terça-feira, 31 de agosto de 2010

É por estas e por outras...


... que pessoas como Sócrates, ganham eleições.
No habitual passeio nocturno e biciclo, passo pela esplanada, dos que de manga à cava, e palito ao canto da boca, vociferam contra o recente guarda-redes, do clube - que é cego, que o treinador está feito com os espanhóis, que o outro é que era bom, enfim, um rol de injurias, tais, que apesar de eu não ter muito a ver com o assunto, nutri alguma pena do rapaz, o dito guarda-redes. Isto foi numa 2ª feira.
Eis que na 2ªfeira última, em passagem pelos mesmos intervenientes, os brados eram de vitória, de entusiásmo, de acreditar que o espanhol é mesmo bom, que os gajos, os dirigentes, sabem o que fazem.
Recordei um antigo treinador, de nome Ericsson, que ao saír do nosso cantinho luso assim falou - em Portugal passa-se de besta a bestial em segundos.
Lembrei-me também de em tempos de Abril, obsevar a volatilidade com que alguns mudaram o emblema, da lapela da casaca.
Povinho esquecediço e sem personalidade, este nosso. Basta um lavar de imagem, um passar de esponja, uma situação conveniente, e está tudo bem.
Até ver...

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

só eu sei porque não fico em casa...

Se dúvidas houvessem, a enéssima confirmação foi dada no sábado, com uma plateia de gente simpática, participante e bem disposta, e a cereja no topo do bolo - uma menina que cantou maravilhas, em dueto comigo, noite fora, de voz melodiosa, delicada e firme, desenrascada, que saltou de uma mesa, da roda de amigos, que estão a tentar levá-la a concorrer ao Idolos, e pelo que se escutou, e pelo que conheço da dificuldade que se tem em cantar no registo de outro, assimilar a música ali, na frente do público sem pestanejar, só posso dizer - força. E agradecer pela noite inesquecível que fez acontecer, a mim, a ela mesma, e a todos os que não arredaram pé da esplanada, alguns até com um pézinho de dança. E a coisa só acabou dado o adiantado da hora, porque músicas, tinhamos centenas, e só se tocaram umas vinte...

acabou nosso Carnaval...


acabou nosso Carnaval
"quarta-feira de cinzas" de Vinicius de Moraes
ou
acabou a Silly Season.
As tias, os famosos, as estrelas, que não são cadentes, nem decadentes, são estrelas lá uns com os outros, estrelas de chão, regressam ao bulício, cheios de bronze, e vodkas e assim.
Os políticos regressam, refeitos, rancorosos os da oposição, garbosos os da situação, regressam de umas férias pagas com o dinheiro dos que ali ao lado, contam os tostões para a rota de regresso. Vêm danadinhos para apresentar...mais do mesmo.
O verão acaba, e com ele, os fogos. Parte do meu país é cinza. A alma dos que perderam os seus haveres é negra. A lei não pune. Guardam-se os discursos para os próximos fogos. Os fornecedores de equipamentos para os bombeiros, ganharão bem no rescaldo deste verão que finda. Os madeireiros, talvez, depende do que sobrou.
Esta semana vai começar a chover, vem aí o toca a trabalhar, o encarar o pé no chão, e contar as baixas.

sábado, 28 de agosto de 2010

que gentinha...

Acordo por obrigação do trabalho primeiro, já que do segundo, o da música, ainda restavam as cobranças de uma noite anterior, plena de boas canções, de amigos a cantar comigo, e de uns maduros do fado e do cancioneiro alentejano, que se arrastou até mais tarde do que devia.
Ensonado, mas bem disposto, lá fui cumprir a minha obrigação, e a meio da manhã já livre do encargo primeiro, rumo calmamente a umas comprinhas necessárias, e passagem pela praça da região. Supostamente, em manhã de sábado, todos deveriam estar sorridentes e destressados, mas nada disso. As pessoas atropelam-se, discutem pela senha que dá a vez, fecham a cara como sendo inimigas umas das outras, não têm paciência, fazem-se arrogantes, casais discutem, outros bradam com os filhos. Fico na questão - se é para fazer estas figuras tristes, porque é que esta gentinha sai de casa? Deviam lá ficar dentro, fechados, trancados, a curtir as suas neuras, deixando o "cá fora" para quem gosta de sorrir, de dar um cumprimento, de dar passagem, de dar um piropo, um elogio, de ser amável, porque, bolas, afinal hoje é sábado, amanhã é domingo, o tempo está lindo. Haverá razões para gente carrancuda? :-)
Ahhh, esqueci-me do Sócrates :-(

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

passaram-se...

Admito que não estava à espera.
Nem eles...

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Ser Sénior

Leio numa revista ligada ao sector do comércio, que o público Sénior, leia-se consumidor acima dos 55 anos, é considerado um filão, um eldorado de poder aquisitivo, um número interessante a ter em conta, dado que segundo o artigo, este grupo tem establidade económica, tempo para gastar, maior esperança de vida activa, e laboral, e inversamente ao que acontecia, interessado nas novas tecnologias, logo um consumidor abrangente, e seguro. Desenganem-se os que ditam os bancos de jardim e os jogos de sueca, aos avôzinhos, pois agora, o Sénior, vasculha o melhor gadget, vai à net, procura a mais apropriada comida para o tareco, e controla os preços dos bens que consome, pois tem tempo para ir comprar a batata que está em promoção no PingoDoce, e o Tulicreme ao Lidl, nem que para isso gaste o tempo de sobra que não se lhe esgota.
O Senior além do tempo de sobra, tem as contas pagas, a da casa, o carro, soube gerir o seu pé-de-meia, por isso gasta confortávelmente, embora consciente. O Sénior é muitas vezes o amparo do Júnior, e aí o cenário do artigo resvala para o pessimismo - os Júniores, estão descapitalizados, endividados até aos 70 anos, têm empregos precários, não se vão reproduzir, serão um grupo de risco, estes Júniores que serão mais tarde, um grupo Sénior, de risco.
Em linguagem comercial eu diria que para além do respeito que se deve por norma ter para com o Sénior, tão ou mais importante, será o louvor à sua carteira, e respectivos cartões de débito. E de crédito. Mas... apenas a esta fornada de Séniores, pois a seguinte, já que se disse, não vai dar sumo.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

das Minorias


Muito se vem a terreiro defender os direitos das minorias, e das suas liberdades. Tudo bem, é bonito de dizer, de falar, mas, onde ficam os direitos e liberdades das maiorias? Há que cuidar que não é quem vive onde nasceu, se comporta na linha, paga o seu imposto, que tem de vergar aos ditos direitos das ditas minorias. Tenha alguém o azar de dar um toque num carro de um elemento da minoria, e saberá do que escrevo, conviva alguém, in loquo com as minorias, nos seus bairros, pagos com o dinheiro dos bem comportados e contribuintes assíduos da maioria, assistindo à destruição gratuita de todo o património, e saberá do que falo. Aos que , como recentemente escutei na pessoa de Jorge Sampaio se indignam e fazem aquele papelão de defensor de dama, daqui incito ao convívio anónimo, leia-se, sem protecção de seguranças, comitivas, jornalistas e outros foclores, com as comunidades, apelidadas de minorias, que não têm qualquer direito de retirar os direitos às maiorias, porque tal como o sol quando nasce é para todos, assim devem ser os direitos e as liberdades, e eu sinto que esses, muitas vezes nos são retirados, a troco de uma solidariedade de efeito zero, porque na verdade, as minorias não se integram, recusam, e parecem nutrir um natural prazer à provocação.
Resumindo - aos que assim bradam, os que se indignam, aqui fica o desafio do convívio no terreno, sem rede e sem colo. Que é como quem diz - vão mas é cantar tangos para a vossa rua.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

o mUnDo aO cOntráRiO



No zapping de serão dominical, esbarro-me na RTP1, com o que me pareceu um concurso de costura, onde alguns concorrentes, supostamente do sexo masculino, falavam como o condecastelobranco, com tiques à mistura e a condizer com a personagem. Revolta um pouco, assistir em canal do estado, a esta exibição, como se fosse obrigatório ter-se tiques para cozer uns trapos. Qualquer homem que se preze, pode alinhavar uma baínha, ou fazer um belo refogado, sem ter que se exprimir abichanadamente, tal como uma mulher pode pegar num martelo, ou numa colher de trolha, ou mesmo mudar um pneu, sem perder a sua beleza e encanto de mulher, e sem a necessidade de coçar as partes baixas. Triste exemplo dá às nossas cirancinhas, a RTP1, ao pretender, mesmo que indirectamente, insinuar que para se costurar tem de se falar e agir à coiso. Programas destes, só na Sic Mulher e em horário que não estorve.

domingo, 22 de agosto de 2010

Veterano? Relíquia?

Ou ambos?
Eis um Willis, com matricula de 1954, a rodar, e a provar que nem tudo se deve abater. O Willis é o responsável pela descoberta de muitos horizontes, para lá dos que nos oferece o asfalto.
Encontrei-o ali pelas bandas do Meco, porreirinho, com ar gaiato, o que me deixou meio cabisbaixo, já que sendo eu, três anos mais novo, não apresento tal frescura.

Regressos

Saír da rotina, é fantástico. Conhecer lugares até ali desconhecidos, mais que bom. Revisitar outros, renova, dá-nos prazer. Não fazer mais do que o que a vontade, a imaginação nos dita, é melhor ainda.
Voltar ao que se ama fazer, rever as músicas que não se cansa de tocar, juntar outras, recentes, esboçá-las, rever amizades, que se tornaram habituais nas noites de música, são outros quinhentos de prazer que não dispenso. Vivam as músicas, quem as escuta e quem as toca.

sábado, 21 de agosto de 2010

...


"A soldado desconhecida

por FERREIRA FERNANDES - DN, 12 Agosto 2010

Josefa, 21 anos, a viver com a mãe. Estudante de Engenharia Biomédica, trabalhadora de supermercado em part-time e bombeira voluntária. Acumulava trabalhos e não cargos - e essa pode ser uma primeira explicação para a não conhecermos. Afinal, um jovem daqueles que frequentamos nas revistas de consultório, arranja forma de chamar os holofotes. Se é futebolista, pinta o cabelo de cores impossíveis; se é cantora, mostra o futebolista com quem namora; e se quer ser mesmo importante, é mandatário de juventude. Não entra é na cabeça de uma jovem dispersar-se em ninharias acumuladas: um curso no Porto, caixeirinha em Santa Maria da Feira e bombeira de Verão. Daí não a conhecermos, à Josefa. Chegava-lhe, talvez, que um colega mais experiente dissesse dela: 'Ela era das poucas pessoas com que um gajo sabia que podia contar nas piores alturas.' Enfim, 15 minutos de fama só se ocorresse um azar... Aconteceu: anteontem, Josefa morreu em Monte Mêda, Gondomar, cercada das chamas dos outros que foi apagar de graça. A morte de uma jovem é sempre uma coisa tão enorme para os seus que, evidentemente, nem trato aqui. Interessa-me, na Josefa, relevar o que ela nos disse: que há miúdos de 21 anos que são estudantes e trabalhadores e bombeiros, sem nós sabermos. Como é possível, nos dias comuns e não de tragédia, não ouvirmos falar das Josefas que são o sal da nossa terra?"

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

outros voos cá de casa







apontamentos de férias

o acordo ortográfico já foi adoptado, e em fase de avanço, no nosso Alentejo. Com efeito estava eu a vociferar para dentro, sobre a palavra espectador que actualmente se escreve espetador deixamdo-me a dúvida se aquilo quer dizer, alguém que espeta, quando escuto um digníssimo alentejano em sotaque profundo - o ténico já vai a caminho. Genial, esta abolição do C, viva o acordo.
nas estações de rádio de Espanha, por incrivel que pareça, escutam-se canções em lingua... espanhola, o que para nós, lusos, faz uma certa confusão, a menos que não se saia da Antena 1.
as vistas do Alqueva desiludiram-me - as tais anunciadas belezas não se me afiguraram belas, quem sabe porque a paisagem não é verdadeiramente natural. Bom mesmo é alugar um barquinho, mas mesmo assim, prefiro outras escolhas.
há presuntos, ou jamon que são como as garrafas de Porto ou de Scotch, podem chegar a quinhentos euros, e ainda por cima carregadinhos de colesterol.
Enquanto a malta anda aqui em maus fígados com o Carlos Queiroz , os espanhois ainda fazem a festa da vitória do Mundial, com muitas tapas e cañas, e bandeiras nas janelas.

entre a Pedra e a Água






















sábado, 14 de agosto de 2010

já volto


Amiga

Existem amizades, amigos, e Amigos. Por vezes generaliza-se, com facilidade, e resvala-se para o banal, ou então não se tem o verdadeiro conceito, ou é-se pouco exigente. Amigo, com aquele A descomunal, tem de ter prestado provas, tem de ter anos de percurso, tem de nos aturar os risos e os choros, independentemente da hora, tem de saber de nós, muito mais que outros, da nossa côr preferida, daquela música tal, das nossas fraquezas, das nossas glórias, tem de saber como estamos, apenas num simples olá quando telefonamos, que larga tudo sem questionar, quando dizemos, preciso de ti.
De igual modo o inverso é implícito.
Por tudo isto, e muito mais, torna-se evidente que um amigo não se encontra ao virar da esquina, é pessoa rara. A quem nos damos e que se nos dá. Eu tenho uma Amiga assim, que me sabe, que preenche todos os requisitos. Ela tem um Amigo assim, e sabe-o. Ontem foi o dia do seu aniversário. Que contes muitos, e eu que veja.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Fumo sem Fogo, ou muita parra e nenhuma uva


Há quinze dias que o país arde. Eles, Cavaco e Sócretes, de férias, férias de quê, de trabalho, não é certamente. Numa farsa de arregaçar as mangas, aparecem agora, quem sabe aconselhados pelos caríssimos assessores de imagem, a fingir agir, tudo em nome do país, afinal não mais que uma dissimulada pré-campanha eleitoral, porque afinal os fogos continuam, com mortes de pessoas, as quais, os que mandam nunca poderão redimir. Que se sintam culpados, ao menos.
Poderiam sim, os que mandam, há muitos anos atrás, colocar em prática um bem elaborado plano de ordenamento; de limpeza das matas; de responsabilização das autarquias; de dar uso às estáticas forças militares; de investir na prevenção e nos meios.
Deviam, esses que mandam, gerir ao limite, tudo o que diz respeito ao destino das madeiras ardidas; dos terrenos queimados; quem fornece materiais aos bombeiros, sendo óbvio que há quem lucre com estes crimes.
Mas não creio que eles façam mais que aparecer de capacete, e atrapalhar quem trabalha. Ou, em brilhante ataque de ideia luminosa, que chamem o Professor Pardal, para alar o submarino, enchê-lo de água, qual Zepelim, dotá-lo de mangueiras, e à laia de Putin, fazerem um figurão em céus lusos, simulando apagar fogos, de submarino voador. É que neste país já se viu de tudo.

Anjo do Leste


Veio de lá de longe, da Ucrânia, naquela época em que se dizia lá por fora que em Portugal se vivia bem, se ganhava bem. Triste engano. Conheci-a quando em 2003 comecei a frequentar o Baía, que ela geria com mestria, uma mulher altiva, imponente, linda, de um olhar azul que coloca qualquer pessoa em sentido, e somando a isto tudo, uma competência irrepreensível e discreta, que mais tarde vim a conferir quando, nas noites musicais que iniciei precisamente ali, no Baía.
Hoje, continua a mesma mulher, com a mesma pose e beleza, que nem os anos, nem o cancro da mama, e a inevitável quimioterapia, foram capazes de demover.
Há meses, em boa hora soube que ela procurava trabalho, na hora em que a minha mãe tinha dispensado, a não sei quantas, empregada. Em melhor hora se conheceram, e desde então vivo mais tranquilo no que toca a quem priva com a mamã. Adoram-se mútuamente, numa relação que pouco tem de patroa-empregada. Aproveitando a boleia, pedi-lhe, à Marsha para dar uma mãozinha lá em casa, pedido aceite com agrado, e com agrado, alguns caos de arrumação, tomaram uma ordem, fruto das discretas sugestões, que sem palavras, foram dando os seus frutos, na harmonia e disposição de objectos.
A Marsha foi à terra, e todos lhe notaram a falta. Ontem ao chegar a casa, achei-a diferente sem saber porquê, ao entrar na casa de banho vejo a tralha dos after-shaves e colónias todoa organizadinha, e suspirei, a Marsha voltou. O pensamento imediato foi para a minha mãe, que me acaba de telefonar como se tivesse ganho o euromilhões - A MARSHA VOLTOU!!!
Já dei por isso, respondi. E assim, todos ficam mais arrumadinhos. Bem hajas Maria.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

hoje deu-me para tirar esta...

... do baú, para presentear a malta mais velhota, lá nas minhas voltinhas musicais.

E é já amanhã.

quem peca?

Existe uma empresa em Espanha, de nome Lynce, que se ocupa em medir multidões, coisa que pode ser interessante, principalmente quando existem menifestações contra o governo, em que uns contam dezenas, e outros contam milhares.
Curiosa foi a medição da multidão de peregrinos a Fátima, por ocasião da visita do papa. 500 mil disse a igreja, 35 a 40 mil diz a medidora. Mais, dizem estes, que para uma massa com o número de gente adiantado pela santa igreja, teria de haver uma concentração de 14 pessoas por metro quadrado, e não parece que se caiba assim, a não ser uns por cima dos outros.
Alguém mente, e isso, em análise religiosa, é pecado. E feio. E exagerado. E falso.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Contagem Decrescente


Ando nela, na contagem, que decresce, que encurta o espaço entre - as boladas do dia a dia, que com o calor que me sufoca, coloca o dia mais comprido e difícil, - e o momento zero, em que posso, por alguns dias temperar-me de descanso, de lazer, de ver novos lugares, e de revisitar outros, seja no campo geográfico, seja no campo da geografia do meu íntimo, pois, muitas vezes impera a necessidade de viajarmos dentro de nós. É um vá para dentro, cá dentro, que faz muito sentido.
Da contagem, a este momento, fica-me uma sensação dúbia, a de que depressa chegue o momento do início, junto com a recente, que se instalou, a de que depressa termine, a contagem que sucederá à contagem.
Para já, vou inventariando o que se considera vir a ser útil, para uso no escape, e nada mais.
E talvez já seja muito.

fê-dê-pê

Querem queimar Queiroz, querem varrer Queiroz, querem vê-lo para lá do sol posto. Mas como não há justa causa por via da incompetência, nem há guito para lhe rechear mais a conta, vai daí que ao velho estilo da professora primária, lhe querem puxar as orelhas, dar-lhe um ralhete de boas maneiras, e pô-lo de castigo, na prática, expulsá-lo, e com justa causa. Porque FDP, a julgar pelas palavras de Pinto da Costa, é o mote da questão. FDP, é ofensa que lesa. FDP dá direito a olho na rua. Por isso, Queiroz, não podia dizer FDP, podia pensar, dizer em voz baixa, rosnar entre dentes, mas ao vivo??? Não, menino Queiroz, o menino não foi educado, e agora, tau-tau. Faça como eu, que entre dentes vou balbuciando fdp à cambada política, mas sem eles ouvirem.
Queiroz devia lembrar-se da velha anedota:
-O senhor vai ser multado!
-Eu senhor guarda, porquê?
-Por fazer xixi na piscina!
-Ora, mas todos fazem!!!!
-Pois, eu sei, mas de cima da prancha, foi só o senhor.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Provocações


Almoço de esplanada, os clientes do costume. Entre uma sardinha e uma garfada na salada, debita-me da mesa ao lado o Sr.M, capaz de ser avô da menina observada - você já viu aquilo? Aquilo, era uma rapariga com cerca de vinte anos, que exibia naturalmente o seu bem torneado físico, sem contudo, constituir uma provocação. Uma menina digna de se observar, porque o que é bonito, o deve ser, observado, contemplado, naturalmente.
E respondi - aquela miúda que entrou? Sim, confirma babando-se o Sr.M, andam assim despidas de propósito, depois admiram-se de serem violadas. Olhe que não é nada assim, Sr.M, o senhor está enganado, respondi. Enganado e doente, pensei. O que será que passa pela cabeça do Sr.M ao observar as netas que porventura terá, quando estas, alheias, se passeiam diante do olhar insuspeito do avôzinho?

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

bike-tour-by-night

Como hábito de gosto, e não de recomendação, presenteio-me quase sempre, após o repasto da janta, com uma voltinha de biciclete, pela zona envolvente, de som nos ouvidos, ou nem sempre, vou varrendo o alcatrão da vizinhança, em circuito discreto, entrando vez ou outra em solo relvado, ou de mato, como ontem, para lhes sentir os cheiros.
Hoje, noite particularmente apelativa ao que sabe bem, mas nem sempre se pode nem deve fazer, (ou o calor está a dar-me a volta ao miolo), notei uma maior presença do ser Mulher, no trajecto - elas vinham em caminhada, em traje de pouco volume, para brilhozinho nos meus olhos; elas pairavam nas varandas, de telemóvel em punho, combinando, quiçá, secretos encontros, por via dos quarenta graus que nos fazem ferver toda a área sensível; elas cruzavam-se comigo, no engano de, em cima do velocípede, derreter aqueles quilinhos a mais, que o senhor doutor, a balança e o espelho negaram. Elas invadiram as ruas, as esplanadas, os passeios, os jardins e as varandas, quais et's implacáveis, mulheres, em tudo quanto era canto, atormentando a minha pacata passeata. Enfim, foram elas, as Mulheres as senhoras do meio passeio, quase devaneio, em noite de verão, com o pequeno senão de que tal como o pequeno príncipe, no meio de tanta rosa, só achava piada, a uma. E a não mais que uma.
Pelo que, em forma de conclusão, tudo o que me foi dado a ver, foi mera paisagem, um enorme campo de flores, e nada mais.

A arder


No verão é assim, as celebridades vão a banhos e parties em terras algarvias, e os fogos não dão descanso a bombeiros e populações do interior. Não é novidade, há anos que é assim, há anos que assistimos, sem novidade, a este fandango. A haver novidade, apenas o comentário generalizado das vítimas e a quem de bom senso - gastam fortunas em submarinos...

E fala-se com razão, não fossemos um povinho de brandos costumes, e isto não ficava assim. Compram-se submarinos para defender nada, em nome da defesa nacional, e não se investe na defesa, nacional, das nossas árvores, das nossas gentes. Ao menos que a maltinha da "defesa nacional" fosse para o terreno, justificar os balúrdios que ganham, em nome da tal defesa nacional. Seria uma boa ajuda, coerente, e nós, o vulgo povo, não teria a sensação de que as forças militares são um elefante branco, muito bem alimentado.

Por muitos anos, passei nas terras queimadas, e assisti ao pavor de muito fogos, ao cenário dantesco, á terra queimada, aos cheiros, às carcaças de animais carbonizados, por isso me mete nojo ver mais uma vez a nossa classe política a fingir que nos governa, nos defende e nos protege. Mas como? Se o perigo está neles mesmos, gente manchada com as cinzas dos fogos, que fingem não ver, virando a cara para o lado, em qualquer esplanada in do Algarve.


domingo, 8 de agosto de 2010

Hoje...



... Hoje, visto que me encontro permeável a repentes, de repente, e não mais que de repente, porque da ameaça de chuva latente, me decidi a navegar sem rumo e sem GPS, dei comigo às portas de Santarém, e como afinal a chuva não se manifestou, dei um pulo a metade das minhas origens, Espinheiro, Amiais, e um mergulho nos Olhos d'Água. Fica na vontade mais que a vontade feita necessidade de rumar a paragens da outra metade das origens. Assim será.

sábado, 7 de agosto de 2010

Tão de repente

De repente, o resto não está lá, ou está mas não tem a mesma cotação, o mesmo valor. De repente não ligo demasiado aos miúdos que correm ali por perto e distraem por segundos a minha concentração. De repente, sigo os olhares cúmplices no trautear das melodias, sem a convicção de outras noites. De repente, tudo o que gravita à volta do prazer de tocar ganha novo alento, e uma alegria calada que se quer só para nós, resguardada, recatada, pois que só diz respeito aos que a ver têm com isso. De repente, o sentido do Sting, do Eric, do Jobim, e do Abrunhosa, faz um sentido único, e apenas esse caminho faz sentido, e desponta sentidos, que por não se sentirem, adormecidos pareceriam.
Tão de repente me vesti deste estado, como surpreendente e inesperado me apareceu. Assim é a determinante vontade de que seja eterno enquanto dure.
"se instalou feito um poceiro dentro do meu coração"
Chico Buarque

ASSIM É O MEU pAÍS


Num Portugal onde os ministros se rodeiam de assessores, assessores de assessores, secretários, secretárias, gabinetes, carros de 150 mil contos; onde se pagam balúrdios a generais, capitães, comandantes, e afins; onde se compram submarinos para defender as Berlengas; e tudo o mais que qualquer luso tristemente verifica, neste país, existe um parque, Peneda-Gerês, que não tem vigilância, que não tem a viatura de serviço reparada, nem pode circular, porque o deósito está na rserva... por falta de verba.
Assim é aqui. No meu país.
Assim é no terceiro mundo.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

e se de repente alguém me oferecer flores?

De repente, quando cessamos a busca, quando deixamos de procurar, quando a ansiedade se esvai, quando caminhamos simplesmente, pelo prazer de caminhar, sem um destino ou rumo determinado, quando deixamos o nosso rasto na pura convicção de não nos vamos cruzar com vivalma, eis que quase tropeçamos afinal, no que era menos de se esperar, de repente tudo muda, os minutos ganham outra dimensão, bem como os momentos, e os que os antecedem, e os que os precedem. Ele há coisas que não têm muita explicação. Apenas se sentem, não precisam da explicação. Porque nem tudo tem explicação. E mesmo que tenha, não será necessária. Porque o bem que se sente, o estado em que se levita, vale por todas as explicações, justificações e teorias. Sente-se. E eu sinto (me) bem.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Mão de Obra Especiazada

Estou à seca no passeio da rua. Por trás de mim um prédio. Ao prédio chega uma brigada de montagem de caixilhos de alumínio. Dois por sinal. A carrinha, via-se não era adequada ao transporte daqueles objectos. Da brigada de dois, de t-shirt e jeans, de Ventil nas beiças salta um deles de rol sebentado com apontamentos. Diz um da brigada, acho que aqui é o gajo dos seiscentos éros, vai lá tocar à campaínha. Era o gajo. Sobe o material. Era logo ali, no primeiro andar. O mais novo da brigada, lá na varanda ensaiava a posição do caixilho, enquanto o expert cá em baixo, com um olho fechado, à esquadria, e azimute, ordenava, esquerda, esquerda, direita, direita, fds, és vesgo cabrão? Acertado o caixilho, apenas entalado na varanda, sem qualquer parafuzito aparente, eis que com cerca de quinze minutos de árdua laboração, o chefe, cá de baixo, apaga a beata no chão e relaxa, disparando para o ajudante, está porreiro, anda lá pagar uma mine.
Eram nove horas da manhã. Os ditos não tinham capacete. Nem o tinham quem por ali passava. Desconheço o tempo que a brigada levou a emborcar as mines bem como o tempo que os caixilhos ficaram ali, como que a flutuar na varanda.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Dia Especial



Se outros assuntos houvessem, importantes, engraçados, tristes ou alegres, para falar, e mesmo quando por vezes, me parece faltar matéria ou inspiração, sempre surge algo que desponta a ideia, e vai de escrever. Com alguma assiduidade, aqui vou deixando uma pequena parte do que me vai na alma, na vida, no humor, nos gostos e afectos. Uma pequena parte, a que não me inporto tornar visível, do meu dia a dia, encontra-se neste espaço.

Hoje, o dia ficará marcado por mais um aniversário, daqueles que a partir de determinada idade ganha o estatuto de vitória. Um dos meus avôs, sempre me dizia com um sorriso matinal e bem disposto - estou feliz porque acordei e ganhei mais um dia à Natureza.

Por isso, hoje, entre muitas outras manifestações, que decerto se desenrolarão, aqui fica o meu primeiro - Parabéns Mamã.

regresso ao futuro



Ontem, por entre mirabolantes episódios com os quais o dia se foi recheando, juntou a minha fértil mente, ao acaso, três deles, que aparentemente nada têm em comum. A saber, horas pendurado ao telefone, na tentativa de resolver problemas com a net; uma matéria na tv sobre a implantação de um chip no ser humano que nos permitirá comunicar telepáticamente, como se tivessemos um telemóvel cá dentro; e um passar de olhos por um livro da colecção erótica que está a saír com a Visão. E à laia de sonho, saiu-me isto:
Entro numa espécie de bar, no ano de dois mil e muitos, sento-me ao lado de uma humana de aspecto interessante, e à boa maneira do século XX, esboço o meu melhor olhar matador com sorriso a condizer, e digo-lhe na forma telepática - olá, podemos conversar?O meu nome é Sputnick. Em resposta escuto - seja bem vindo à Carla, o seu contacto é muito importante para mim, para boca, prima 1, para seios, prima 2, para.... Não, não, eu apenas quero conversar uma bocado. Um momento, diz a voz dela dentro de mim, e levo com clássicos hits dos anos 2500. Pausa - Sputnick, muito obrigado pelo tempo que esteve a aguardar, infelizmente não tenho disponível o modo conversar, para esse serviço terá que aceder ao nosso Museu, no entanto recordo-lhe que é muito bem vindo à Carla, e o seu contacto é muito importante para mim, para boca, prima um, para.... escolheu a opção 3.
...
Se não pode vencê-los...junta-te a eles.


segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Submarinos PP


E pronto, ei-los que chegam às nossas indefesas àguas atlânticas, dois potentes submarinos, ou não fossem escolha de Paulo Portas, o homem-PP - Homem de requintado gosto, já provado em escolha de carro britânico, há uns tempitos atrás.
Os barcos de pesca, que vindos de Espanha, França, Itália, e até do Japão, nos subtraem a cota piscícola, que se cuidem, pois os submarinos PP aí estão para defender os nosso peixes.
Os carteis da droga vão tremer, os almirantes da Marinha vão rejubilar de alegria, e tudo isto graças aos submarinos PP.
Portugal está, definitivamente mais seguro, a partir de hoje. Não se nota nada, mas o medo do inimigo já é notório. Os submarinos PP não andam no ar, mas navegam na penumbra da nossa costa e não haverá alga nem robalo que não seja submetido a rigoroso raio-X. Raio-PP, perdão.
Uns quantos intervenientes no negócio, do qual a papelada se evaporou, ficarão bem mais ricos, enquanto o zé povinho empobrecerá mais um bocado, por causa da factura dos sub-PP.
No entanto que se lixe - estamos mais pobres, mas ninguém nos vai invadir. E tudo graças ao PP. E outros.

domingo, 1 de agosto de 2010

repetições e rotinas

De um fim de semana do qual me ficam - mais - duas memoráveis noites de música, para além de um não menos espectacular dia a banhos, há que fazer com que a repetição do que é bom, porque é repetição, não resvale para uma rotina que vai perdendo o tempero, sob pena de se tornar num deja vu. As coisas boas e que nos dão prazer devem ser renovadas, inovadas e celebradas, para que se possa tirar tanto quanto nos é permitido o prazer da novidade, tal como num final de um jogo de cartas se baralha e torna a colocar as mesmíssimas cartas na mesa, mas sempre numa ordem diferente e desconhecida.
Se com o destino de banhos é fácil mudar de poiso, não o é nos poisos das músicas, e sendo certo que apesar de existirem alguns residentes fixos e fieis, os ouvintes vão mudando, e assim mudem as músicas que se cantam, o que não é difícil, nas mais de três centenas que carrego comigo. Basta deixar fluír. E com uma paisagem de fundo como a de cima como mote inspirador, não é nada difícil deixarmo-nos levar, e chegar ao fim da noite com a sensação de ter renovado, na repetição da rotina.