontamentos que num ápice nos transportam "áquele" dia e nos deixa invadir o sentimento da época. Ao deitar para o lixo, pequenas tralhas, deitamos um pouco também uma porção de postits que deixarão de nos avivar a memória. Por isso, as fotografias nunca deverão ser destruídas. Nem que seja para nos vermos mais novos e mais magros. Falo por mim.

sábado, 27 de março de 2010

A vida é feita de pequenos nadas


Como é possível ficar-se tão pleno de satisfação porque, finalmente, houve condições de pegar na biciclete, e sentir os cheiros dos pinhais, ao mesmo tempo que se desenferruja o corpo, e no final, uma paragem na casa da mamã, sem olhar para o relógio, para uma saudável cavaqueira, mais de irmãos do que de mãe e filho...
E ainda há quem diga que nunca estou satisfeito! Calúnias.

sexta-feira, 26 de março de 2010

O Livro das Faces


E pronto, como diz o ditado, juntei-me a eles, a pedido, e por várias sugestões, decidimos, os sobreviventes da loucura dos anos 80, criar uma página no facebook , e não é que já revi velhas amizades. Isto da net é do catano, pá!

Chamamento

D.F ficou viúva naquela idade em que não se é muito nova nem muito velha, na casa dos cinquenta, o marido, esse, foi-se na idade que dizem ser a madura, aos sessenta. O cancro levou-o. D.F trajou o preto de rigor, e de rigor vestiu a sua alma, ficando-lhe de consolo, os cinco filhos, e os netos. Dos filhos, o mais novo, cópia chapada do pai, movia-lhe, à D.F, um misto de saudade, e orgulho, pela extrema semelhança. Com os anos chegam à D.F as mazelas costumeiras, perde quase toda a capacidade de ver, e de se mover, começando a depender de terceiros, sente-se a mais, porque não quer dar trabalho. Mas lá foi indo, na sua vida meio cinza, até que novamente o cancro lha bate à porta, e D.F vê partir o filho, o mais novo, o que era igualzinho ao pai. Precoce o filho, que se foi na casa dos quarenta. A vida cinza de D.F veste-se então de negro, um negro para sempre. Vegeta entre um quarto escuro, e uma sala, que ela mesmo quer escura, rodeada de dezenas de fotos e lembranças dos defuntos, com as suas dores, as físicas e as outras, com os seus sofreres, os seus ais, daqueles que vêm das entranhas, lastimando-se a todo o intante - porque é que Deus não me chama... o que é que eu estou aqui a fazer?
Quem sabe, Deus ande algo ocupado e preocupado com as travessuras que os homens de batina, que professam a Sua palavra, têm vindo a fazer por aqui, cedendo ao mais nojento dos pecados, e não escute os pedidos de D.F. que entre cada supiro, pede o chamamento.
Por mais fria que seja a conclusão, a D.F tem razão. Tem-na. Toda a razão.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Não há duas sem três

E eis que quando na semana passada, me reuni com um velho parceiro de cantigas, não me passava pela cabeça, que ontem ele me ligasse a dizer, então confirma-se o ensaio para logo? Claro, digo eu. Óptimo, diz ele, é que logo, levo uma surpresa. Ok, digo eu, pensando, o RM descobriu mais alguma cassete de um concerto ou fotos velhas, ou algo assim.
A surpresa não podia ser maior, com o RM vinha o teclista da banda, recém-chegado de Luanda, o LC, que eu não via há quase 30 anos!!!
E assim a noite prolongou-se, com os três rapazinhos do meio da foto acima, agora mais gordinhos e grisalhos, a tocar, a cantar, a recordar os espectáculos, os estúdios, as entrevistas, o Passeio dos Alegres, o Rock Rendez-Vous, a Febre de Sábado de Manhã, e coisas que por aqui não convém falar.
Já estão agendados mais encontros destes, que nunca se sabe que frutos poderão dar, mas nem é tempo de pensar nisso, apenas saborear estes preciosos momentos.
E quem sabe não farei um tour por Luanda. Why not?
Pelo sim, pelo não, vou debruçar-me sobre a obra do Bonga.

Hulk e o túnel mal assombrado


quarta-feira, 24 de março de 2010

Eu fui






Diz-se que a primeira vez é sempre a melhor. Discordo. Se bem que quando, em 1975, eu fui um dos sortudos que teve o previlégio de assistir a um dos dois concertos dos Genesis, em Cascais, a poucos concertos tinha assistido, até porque poucos haviam no Portugal de então, o da outra senhora.

Desde a primeira audição do vinil Selling England by the Pound que me tornei fã, fanático pela banda, e os tostões seguintes foram para comprar os LP's anteriores, incluindo o primeiro, muito embrionário, que muito me custou a adquirir. Quando sai o duplo The Lamb Lies Down On Broadway... penso ter massacrado toda a família e vizinhança durante semanas a fio com as constantes passagens dos discos. Por isso não é de estranhar que quando os concertos foram anunciados, eu comecei a dormir mal, quando adquiri o bilhete, pouco e mal, e na véspera, não devo ter dormido nada. O concerto, claro está, era à noite, mas eu e o C, seguimos depois de almoço no comboio já apinhado, de fanáticos como nós, que qual formiguinhas se dirigiam para o Dramático. Nas imediações do Pavilhão, que me pareceu enorme, onde mais tarde vim a desfrutar de muitos e bons concertos, e até onde, mais tarde viria a tocar (deprimente), na primeira parte do Iggy Pop, concentravam-se os enormes camiões que davam para antecipar os decibeis lá dentro, a maralha ansiosa, e... as forças militares, Copcon pois então, o ano era o de 75. A entrada fui tumultuosa, o pessoal atropela-se, não sei como, mas vim parar de uma ala lateral até ao centro do pavilhão, presumo que saltando uma rede de vedação. Na minha frente algo próximo do paraíso, dezenas de colunas, um palco preparado para as teatralizações de Peter Gabriel, que vestindo a personagem de Rael nos levou a todos, desta vez, ao vivo, e não no gira-discos, pelo LP duplo fora, numa execução irrepreensível, e brindado-nos no encore com um Musical Box extasiante. No regresso, num comboio que devia carregar umas seis vezes mais gente do que o permitido, alucinado, o pessoal da barbicha, da borbulha e dos pontos negros na face, cantava em coro the carpet crawlers. Para trás ficou aquele que foi o melhor concerto da minha vida, e a devoção eterna aos Genesis, mas apenas com o Peter, leia-se.
E todo este reviver, porque ontem passou na rádio I know waht I like. Coisa rara.
A Flower?



terça-feira, 23 de março de 2010

Gente Gémea

São pessoal do rendimento mínimo, pedem orçamentos para solicitar ao apoio social do estado, que lhes compre, os tarecos para colocarem nas casas lá do bairro social, também estas cedidas pelo apoio. Vejo-lhes as montadas, sóbrias, de vidros escuros, matrículas recentes, e as vestes de marca, nem que seja imitação. Rebusco nos pregaminhos da minha memória - onde é que eu já vi isto? E coço a cabeça, com um grande "?" Ah, já me lembro, foi no telejornal, gajos de fatório, e carros escuros, sóbrios, e de matrícula recente. Em sintonia, uns e outros, abotoam-se com e no sistema, e por certo não foi por trabalhar que adquiriram o direito a montar, a montada.
Após coçar a cabeça, pergunto-me - estou no país errado, na profissão errada, ou ambas?

segunda-feira, 22 de março de 2010

O céu a seu dono


Decerto que todos damos mais do que uma conotação à palavra - céu. O céu está limpo, nublado, cinzento, é uma forma. Outra, se te portas mal, quando morreres não vais para o céu. O céu, convencionou-se está por cima, e o inferno por baixo, o que não deixa de ser complicado, se nos imaginarmos neste exercício de pensamento, estando no hemisfério sul...
Partilho da ideia do Rui Veloso, que em recente entrevista afirmou não acreditar em nada disso, e que é aqui, na Terra que há vida, por outras palavras, ninguém vai para coisa nenhuma quando dá o último suspiro. Vida é aqui, enquanto dura. E por isso é aproveitar, e fartar, vilanagem.
O que não nos impede de, ao longo da nossa passagem pela existência, de construirmos, e escolhermos os nossos pedaços de céu. Dos que escolho, uns quantos, a céu aberto, são locais onde me sinto bem, que procuro de vez em quando, e me fazem bem. Sempre. Ontem fi-lo. Busquei uns dos meus céus abertos. Dos que construí, outros quantos, iniciei ontem o processo de o encerrar, sem lamento nem tristeza, mas com os olhos postos noutro pedaço de céu que se espera, e se avizinha, com serena expectativa, pois quando terminamos a leitura de um livro, sabe sempre bem abrir um novo. Neste caso, um pedaço de céu. Azul. Do pedaço de céu encerrado, claro que a manta de retalhos com que o vesti é tão tamanha, que muitos se espalham agora por outros céus, de amigos, inclusive.

domingo, 21 de março de 2010

P.D.I.

Noite cheia ontem, nas músicas, uma sala bonita, bem recheada de gente que soube escolher entre as sugestões do chef e que me bombardeou com excelentes pedidos, de muito bom gosto. Até as crianças presentes eram sossegadas, o que prova que a educação é um bem precioso, e a estas brindei-as com os Patinhos, o balão do João, o pau ao gato, e os malfamagrifos. As sugestões vinham de várias mesas, mas aos poucos reparo numa mesa, mais distante, onde os meus olhos sem óculos não atingem com exactidão os rostos, de um casal, ele aparentemente mais velho, grisalho, talvez na casa dos sessenta, ela de cabelo longo, preto, aspecto jovem, para os 35, diria eu, em largos sorrisos para o músico, eu. A tanto sorriso, daquela rapariga que se virava constantemente para mim, ficando quase de costas para o grisalho homem, de pronto lhe satisfazia os pedidos musicais, e ele foi Cat Stevens, Doors, Eagles, Moody Blues, tudo de rajada, que bom gosto tinha a cachopa, de músicas dos 60's e dos 70's, e ela olhava e sorria, e pedia, e eu derretia-me todo, sorria, olhava e cantava, e a ele olhava-o e pensava - não fazes nada pá? eu não tolerava uma coisa destas! Menos!
Já era a bica tomada fazia tempo, e os três na sala, eles continuando a pedir, e eu a dar, música após música, a ponto de ela me chamar pelo nome, e eu com os meus botões - hiiii, até já perguntou o meu nome ao Giovani. Vaidoso e palerma estava eu, até que depois de um Hey Jude, e de um velhinho If dos Bread, decidi terminar por ali, e encurtar a distância, rumando à mesa de onde ela me olhava, e ele, aparentemente feliz com tudo aquilo, na segunda CRF. E era caso para isso - ela, a G, mais velha que eu um ano, minha vizinha de rua, desde a infância até perto dos vinte anos, ele, também meu conhecido, e mais novo do que aparentava. Foi uma cavaqueira do caraças, mais meia hora a relembrar os passados, e a G claro, que sempre acompanhou as minhas lides musicais, junto com o A, também da mesma rua, meu baterista inseparável durante muitos anos. Claro que fingi que tinha topado quem ela era mal entrara na sala, né? Logo a G, que fazia parar o trânsito naqueles anos da juventude, e pelo que vi...ainda o deve fazer abrandar, no mínimo.
No rescaldo, a caminho de casa, tomei uma decisão - vou aderir às lentes progressivas.

sábado, 20 de março de 2010

Limpezas


Gostei da iniciativa do Limpar Portugal. Aplaudo quem teve a ideia, quem a colocou em prática, os que se moveram e imagino que se estejam a mover neste momento, pela causa. Acho vital que se sensibilizem os mais novos, pois a porcaria que nos suja é um problema de educação. A qualquer pessoa dita normal, deve chocar deparar-se onde menos se espera com restos mortais de automóveis, entulho de obras, vidros, e lixo tão diverso e inimaginável como até já descobri o que pareciam ser restos de um talho. Por algumas vezes integrei pequenos grupos de limpeza de matas e desobstrução de caminhos que deverão estar minimamente transitáveis em caso de emergência. Ao consolo e consciência de útilidade que se sente nesses momentos, junta-se em paralelo a revolta contra aqueles que, na calada da cobardia, defecam os seus lixos a céu aberto, são os porcos, são os pig people como já por aqui falei. Hoje baldei-me ao espírito do dia, não limpei nada. Porém também não sujei, e é por aí que todos temos de alinhar, não sujando.
Mesmo que tivesse sido para inglês ver, gostei de ver o nosso PR todo artilhado, a limpar lá para os lados de Sintra, ficou-lhe bem, deu exemplo, e falou bem, creio mesmo, em opinião muito minha, que foi a única tarefa verdadeiramente útil, do mandato. O PR limpou qualquer coisa, e fez qualquer coisa de útil pela sociedade.. Que se sigam mais exemplos, não o do PM, pois este, tem-nos vindo a limpar, porreiramente, e pelo PEC à vista, teremos mais uma limpeza aos nossos bolsos. Daquelas capazes de enfrentar o teste do algodão.
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a propósito dos tugas porcos, dois testemunhos:
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em tempos fiz algumas pescarias a bordo de uma traineira, que pelas cinco e tal da manhã largava Sesimbra e se fundeava ao largo da costa atlântica. na hoja de comer o farnel, era praxe dos pescadores, supostos defensores do ambiente, mandarem para o mar todo o seu lixo, mesmo o não degradável - latas de bebida, garrafas, plásticos, beatas, etc. não me juntei a eles, apenas contestei, em vão, sei-o. fui vaiado e gosado. mandar lixo borda fora é coisa de macho.
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numa viajem que fiz à Alemanha, de caracter profissional, junto com umas duas dezenas de tugas, após o pequeno-almoço no hotel, o guia, alemão, na porta do autocarro, distribuía-nos uma folha onde constava o programa desse dia. uns liam ali mesmo, outros subiam e liam depois de entrar no veículo. um de nós leu, fez da folha uma bola e mandou-a para o chão. quando todos tinham entrado, o guia subiu, e como é hábito nestas coisas, contou cabeças, a ver se ninguém faltava. estavamos todos, podiamos partir. antes de dar ordem ao motorista, porém, o guia acercou-se do dito nosso compatriota, entregou-lhe o papel amachucado, dizendo-lhe num português-espanholado - isto é seu!

sexta-feira, 19 de março de 2010

Fico todo inchado

Tomo habitualmente o pequeno almoço no mesmo local, onde também vendem pão. Pela manhã é um corropio de velhotas em busca dos pães de Mafra, do Torrão, de Alfarim, dos Frades estaladiços, dos paposecos e outras maravilhas da panificação.
Digo uma graçola às senhoras que já me conhecem de muitos anos, e uma diz - sempre brincalhão, tal e qual a avó, a Dona Idalina. A vai daí desatam todas em rasgados elogios à senhora minha avó, num rol de recordações, boa disposição, e até agradecimentos pelo bem que a Dona Idalina, sei-o bem, fazia a todos.
A grandeza de uma Pessoa pode medir-se assim - alguém que morreu há quase vinte anos, e permanece viva dentro das pessoas, e que deixou um legado verdadeiramente rico e reconhecido, o dos bons sentimentos. O carinho que foi invocado, era genuíno, simples e permanecerá na lembrança de quem teve o previlégio de conhecer Dona Idalina. Uma Grande Mulher.
De tão orgulhoso que fiquei, quase me deu um rasgo de gratidão, e esbocei o pensamento de pagar o pão àquela gente toda. Não paguei porque elas eram muitas, os sacos de pão enormes, e sei que a minha avó, de tão poupadinha que era, não iria aprovar.
Agora vou partilhar este pequeno e saboroso momento, com a minha mãe, pois então!

Re-toques


Belo serão, o de ontem, selado pelo regresso à minha banda dos anos oitenta, com o homem do microfone. Os dois, iniciámos um projecto de carácter íntimo, o de tocar e cantar os temas que colocámos no vinil, por alturas do Chico Fininho e do Chiclete. Duas vozes e uma guitarra acústica, a vestir de novo os velhos temas. Retomando as músicas, retocando-as, mudando, olhando com outros sentidos. Ao frenezim dos acordes rasgados por teclas, guitarras em distorção, a galope do baixo e da bateria, apenas temos hoje, os dedilhados, simples e sem efeitos. Estamos no estágio na essência, portanto. Para começar, só pelo prazer que está a proporcionar a ambos já valeu a pena, este reencontro, onde a pressa de chegar foi substituida pelo prazer do saborear. Coisas da idade, e se isto continuar como começou, faremos como o Santana Lopes - vamos andar por aí.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Amen


Um dos flagelos que mais me aflige, me indigna, e me dá uma sensação de impotência perante a impunidade dos culpados, e a eterna marca deixada nas vítimas, é a questão da pedofilia.
Creio que, como muita gente, sempre soube desta aberração, mas foi com o caso Casa Pia, que tomei total consciência de que nunca saberemos a verdadeira dimensão, e a antiguidade deste drama, bem como creio que poucos dos arguidos venham a ser verdadeiramente punidos.
Com as recentes vindas a público, dos abusos cometidos por membros da igreja, constata-se que é nos locais mais insuspeitos, pela gente mais confiável, que tais actos são praticados. Repugna-me o até aqui, silêncio cobarde e manchado de culpa da igreja, que só agora vem dar um pouco da face, por via da exposição pública dos sucessivos relatos. Nojento. Repugna-me que venham pedir desculpas, que venham pedir perdão, que venham dizer que são pela verdade. Repugna-me imaginar que com meia dúzia mea culpa, e algumas tentativas de reparar uns poucos casos mais mediáticos, e a colocação de padres pedófilos na paróquia seguinte, os senhores da igreja lavem daí as suas mãos, tão já manchadas por muita barbaridades cometidas, acomodados e intocáveis que se sentem, em nome da religião que fingem defender.
Às crianças mutiladas, não haverá pedido de desculpa, nem indeminização ou outra forma de tentativa de reparação pelos actos cometidos, que lhes venha a valer. Ficarão irremediávelmente marcados.
Aos pedófilos, não haverá castigo exemplar, tal como sería legítimo haver, pois os seus actos não merecem tolerância. Mas ficarão impunes. Afastados. Recolocados, depois da poeira acenter.
Bem pode a igreja deste mundo lavar-se em água benta, que nunca conseguirá livrar-se da culpa que sempre carregará, pela sua responsabilidade directa. Que alguém os absova. Eu não.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Fruta


Quem está ligado ao mundo do futebol, e suas tricas, que não são própriamente sobre o dito, está a par da recente notícia de que Pinto da Costa, quase centenário presidente do FCP, agora com 72 anos, trava-se de amores com uma mulher de 23 aninhos, vinda do lado de lá do equador.
Venham de lás as bocas maldizentes do costume, dizer que o Jorge Nuno não sabe fazer boas contratações. Ai não que não sabe, que até ao lavar dos cestos é vindima, e o amor, diz-se, não escolhe idades.

Robin dos Bosques


Todos temos, no nosso trabalho, coisas beras e coisas boas. Se com as primeiras temos de nos conformar, com as segundas devemos aproveitar. Ontem foi dia de aproveitar, melhor, foi noite, de jantarito no Casino, o que sempre dá para saír aqui da plebeia margem sul, e tirar o fato do cabide.
Confesso que das vezes que visitei aquele espaço sempre fui a convite, salvo um romântico jantar, no preto e prata, anos atrás.
Em tempos de crise, as imagens que habitualmente não nos incomodam, e até nos agradam, mudam na interpretação que delas fazemos, agridem-nos de certa forma. Falo por mim, claro. Ontem, fui particularmente sensível aos valores dos Ferraris, Bentleys e Jaguars que tanto gosto de apreciar, não porque quizesse ter um, mas porque são obras de arte. Denotei-me muito desconfortável ao passar pelas alas de máquinas que vão sugando o dinheiro aos viciados jogadores, alguns de olhos esbugalhados, a meter moedas, ao mesmo tempo que sorvem a bebida e a sandes.
Olhando em volta de todo aquele perímetro, apercebemo-nos, ou nem isso, dos milhões que gravitam por ali, certificamo-nos de que não é por trabalhar que aquela gente arrecada e gasta tanto dinheiro. Por mim, tiráva-lhes algum, uma boa fatia desse aparente easy money directamente para hospitais, e afins. Assim, sentir-me-ía menos infeliz, quando me apercebo da carga fiscal que carrego nos quatro costados. Sentiria que não era só a minha "classe", a de sempre a sustentar os barões que se auto-isentam de tudo, se auto-promovem, se auto-gratificam, e nos lixam as migalhas que tentamos amealhar.
De resto, foi uma noite do caraças. Chato foi a gravata, que é sempre um desatino fazer aquele nó.

terça-feira, 16 de março de 2010

PlayKids



Escuto duas jovens mamãs, de semblante preocupado, diria de catástrofe, em conversa sobre o pirralho de uma delas, que de tenra idade se encontra em presumível estado depressivo, a ponto de ser necessário, um acompanhamento médico, e consequente tratamento e medicação. Imaginava na minha audição do diálogo que tal se pudesse dever a algo do tipo, o pai saiu de casa, o avô morreu, o cão de estimação fugiu, mas não era nada disso, o motivo da depressão do petiz, que segundo a mãe, já a afecta por tabela, tem a ver com a consola de jogos, que desapareceu, ainda por cima na escola, vá-se lá saber porque é que o puto levou a consola para a escola, ainda se fosse o Magalhães... Claro que a amiga esboçava semblantes aterrorizados com tal desgraça, e concordando que era um rude golpe, pois tão depressa não há Natal, e uma PSP não custa dois tostões. O pior, dizia a mãe apavorada, é que o Chico, o pai, nem deixa o menino jogar no computador lá de casa, alegando que o menino pode fazer mal ao computador, lei-se estragar, ou mexer onde não deve, além de que o zeloso Chico também adverte que o menino ainda é muito novo para PCs e que este, o PC, estrague o menino. Ainda mais, digo eu. Além de que, diz a mãe e esposa, o PC e a Sport-TV são como o ar que se respira, para o Chico. Um dilema portanto. A amiga sugere, e o Panda? Nada? Nada, responde a jovem mãe, não se aguenta dois minutos em frente à televisão. Caso grave, por isso. A criança não tem consola, e não vê tv. Receia-se o pior.

Recordei-me de que por tão usadas e massacradas, as agulhas do meu gira-discos, nos tempos de miúdo, se partiam, e nesse instante, eu ficava meio deprimido sim, uns fugazes momentos, mas logo a coisa passava, pois uma agulha nova tinha que vir de Lisboa, e demorava dias e dias. Entretanto música era na rádio, tv não, pois só se ligava o aparelho ao serão, e de resto a falta da música era atenuada, com os bilas, os piões, as futeboladas, as fisgas, os quadradinhos, os legos, os cromos,..... fosse eu queixar-me da agulha e decerto levava um raspanete.

Não pretendo julgar ninguém. Apenas observo que, de uma forma que considero perigosa, o ser humano está demasiado dependente de meia dúzia de tecnologias, o que além de não ser nada saudável, pode ser efémero. Basta alguém desligar a tomada...

segunda-feira, 15 de março de 2010

Rotinas & Renovações


Creio que todos pensam como eu - que a chegada da primavera, nos deixa plenos de sorrisos e boa disposição, e que de certa forma nos provoca, nos incita a sair, a inovar, a renovar, e repensar, e tudo o mais que não seja ficar indiferente.
Esta é a verdadeira época do Ano Novo. O ponto de viragem. Do deitar fora os nossos lixos, e fazer uma faxina de alto a baixo, do nosso interior, ao nosso telhado.
Este inverno que nos parece ter finalmente deixado, foi particularmente longo, e por isso mesmo estes recentes dias de sol, dexaram todo o pessoal feliz, apesar do PEC.
É tempo de renovar sim, e de saborear velhas rotinas que fazem colorir o dia. São coisas simples, mas que fazem toda a diferença, como por exemplo, pegar na marmita, e rumar ali à beira-Tejo, com vista para a capital, e ali mesmo improvisar um almocinho volante. Sou eu e as gaivotas. E que bem que sabe.
Já estou a antecipar a primeira escapadela às areias do oceano e o ritual do molhar os pés. Quando tiver de ser, será. Por enquanto chega-me o Sol.

domingo, 14 de março de 2010

Ele há coisas...

E não é que na semana em que pela primeira vez publiquei algo relacionado com um ponto alto das minhas lides musicais, me chega alguém que quer reunir todos os elementos da banda, os que nela colaboraram de alguma forma, os amigos e aqueles que ainda hoje me pedem para lhes enviar os temas que foram gravados, em novo formato, já que do vinílico formato original pouco resta.
E eis-me incumbido da agradável tarefa de tocar a reunir, para que em Abril se encha um espaço, se jante, ao som dos vinis, agora MP3, e entre umas garfadas e uns tintos, se cantar a capela , o que me leva a outra saborosa aplicação, a de transformar alguns desses temas dos anos oitenta, em formato acústico.
Pena mesmo, é que o local da foto, já não exista, pois a existir sería aí mesmo que a malta se iría rever, no Rock Rendez-Vous pois então.
Agora vou-me debruçar naquela que foi uma das minhas inspirações da época, tem um parte que diz assim:
teu corpo secreto tem mil ousadias...

sábado, 13 de março de 2010

no país do paz de conta


No País do Faz de Conta, os senhores que decidem, decidiram criar outros senhores, mandados para cuidar da saúde aos outros senhores que somos, nós. Os senhores mandados, eram muito exigentes, e zelosos que eram pelo bem estar da nação dos senhores que decidem, desatam a fechar todos os lugares onde cheira mal, e nem a ginginha escapou. Diziam os súbditos, que não era preciso tanto, que embora em muitos casos houvesse razão de acção, em muitos outros eram cometidos excessos brutais e ridículos, dizia a populaça, lá no país.
Numa pequena povoação do País do Faz de Conta, existia, e existe, uma Praça, ou Mercado Municipal, que é assim que se diz. Nesse mercado, uns compravam, outros vendiam, hortaliças, batatas, cenouras, peixe, enfim, de tudo um pouco, para o consolo da barriguina, e que se saiba todos levavam a sua pacata vidinha do toma-lá-dá-cá, sem que dali maleitas houvessem.
Mas eis que um dia, os implacáveis e zelosos senhores mandados, que tudo farejam e tudo detectam, zás, de uma acentada, fecharam umas quantas praças, digo mercados, para tristeza dos que compram e desespero dos que vendem.
E hoje, no País do Faz de Conta, nesta pequena povoação, os que vendem, estão a vender sim, e os que compram estão a comprar sim. Porque a gente do País do Faz de Conta, é muito desenrascadinha. E onde fazem essas transações? Onde? - Mesmo às portas do dito mercado, nos passeios públicos do mercado encerrado, selado em nome do tudo limpinho e bonitinho. Hoje os peixinhos, e os legumes, estão na rua, ao ar, ao pó, e ao vento, e às moscas, quando as houverem, e todos parecem felizes, no País que Faz de Conta.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Dúvida

Escutei pela primeira vez Fernando Nobre a pronunciar-se sobre assunto político, a recente entrevista de Aníbal Cavaco, e pensei com os butanitos - existe uma grande incompatiblidade de formatos entre uma pessoa como Nobre, e a esmagadora maioria dos políticos. Vejamos:




Fernando Nobre é:
boa pessoa
honesto
íntegro
simples
útil para a humanidade
trabalha
ajuda os outros
fala verdade
tem obra feita (em todo o mundo)
A classe política é:
falsa
corrupta
aldrabona
parasita
mentirosa
incompetente
vaidosa
pedante
inútil
parasita
...
Outros tributos encontraria para complementas ambas as listas, mas não é relevante para a dúvida que carrego - se o o primeiro perfil não se vai deixar contagiar pelo segundo, já que será utópico imaginar que o segundo mudasse para o primeiro. Os segundos, são muitos, quase todos, são tentaculares, e Nobre... é apenas um.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Pré-Histórico?

Chego à secção de champôs, e deparo-me com umas boas centenas deles. Tuti-marca, tuti-côr, tuti-formato, para cabelos espigados, loiros, encaracolados, com caspa, irreverentes, rebeldes, sêcos, teimosos, claros, loiros, avelâ, assim-assim, fracos, fortes, oleosos, anti-ardor, despenteados, e eu desespero entre dentes - então no meio desta tralha toda não tem um para cabelos normais? Para cabelos que sempre foram apenas... cabelos normais?
Não tenho saudades do sabão azul e branco, mas também, acho que a raça humana não se diversificou assim tanto. Digo eu.

Mudanças

Sou por natureza adverso a mudanças. No entanto aceito-as e assumo-as sempre que elas se impõem, ou de alguma forma trarão benefícios. Com as que escolhemos nada a declarar, são fruto das nossas decisões e isso é o bastante para novo alento. Contudo aquelas que nos são impostas, e muitas vezes de forma brutal, e de efeito prolongado, devem ser encaradas, e acima de tudo, há que ponderar que uma mudança implica que mudemos. Uma mudança radical implica forçosamente uma mudança de hábitos, bem como medidas de fundo, a fim de nos prepararmos para o embate, pois em muitas situações o passado não volta, e nada será como antes.
As recentes medidas, e apenas as primeiras de outras que decerto se seguirão, que o nosso governo se prepara para aplicar, metendo a mão directamente no bolso dos tugas, deverão ser tomadas como algo com que vamos ter que viver, infelizmente, dadas as péssimas governações que Portugal tem tido. Ainda não temos ilha a venda, ainda temos segurança social, ainda há uns trocos para os desempregados, e uns subsídios mínimos, mas estes dados são mutantes. Os que não têm emprego, continuarão a não tê-lo, pois investimento aqui, já era. Os que têm emprego, que o conservem, e pensem bem antes de virem para a rua paralizar, pois isso, já era, por mais legítimas que sejam as contestações. Os direitos adquiridos antes, não serão definitivamente os direitos de amanhã. A malta vai ser apertada, e fácilmente se resvalará para conflitos sociais.
Dado que ao pobre nada se lhe pode tirar, e ao rico também não, resta aos chamados classe média, os remediados, continuarem a pagar a factura deste país que se endivida a cada minuto.
Prevejo que muita coisa vai mudar, para pior, já que dos que mandam não lhes ouço nada de válido para o futuro, nem lhes reconheço tais capacidades. Resta portanto que cada um saiba antecipar que tudo vai mudar, porque em terra de cegos...

quarta-feira, 10 de março de 2010

Os Sonhos

a minha "boys-band" nos anos 80

Vejo na tv os grupos de malta jovem, na sua tentativa de um lugar ao sol no panorama musical , as bandas, as boys-band, os "Il Divo" nacionais, os projectos a solo, e lembro-me do meu percurso na estrada da música. Comecei cedinho para um amador, e já tarde para um profissional à séria, sonhar mesmo sonhar, nunca sonhei, sempre vivi o dia a dia, neste caso da música mais o noite a noite, aproveitando as chances possíveis que se foram oferecendo. Porém, nunca fui demasiado entusiasta, nem nunca liguei a fama ou vedetismos, remetendo-me habitualmente quanto pudesse ao lado discreto. O que me mantinha e mantém ainda hoje, foi a enorme paixão por tocar, e aprender sempre, e certamente é por isso que hoje, após tantos anos de estrada, de palcos, de formações, pelas quais nutro uma agradável nostalgia, continuo apaixonado pela música. É um estado d'alma. Da minha.

Salvo honrosas excepções, que a muito custo vingarão no actual panorama de consumo musical, vejo nestes jovens uma legião de músicos que embora tenham o dom, não têm o verdadeiro amor e paixão pela música, tendo sim, uma enorme avidez pela fama e pelo exito, auto-tranformando-se rápidamente em vedetas, que nunca chegarão a ser. Para isso, muito contribui a máquina dos sonhos, tipo fogo de palha, onde não faltam os ingredientes colocados à disposição da maltinha, pelos media e pelas editoras, onde não cabe o espírito de amor à causa, sem se esperar nada em troca, a não ser o enorme prazer de sentir a música fluir.


sim, nos anos 80 eu era assim, plastificado e magrela.




terça-feira, 9 de março de 2010

Metas e Desejos II


Mais um passo. O primeiro, em Janeiro, foi por aqui falado.
Hoje foi dado, o segundo.
Não há pressa, basta a certeza do alcance, hoje mais certa que antes.
Basta o presumir do saborear de um virar de página.
O Desejo pode e deve aumentar.
Quando chegar à Meta mando um postal. Ilustrado.
Não chore porque perdeu, sorria porque aconteceu.

Já me tinhas dito...

Questionado recentemente sobre a sua posição sobre as próximas eleições presidenciais, Aníbal Cavaco Silva, para quem não sabe, o actual presidente em funções, declarou que ainda não pensou nem num fugaz momento no assunto, e rematou - ainda faltam 369 dias, mais precisamente, um ano e 4 dias, o que me leva a pensar que deve ser verdade, que ele não pensou no tema. Se Cavaco tivesse dito, 369 dias, 12 horas, 6 minutos e 35 segundos, aí sim, já estaria a pensar. E a contar os dias.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Mulher



Hoje é dia delas. Das Mulheres. Não gosto de dias certinhos para fazer coisas, mas também não é crime nenhum celebrar, e porque não, ir na onda, dado que hoje até vou cantar... só para mulheres. Às mulheres da minhas vida, às mulheres amigas, menos amigas, conhecidas, anónimas, desconhecidas, às mulheres-mãe, às mulheres-coragem, à sua beleza, sensualidade e perfeição, aos seus locais mais recônditos (mas atingíveis) e a tudo o que repreesenta uma Mulher, aqui rendo a minha homenagem, confesso fascínio, e fascinação.

sábado, 6 de março de 2010

7 de Março

Foi há 29 anos, era sábado, a fila de pais aglomerava-se à porta de entrada, para a última visita do dia, para às recém-mamãs e seus rebentos. Muitos deles, eu incluído, eram putos da minha idade, alguns outros, já com cara, fatiota, idade e pose de homem. Uns fumavam, devoravam os cigarros, ou o inverso, outros impacientes, outros ainda talvez mais batidos, serenos, mas todos tinham uma coisa em cumum, para além de serem pais recentes - carregavam flores, pacotes de bolos, um presente, revistas... e eu, meio atarantado naquela recente galáxia, de mãos a abanar. Valeu-me a pastelaria ali ao lado onde mandei embrulhar à pressa dois pastéis de nata. A fila andou e em passo apressado, a malta lá entrou na Alfredo da Costa.
Era um bebé perfeito, diziam-me, chegara com 3550 gramas, a enfermeira incita-me a pegar-lhe, do berço ao lado da mãe e colocá-lo nos seus braços. Muito atabalhoado, consigo pegar-lhe, como se fosse o ser mais frágil do mundo, receando que algo se quebrasse naquele momento, nunca tinha até ali segurado no colo, um recém-nascido. E este era o Meu. Senti-lhe para além do cheiro, e as formas, estabeleceu-se naquele primeiro contacto, uma espécie de elo, de sêlo, de ligação, nesse momento tornei-me responsável por ele, afinal eu era responsável pela sua vida a este mundo. Exupery escreve que nos tornamos responsáveis por aquilo que cativamos, e eu acrescento, que também por aqueles que criamos. Um filho é da nossa responsabilidade, e nunca de terceiros. Isso sente-se por instinto.
Há 29 anos o dia terminou assim, com esse momento único de pegar no meu filho e colocá-lo nos braços da jovem mãe. Para trás ficara um dia atribulado, recheado de peripécias, entre as quais, a falsa informação de uma enfermeira, subornada com uma nota de 100 escudos, pela santa sogra, para que em primeira mão, e antes do registo oficial, se soubesse se já houvera nascido, e se era menino ou menina. O resultado é que a dita, se abotoou com a nota de cem, e despachou a coisa dizendo que era uma menina. Mas não era. Nasceu um menino, e quatro horas mais tarde. O resultado é que da euforia da notícia dada pela cabine telefónica, muita gente que mais tarde visitou o bebé, carregava roupinha em tons de rosa, no embrulho. Foi há 29 anos, mas parece-me que foi ontem.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Altamente

Do melhor que tenho visto.
Dos 5 aos 105 anos.

Yes, he can


Afinal o tipo não é para brincadeiras. Não vou mais substimar Sócrates. Como se sabe, está de candeias às avessas com o Sol, e é um facto que o dito não mais apareceu. Há semanas que não pára de chover, e parece que vai continuar. Sócrates can, Sócrates rules, he got the power, that's it!

quinta-feira, 4 de março de 2010

CE


CE - é o nome encapuçado com que os chineses subtilmente rotulam os seus productos para poderem entrar de pantufas em determinados mercados, como o europeu. CE leva-nos fácililmente à identificação com a CEE, e ao lermos CE, pensamos que estamos a comprar um artigo "nosso", de Comunidade Europeia, e consequentemente a proteger a "nossa" economia, a validar uma fábrica e os seus postos de trabalho, e assim seria se tipos como o Durão Barroso fizessem o seu trabalho. Mas não, CE quer dizer - China Export.
Como se não bastassem as fábricas deslocadas para a China - não há muito tempo, estive numa, a norte de Frankfurt, de um insuspeito grupo comercial alemão, que se deslocou para ...a China, e a malta parola a pensar que compra producto alemão, que de alemão só tem o nome. Como se não bastassem os restaurantes chineses que por aí poliferam. Como se não bastassem as cada vez mais presentes lojas de artigos chinocas, que vendem material fuleiro, desusado e até artigos perigosos. Como se não bastasse isto tudo, ontem tive de gramar um jogo de futebol, com a promissora selecção nacional em jogo de preparação para o mundial, com a selecção chinesa, em solo luso, com público tuga, a vaiar os portugueses, e a aplaudir os chineses.
Socorrrrrrrrrrrrooooooooooooooo!!!!!!

Modernices


Escuto pela manhã, na rádio, que já estão disponibilizados alguns e-livros, para leitura no telemóvel, e outros que vêm a caminho. Entre os quais, o Memorial do Convento e os Lusíadas.
Não imagino ninguém no seu perfeito juízo, a ler os sonetos de Camões no telemóvel, mas como dizia o meu avô - há malucos para tudo.
Por mim, mantenho-me qual velho do Restelo, no meu caso, de Cacilhas, adepto ferrenho do livro, do seu formato, do seu cheiro, do folhear, do marcador, e não dispenso um apontamento na contracapa, com a data de aquisição e assinatura. É assim que um livro faz sentido para mim. Faz parte das minhas coisinhas, dos meus objectos de culto. Não alinho nessas modernices. Fico-me pelos livros de bolso. O telemóvel? Sim tenho, mas para telefonar.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Missão Cumprida


O grande dilema com que me deparo quando assumo novos desafios, é que só descanso e descontraio quando tudo está terminado, funcional, prontinho para arrancar, sem falhas, pelo menos detectáveis, embora que exista sempre aquele detalhe de aparente menor importância, que vou anotando no caderninho, para assim, ter a cabeça desocupada com aquelas "postits" mentais, do tipo " não me posso esquecer de..." e depois fico com a cabeça entupida de papelinhos virtuais, o que impede a necessária concentração. De modo que ando sempre de rascunhos nos bolsos, nas empreitadas.
Este estado quase febril leva-me a percas de apetite e de sono, que depois o corpo me vem cobrar na ressaca. Findas as turbolentas alteações chegou o tempo do repouso e do renovar, do retomar e do saborear. É bom sentir que se faz algo de novo, ou de melhor. Faz-nos sentir que as capacidades não se esgotam, contrariando a célebre frase do Sérgio - hoje é o primeiro dia do resto da tua vida.
Parte da renovação concluída e do descanso do guerreiro, tem também um efeito secundário que adoro - o sabor do regresso aos meus pequenos afluentes, como seja o regresso aos meus livros, aos filmes, e assumo, a uma escrita por aqui, mas acima de tudo à música, que de não a tocar, lhe sinto a falta e a necessidade. Já fervo pelo fim de semana musical que se adivinha, e que só vai terminar, espero, em apoteose, na segunda-feira, pois a plateia será composta exclusivamente por Mulheres, ou não fosse o seu dia. A coisa promete, sim senhor.

terça-feira, 2 de março de 2010

Work-o-olic

Que não se pense que esmoreci.
Que não se pense que não tenho assunto para postar.
Que não se pense que era entusiasmo passageiro.
Que não se pense que ando a blogar em outras esferas.
Que não se pense que assuntos aqui do castelo me privam.
A questão é simples, novos abraços profissionais, renovações, inovações, desafios, e a verdade é que nem que um gajo se esqueça que já não tem aquela genica, a natureza tem a delicadeza de o relembrar.
Mas parece que amanhã o clima vai amainar.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Uma Flor para a Madeira



Foi bonita a gala de ontem à noite, em solidariedade ao povo da Madeira. Gostei do toca a reunir, gostei das músicas, dos músicos, dos cantores, das duplas, e pela primeira vez gostei de escutar o Alberto João. Comovi-me aqui e ali, e claro, telefonei, pois afinal, só faria sentido gostar e participar.

Porém, entendo que não devemos deixar-nos apenas embalar nesta onda, sem olharmos mais em frente, e procurar explicações, tal como, no mínimo agir no sentido de evitar futuras situações que minimizem os prejuízos dos caprichos da Mãe Natureza, e aí, nessa busca, chega-se à conclusão de que a culpa não morre, nem tem, de morrer solteira, nem pode ser atribuída apenas ao fatídico inverno e seus aluviões. Leia-se o artigo da última Visão, onde entre outras considerações, se afirma que nos últimos anos, pelo menos quatro pareceres pagos a peso de ouro, mencionavam o que estava mal, bem como recomendavam o que fazer. Como habitual no nosso país, guardam-se os pareceres com uma mão, numa gaveta, e estende-se a outra mão. Sabemos bem, os tugas, que se constroi onde não se deve, sabemos das impermeabilizações de solos, sabemos, nem que seja pelos nossos avós, que os leitos dos rios transbordam. Sabemos mas não ligamos. E esse não ligar, tem um preço.

Pode-se chamar crime a isto? Pode sim.

Por mais que nos comovam as galas, não escondamos a indignação e até, a raiva, contra os que, não fizeram o que devia de ser feito, em tempo certo. Os responsáveis, que os há, para além do dinheiro com que lhe untaram as mãos, têm também a lama que matou muitos madeirenses. Que esses, os untados, não durmam em paz.