quinta-feira, 29 de abril de 2010

Ufa


Depois de uma manhã em que dei uma mãozinha à minha amiga Antígona, na sua mudança de tarecos, e livros, livros, e muitos livros, quase que não almoço, a fim de cumprir as obrigações profissionais, que se foram prolongando tarde fora, tão fora que nem me deixou um tempinho ao post, e eis que, quando no final do dia, qual guerreiro, dispo a armadura e me preparo para um duche reparador, antevendo o jantarinho e o jogo do Mourinho, me chega um SOS - ir tocar hoje? agora? mas porq...ahh! um aniversário? e querem música? pois, entendo... um grupo grande, e isto está mau. Ok, conta comigo. Salvou-se o duche.
Noite fora, as músicas vão de encontro ao gelo das sisudas pessoas, num jantar impessoal, onde se notava que alguns nada tinham a ver com outros alguns, uma criança era aniversariante, que tentava chamar a atenção dos adultos, que entre garfadas lá pediam esta ou aquela música, e fados, dos quais nunca ouvi falar. Ao vinho tinto, e bom, pediram-no fresco. E eu, no meu posto perguntava-me - mas o que estás tu aqui a fazer? Ah, já sei. Amor à música. E fechei os olhos e cantei para mim. E eles gostavam. Batiam palmas, e agradecimentos no fim. Cumpri a minha parte. O Mourinho também. Mais tarde, a cama teve um abraço especial, envolvente.
Vou já avisando - se me chamarem para tocar no dia da final, com o Mourinho, vou ter se der muito bem remunerado. Ai vou, vou.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Agora é que descobriste?


Do discurso do nosso PR, por ocasião do 25/04, ficaram-se-me duas pérolas. A primeira, o espanto de Aníbal quanto aos ordenados milionários que se pagam por aqui. A segunda, a descoberta de que Portugal como país voltado paro o mar, tem de... se voltar para o mar.
É caso para perguntar ao homem que governou este país, anos a fio, com chorudos subsídios, e todas as conjugações a favor - em que país ele vive. Ou melhor, em que galáxia. Ou pior, estará a gosar com o pagode?

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Pura má lingua de sportinguista

Assim de repente, parece que o campus do SLB está acente em cima do lodo.

Requiem para o 25 de Abril


E o Passos, meu?Agora deu em reivindicar o Sérgio, o Zeca e outros, como se aquilo da esquerda também fosse deles.
Pois é, mas em boa verdade, o 25 de Abril, se é do, e para o povo, também inclui a malta do PSD...
Sim, nesse ponto têm razão, até porque a esquerda adormeceu, e acomodou-se, vejo hoje uma esquerda tão ou mais burguesa do que a dita direita.
Lembra-te que naquela cena do financiamento dos partidos, os gajos entenderam-se todos. Come tudo no mesmo saco, mas neste momento, acredito que o PPD venha com a estratégia de roubar votos à esquerda, e vai até ao PCP, os do PS nem se fala...
Em suma, qualquer dos partidos políticos aproveitou-se do 25 de Abril, para proveito próprio.
Sim, abotoam-se como podem, e não foi para isso de se fez o 25.
Pois não!
Portanto vamos ter uma viragem da direita para e esquerda que se vai servir dos desiludidos da esquerda com a esquerda e por isso vão votar na direita, que não é assim tão direita?

Exactamente, esta oportunidade não vai passar despercebida aos ditos de direita, que vai ser oposição bem mais esquerda do que a esquerda. Será em nome de um 25 de Abril esquecido, em nome de Sá Carneiro e dos seus ideias, que se levantarão as vozes que a esquerda esqueceu.

Se reparares o que fazem as autarquias de esquerda por Abril? Nada, pá! Limitam-se a desfilar as bandas filarmónicas, que tocam o hino do MFA, depois gritam - viva o 25 de Abril, enrolam a bandeira, e vão à sua vidinha, já sem cravo ao peito.
Ah, não me digas?
Digo pois!
Aí no Seixal?
Aqui mesmo.
Pois olha, aqui no norte, onde supostamente somos direitos, ainda se celebra com uns gajos aí pelas ruas a cantarolar o Zeca.
É um dia de obrigação-efeméride, cumprem-se os procedimentos formais, o PR debita uma bocas a condizer, e está feito.

Amanhã é dia 26 e só vamos ouvir falar em 25 de Abril, a não ser no próximo, é uma espécie de dia dos finados. Que se lixe o cravo e essas coisas da igualdade social e outras tretas.
Tens razão, eh eh, aproveitando o dia de finados - ao 25 de Abril - paz à sua alma.
lol
Fica bem.
Tu também, pá.
25 de Abril sempre.
Ah claro, claro.
E o cravo, e o punho no ar, e tal e tal.
E o venceremos.
E o fascismo nunca mais.
Com o Sócrtates??? Volta Oliveira, que estás perdoado.
Olha as escutas,meu!
Ah Pois é, f.....
(click)

Noite para a história



Por vezes, fazemos tamanha expectativa de um acontecimento, que na hora do acontecimento verificamos que não era nada daquilo, ou algo falhou, pelos mais variáveis motivos.

Não foi o caso da noite de 24, no Taberna. A sala centenária acolheu os músicos, outros músicos, amigos motards, e outros, que o não são, nem músicos nem motards, mas são amigos. Num canto um back-line de arromba, com guitarras e microfones qb. Nas colunas o som anos 70.

E foi muita música, boa comida, melhores as conversas, as lembranças, as emoções, a partilha, numa noite com gente em total comunhão. Fizeram-se dezenas do fotos, para mais tarde recordar.

Das oito à uma foi um ápice, nem se deu pelo tempo passar.

Noite fora, já na rua, foi ouvir os GNR, com o seu Reininho a debitar uma (ainda mais frágil voz), apoiado numa banda muito competente, na tasquinha de Óbidos a tomar umas ginjinhas em canecas de chocolate.

Que se repitam mais noites destas. Faz todo o sentido.

sábado, 24 de abril de 2010

Crise até na Inspiração?

Deleito-me ontem com um grupinho de malta na casa dos trinta, muito participante no rol de músicas que fui tocando serão fora, eis que lá para o final da noite, entre Delfins, Ala do Namorados, Xutos, Palma, e Polo Norte, e uma quase tertúlia, se chega à conclusão de que não tem aparecido por estas bandas nada de novo, dos nossos artistas de serviço, pelo menos que se saiba, ou a haver novidades, a malta desconhece. Faz algum tempo que não surge o fulano de tal com um cd capaz de mexer um pouco as águas, como foi por exemplo, o Voo Nocturno, do Palma.
Na minha opinião, muito pessoal, não creio que exista falta de criatividade às bandas ou artistas, mas sim uma quase total subjugação ao sistema. E o sistema é tudo o que de financeiro gravita em torno da música e dos músicos. Daí que assistamos a lançamentos de trabalhos em supermercados de grandes dimensões, a sessões de autógrafos em megastores, os pimbas a lançarem o seu disquinho antes dos bailaricos de verão, e quase todos os restantes a deitarem cá para fora a sua criatividade apenas em vésperas da quadra natalícia.o compositor está manipulado nos seus movimentos, deixando a criatividade e inspiração ser cronometrada pelas máquinas de distribuição.
Já me afastei dos palcos que percorri por todo este país, há cerca de quatro anos, mas acredito que mesmo nas saídas ao vivo, exista muito menos mercado, por via da crise instalada.
Que essa crise não afecte a criatividade dos artistas, é a minha esperança, pois mesmo que se escreva, se componha e se toque para si mesmo, já valeu a pena.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

The last, the best

Há anos que venho a afirmar que a última guitarra que compraria, teria de ser a tal. Muito desejada, muito sonhada, a única entre as eleitas, que seria uma escolha sem qualquer dúvida. Reunidas as condições de escolha, por exclusão de partes e em harmonia com o abrir de bolsa, estava eu em vias de começar a minha pesquiza, dadas as enfim, benesses da bolsa, qual início de caçada, uma vez que o alvo já estava definido, e eis que me cai um e-mail tentador. Mais que tentador - o meu alvo, a preço irresistível, em condição imaculada.
Já a conhecia, das montras, das lojas, da net, dos catálogos, de uns fugazes acordes. Já lhe sabia o cheiro, o tacto, a leveza, os graves fortes e claros, os agúdos cristalinos, e o rigor de uma peça que não se altera com os anos, senão para melhor. Foi apenas esperar a hora de a ver, lhe tocar, a sentir e lhe dizer - és minha, serás muitas vezes escolhida para os meus momentos. Gibson é o seu nome. Provávelmente a última guitarra que comprarei. Já está aqui no galinheiro, com as outras, para se ambientar.


quarta-feira, 21 de abril de 2010

e vai ao fundo sim senhor


Dizem os senhores do FMI, do Banco Central Europeu, de Bruxelas e outros maldizentes que Portugal se arrisca a saír da zona Euro, que somos o problema seguinte logo depois da Grécia,que vem aí mais estagnação, desemprego, mais défice e mais juros, enfim um cenário negro e pessimista que, não fossem os desmentidos da nossa classe política, corrijo, da nossa classe política instalada no poder, me preocupariam profundamente.
Mas estou tranquilo. Sou um tuga tranquilo, pois as afirmações foram categóricas, e logo de quem - do ministro das finanças, e do homem que nunca se engana e raramente tem dúvidas, Cavaco Silva, ele mesmo, que por sinal se enganou de raspão, recentemente, ao confundir um furacão com um vulcão.
Estou pois, repito, tranquilo, porque decerto, todos os citados maldizentes, não têm o dom do nosso Presidente da República, que nunca se engana. Invejosos e mal intencionados, esses estrangeiros. Vai um manguito para eles. Ora tomem lá!!!

Enfim


Viraram-se as páginas, o livro chegou ao fim, bem lido e relido. Ficará na estante das recordações, sempre presente nas alegrias que proporcionou. Foi ontem, dia 20.
Outros livros se abrem, com uma saborosa tranquilidade, amadurecida, vivida e sofrida, misturada com uma inquietação, uma ansiedade, que num certo porto de vista até sabe bem que exista, porque é bem melhor existir uma ordem e espaço para que as mudanças se desenrolem, ao invés de tudo acontecer ao mesmo tempo.
São chegados os tempos do auto-mimo, essencial para que se possa mimar quem vive dentro do nosso coração.
Hoje, logo pela manhã, no pouco trânsito que me separa entre a casa e o trabalho, na Rádio Marginal, o Michael Bublé cantava um twist , e pensei, bem podia ser o what a wonderful world. Teria tudo a ver.
"atrás dos tempos vêm tempos, e outros tempos hão-de vir"

segunda-feira, 19 de abril de 2010

No entanto, ela move-se


Ela move-se, treme, agita-se, e tosse. Tem frios e calores. E humores. Por muitas vezes esquecemos-nos dela, dos seus caprichos naturais, e falamos, vociferamos contra aquilo que afinal, são as particularidades dela, das quais sempre ouvimos falar, mas porque muitas vezes decidimos esquecer que ela existe, formatamos as nossas vidas e rotinas, sem considerar a mínima hipotese de que ela, nos pode trocar as voltas, manifestando-se. E quando ela se manifesta, tudo pode acontecer, desde um leve incómodo à nossa rotina, como engolir cidades inteiras, como até colocar um reset, a tudo.
Porque desta vez, ela tossiu, quase todo o mundo ficou incomodado, porque de alguma forma, o mundo chega ou parte da Europa.
Porque desta vez ela apenas tossiu, deverá o Homem repensar e meditar as bases em que acentam aquilo que se chama de evolução.
Porque se um dia ela tossir com mais violência, por mais do que um poro, e a tosse não lhe passar, ou se ela se sacudir um pouco mais, o Homem pode não só não poder voar, ou navegar, ou sequer ligar uma lâmpada. E se ao Homem de hoje, como muitos que conheço, lhe faltar tudo aquilo com que se rodeou, ele não saberá viver.

domingo, 18 de abril de 2010

Baú






Tarde de chuva, e pesquiza do conteúdo do cardápio para o dia 24, ah, que trabalhinho saboroso.
Depois é só ir ensaiando durante a semana - outro trabalhinho ainda melhor.

sábado, 17 de abril de 2010

24 de Abril


Em segredo, mas apenas para o aniversariante, está a preparar-se para o próximo dia 24, um jantar que decerto será um acontecimento. Será a comemoração dos 50 anos, do homem do microfone da minha banda dos anos 80. Amigos têm tocado a reunir, de forma a juntarmos os músicos que passaram pelos palcos, bem como todos os amigos dos amigos. Não faço ideia se vai muita gente ou pouca. Sei que a minha tarefa é preparar o local, e tratar da música, o que está desde já a dar muita pica - desafiar o aniversariante para uns ensaios que supostamente são apenas para reviver os bons momentos passados, quando na verdade, ele, está a ensaiar para cantar na sua própria festa de anos. Está a ser mais que bom. Os ensaios têm superado todas as previsões. A voz está lá, as guitarras idem, a entrega também. Na medida em que vamos recuperando os temas do vinil a sensação, é que parece que o tempo não passou. Estes momentos alimentam-me, e sinto que ao meu amigo do microfone, mais ainda. Que venha o dia 24. Melhor, a noite de dia 24.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Ora toma lá morangos


Doem-me as mãos de tanto aplaudir o raspanete que Václav Klaus, Presidente da Republica Checa, deu a Cavaco Silva, no seu discurso de boas vindas, e logo no início:


"o défice de Portugal é inadmissível e excessivo"

Toma e embrulha.

Infantilmente, Cavaco, entre esgares ainda tentou a salvação, qual menino da escola - professora, estes meninos também fizeram maldades - ziguezagueando entre a Grécia, a Espanha, a Irlanda. Ridículo, Aníbal.

de Caras



Agradável surpresa, com a última Visão, a oferta de um cd com a banda sonora do Cats, e a publicidade de que outros cd's seriam oferecidos, entre os quais, Música no Coração. Assíduo como sou, deste filme, desde as primeiras apresentações no Tivoli, mais tarde na tv, no VHS e no DVD, tratei de averiguar quando seria colocado o dito cd. Problema - o dito, seria distribuído com a revista Caras!!!

A custo e sem dar nas vistas, de óculos escuros e gabardine, adquiro a revista que me apresso a colocar no único lugar digno a esta publicação, lá em casa, junto ao podium, na casa de banho. E eis-me hoje, pontulamente, sentado no podium, pelos motivos óbvios e fisiológicos, a desfolhar a dita publicação, leio algumas gordas, e vejos as fotos, onde todos exibem rasgados sorrisos, todos se dizem felizes, todos se afirmam realizados, com os amores das suas vidas, uma gente diferente, portanto, seres humanos sem os tradicionais problemas do quotidiano. Eles querem lá saber se o IVA aumenta, a gasolina sobe. ou mais uma fábrica fecha. Não. Eles são côr-de-rosa-gold. Estão up.

Na Caras não se vê este mundo, cá de baixo, apenas se vêm pessoas de outra galáxia, no seu país das maravilhas. Não consegui desfolhá-la até ao fim, na minha permanência no podium. Tive de regressar á Visão, sob pena de sofrer as cólicas da prisão de ventre, mas antes de largar a Caras, ainda tive olho para ver por lá o Durão Barroso, a sorrir, claro, e o Sócrates que foi à exposição da ex-sogra, e encontrou a ex-mulher, e os ainda, filhos. Não sorria muito.

O que se faz por amor à música, por um cd com a banda sonora de um filme, e que ainda por cima nem é versão original. Eu até entendo que aquela gente compre a revista, para se verem uns aos outros, mas nós, o povo, comprar aquilo, não entendo. De todo.
E está decidido - Caras, não mais, nem que venha com o cd da Mary Poppins.


quinta-feira, 15 de abril de 2010

a Ratzinger o que é de Ratzinger


Não me espanta que no nosso cantinho apelidado de país, fértil em palhaçadas, tenham sido anunciadas algumas tolerâncias de ponto, lei-se baldanço ao trabalho, com consequente e directo prejuízo para a nossa falida economia, e com lucros directos para as grandes superfícies comerciais, onde, não tenho dúvidas não caberá um alfinete, em dia de suposta devoção religiosa.
O argumento esboça o ridículo - é o desejo da grande maioria do povo português, orar com o papa.
A finalidade parece-me óbvia - existe uma desesperada necessidade de transmitir a todo o mundo imagens do papa em banhos de multidão, numa tentativa de dizer que o Vaticano não treme perante calúnias, e a prová-lo, os milhões de fieis amontoados.
A ser verdade, que os portugueses, a dita grande maioria vai orar com o "papa", haveria de se apurar, a que papa. Não me parece que este papa convença muita gente lúcida, mesmo que crente, de que o é, na essência, e na prática. As mãos deste papa, que antes de tudo é um homem como todos nós, estão sujas, sujas de silêncios, sujas de jogadas por baixo do pano, sujas de mentira, sujas de hipocrisia. Antes de mais, este papa deveria responder em sede própria, pelas responsabilidades que carrega, e só depois, no caso de se limpar das acções de sua responsabilidade, o que não acredito, poder honrar as vestes com que traja, e encarar os que nele acreditam. Assim faria um Homem, de honra. Mais ainda teria de fazer um homem, no posto de Ratzinger. Orar ao lado deste Ratzinger não é fé, coisa nenhuma, é cegueira. A defesa e o argumento não passará da ladaínha do costume - o Ratzinger está a caminhar os passos de Jesus Cristo. Vade Retro, Satanás. T'arrenego Belzebú, ai Jesus, cruzes canhoto. Lagarto, lagarto, lagarto.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Reconhecimentos


Nos vai e vem das relações entre pais e filhos, logo que estes, os filhos despertam para o facto de que afinal nós, os pais, não somos perfeitos, e daí podem derivar sentimentos até ali não sentidos, surge em alguns pais, e assino por esse grupo, uma sensação de que se errou, de que algo falhou, buscando-se o início, numa tentativa de tentar entender onde tudo começou.
E afinal não é nada disso, são fases do amadurecimento dos nossos pequenotes, que depois passando a grandotes, nos levam no tal vai e vem, de águas revoltas, para mais tarde, amadurecidos, voltarem ao sentimento de infância - o reconhecimento, a admiração, o respeito e o amor. E chegado a esse porto, respiramos fundo, olhamos para trás, sorrimos, abanamos a cabeça, e pensamos que tudo está bem e no seu lugar, e olhando mais para trás, recordamos que no fundo, também nós, revolvemos as águas dos nossos. Pais e Avós.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Paz, pão, povo e liberdade...




Quando há meses escrevi por aqui que Passos Coelho devia estar pelo menos a sorrir com o desastre eleitoral da Doutora Leite, não me enganei. Ei-lo na ribalta. Ei-lo a merecer rasgados elogios no congresso, dos camaradas de partido que agora fazem questão de o tratar por tu fazendo ver aos outros que sempre vestiram a camisola PPC. Ei-lo nos telejornais, em pose de futuro Primeiro Ministro, com os média a seus pés, dando-lhe o vital tempo de antena, e tratamento de imagem onde não faltam detalhes como o apoio de Balsemão, um grande plano ao busto de Sá Carneiro, para dar um toque de que se não esquecem os pregamilhos da fundação, e um cuidado discurso de promitente mudança, como se escutou ontem, no continuado bajulamento , onde se inclui Miguel Sousa Tavares, que se apressou a fazer mais uma morna entrevista ao previsível delfim, o qual acabou por cruxificar a Doutora Leite e o Senhor Barroso, ao afirmar que isto não vai lá com mais impostos, coisa que bem me lembro, (e como poderia esquecer...) eles fizeram.

PPC, é a partir de agora um elemento apetecível, pois ele vai representar o próximo polvo. O polvo do PSD, das cadeiras do PSD, dos jobs e dos boys do PSD. Será às portas do PSD que irão bater os vendedores de submarinos, avionetes, comboios supersónicos, e toda a tralha que não nos faz falta nenhuma, mas que dá uns dividendos do caraças, aos tentaculares do sistema, dando descanso ao polvo PS, que se diga, é merecido, dados os abotoanços descobertos, imagine-se se, juntando os encobertos.
Desiludidos que estamos, com toda esta cambada de oportunistas e charlatões, creio que PPC, não se quedará por copiar as nódoas políticas, tais como Paulo Portas, Ferreira Leite, Durão Barroso, Santana Lopes e José Sócrates, sob pena de caír logo a seguir, pelo que talvez porque não tem outra saída, PPC terá mesmo que governar e ser competente, na total e verdadeira acepção da palavra. Pelo menos tentar...
Para já, tenho apenas uma certeza - vamos ver muito mais o PPC nas tv's e nos jornais, do que Sócrates. Sei que ambos vão andar por aí, mas um deles, mais à mostra do que outro.
Ahhh, tenho outra certeza - quem continuará amuado com PPC será o Senhor Alberto da Madeira, pois aprender linguas, não é coisa para ele, ainda para mais com aquela idade. Mas com uns subsídiozitos à ilha, decerto PPC vai arrancar um esgar de sorriso a Alberto, claro que, sentado ao lado de Rangel, ou não fosse ele, Alberto, um homem às direitas.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Amizades inquestionáveis



Hoje é dia de aniversário. Do meu Amigo AC. Não louvo aqui o que já é particularmente agradável - o festejar-se mais uma primavera, e de saúde. Louvo a essência da amizade, que vem de há muitos anos, uns trinta, uma amizade solidificada, e permanente, onde se provou por mais que uma vez o significado da palavra, onde nunca houve um talvez, ou um agora não vai dar, ou um, desculpa mas não te posso ajudar. Se assim tem sido do lado de lá, assim o faço por aqui, e ele sabe-o. São estas as verdadeiras amizades, as dos abraços e das acções, e não as das palmadinhas nas costas, como tanto se vê, e por vezes até se publicita por aí. Que o próximo encontro seja bem regado e animado.
"A gente não faz amigos, reconhece-os."

5*****


O trabalho levou-me a um pequeno paraíso, ao qual há anos eu não punha os pés. Foi um fim de semana e pêras, em Espinho, onde não se dispensou um longo passeio no "calçadão" local, uns bons mergulhos nas piscinas, e aqueles banhos escandalosamente grandes e espumosos na generosa banheira. Sobre o trabalho... qual trabalho?

sábado, 10 de abril de 2010

Objectos



Um carro é o quê? um objeto? um veículo? um meio de transporte? algo mais, como se fosse um pouca a nossa extensão? o nosso sofá ítenerante? uma mistura. Decerto haverá que afirme não ter qualquer afecto, bem como o cuide como se fosse o seu animal de estimação. Um carro não tem vida própria, mas pode ter algo de nós, pequenos detalhes, pequenos objectos dentro do objecto, o nosso cheiro - o carro do meu pai ficou meses com o cheiro dele, e era bom sentir aquela proximidade, ao cheiro. O nosso carro adquire até os nossos hábitos de condução. Os bons e os maus.

Mas como a grande maioria dos objectos com que nos rodeamos, um carro é efémero. Direi até bastante, para o seu exorbitante valor. Há que ponderar que o mercado está concebido para tornar um objecto destes obsoleto aos dez anos. E depois vem o dilema, ou se fica com ele, e damos-lhe o pomposo nome de clássico, os nos desfazemos dele enquanto ainda vale alguma coisita.
Foi o que se fez, não sem, uma lagrimita disfarçada. Foram doze anos de mais uma dose de - ali fui muito feliz.
E que tendência que eu tenho de os mandar para as ilhas.
Que a tua vida continue "feliz" no Funchal, Discovery.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Vidas - Careca, o Mentor



O António " Careca" foi durante os meus primeiros passos da música um mentor, um professor, uma inspiração, um exemplo a seguir. Penso que o conheci quando tinha cerca de dez anos, quando ele pintava umas paredes na casa da minha mãe. Pintava quadros, garrafas, paredes, e tocava viola. Com os bailaricos aqui na terra, que isto aqui sim, nos anos sessenta era aldeia, ou nem isso, deslumbro-me com o conjunto do Careca. Lá estava ele nos "5 Stars" com a sua guitarra Eko e o seu novíssimo e revolucionário amplificador vindo lá do Japão, de uma marca desconhecida, o Yamaha que ainda hoje toca lindamente, lá no meu cantinho.

Com visitas frequentes à casa do Careca, depressa aprendi o suficiente para caminhar nas lides musicais, e foi graças a alguma paciência sempre necessária para quem ensina, que o Careca me ensinou os acordes dos hits da banda furor do momento, os Creedence Clearwater Revival, bem como peças mais difíceis como o Desafinado que o dito descabelado tocava na perfeição. Homem artista, o Careca deslumbrava os miúdos lá da rua, os da minha idade, pois com os seus cerca de dez anos mais, e a tocar num conjunto, que corria todos os bailaricos, sempre haviam histórias picantes para contar, fruto dos contactos visuais músico-miúda-que-está-a-dançar-e-não-pára-de-me-galar, porque nos anos sessenta um sorriso de rapariga, um cruzar de olhar, já era dado como grande conquista.

Quando o Careca comprou a sua Hofner o mundo parou. Era a guitarra mais linda do mundo, a melhor, uma peça rara, um bem que só de olhar deleitava, quanto mais tocá-la, e que eu saiba, eu fui o único lá do maralhal a tê-la mas mãos. Mas bom mesmo era ver o Careca a arrancar os seus acordes jazísticos e solos incríveis, com cópias irrepreensíveis como o Sampa pa ti.

E eu cresci, os rumos foram diferentes, e perdi o rasto ao Careca.

Até há dias, em que primeiro me parecia ele, e depois, mais próximo, sim era ele. Velho, mal trajado, curvado, como se tivesse oitenta anos. Por incrível acaso carregava no carro a minha Fender, e antecipo ali um reencontro efusivo com acordes à mistura. Na medida em que encosto o carro, antevejo que o Careca vai adorar os timbres e a escala da Fender e decerto o meu antigo guru dará uma nota positiva tanto ao instrumento como ao aluno. Vou saber onde anda a Hofner, em que palcos brilharam, que equipamento terá o António. Será que ele tem tempo para aparecer lá em casa e desbundarmos os dois...

Primeiro fica ali a ver quem era, o puto magrela, tornou-se num cinquentão gordito, mas logo que me reconhece recebe-me com entusiásmo, e findos os preliminares triviais, digo-lhe, olha o que tenho aqui, e mal lhe mostro o estojo da guitarra, o Careca mudou de rosto, e dispara como se eu fosse o pior inimigo - não quero saber de músicas, nunca mais quero ver uma viola, a música arruinou a minha vida, vai-te embora daqui com isso. Sai dqui!
Não sei se fiquei azul, se verde, se de beicinho, se incrédulo. Apenas sei que mecânicamente me meti no carro, dei à ignição, e no arrancar lhe consegui a custo dizer-lhe em voz trémula - Desculpa António.



quinta-feira, 8 de abril de 2010

Progresso


Et voilá, auto-convencido ao ritual consulta, escolher óculos, com os seus astronómicos preços, porque aqueles de que se gosta são sempre dos mais caros, e de marcas xpto, eis-me meio ansioso pela estreia, para que não confunda mais uma amiga de infância com uma teen ager, ou não insulte o vizinho, porque o julguei um gajo das obras a roubar-me o caixote do lixo. Não passarei mais vergonhas em público, por não reconhecer a pessoa que me rasga sorrisos e me pergunta - então não me conheces? estou assim tão diferente?
A partir de agora sou progressivo, e nada escapará a esta visão que se adivinha de lince. Não precisarei tirar os óculos de perto, os de ler e do computador, para decifrar as pautas, que ficam mais afastadas, e desfocam, os de perto. Não precisarei de colocar os de longe, mas que não vão assim tão longe. A partir de agora, estarei focado. Assim se espera. Assim é um dos preços do "amadurecimento", nome pomposo para o real, o envelhecimento.
Tratado que está o assunto dos olhos, vou ver se arranjo tempo para uma vista de olhos ao coração. E o motivo é lícito - a conta dos óculos e das suas lentes progressivas. Que isto de ter os olhos e a boca bem tratados só lá vai com o ordenado do Mexia. Bem não é ordenado, chamam-lhe comissões, ou gratificações, bem, nem sei bem, vou esperar os óculos novos, para ler com atenção. Nada me escapará !

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Tinha que publicar isto

Chegou-me por e-mail. Não me custa nada acreditar que seja verídico.

INVERSÃO DE VALORES - CARTA DE UMA MÃE PARA OURA MÃE
Carta enviada de uma mãe para outra mãe no Porto, após um noticiário na tv:
De mãe para mãe...
Vi o seu enérgico protesto diante das câmaras de televisão contra a transferência do seu filho, menor, infractor, das dependências da prisão de Custoias para outra dependência prisional em Lisboa. Vi você se queixando da distância que agora a separa do seu filho, das dificuldades e das despesas que passou a ter, para visitá-lo, bem como de outros inconvenientes decorrentes daquela mesma tranferência.
Vi também toda a cobertura que os média deram a este facto, assim como vi que não só você, mas igualmente outras mães que na mesma situação que você, contam com o apoio de Comissões Pastorais, Órgãos e Entidades de Defesa de Direitos Humanos, ONG's, etc.
Eu também sou mãe e, assim, bem posso compreender o seu protesto. Quero com ele, fazer coro. No entanto, como verá, também é enorme a distância que me separa do meu filho. Trabalhando e ganhando pouco, idênticas são as dificuldades e as despesas que tenho para visitá-lo. Com muito sacrifício, só posso fazê-lo aos domingos porque labuto inclusive aos sábados, para auxiliar no sustento e educação do resto da família. Felizmente conto com o meu inseparável companheiro, que desempenha, para mim, importante papel de amigo e conselheiro espiritual.
Se você ainda não sabe, sou a mãe daquele jovem que o seu filho matou cruelmente num assalto, a um video-clube, onde ele, meu filho, trabalhava durante o dia para pagar os estudos à noite.
No próximo domingo, quando você estiver abraçando, beijando e fazendo carícias ao seu filho, eu estarei visitando o meu, e depositando flores na sua humilde campa rasa, num cemitério da periferia.
Ah! Já me ía esquecendo: e também ganhando pouco e sustentando a casa, pode ficar tranquila, pois eu estarei pagando de novo, o colchão que o seu querido filho queimou lá, na última rebelião de presidiários, onde ele se encontrava cumprindo pena por ser um criminoso.
No cemitério, ou na minha casa, NUNCA apareceu nenhum representante dessas "Entidades" que tanto a confortam, para me dar uma só palavra de conforto, e talvez indiicar "os meus direitos".
Direitos humanos só deveriam ser para "humanos direitos".

Dois mundos e os sonhos



Escuto a criatura a falar sobre as tecnologias e dos desafios do futuro, dos carros eléctricos, das energias renováveis, dos comboios de alta velocidade, e já não pasmo. Já me acostumei. Toquei muitos anos com uma pessoa que fugia de tal forma da realidade, fingindo acreditar nas próprias mentiras, ao ponto de quase convencer os colegas de que o seu discurso era verdadeiro. Vive esta gente portanto, num mundo deles.

A criatura diz a sorrir que Portugal vai ser um país moderno, virado de frente para o tal futuro, mas... e o presente? Será que ele, e os que gravitam à sua volta não notam a crescente degradação das condições mínimas de qualidade de vida do pessoal? Não se dão conta estas criaturas, que todos os dias aumenta o desemprego, e morrem as esperanças de futuro dos jovens? Ou que todos os dias mais empresas fecham as portas? E os cada vez mais endividados? E os roubos e insegurança? E o escândalo das reformas antecipadas? E os portugueses que querem ser espanhois? O que interessa aos jovens, muitos deles licenciados, muitos deles especializados, em comboios a 300 à hora, e Magalhães nos infantários, se nem sequer vislumbram uma chance de, em futuro próximo, poderem fazer o normalzito sonho - ter um emprego, juntar trapinhos, constituir família, comprar casa e carro. Esta geração a que me refiro não é rasca, é sim, uma geração endividada, herdeira das dívidas alheias que lhes caírão em cima. É uma geração de sonhos castrados, caso não emigrem para um país decente, pois em Portugal não há lugar ao sonho nem ao normalzito.

Tal como disse e muito bem, um entrevistado, no documentário que passou ontem na SIC sobre o abismo grego - os gregos já não sonham, exibem semblantes tristes e carregados. Por aqui também. A seu tempo, inevitavelmente, ficaremos sem sonhos, nem que nos revejamos nos nossos filhos, já que quem vai sofrer mais serão as gerações futuras.

Por isso, confunde-me a aparente apatia dos portugueses. Não entendo porque não se chamam os bois pelos nomes, e porque não começamos a dizer, basta.

O exemplo da Grécia devia de nos servir para algo mais do que os lamentarmos, como se aquilo que é lá, não esteja já, aqui.

Talvez seja sina mediterrânica - tal como na Grécia, a malta está falida, mas afoga as mágoas, no futebol.

Eu, nem que quizesse, podia usar desse recurso... sou do SCP.

terça-feira, 6 de abril de 2010

(seria) porreiro, pá

Mais um evento adiado. Sócrates e Durão Barroso, faltaram mais uma vez. Quem sabe para o ano...

É muita música...

... no mesmo mês. Deep Purple ao vivo, no Coliseu, em Julho, e mais a Ana Carolina no Delta...
Há que poupar para os bilhetes, e para as bejecas.
Smooooooke on the water...... a fire in the sky!!!!!
tam tam tam, tam tam tiram!!!!!

Já está!


No início do ano, falei por aqui em passos, metas e desejos. Ontem deu-se mais outro passo. Retiradas as últimas caixinhas, caixas e caixotes, tralhas, e pertences, gavetas repletas de recordações, de momentos, fica um misto de sensações, umas porque não se vai repetir, outras pelos novos horizontes que se adivinham e avizinham. Sem pressa, se foram embrulhando os objectos junto com as memórias, até ao derradeiro momento, num vislumbrar cada aposento do pedaço de céu, onde agora, os passos ecoam, e as paredes nuas, me dizem, somos apenas paredes, nada mais. No trancar a porta, à segunda volta da chave, o pensamento da frase do Malato - já fui muito feliz aqui. E o meu acrescente - agora há que continuar a sê-lo. Noutro lugar. E lugares, é o que não falta por aí. Basta fazer-se como no filme Avatar, escolher O lugar, e fazer a ligação.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Páscoa, Culinárias e Diz que Disse


As rainhas da Páscoa, lá no meu castelo foram sem dúvida a minha mãe que continua, uma atenta crítica ao que se passa por este mundo, uma eloquente conversadora, e um bom garfo, pois deleitou-se com o bacalhau, sim, sei que devia ter sido cabrito, mas sou meio do contra, e um valente Casal Mendes, fresco quanto baste. Meryl Streep foi a outra rainha, cuja interpretação no seu recente filme, é, mais uma vez fora de série, e nos divertiu a todos. Bela e simples Páscoa, onde pelo final, dando um olhinho ao noticiário, se ficou a saber que o caso Casa Pia, afinal são mexericos, mas isso são outros quinhentos, e a malta não se quis enojar. E vai de comer amêndoas.

sábado, 3 de abril de 2010

cagandanoite, pá!




E lá se reuniram ontem, pela segunda vez, após quase três décadas de afastamento, os três dinossauros, que reviveram velhas, novas, e outras músicas, se repetiram acordes, se inventaram outros, se recordou uma época em que quase tudo nos era permitido e alcançável, e em que tudo nos parecia lícito. Muitas vezes entre uns Lás menores e um Dós sustenidos, a palavra cortava a nota musical - se fosse hoje fariamos assim, e não como estava. Não, dizia eu, o que foi feito, mesmo com erros tinha que ser assim. Quem nos ouvia, identificava-se com o que ouvia, era a geração da new wave, blitz, punk, os Dire Straits apareciam com o Sultons of Swing, os Police deslumbravam com o Message in a bottle e os Pink Floyd supreendiam tudo e todos com o grito - hey, teacher leave the kids alone!!! Respiravam-se novas correntes musicais e todos os que viveram nessa época, e com a "tal" idade absorveram essas mudanças. E inovavam. Nós inovámos. Dizem-me ainda hoje, e concordo.
Hoje decerto fariamos tudo diferente? Talvez, mas decerto nem tudo. Somos os mesmos, chamemo-nos de maduros, mas com a mesma essência, se nos juntamos, e aí, tudo aflora, tal como se sentiu mais uma vez, ontem, com afinidades que se revelam assim que se pega nas violas e se navega ao sabor dos acordes à toa. Bom demais. Repita-se.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Alguém tem dúvidas?


Ela é Bamba


Ana Carolina no Delta Tejo?
Claro que vou!!!

Pecados e Ver para Crer

Na minha idade de neto de avó, aquela idade em que toda a sabedoria que temos vem dos mais velhos, e se sendo de avós, todos os seus dizeres eram inquestionáveis, a ordem de que na sexta-feira santa não se podia comer carne, era pecado, surtia tanto efeito em mim, que acreditava piamente que comendo um bife, seguiria desta para melhor, vítima da justiça divina. Mais tarde, outros dados me chegam, e porque me dizem que quem paga à Igreja, pode comer carne neste dia, começa a minha fiel obediência a ficar abalada. Aquilo não soava bem. Não via lógica nenhuma naquilo - paga-se uma taxa e já não se é pecador. Mais tarde ainda, mastigo mesmo a tal carne, em dia santo, sem pagar imposto, e dado que não me aconteceu nada, pensei que talvez esteja isento do dito, e que mais uma vez os homens brincam com os sentimentos e a fé dos seus semelhantes, culpando-os. Havendo pecado, os da batina, são profissionais na arte de pecar, dado que não cumprem o que professam, pior, clamam quando lhes convém, e calam-se infantilmente quando não têm resposta. Falou há dias um homem da igreja cá do burgo, que por enquanto, os casos divulgados sobre a pedofilia na igreja, não são dados como provados. Usa pois, um homem de fé, o discurso da lei. Duplo erro - esqueceu-se de um caso, pelo menos, passado no Brasil, cujas imagens correram os noticiários; se a prova é fundamental, onde prova este homem, que Jesus existiu, e que a palavra deste é aquela que está escrita? Onde ficamos? O homem é de fé, mas não faz fé no video. Sendo de lei, não pode dar como provada a existência e a palavra de alguém que lhe chegou ao conhecimento por vias terceiras. Pecado.
Escutou-se hoje nas notícias matinais que o Papa, preferiu não falar das acusações que a Igreja vem sofrendo, alegando que Jesus assim procedia - não respondia a provocações. Preferiu o Santo Padre, falar pela enéssima vez contra o aborto. Como se pode ter este discurso quando as crianças não param de nascer no Brasil, China ou India, sem qualquer vislumbre de vida, ou em Moçambique, onde um terço da população morre de Sida? Pecado, a meu ver. Pecado e crime.
Hoje, mesmo que Sua Santidade se atafulhe de carapaus ao jantar, não limpará a vergonha do seu discurso.
E as minhas avós que me perdoem, mas ainda não sei se hoje lhes vou obedecer. Pois pecar, sei que não vou.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

This was it


Languido, no sofá visionei o último registo do Rei da Pop. É um documentário acima de tudo para fãs, embora tenha gostado de recordar alguns temas imortalizados no Thriller. MJ no seu aspecto cadavérico demonstrou as capacidades intactas na arte da dança, um conhecimento profundo do chamado groove , ou não fosse ele negro, e os negros sentem a música nas entranhas. Deu para entender aquilo que já sabemos, que neste tipo de espectáculo tudo é estudado ao detalhe, nada é deixado ao acaso, desde o solo de guitarra, ao projector que incide na cara do artista aos 2 minutos e 45 segundos. Um espectáculo de circo milimétrico, onde não há espaço ao improviso, nem à criatividade, e com músicos de elite em cima do palco. Um desperdício. Não gosto. Não sou fã das coisas estudadinhas ao milímetro e de rigor militar. Gosto de, vez ou outra, saír dos carris. Gosto da criação espontânea, e de provocar sensações sem que se espere, e porque nos apetece naquele momento, e em música, mesmo tocando em banda, isso é possível, desde que os músicos se conheçam, desde que exista uma intimidade e harmonia, tal como nos casais. Um bom espectáculo ao vivo tem de ser algo mais do que a execução mecânica dos registos de estúdio, apimentados aqui e ali com uns toques sensacionalistas.
Continuo a eleger o album Made in Japan dos Deep Purple como uma obra prima dos concertos ao vivo. Nunca iria ver ao vivo o MJ ou a Madona. Já a Tina Turner, ia e revia. E que belas pernocas tinha a menina.
Mas subscrevo - MJ será sempre o Rei. Da Pop.

NQ


Pronto, é um carrinho.
Nissan. Nissan Qashqai.
Não me sai da mona.