terça-feira, 22 de janeiro de 2013

a torto e a direito

Aqui mesmo ao lado, uma conduta de água rebentou. O chão rasgou-se. Houve que reparar a conduta, e repavimentar. Tenho observado com regularidade, os trabalhos. A evolução é proporcional no sentido inverso ao número de trabalhadores. A obra, vê-se anda devagar, deliberadamente devagar. Os elementos da equipa, a alguns pouco lhes vi as mãos fora dos bolsos, muito menos a fazer algo mais do que número.
Este é o espelho de um país. Tal como nas ruas, nos gabinetes, a fórmula é a mesma - muita gente e pouca produção. Nada contra ninguém, mas é de ver que é um erro. E um roubo. O triste é constatar que não são apenas os do poder e da banca que nos roubam, pelo que se conclui que somos roubados, a torto e direito, ou seja, pela direita e pela esquerda.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

eu sabia...

a propósito disto:

http://expresso.sapo.pt/as-criancas-nao-sao-hiperactivas-sao-mal-educadas=f780888

eu sabia que quando aqui há uns anos, quando a filha do meu amigo, me enfiou os dedos pelos olhos dentro, e me arranhou a cara, com deliberada maldade, não o fez porque, como disse em ar de desculpa, a mãe: ai, ela é tão hiper-activa... fê-lo sim, porque era, e deverá continuar a ser, uma criança sem educação.

Grécia, antiga e moderna

Aqui nasceu a Europa, aqui criou-se a democracia, hoje os gregos moram nos anfiteatros em caixas de papelão para se aquecerem...

Ultimamente, quando vejo algum filme relatando os crimes dos nazis, nos campos de concentração, não tenho dúvidas quanto à aplicação da célebre frase que diz mais ou menos, que - não interessam os meios, desde que se atinjam os fins. No presente, não existem câmaras de gás, mas sim uma forma de cozinhar a malta em banho maria, com igual eficácia, e a nojenta colaboração de governos, reis e presidentes, e todos os que bem instalados, detêm o poder e a capacidade de decidir, sobre as nossas vidas, e a vida dos nossos descendentes. O exemplo, não podia estar, infelizmente, melhor espelhado, em Portugal. o Que se passa na Grécia, por mais que o neguem, é apenas a antecipação do que se vai passar aqui.

antagonices

Sim, é relaxe, confesso. Nem é desinteresse. Apenas desleixe. Quem se gosta, gosta-se sempre. No entanto por vezes, outras "coisinhas" de menos importância, e outras de dimensão maior, vão adiando o contacto. Aquele simples telefonema - então com estás? como vai a tua vida? e os teus? e o que tens feito? - vai sendo sucessivamente adiado. Já nem se fala de um cafézinho, muito menos de um jantar. Apenas de uma ligação telefonica. Uma vista de olhos ao blogue, outra à página do facebook, com os respectivos likes à mistura, acalentam a interrogação - Ah, ela está bem. E os dias passam, e tornam-se meses. Hoje, soube muito bem escutar-te Antígona  e sei que a ti também te soube. Porque como diz o poeta Vinicius -  os amigos não se fazem, reconhecem-se. E para mais (credo, só de fazer as contas quase me atiro para a terceira idade) a nossa amizade tem quase cinco décadas.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

5

Chama-se Five. É um filme. Tem 5 histórias distintas. Realizações distintas, por gente tão improvável como as boazonas Demi Moore e Jennifer Anniston. O elo deste quinteto, é o cancro da mama. Da Mulher. Embora a inclusão de um homem, nos lembre, que não é exclusivo da mulher. Muito original. Não doura a pílula, nem dramatiza em excesso. Tem passado nos canais de filmes da televisão por cabo. Vale a pena ver. Eu vou rever.

2ªs núpcias

Tocar sozinho assemelha-se em certas práticas, a morar sozinho. A sós, o espaço é nosso. não se divide com ninguém. Os horários, as rotinas, as vontades e desvontades não contemplam a partilha, que muitas vezes se torna obrigação. Nos mais pequenos detalhes se verificam as diferenças. A sós, sabemos que se o dentífrico ficou aberto, a culpa é nossa. Na música é igual. Se houver uma nota fora de tom, o músico não tem escapatória, no entanto, sendo dois, o ouvido menos atento, nem dá por isso. Propus-me, e a um amigo, companheiro de longa data, reatarmos a dupla que já tivemos há uns anos atrás. O que me falta em voz, existe nele, bem como o que lhe falta na guitarra, tenho em mim. Tenho a esperança de que, caso os anos não pesem tanto que nos tenham criado vícios solitários irreversíveis, faremos um trabalho bom de se escutar. Nem que seja aos próprios.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

o tempo não volta para trás

O que leva algumas mulheres (principalmente, as) a quererem mudar de cara? a colocar enchumaços nos lábios, nos seios, no rabo? A tirar daqui e a  colocar ali. Porque teimam em se auto-terraplanar numa luta sempre perdida, porque o que se pode retardar, é quase nada, perante o ridículo de passarem a ser outras? Fofocas à parte, li sobre a actriz badalada que ao se submeter ao bisturi, não ficou ela. Ficou, literalmente outra. Perdeu a identidade, e arrisco, a sensualidade. A boca que a caracterizava, desapareceu. Não querendo ser mordaz diria até que por coerência, já que o rosto não pertence ao nome, a pessoa em questão devia mudar de nome. Que me perdoem as recicladas, as recauchutadas, mas  o valor de uma ruga, de uma flacidez pode ter e tem toda a beleza que uma pele plagiada e artificial nunca poderá ter. Para além disso, fica difícil para o tacto, e para o acto,  dado que tudo o que é restaurado perde para além da naturalidade, a resistência de origem. Fica-se assim com pouca vontade de tocar, dado que, como se sabe, os olhos são os primeiros a comer.

2013

A baía do Seixal ontem estava assim. Mar chão, espelhado, no mesmo tom do céu, tingido por uma neblina que teimou em não sair do horizonte, limitando assim, as vistas para Lisboa. Nos momentos de calma contemplação desta paisagem que sugere uma intemporal tranquilidade, não pude deixar de associar o nevoeiro que me impediu de alcançar vistas para a capital, à obscura previsão deste ano que entrou, castrado à nascença por um bando de gente, que sem qualquer remorso, nem o direito nos dará, à contemplação do simples e belo, na paz de espírito que a foto sugere.