terça-feira, 3 de dezembro de 2013

camarões

Leio na revista da defesa do consumidor, a preocupação. Suspeita-se, ou afirma-se que existe trabalho infantil, na preparação do camarão descascado. Dizem que é lá para a ásia, ou coisa assim. Dizem que é para pensar duas vezes antes de comprar camarão congelado descascado. Mas depois começo a pensar: e os restantes productos asiáticos feito por mão de obra infantil e escrava? Deixamos de os adquirir? Não creio. E se a coisa é assim de gravidade de monta, porque não não se pressiona o importador, ou se denuncia? prática tão costumeira do nosso povo. Não creio que tivesse efeito. A malta está-se lixando. Bom mesmo, seria preocuparem-se um primeiro lugar com a escravatura infantil dos nossos pequenos, porque com o país a andar a este ritmo, não lhes vejo futuro sorridente. Mas também não creio que as pessoas se atrevam a pensar mo que é verdadeiramente nosso problema, pois é preferível rodar em torno da casca do camarão. Por mim, sempre os comprei com casca.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

foto-moda

Entre outras, uma das razões de me ter afastado um pouco daqui deste canto, foi a fotografia. Embrenhei-me um pouco mais neste mundo, e as vontades são como as camadas da cebola, sobrepõe-se. Houve lugar a experiências, a estudos, consultas, roteiros, e até a novos equipamentos de captar momentos.
Na contemplação de trabalhos fotográficos também se aprende. E muito. Em como tentar fazer melhor, ou o que se não deve ou não se quer fazer.
Notei que anda por aí gente a ganhar uns trocos, e quem sabe favores, a fotografar miúdas de carinha linda, e corpo recortado. A base é sempre a mesma, arranja-se um lugar catita, assim tipo castelo ou ruínas, ou uma mata real, ou uma sala apalaçada, pega-se na menina, em trajes de modesto tamanho e vai de fotografar as poses em tom sensual.
Que beleza teria esta foto que fiz na Casa do Alentejo, se tivesse uma miúda no meio? Nenhuma. A atenção iria toda para os dotes físicos da pequena.
Contudo, vou iniciar-me nesta modalidade, mas com outro tipo de modelo - levo uma sandes. O resultado é similar. Faço algumas fotos, de perfil, de sandes fechada, de sandes aberta, e no fim da sessão, como-a.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Os Filhos do Rock


Nunca pensei. Decerto o Luís Cabral, o Rui Madeira, o Alfredo Antunes, e o TóPê, também não pensaram nisso. Que na época, tivéssemos momentos de glória tais com o nº1 em alguns Top's, presenças no Passeio dos Alegres, Febre de Sábado de Manhã, 1ª parte do Iggy Pop no Dramático de Cascais, casas cheias no RRV, e por esse país fora, gravar discos, partilhar palcos com grandes bandas... É de todo gratificante. Hoje,passados mais de 30 anos, saber que nem que seja por breves escassos momentos, vamos ser incluídos na próxima série da RTP, "Os Filhos do Rock" um pouco na sequência do "Conta-me como foi" e do "Depois do Adeus". é uma confirmação de que nós, os Iodo, fizemos um pouco de História. E isso faz bem. Porque o ego também precisa de massagem, e porque valeu a pena. Pela minha parte, continuarei na luta. Quero dizer, a tocar. 
Por mais que o calendário avance é bom sentir que momentos do nosso passado permanecem vivos, e não apenas algo do tipo efeméride, simplesmente para recordar. Afirmo isto porque encontro em gentes da idade dos meus filhos, e até a meio caminho da idade de netos, uma receptibilidade enorme pelos temas que gravamos, e de quando em vez toco-os. O sinal de que tudo está vivo e a mexer.
Outra recente e agradável situação, foi o convite que me foi feito para integrar uma banda de peso, de tributo aos Pink Floyd. No entanto após lhes ver e ouvir o trabalho que fazem, exemplar, não me senti à altura de desempenhar a função. Porque se é bom um ego massajado, convém que o dito mantenha o tino, o discernimento e a consciência dos limites.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

regresso

Deu-me outra vez para regressar a este cantinho. Não que isto seja um casa e separa. Não que isto seja uma obrigação, antes pelo contrário. Creio que por vezes temos de nos despegar um pouco dos algos, para sentirmos vontade deles novamente, assim como um livro que se relê, assim como uma música que colocamos de quarentena e depois voltamos a querê-la. Já volto. 

terça-feira, 27 de agosto de 2013

tempos difíceis


Durante alguns dias que me arredo daqui, não por falta do que escrever, mas por falta de vontade. Tem havido um certo rebuliço, não desejado. Mas assim são as coisas. Assim é a vida. Assim é a velhice, que vai tirando o melhor à senhora minha mãe, deixando-lhe apenas, o menos bom. 

Depois, do que vem noutro plano, as notícias não animam, o rapaz desaparecido no naufrágio de uma embarcação, na Fonte da Telha, é filho de uma amiga minha, e a juntar a este drama, partiu há dias, um amigo e colaborador, ligado ao trabalho que exerço. Era uma parceria com mais de 20 anos.

As notícias dos bombeiros mortos em combate, não ajudam. Há algo de criminoso, por trás destas mortes. Existe muita gente que sempre lucrou com a época oficial de fogos. Gente suspeita, mas também gente insuspeita e improvável.

Resta ir resistindo e valorizando os escapes, tais como a música e o gosto pelas fotografias. O resto não digo.

sábado, 17 de agosto de 2013

das fotografias

A revolução operada no campo das fotografias, foi brutal. Antes, tal como as cartas e os postais demoravam a chegar, também as fotografias, nos davam os tempos de espera, desde a captação até ao revelar do rolo, com a agravante que tínhamos de pagar todas, 
ou seja, as tremidas, as desfocadas, as sem interesse. Hoje podemos tirar 200 fotos, e escolher na hora as 20 que vão ficar.

Contudo, a fotografia antiga, tem para além do marco histórico, a particularidade de ser de papel, poder ser folheada, guardada em caixas ou albuns, emoldurada, e perdura de geração em geração.

A fotografia digital, embora possa ser levada a papel (li algures que apenas 3% o são) corre o risco de se perder nos labirintos da net, num disco rígido que foi à vida, numa moldura digital de pifou.

Por aqui, vou guardando os retratos que faço, em pastas, pens e blogues, na consciência de que havendo um crash neste mundo internético, lá se perderão as fotos. As outras, as velhas, de papel, reveladas em estúdios esquecidos, guardadas estão, não em pastas e pens, mas nos armários, à maneira antiga.

O meu avô, de bata branca,
em Portalegre, já na profissão de barbeiro.

O meu avô, a bordo do paquete Império.

eu, com caracóis à menino Jesus

a minha mãe

eu. em Moçambique

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

nós por cá todos bem




Das tralhas que carreguei da casa do meu avô, vieram cartas e postais, Da leitura transversal de alguns deles, e daquilo que os mesmos deixaram ler, notei que em comum as entradas da escrita começavam mais ou menos por espero que esta te vá encontrar de boa saúde, que nós por cá todos bem. 

Deliciosos os tempos em que o tempo andava mais devagar, em que uma notícia por vezes com semanas de atraso fazia a felicidade das pessoas. Longe dos rapidíssimos tempos em que trocamos sms's ao ritmo de umas quantas por minuto, em que muito se escreve, e sempre muito fica por dizer.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

galinheiro

Na entrevista a Ruben Alves, jovem autor do filme a Gaiola Dourada, o mesmo, descreve o português típico como reclamante de café, quando comparado com o francês que quando reclama, sai para a rua. 

Quem está fora tem outra capacidade, ou mais capacidade de nos analisar, dado que pode ser mais imparcial e detém outros conhecimentos. 

Onde me encontro a trabalhar, existem televisões ligadas que transmitindo imagens sem som, provocam a quem vou atendendo sempre o mesmo tipo de comentários, quando o relato televisivo mostra a classe política. E desde injúrias, sentenças de morte, pragas, e fazia-te e acontecia-te, revejo o tuga, rosnante, cobarde a mandar vir no café, ineficaz e nada convicto, que a troco de uma bandeira, uma toalha de praia ou qualquer brinde fatela, irá votar sempre nos mesmos. O tuga que depois da eleição, irá reclamar nos cafés, e sempre que vejam um jotinha do ppd ou do ps no ecran. Cacarejando, claro. Assim é, desde que vivemos em liberdade.

sábado, 10 de agosto de 2013

Vou pró bailarico

Diz-se que tudo a seu tempo, e que tudo tem seu tempo. Hoje, ao relembrar que nesta altura do ano, eu andava a correr o nosso Portugal profundo, em bailaricos sucessivos, alternando entre noites pouco dormidas, viagens de carrinha a abarrotar, as actuações, a mochila que ao fim de 4 ou 5 dias parecia o cesto da roupa suja, dei-me conta que já não tinha pachorra para tal. Isto por culpa da idade, mas também porque no que toca ao panorama dos bailes de província, e todos em geral, não houve evolução. Hoje toca-se com mais aparato, luzes, equipamento, bailarinas e tudo, mas a qualidade piorou e o dinheiro que se ganha diminuiu. Fica-me alguma nostalgia dos mais de 30 anos que andei literalmente pelos caminhos de Portugal, mas não a vontade de regressar.

Congratulo-me por ter tido a inspiração de iniciar o projecto a solo que tanto prazer me dá, me renova dia a dia na música, onde todas as semanas há novidades, mesmo que em canções antigas, tais como as do Joe Dassin que pretendo abordar na próxima semana. A excelente noite de ontem, repleta de gente que saiu satisfeita pelos bons momentos passados, o vislumbre da noite de hoje que se adivinha alegre, confirmam-me que fiz a escolha certa no momento certo.

Sobre a foto acima:
Está aqui quase todo o grupo Código. A foto é dos anos 70, feita em Santarém, a caminho de destino mais a norte. Os músicos, pesos-pesados: da esq. para a dta - o Raminhos, trompete e trombone, mais tarde Grupo de Baile, Loucuras, Salsa Latina, etc ; o Virgílio, vocalista, vindo dos Hossanna, uma super-banda rock da Trafaria; ao lado, o Fernando Emanuel, teclista, hoje maestro, em Amesterdão; o João Mário, saxofonista, depois Grupo de Baile; em baixo, o Alcobia, baterista, e eu, que mais tarde integrariamos os Iodo. Faltam aqui na foto, o Jacinto, trombone, que viria a ser maestro da banda da GNR, e o Zé Tó, baixista. 

Esta banda tocava, desde Blood, Sweat & Tears, Chicago, Ekseption, Peter Frampton, Phill Collins, Stevie Wonder, MPB, música latina, à Maria Papoila ou a Pomba Branca, tudo num grande rigor, nada a ver portanto, com as pimbalhadas que se escutam hoje nos bailes.
Digamos que neste caso específico, o dos bailes, houve um 25 de Abril ao contrário.

A nossa agenda marcava-se com muitos meses de antecedência, e fomos muito bem pagos para a época. Servíamos também de banda de suporte para a grande maioria dos cantores famosos da época, e alguns deles ainda andam por aí, tais como o Marco Paulo, a Ágata, que na altura tinha o nome Fernanda de Sousa, a Rosita Afonso, hoje Rosa do Canto, o Calvário, o Artur Garcia, o José Malhoa, a Lenita Gentil, a Maria José Valério, e já não me lembro de mais. 

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

CR7 2 - MOU 0

Ora toma lá dois golos a seco, Mourinho. Bem te disse para ficares calado.

Gente Nova, e nossa

Que eu saiba, neste ano que corre, de pessoal amigo e da minha geração, já se contam quatro nascimentos. É assim como que uma espécie de ser avô por tabela, a alegria de ver a alegria nos meus amigos, e na dos seus filhos. É também um bom sinal de que existe gente para fazer um futuro diferente do passado que é hoje o nosso presente. Uma lufada de ar fresco, esta gente nova. Sei que dois deles se chamam Rodrigo, e Amália. Coincidência ou não, nomes de fadistas. Quem sabe, este ano ainda possa nascer uma Severa.

Reconhecimento. O seu a seu dono

Ontem desloquei-me à zona raiana, e dei um pulinho a Espanha. Os sinais de que mudara de país foram muitos. Mas o mais evidente, a prova de que estava realmente em terras de Espanha, foi o nome de uma ponte. Chama-se assim: Ponte José Saramago.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

parabéns à Ponte, e à Margem Sul

Faz hoje 41 anos, que ocorreu a inauguração da ponte, sobre o Tejo, para uns, 25 de Abril e Salazar para outros, se bem que, se o Salazar a pagou, e a pronto, lhe caiba aqui alguma legitimidade.

Faz hoje também 41 anos quem vindo de África, ali por baixo passou o meu avô, que de pronto mobilizou o meu pai, que contrariado, pegou no seu velho Opel de 59 e levou toda a família a passar a ponte, que era de borla. O Opel não aguentou, quiçá, a sua primeira bicha, e fumegou em pleno tabuleiro. Foi uma zanga rumo à outra margem, para dar a volta no centro sul, e voltar a Arroios, com o radiador a ferver.

Por visão ou por mero acidente, O ditador revolucionou a margem que tanto o hostilizou, ao erguer esta ponte. O contrário do que faz hoje em dia e lamentavelmente, muita gentinha auto-apelidada de esquerda.

Por vezes a revolução não está do lado óbvio.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Mourinho, porque não te calas?

Admito que não se goste do CR. Sendo ele tuga, ainda mais sentido faz, que alguns não gostem. Faz parte do sentimento tacanho lusitano, que vê com inveja e desdém sucessos tão flagrantes, reconhecidos mundialmente, e tão diversos como por exemplo os de Saramago, Carlos Paredes, Zeca Afonso, Marisa, e vá lá, admito, Joana Vasconcelos.

Ao vir a público dizer que o nosso CR é falso, dado que segundo o iluminado Mourinho, verdadeiro, é apenas o Ronaldo brasileiro. O especial dá uma mostra da sua mesquinhes, mau carácter, e total ausência de rigor dado que, goste-se ou não, o CR joga, e joga bem, marca, resolve, e puxa pelos colegas, pelo estádio, pelo país inteiro. Como se não bastasse, CR é uma marca que rende milhões, e ao que parece, a fama não lhe afecta o rendimento em campo. Sabendo-se que o especial único até percebe de futebol, desvalorizar CR, só o descredibiliza.

Mourinho acaba por revelar-se pois, do lado daqueles que falo acima, os tugas invejosos e com dor de cotovelo. Gentinha, portanto.

domingo, 4 de agosto de 2013

79 anos...

... completou hoje a senhora minha Mãe. Olho-lhe as fotos de quando ela, nova, tinha a beleza estampada,  irradiando a harmonia estética, que os olhos azuis claros realçavam. É uma das grandes injustiças da vida, deixa-se de ficar belo, pelo menos por fora. A senhora minha Mãe é hoje, como antes a mesma pessoa, detentora de uma lucidez extrema, na proporção inversa da mobilidade que teima em a agarrar à cama. A ela e ao seu corpo enrugado.

Na visita, para além da colocação das conversas em dia, vou-me entretendo a "dar fé" do que a rodeia - revejo alguns livros por ali arrumados, velhos álbuns de fotografias esquecidas, as caixas de medicamentos, as contas mensais junto com mais fotos por ali agarradas com pionéses, as inseparáveis gatas...

Perguntará quem por aqui tropeçou, na leitura destas linhas: mas o que é que o Clooney tem a ver com isto? Pois, foi a minha pergunta à senhora minha Mãe - o que é que está aqui a fazer este poster? Então, a tua mãe pode estar velha, mas continua a ter bom gosto, de vez em quando gosto de arregalar o olho - foi a resposta pronta, aos 79 anos.

That's mum...

terça-feira, 30 de julho de 2013

o Império dos sem sexo


Foi deveras estranho, este programa a que assisti, baralha-nos as ideias, os conceitos, as fronteiras, deixa-nos perante o dilema e o direito à s escolhas. Se aqui há anos, a minha avó ouvisse dizer que as pessoas do mesmo sexo, teriam o direito a ter filhos, ficaria de boca aberta dizendo que isso seria contra natura e impossível. Ao assistir a este programa, não se abriu a boca, bem como todas as possibilidades são... possíveis. Espreite-se aqui.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Papacabana

Tenho por princípio, respeitar as ideias dos outros, e as suas convicções. Tenho direito recíproco, bem como julgo ter direito a questionar, não mais que as palavras e as crenças que outros, eles mesmo, escrevem e defendem.

Não, não são influências de Saramago, dado que assim sou desde que fui tomando contacto com quem prega, com a Bíblia, com as aulas de religião e moral.

E a minha questão é simples, embora em jeito de conclusão - se Deus é omnipresente, onde estava nos momentos das tragédias de Compostela e de Nápoles? Estaria pois a omnipresença tão concentrada em Copacabana, que não chegou o manto para tudo? Curioso (dado que a igreja está cheia de mitos) que ambos os acidentes têm o seu q de ligação religiosa.

Quem sou eu para questionar. A força de Copacabana é forte, afinal o papa não arredou pé da princesinha do mar. Creio que mais uns dias por lá, e veríamos o santo padre trajado de sunga celestial, a bebericar uma caipirinha, com gelo de água benta, e a pedir licença a Iêmanjá, para entrar nas atlânticas águas.

Assim é Copacabana. Arrebatadora. De santo forte. Sei do que falo, pois já lhe pisei as areias.

domingo, 28 de julho de 2013

Muqueca, à moda de como sei e gosto

No fundo, azeite qb, picante e sumo de limão.  Cebola, alho, tomate, pimento, coentro e óleo de palma. Deixar apurar.

reservar o peixe, de posta, miolo de mexilhão, camarão descascado, cogumelos e mais coentros.

Quando apurar, juntar leite de côco, e os cogumelos.

Colocar as postas de peixe temperadas com sal, tapar e deixar cozer em lume brando.

Adicionar o miolo de mexilhão

Juntar o camarão e o resto do coentro. Et voilá.
(acompanha com arroz)


sexta-feira, 26 de julho de 2013

com os azeites

Habitualmente, levo as considerações pela desportiva, com uma pitadinha de humor à mistura. Hoje, ele apanhou-me de nortada, ou dizendo de outra forma, com os azeites.

Conheço-o e conheço-lhe da vida e dos seus o suficiente para poder esgrimir observações. Aparentemente nem morremos de amores um pelo outro. Passa por mim e diz em tom sarcástico - a trabalhar? ainda? com essa idade? - Meu caro, se a saúde me permite, seria um crime e pecado não trabalhar. Sabendo que o sujeito se reformou de tenra idade, pouco depois dos 50, de uma comoda posição militar, e sabendo-o adepto fervoroso da igreja, dei-lhe ali duas cajadadas, a avaliar pela resposta - olhe que eu trabalhei durante muitos anos, e não é pecado estar reformado. O senhor lá sabe retorqui mas para qualquer lado que me vire vejo tanto homem válido na condição de inválido remunerado que penso que este país não aguentará sustentar tanta gente merecedora. Resposta -ah, já vi tudo, o meu amigo está com medo que quando chegar a sua vez já não haja para si. Tive de rematar - já estou conformado com esse cenário, e pergunto-lhe se o amigo está ciente que aquilo que come agora, irá faltar aos seus filhos e netos. Pense lá um bocadinho, e depois vá-se confessar.

Seguiu de bolsos cheios pelas mãos descalejadas, de nada fazerem. Fiquei eu a dar seguimento ao meu trabalho. Eu e os meus azeites.

Creio que não tornaremos a dialogar.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

habemos

Habemos papa. Cerelac.

terça-feira, 23 de julho de 2013

fanKaria

Dou uma volta pelos eventos em muitos locais nocturnos, e tristemente me deparo com uma esmagadora maioria de anúncios de noites de êxtase karaokiano, em prejuízo da música ao vivo.

Mais uma vez o país especial que somos se demarca do seio onde se insere, a UE. Somos mais fâns do sucedâneo de sardinha assada de um dia para o outro no grelhador eléctrico, que da sardinha assada na hora e na brasa.

Por vezes penso que temos um povo tão culturalmente estúpido, que não merece sequer dizer que partilha da mesma nacionalidade de (por exemplo) Carlos Paredes (invoco CP, porque hoje é dia especial, haveria tantos e tantos para enunciar...).

Receio, pelo que vejo e vou sentindo nas minhas noites de música, que este povo esteja a resvalar rápida e perigosamente para uma incultura musical ao nível da idade média.

Não sei se alguém já reparou que 99% de quem ?canta? nos karaokes está bêbado, ou em vias de. O que quer dizer que a aberração é um escape para as frustrações quotidianas.

Salvem-se os que sabem, e aplaudem o músico.
Salvem-se os que dão conta do logro em que consiste a fanKaria, e acordam.

Papa Rambo

Tem tido este recente papa a característica de mostrar algumas diferenças em relação aos seus antecessores. Por enquanto tem sido, como se diz, só para "aparecer", dado que sair do protocolo e fazer umas gracinhas, beijar umas criancinhas, lavar uns pés, ou dar uma sandocha ao guarda, não significa nada perante as verdadeiras atitudes que um homem à frente do poderoso e riquíssimo Vaticano, poderia tomar, se realmente quisesse mudar alguma coisa. E tanta coisa há para mudar...

Fazer uns bonitos no Vaticano é uma coisa, fazê-los cá fora, numa visita oficial a um país a fervilhar, colocando em causa o trabalho, a responsabilidade e o dinheiro dos outros, é no meu ver, um acto acriançado, e de falta de repeito para com os outros. Diria até, para com a igreja que representa.

Este papa foi ao Brasil, a negócios, ou seja, os católicos perdem a olhos vistos, a cota do mercado divino para os evangélicos. Não creio que estes tiques de irreverência de miúdo rebelde lhe tragam dividendos no campo da adesão. Não é por trocar as voltas ás milhares de pessoas que velam para que ele não se encontre com uma bala perdida, coisa tão vulgar no Brasil, e por andar de descapotável que os devotos se renderão aos seus encantos aventureiros. 

Espera-se pois, que na próxima visita oficial, o papa se lance do avião papal, de para-quedas e naifa no atilho.


segunda-feira, 22 de julho de 2013

burros

Leio na visão desta semana um interessante artigo em jeito de alerta, assim um tipo, pssssssstt, para quem está distraído - É que o Cavaco já nos impinge a sua presença há 30 anos. Pois, 3 décadas. E diz sempre que não, que talvez, que não sei, que vou embora, que não me meto nisto, nem naquilo, mas está ali de pés de chumbo, a não fazer nada de útil para nós. Tudo isto acontece porque ao contrário dos burros, os tugas, não os têm no verdadeiro lugar de forma a banir gente imprópria para os governar. Somos (os que votam nesta parda maioria dos que lá estão, e neste caso corrijo: são) um bando de burros, com a agravante de que para além de não os terem no sítio, são, burros mansos e apáticos, como se comprova hoje, um dia após mais um exercício ao nada, protagonizado pelo senhor das selvagens, das cagarras, das vacas que riem, dos milagres de fátima, e do raio que o parta.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

de passagem - stairway to heaven


Quando se diz que alguém possui um quadro, seja ele valioso ou não, a afirmação é errada. Claro que o quadro valioso tem todas as chances de longevidade, dado que lhe foi atribuído... valor. De facto ninguém é dono da tela, mas sim a tela é dona de alguém, dado que quando esse alguém decide transmitir a suposta posse, ou simplesmente morre, a tela muda de mãos. De dono? Talvez de fiel depositário seja a melhor designação.

As minhas "telas" musicais, leia-se ídolos, estão a envelhecer.  As suas obras não. Eu acompanho-os no processo. As obras, as guitarras, essas vão escolhendo os seus donos pelos anos fora, dado que se diz, que quando cantamos uma canção, nos apoderamos um bocadinho dela.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

in the barrio

Quando o bairro social foi inaugurado, entrei no seu interior. Os acabamentos, e os materiais aplicados, eram bem melhores daqueles que eu conhecia na minha casa. Tudo isto foi criado não muitos anos, a favor dos carenciados. Melhor explicando deram-se aquelas casas a famílias que supostamente não tendo condições de adquirir morada, para ali entraram sem gastar um tusto. Tusto esse, melhor explicando também, retirado sempre do mesmo bolso. O nosso.

Hoje, torno ao local, onde encontrei aquilo que já me acostumei observar. Poucos vidros inteiros, portas arrombadas, ou simplesmente arrancadas, sistemas eléctricos vandalizados, paredes deitadas abaixo, enfim um cenário digno de guerra, para não falar do cheiro, porque apesar de dotadas de origem, de dignas casas de banho, a malta parece preferir defecar nas escadas.

Bárbara forma a desta gente, de ter prazer em destruir. Por mais que doa a certas sensibilidades boazinhas, existe gente que não merece qualquer espécie de ajuda.

No entanto, não obstante, o medonho cenário, não deixam de existir grandes plasmas, e potentes sons em muitos dos aposentos, bem como algumas "bombas" de 4 rodas estacionadas nas ruas do bairro. Mas isso...


sexta-feira, 12 de julho de 2013

ele há coisas

Poucas vezes ouvi esta música. Não me diz mais do que ser uma boa canção. Não existem laços com nada do meu passado, do tipo, esta música traz-me lembranças. Nunca a tentei tocar. Não  escutei recentemente. Nunca me preocupei em traduzir a letra, apenas lhe sei a melodia. E desde ontem que não me sai da cabeça, por mais que eu a tente desligar. Será algum recado do meu sub?

ao vivo é sempre outra coisa

Pois, mas há que ter precaução na escolha, é que existem albuns duplos, e como muitos regressos ao palco...

o Vilhena

Eramos putos para aí com 9/10 anos. No sótão do T, o seu pai escondia uma considerável colecção de livros do José Vilhena. Tinham estes livros a particularidade de, entre textos de humor brejeiro, e também de sátira política, serem ilustrados. O Vilhena brindava ao seus leitores com ilustrações desenhadas pelo próprio, que fizeram as delícias de muito jovem, e adulto. Dado que a invasão de publicações eróticas e pornográficas, só apareceu após 25/04/74. A mulheres apareciam-nos deliciosamente pouco vestidas, com pernas, seios e etecéteras a transbordar.

De início, levava às escondidas um livrinho que o meu amigo T me emprestava à socapa, não para o ler, mas para o ver. Mais tarde, venho a apreciar o modo inteligente e mordaz da escrita deste (mais um) mal amado da literatura lusa.

Digamos que Vilhena, para além de ajudar a aliviar uma adolescência reprimida, contribuiu por tabela para o interesse na leitura para lá das histórias aos quadradinhos, e porque não na política. Porque quando se lê, aprende-se sempre qualquer coisa.


quinta-feira, 11 de julho de 2013

minha praia

Um retorno em dia de pausa, a uma das "minhas" praias. Na verdade, tenho duas praias que sinto como minhas. Decerto outros dirão o mesmo, no que torna as minhas praias assim como uma espécie de condomínio de proprietários virtuais, com a particularidade de não sabermos quem são.

Na ausência de sol valeu a maré baixa que me deixou apanhar gordo mexilhão. Valeu também o desfrute de não ver vivalma quase até à hora de partida. Valeu mais um avanço nos Cadernos. Valeu acima de tudo um frente a frente comigo mesmo. Estava mesmo a precisar de conversar cá para dentro. De arrumar ideias.

Pena, foi o sol...

quarta-feira, 10 de julho de 2013

em absoluto


Em absoluto. Isso e muito mais, sem ....as.

terça-feira, 9 de julho de 2013

modernices

Que a malta case e descase, não tenho nada contra. Para sempre, são os pais e os filhos. No restante, não há nó que tenha de durar para sempre, só porque sim. 
Aceito a separação como uma situação normal. Ver as novas conquistas de um casal acabado de se separar ao cabo de uns vinte anos, escarrapachadas na rede social, não me parece bem. Parece-me infantil, imaturo, e de baixo nível.
Piora a coisa se considerarmos que tendo o ex-casal em questão perfis na rede, bem como os novos companheiros, bem como os filhos de todos, bem como os amigos de todos e de todos, e porque tudo pode ser visto por todos. Porque se está na net é para que se veja, acho que tudo resulta numa espécie de bacanal promíscuo facebooquiano.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

como fazer um golpe de estado à sacana ou uma questão de %s



Partindo da realidade que apenas 11,7% dos votantes nas eleições  de 2011 queriam paulo portas no governo, chegamos à conclusão óbvia de que 88,3%, não o queria.

Astuto, e manhoso, este ex-jornalista, e também ex de Manuel Monteiro, usou da mesma receita usada com aquele português ( não sei se ainda o é, mas também ex do portas) de nome barroso.

Com os dois pés de novo no governo, foi relativamente fácil esperar o esperado, que passos e seus fracos jotinhas, fizessem merda. E de facto, quem tem amigos como relvas e gaspar, escusa de ficar descansado. 

Eis que de novo, paulo usa do seu charme, e manieta, com os seus fracos 11,7%, os 38,65% de passos, sendo certo que os 50,35% de  ambos em 2011, hoje não valerão mais de uns 35%, cabendo ao portas quanto muito, uns 6%, dado que este comprador de submarinos, salta-pocinhas, já não deve captar votos nem que faça o pino na Praça da Ribeira.

No que resulta que, no presente momento, quem tem o poder no governo de Portugal é um ser, que não tem mais do que uns míseros por-centos de apoio (lido no inverso, perto de 100 por cento não o quer, nem nunca votou nele), e aparentemente, para ser coerente com ele mesmo, o presidente da República, aceita. O que quer dizer que concorda. O que quer dizer que os resultados eleitorais, como se demonstra não foram respeitados. A vontade popular foi vítima de uma tomada de poder, por alguém que há muito tinha premeditado o golpe. Que dirá o novo vice sobre os acontecimentos no verão quente de 75?

Não sei se iria adiantar alguma coisa, ao desfecho deste acto palaciano, mas gostaria de escutar as palavras da Mulher que muito admiro, a Mãe de paulo, e Mãe de Miguel, sobre este caso insólito, aparentemente coberto de legalidade, mas totalmente ilegal e nada democrático. Porque para calar ou dizer que sim como aqueles cãezinhos de feltro que se passeavam na redoma do vidro traseiro dos carros dos anos sessenta, já nos chega o presidente.



PPD/PSD
Partido Social Democrata

38,65%
2.159.742 votos

Mandatos
108
PS
Partido Socialista

28,06%
1.568.168 votos

Mandatos
74
CDS-PP

11,70%
653.987 votos

Mandatos
24
PCP-PEV
CDU-Coligação Democrática Unitária

7,91%
441.852 votos



Mandatos
16
B.E.