domingo, 28 de fevereiro de 2010

Doidices

-Então o que vais fazer amanhã, com este vendaval?
-Estou a pensar dar uma voltinha por aí, sem rumo.
-Ahh não, eu vou ficar em casa, no sofá, a ver televisão.
-Pois eu não, não sei para onde vou, mas que vou saír, isso vou.
-És doido, pá.
-Deixa ser.
...
e lá fui eu, ser doido.
















sábado, 27 de fevereiro de 2010

Lápis Azul


Em jeito de tertúlia, meio acesa diga-se, ontem em certo restaurante, de porta fechada, soltou-se o vício do cigarro, e os balões de wiskies, aguadentes perderam-se no nevoeiro provocado pelas boca ávidas de um bom trago e umas boas passas. Palavra puxa palavra sobre o tema, e o tema de discussão, por causa da proibição de fumar em recintos fechados como aquele, foi parar à palavra - censura. Da censura, ao Zeca Afonso, ao Sérgio Godinho, à PIDE, ao Sócrates, ao Mário Crespo e à Moura Guedes, e afins, foi um pulinho, e quantos mais cigarros se fumavam e o líquido descia pelas gargantas, mais as opiniões se incendiavam, e eu, ali numa de arrumar a tralha, e rumar ao ninho, pois esta semana que passou quase me mandou ao tapete.
No meio das considerações, afirmações, suposições, do ilustre painel, alguém se lembra de perguntar a opinião do músico, e lá fui entrando na conversa, revivendo os meus tempos de liceu, e rebuscando qual o acto de censura que mais me marcou, até que me veio claramente à mente, qual foi esse momento, o que deixou a minha reputação de fâ do Zeca, do Sérgio; do Ary, do Palma, assim meio abalada, pois de facto, o que me deixou mesmo danado nada tem a ver com o que é de costume, mas sendo a verdade, houve que contá-la, pois afinal fui inquirido - quando os Beatles terminaram, os seus elementos depressa gravaram singles, demonstrando que o sucesso também continuaria a solo, e assim foi, George Harrisson bombou com o My Sweat Lord, Paul McCartney com My Love, e o John Lennon gravou Mother. Acontece que o Mother era um single polémico, o tema Mother começava com uma interminável séria de badaladas de sino, a letra não era muito consensual, e o pior era o lado B. O lado B não era cantado, mas sim gritado, berrado, esganiçado, com a palavra que dá nome ao tema - Why. E é Why a única vociferação que a dama Yoko Ono, companheira do John, profere ao longo de todo o tema!!! É um vómito músical aquele Why, mas como na época o casal queria ser polémico, e eu abraçava as causas polémicas, e etc, escutava aquele single com alguma religiosidade, em alto som. Até ao dia em que a minha mãe sobe a escada a correr, a ouvir os gritos da Yoko, a pensar que eu estava a sodomizar alguma namorada...
O resultado, foi que fiquei sem o disco. Foi-me confiscado, e não mais soube dele. E o pior - fiquei proibido de comprar discos por um mês, e com o aviso - se compras mais porcarias daquelas, tiro-te o gira-discos.
É censura. Da pura.
Mas mãe pode.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Pingo Azedo - do melhor


é só clicar!!!

Velhos são os trapos

É cedo ainda, nem oito e meia da manhã, e o telefone aqui do escritório toca, já não vou a tempo de o atender, e preocupado ligo de volta, já com aquele pensamento de que aconteceu algo de grave. São tendências. Um telefonema em horas não oficiais cheira sempre a desgraça, mas não era nada disso.
Depois de tranquilizado, a minha interlocutora, que por sinal é a minha mãe, desenrola o novelo - liguei-te agora, porque depois já não te apanho, e queria perguntar-se se gostaste da entrevista do Sousa Tavares, e continuando, recodsou quando haviam entrevistas a sério, da Maria Elisa, e da Margarida Marante, como por exemplo, ao Álvaro Cunhal, e lembrou detalhes, e chamou o Miguel de frouxo ou achou-o comprado, e depois falou-me de outros debates televisivos de painel político, dos nomes, dos escândalos, da desgraça na Madeira, que ela conheceu tão bem, e depois falou das obras que pretende fazer lá em casa, e das amigas, dos chás e cafés que com elas debica, e depois, da Marsha, que é uma companhia incansável, e da previsão do tempo que vai se agravar, redobrando os conselhos do agasalha-te bem, e afins, e tudo isto em rajada, pois conhecedora dos meus horários, sabe as voltas que dou antes do início laboral, e para mais, tem um compromisso e não pode estar mais tempo ao telefone...
Não tenho dúvidas que, se à minha mãe, as pernas não a tivessem traído, andaria por aí a fazer os seus passeios de turismo histórico que tanto gostava; e se a visão não se tivesse parcialmente toldado, em vez das centenas das livros que lhe conheço, ela teria outras tantas centenas, e claro, seria uma navegadora assídua da internet. Energia pura. That's my mum'.
E eu para aqui a lamentar-me que estou a ficar velho...

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Nobre Escolha


Desde a idade em que os meus sentidos despertaram para a política, que, nos comandos da nação, sempre vi políticos e, ou, militares. Sou do tempo da outra senhora, e do tempo desta. Se no tempo da outra não tive razões para acreditar neles, nos políticos, nos tempos desta, a senhora do pós-Abril, depressa me decepcionei, com aquilo que alguém falou - a diferença entre as palavras e os actos.
Há tempos, foram divulgados dados estatísticos sobre a credibilidade que os Tugas dão aos políticos, e tal como a dos advogados, é uma credibilidade vergonhosa, caso estes a tivessem. Com efeito os políticos do pós-25, consertaram-se entre eles, instalaram-se no poder, com ramificações profundas, desde São Bento à mais remota autarquia, e juntando os parceiros de negociatas, temos formado o tal polvo de que tanto se fala. Da esquerda à direita, estão pois, conotados os da política como gente a não confiar, dito de outra forma - não se pode acreditar neles, mentem, e jogam apenas sobre o próprio proveito, e dos que lhes estão próximos.
Mas eis que surge uma pedrada no charco. Alguém que de facto, fez e faz muito pela Vida, pela Vida dos outros, que com um percurso exemplar tem desmonstrado que existem portugueses, dos quais os portugueses se devem orgulhar, se decide candidatar a Presidente da República.
Sendo verdade, e não tenho motivos para duvidar, que este homem se propõe a ir à luta, sem colagem partidária, decerto será em muitos anos, a primeira pessoa de valor, e sem cartas na manga, a tentar mudar algo de profundo. Creio que esta candidatura já deixou muita gente confusa, bem como acredito que os cães de fila de alguns já andem por aí a vasculhar algo com que eventualmente possam tramar o Homem. Estou certo que Fernando Nobre marcará uma diferença, e tal como já afirmei a algumas mentes desconfiadas - se andamos há 30 anos a votar em gajos que nunca fizeram nada, porque não votar em alguém que sabemos, já fez tanto por esse mundo fora? E mais valioso que tudo, salvou Vidas. E não foi por dinheiro.
Um Homem assim não se pode confundir com os outros homens, os tais que não fizeram mais na vida do que .... política.
Fernando Nobre deitou por terra a minha intenção de votar em branco. Neste eu voto sim.
...
"Participou nos Médicos Sem Fronteiras entre 1977 e 1983. É actualmente o Presidente Assistência Médica Internacional. Já participou em mais de 100 missões de ajuda humanitária.
Fernando Nobre está sempre pronto a partir em missões de emergência médica, ou para 'visitar os projectos permanentes da AMI. É sempre em Portugal o primeiro a mandar ajuda em caso de catástrofe natural."

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Recaída


E pronto, tive uma recaída, faz meses que não a cantava, no domingo não só a ouvi como a senti, de modo intenso, e pensei, vou pegar nela outra vez, e esta semana não a largo, nem ela a mim, até ao momento da verdade em que a solte a quem quizer escutá-la e ouvi-la, com mais sentir, com mais perfeição nos acordes. Sim, mais uma vez o Rui Veloso. Ela, a música, Cavaleiro Andante. So goooooood....

MST



Foi com alguma expectativa que assisti à estreia na SIC, do Miguel, em novo formato. Leio-o desde os tempos da saudosa Grande Reportagem, a melhor publicação, quanto a mim, distribuída aqui no nosso cantinho, cujos exemplares folheio e releio, uma vez ou outra. Li-lhe os livros, e sempre que posso assisto-o e leio-o, pois gosto da sua frontalidade e acutilância. Direi que ele habitou quem o escuta e esse estilo que supostamente é o seu. Pelo que o mínimo esperado numa primeira apresentação em que ele é timoneiro, e não se resume a comentador, era de uma boa pedrada no charco, com a entrevista ao nosso Primeiro Ministro. Como matéria escaldante sobre o PM é coisa que não falta, preparei-me no aconchego do sofá, para uma degladiação televisiva. Mas não. A montanha pariu um rato. O rato do Largo do Rato, deu a volta ao tema, com a estranha permissividade do suposto gato. Sócrates repetiu as ladaínhas do costume, vestiu-se de vítima aqui, de ofendido acolá, reforçou o auto-estado de permanente autismo, ao declarar Portugal em recuperação da crise, ou em considerar o TGV essencial, por exemplo. Sócrates foi repetitivo, igual a ele mesmo, e por isso não me trouxe qualquer novidade. Novidade sim, a permissividade do Miguel, que das duas uma, ou perdeu o estilo que o caracterizava, ou foi tomar o pequeno almoço com José Sócrates, antes da emissão, o que, de momento me recuso a acreditar. Esperemos pelo próximo programa, a ver se o Miguel ainda se mantém em forma, ou se perdeu o elan com tanta visita a terras de Vera Cruz.

Limpinho


Como adepto de azul e verde, do mar e da natureza, quando não dá a pé ou de bicla, vou no carro, que é como quem diz, bem por maus caminhos. Estas minhas incursões implicam que o dito carrinho, esteja quase sempre meio sujo por fora, e já nem lhe conto os riscos e pequenos toques, mas é mesmo assim. Faz parte. As cicatrizes da chapa, são como medalhas.
O que não permito mesmo é que o estado interior se suje, esse tem de estar limpinho, dê lá por onde der, e claro, arrumadinho, ou não fosse eu um Virgem de ascendente Virgem, mesmo em aparente caos, algo tem de estar organizado, e limpo! Pelo que o carrinho pode estar com lama até ao telhado, por fora, mas por dentro, limpinho e bem cheiroso, com ramos de eucalipto na bagageira, pois abomino aqueles "cheirinhos" enjoativos que se vendem por aí.
Mas a melhor sensação mesmo, é quando lhe dou uma barrela geral - fico sempre com a mania que o gajo fica a andar melhor, mais certinho, com menos idade, e menos quilómetros, prontinho para mais uma escapadela, do maquedame, assim tipo ir ver um nascer do sol, em verde e azul, fica-se com a alma lavada, reciclada, e tudo nos parece bem mais lindo.
Pois sei, sou doido. Fazer o quê.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A ponte é uma passagem...


Espero pelo pessoal na porta do restaurante, e nessa espera, vejo sair um tipo de lá de dentro, vinha fumar o cigarrito, e nisto toca-lhe o telemóvel, e de tão perto que estava dele, não pude deixar de o ouvir, mais ou menos assim - Estou no lado de lá, sim sim a outra banda, pois, isso, é pá, os gajos insistiram, bem sabes que isto aqui para mim não serve, isto aqui é uma pasmaceira, o local até nem é feio, mas por favor, a ponte tira-me do sério, só de pensar na bicha que vou gramar...
Se por um lado me recordei do Mário Lino e da sua alarvidade, e de uma consideração da Margarida R. Pinto sobre o Figo, que era um tipo porreiro, pena ser da Margem Sul, e de outras tantas bestas que insistem em desdenhar do lado de lá, lembrei-me também que não gosto deste lado, porque nasci deste lado, gosto deste lado pelas praias, da Caparica até à Fonte da Telha, das do Meco, de Sesimbra, Arrábida e Troia. Da serra, do Vale de Alcube, do Moscatel, dos vinhos da Bacalhoa, das tortas de Azeitão, e da porção de pequeninos locais que amo. Pensei também, no que move esta gente e esta espécie de complexo ignorante, pois para mim, o lado de lá, sempre me foi agradável, tal como o de cá. E depois, fica sempre a questão - se não gostam, porque vêm? Armados em saloios, pois os de lá, são da região saloia, está descrito na História, e como saloios que são, podiam ficar por lá, no lado de lá, para que os de cá, não terem de enfrentar as filas imensas na ponte, porque os saloios a entopem todos os fins de semana.
Quando entrei, com os meus amigos, o saloio estava a lambuzar-se com um choco frito, que só no lado de cá se come assim tão doiradinho. Além de saloio, é lambão. O gajo da outra margem.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

2 x 1 =2 ; 2 x 2 = 4


Nestes últimos dias de vendaval, chuvosos, ventosos, chatinhos, andei toda a semana a suspirar por dar uma vista de olhos pelo mar, porque impossível me foi fazer aquelas escapadelas que me sabem tão bem, ao meio da semana. mas trabalho é trabalho, e só depois do dever cumprido é que se pode descomprimir. Contudo, ainda havia que dar uns retoques finais às mudanças operadas e hoje, depois de rumar ao magestoso e revoltado Atlântico, entrei numa Staples sem cronómetro, para me abastecer das faltas, e vasculhar aquilo tudo. O que não esperava mesmo, foi encontrar, um monte de coisas que me fizeram recuar à infância - no meio dos mais modernos pc's portáteis, dos ipods, das impressoras, e afins, lá estavam, resistentes e intemporais - a sebenta, o caderno diário, de linhas e quadriculado, os giz, os apagadores, os lápis de cor (não tinham Viarco), os guaches, as aguarelas, e para aquilo ficar completo só faltou o cheiro, aquele cheiro da escola. Apraz-me saber que todos estes pequenos riachos podem conviver com os grandes caudais das novas tecnologias. É bom que se não esqueça que o ser humano escreve em primeiro lugar, e tecla em segundo, pois por vezes dá-me uma sensação que algum pessoal-geração-Magalhães, apenas sabe teclar, não sabe escrever, pontuar, fazer contas..Se calhar sou eu a imaginar coisas. Coisas da idade.
Para recordação, comprei uma Parker, clássica, do modelo da primeira que o meu Pai me ofereceu por esses tempos, os de escola. Sorri quando vi que ainda são feitas na Europa, e não na PRC ou CE, como os chinocas gostam de colocar, em vez do made in China. Agora vou ver se ainda sei escrever. Vou escrever uma Redacção. Pode ser que tenha um Bom +, e a D.G me dê um laço.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

No Tacho



As voltinhas por esse mundo fora, bem como o contacto com excelentes chefs de restaurante, onde, em pausas da música vou cuscando e observando, ensinaram-me um bom punhado de informação que, tal como numa pintura nos servimos da harmonia das formas e das cores, no tacho, devemos fazer o mesmo com o que lá colocamos, em harmonia dos sabores, e importante mesmo, são as quantidades, as porções, e o timing que é importantíssimo - saber esperar que a tela ganhe cor. Daí que se podem inventar sabores, e tal como no livro Perfume, atrevi-me com sucesso, modéstia à parte, a isto que descrevo. Quem quizer que se atreva.


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Primeiro, escolhe-se a música, e abre-se o vinho.
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Num tacho de preferência de barro, refoga-se a cebola, o tomate, o pimento, o alho, em azeite, oleo de palma, e um caldo knorr.
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Depois entra uma colher de mel, e umas pitadas de caril, canela e picante.
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Prova-se o vinho.
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Um bocado de natas, e vai mexendo.
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Depois, tudo o molho - cubos de lombo de porco, camarão em miolo, ananaz aos bocados, pinhões, passas, e amêndoas.
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Cantarola-se a música no cd, e bebe-se mais um gole.
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Depois é deixar apurar em lume brando e salivar.
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Mais um golinho, enquanto as narinas vão detectando os aromas.
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Um arroz branco, bem solto, vai bem para acompanhar.
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Companhia, vinhos e música, de livre escolha.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Elos

Primeiro começa por ser, como outros, parceiro comercial, coisa que começou há mais de vinte anos. Tal como os jogadores de futebol, foi mudando de camisola, mas sempre a jogar na mesma modalidade. Com as rotinas de trabalho, foi crescendo uma amizade, reforçada, em almoços, que se cumprem sempre, e religiosamente a cada segunda-feira. A proximidade da idade, e a rotinal laboral, tornou-nos mais que parceiros de trabalho, amigos, que entre tabelas e negócios, vão partilhando momentos, os problemas dos filhos, as alegrias, as intrigas do ramo, a política, o futebol, algumas pequenas confidências. Há poucos meses uma subida brusca de tensão arterial levou-o de urgência para o hospital. Dieta aqui, exercício ali, lá foi recuperando, perdendo uns quilitos, mantendo o almoço das segundas. Hoje ligou-me, a dizer que na próxima não pode vir - há que fazer uma cirurgia, ao que parece, urgente. Esforço-me por dar força a quem se esforça por se manter aparentemente forte, tentando disfarçar o medo, que é também o meu medo. E revejo-me nele, no meu amigo, hoje um , amanhã, quem sabe, o outro. Segunda-feira o almoço não será como tem sido, nestes tantos anos, porque, nada é para sempre.
...
"Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! A alguns deles não procuro, basta saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida...mas é delicioso que eu saiba e sinta que eu os adoro, embora não declare e os procure sempre..."

Vinicius de Moraes

Gastronomices



Fala-se por aí à BOCA CHEIA que Sócrates terá remunerado o Luís Figo para tomar o pequeno-almoço, o que, a julgar pelo cachet indicado pelas bocas cheias, e pela vitória eleitoral do nosso primeiro ministro, poderá eventualmente vir a ser um novo canal de exploração no casamento negócios-política.
Por isso mesmo, fala-se por aí à boca pequena, que a oposição, atenta que está, já se prepara para o contra-ataque, e a saber, sempre à boca pequena, Paulo Portas prepara uma oferta para tomar um café da manhã com Luisão, Jerónimo de Sousa pretende desafiar o Yasmailov, e Louçã recusou, alegando ser o pequeno-almoço um vício burguês, apelando à ração diária.
Mas mesmo mesmo à boca muito pequena, são os rumores de que assessores de imagem de Manuela Ferreira Leite, terão sondado Cristiano Ronaldo, com vista a um belo desaiuno numa qualquer varanda lisboeta com vista para o mar. Os mesmos rumores não confirmam, mas arriscam que Manuela, ela mesma terá ligado à Fátima Felgueiras, a pedir-lhe umas dicas.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Diferenças


Acaba de chegar, a minha vizinha aqui do lado, vinda de uma viagem que lhe levou umas 20 horas, entre voos e transfers. Sabedora da minha taradice, por tudo o que são violas, presenteou-me com duas magníficas miniaturas do meu instrumento de culto. Depois foi aquele tagarelar de quem esteve umas semanas na terra natal, uma das antes ostentadas colónias do nosso Império Ultramarino, que os chineses, e muito bem decidiram (re)tomar como deles, Macau. Chegam mais visitas, mais vizinhos, a casa enche, tudo opina, tudo evacua a sua posta de pescada. De todos os relatos e descrições, o pessoal reunido, foi tomando a consciência de que nós estamos aqui no rectângulo, muito observadores apenas do próprio umbigo, e há que cada vez mais entender, ou no mínimo respeitar outros modos de viver, de estar, de crer, de contar, de escrever, de comer...e suma, tudo. Muitos tacanhos estão convencidos de que as nossas (lusas) verdades é que são As Verdades, e que tudo o resto não é a verdade, não estando Certo, portanto. Erro crasso de quem pensa assim, erro grande de quem não arrisca a olhar para além do horizonte. Tolinhos os que não encaram no mínimo que em vez do seu Senhor, pode haver um Buda, ou que o Ano Novo não começa, como sempre lhes disseram, em 1 de Janeiro. E pior, que riem, aquele risinho de desdém.
Debatia-se pois, por aqui, uma ténue tertúlia sobre as diferenças, e semelhanças, numa vã tentativa de unanimidade e blá, blá,blá, e eis que a minha vizinha deitou por terra as esperanças de alguns presentes:
-Então O, e o teu filho, está bem? Já é pai?
-Não. O filho caiu.
-Caiu?? Como caiu?
-Caiu com um mês. A minha nora não tem força, só quer ser magra.
-E daí?
-Mulher fraca, no baby, deixa cair todos. O meu filho já lhe disse - ou ela come para ficar forte, e não deixar cair mais bebés, ou ele vai ter um filho com uma mulher forte, na China. Porque de Macau, não pode.
-Mas... isso é assim?
-Porque não?
Ora toma. Presentes no bolso, e cada um para o seu castelo.
...
As violinhas já estão em local de honra, agora vou subir ao aposento de repouso, e meditar sobre aquela coisa do, todos diferentes, todos iguais.

Cinema Paraíso


Gosto do que me mexe por dentro, me toca ali, no ponto exacto, me estremece e me comove. O serão de ontem, teve disso, no rever um dos filmes mais belos que já vi.
Porque há coisas cujo repetir, tem um valor sem tamanho.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Obrigado


Não é novidade para quem me conhece que me pélo por tocar e cantar, seja onde for. Nestes anos de toques tive alguns momentos de glória, como tocar no Dramático de Cascais, a fazer a primeira parte do Iggy Pop, momentos de climax, que não enumero aqui, momentos de honra, como recentemente, tocar para o Carlos do Carmo, e toda a sua comitiva, Orquestra incluída.
Porém, há dias, mesmo que raros, em que não nos apetece, por mais que gostemos, de fazer o que gostamos, dias, em que a mente, e o corpo pedem algo totalmente diferente.
Acordo, chove, estou cansado, ressacado dos toques, as notícias avisam do frio, da chuva, mando um sms esperançado - com este tempo, mntém-se aquilo para hoje? A resposta veio esmagar-me a esperança - claro que sim, meio-dia o mais tardar, tens de lá estar!
Praguejo, insulto-me, rosno, mas porque é que eu fui dizer que ía, porra.
As notícias eram certas, rumo a oeste que afinal tem muito de novo, a temperatura rondava os seis. Continuo a mutilar-me com insultos pelo compromisso assumido, e o meu egoísmo está a mil, desejando um telefonema tipo - olha Sputnick, caíu uma velhinha, já não há festa, volta para trás. Mas não. Nada. Ninguém caíu...
Chego ao local, onde o meu amigo me espera, com a mãe, residente. Isto é um lar? Arrisco. Não, esclarece a senhora, isto é uma espécie de cooperativa. Olho em volta, e detecto detalhes de hotel de 4*. Sim senhor, D.P, não há dúvida que a senhora teve muito bom gosto, até piscina têm. Explica-me a D.P, orgulhosa - todos temos o nosso apartamento, com quarto, sala e casa de banho, decorado com os nossos pertences, muitos casais, decidiram vender a casa deles e comprar aqui, pois aqui temos de tudo. E têm sim. As áreas, de lazer fazem corar qualquer instalação hoteleira, com espaços verdes, amplos salões, e uma vista previlegiada. O detalhe mais curioso, é que até existe cabeleireira, pois a maltinha pode estar velha mas gosta de se aperaltar. Começam as músicas e aos poucos começo a esquecer o meu ego e a enternecer-me por aquelas pessoas que me acarinham, convivem, e a cada nova melodia revelam o quanto podem, dos anos perdidos, e é assim que numas marchinhas improvisadas, vejo gente a dançar, com bengalas, vejo as funcionárias a dançar segurando ternamente a cadeira de rodas de quem já não se levanta, mas levanta os braços ao ritmo da música, e me manda beijinhos quando passa por mim, vejo velhos que sisudos e desconfiados no início, se rendem, e puxando dos seus galões, arriscam passos de dança... tudo aquilo me foi comovendo, esqueço-me do cansaço, digo-me shame on you entre dentes, e dou em palco tudo o que tenho, porque eles merecem.
No final, era eu quem os aplaudia, e lhes agradecia afinal, a lição que sem eles saberem, me deram. Para trás ficou a alegria daquela gente que já foi nova, ficou a D.P, radiante pelo sucesso da festa, ficou também a senhora cujo marido faleceu há duas semanas, e ela nem dá por isso, pela sua ausência, pelo vazio na cama. Ficam, as cadeiras de rodas, as andadeiras, as fraldas, as funcionárias que acarinham estes velhos, permanentemente. Fica a certeza de que este é o caminho de todos, e por isso, urge tomar a consciência de que velhos são os trapos. O velho, é pessoa até ao fim, e por direito merece ter condições..de vida, e não de estorvo.
De regresso, pensei no quanto seria entendível para mim, e a todos os que tivessem o previlégio de visitar o espaço onde estive, aplicar o nosso dinheiro em múltiplos espaços destes, onde se vive com dignidade, até subir ao piso de cima. É que por mais que me esforce, em nome da prioridade, e da dignidade humana, não consigo entender como se pode gastar o tal dito dinheiro, nosso, em submarinos, comboios, aeroportos e outras ofensas com que nos agride a classe política deste país, que um dia serão velhos. De luxo. Os sacanas.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Carnavais


Acordo ainda não refeito das cantorias, e eis que o Jornal da Manhã, na RTP me mostra imagens dos vários carnavais lusos. Gostei dos caretos. O resto que vi, confesso, deu-me um misto de vergonha e pena daquela gente, que ao ritmo do samba, deambulava nos estonteantes 4 ou 5 graus do nosso Inverno. Depois as imagens passaram para o Rio de Janeiro, mostrando a imponência dos desfiles no Sambódromo, e cá por dentro elogiei o bom senso dos brasileiros que decerto, nunca se vestirão com roupas de inverno, para ir cantar o fado, nos 40 graus de Copacabana. Cada macaco no seu galho. Dâaaaaaa.......

Boa escolha

Habituados que estão a escolher entre mediocres, refiro-me aos políticos, claro, os portugueses tiveram a chance de fazer uma escolha entre dois valores de enorme qualidade - o diamante por lapidar, Filipe, e a badalada Diana. Ganhou quem mais mereceu, não perdeu o segundo, a Diana decerto terá já garantidos os apoios que merece para ser uma rocker, assim existam músicos e compositores para o seu calibre. Quanto ao Filipe, depois de lapidado, poderá ser um caso sério no panorama musical, internacional. Que não lhe cortem as asas.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

A doer


Desde sexta-feira que é tocar, e tocar, e cantar e tornar a cantar. Valem os bons momentos, os aplausos, os inesperados encontros com gente que canta que se farta, e os momentos de improvisados duos, as escolhas de bom gosto de músicas de gente com gostos bons, para me atenuarem do cansaço que já me pesa. Agora vamos até ao sofá, ao descanso do guerreiro, pois os pombinhos vão encher a casa, a julgar pela afluência do almoço. E amanhã há mais, em terrs de Oeste. Músico sofre...

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Escutado ao acaso


Ontem, em conversa de restaurante, não pude deixar de escutar isto - eu que sempre fui fiel ao gajo, e olha que oportunidades e vontade não me faltaram... e lá continuou ela, para a amiga naquele desenrolar de auto-louvor à sua castidade para com, suponho, um ex- qualquer coisa.
A conversa era entre mulheres, mas podia ser entre homens, que não difere nada, sobre os conceitos, pelo que coloco aqui umas quantas observações, sobre o plano da fidelidade invocada nestes termos, se é que o termo se enquadra neste quadro - se ela teve vontade porque não o fez? e se não o fez, tendo vontade, o que a impediu? quais os verdadeiros sentimentos que nutria pelo dito-cujo, já que não lhe faltou a vontade?
Acredito que quem age deste modo, de ser fiel por obrigação, não ama no verdadeiro sentido da palavra, pois age na segunda intenção, negoceia afinal dentro da relação. Se se ama, não se coloca sequer a hipótese de traír, já que a cara-metade preenche todos os cantinhos afectivos e não só.
Ter a oportunidade e a vontade de trair outra pessoa, de certo modo prenuncia a vontade, que por sua vez dará lugar à criação das oportunidades. Existe por isso uma intenção latende, e de boas intenções, está o inferno cheio.
...
Tive pena de não poder cuscar mais um bocado da conversa, mas deduzo que o dito, o ex, teve a vontade, criou a oportunidade, e concluiu a intenção...Diz-se que nestas coisas os homens são mais práticos. Será?

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Para São Bento, já !!!

Sempre se ouviu dizer que quem tem unhas é que toca guitarra, ou que, cada macaco no seu galho, e por aí fora. O que se pretende afinal é passar a mensagem de que quem faz, tem de o fazer bem feito, ficando o que não é bem feito, um erro, uma aldrabice, um engano. Assim, chego à conclusão de que a nossa classe política é, toda ela sem excepção o erro, a aldrabice e o engano, pois como provam as décadas de erro governativo, os ditos, são incompetentes.
A propósito da sugestão que escutei hoje na rádio, de serem colocados árbitros estrangeiros a arbitrar a pouca vergonha que vai nos nossos relvados futebolísticos, a qual muito me agradaria, em nome da verdade daquilo que se pretende, o desporto, associei esta proposta à já consumada prática de colocar estrangeiros nos comandos das equipas, sendo dada, espera-se, a legítima expectativa de que a pessoa escolhida é mais indicada, leia-se competente para a função. Em nome dessa busca da pessoa certa, no lugar certo, sugiro que se recrutem estrangeiros para endireitar Portugal, sejam eles suecos, dinamarqueses, polacos, alemães ou vietnamitas, o que importam é que façam, e que o façam bem feito. E claro, como no topo do bolo há sempre a cereja, não vejo ninguém melhor do que o producto nacional, José Mourinho para dar as táticas.
E claro, não se deixariam os actuais governantes à mingua, não senhor - seriam colocados na Função Pública, pois então, com o dinheirinho contadinho e nas filas de espera, dos SAP's, dos correios, dos bancos, dos supermercados, dos....
Hummm, daqui da Itália vos digo, o povo Lusitano não sabe, nem se deixa governar.


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Empreitadas


Tenho uma particularidade que alguns chamam defeito, outros, qualidade - quando decido fazer uma mudança, obra, projecto, arrumação, ou seja lá o que for, não descanso enquanto tudo não estiver terminado, e cada coisa no seu devido lugar, ao ponto de me esquecer de comer e só dormir apenas umas horas, concentrado que estou no projecto.
Decidi mudar de divisão o escritório lá do estaminé onde trabalho, e como se isso não bastasse, por arrasto dei uma geral em quatro divisões, já que estava com a mão na massa. Tudo estava a precisar de reciclagem e barrela e arregacei as mangas de tal forma que a tarefa que deveria demorar mais de uma semana, ficou concluída em três dias, para minha grande satisfação - estou com um escritório tão acolhedor que me apetecia ficar lá a fazer serão. Os poréns é que são vários... a saber, o corpo todo doridinho como se me tivesse passado por cima uma Berliet, é que por mais que me custe, e o espelho bem mo diz, há muito tempo que não tenho intas, entas, e isso nota-se, por todo o corpo. Mas o sorriso na cara, esse ninguém mo tira, e até aposto que esta noite vou dormir o sono dos justos.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Carnaval


Já fui um grande folião, não havia carnaval em eu não me vestisse de algo ou de alguém, e na boa tradição cá da terrinha, alinhava nas partidas de carnaval, nos "assaltos" às residências, não esquecendo as bombinhas de mau cheiro, as bombas à séria, as rabichas, os estalinhos, e as serpentinas. Em lides musicais fiz autênticas maratonas nos bailes do Ginásio de Sesimbra, a tocar até cerca das nove da manhã, e aí tomei o gosto aos sambas e marchas do lado de baixo do Equador, onde segundo o Chico Buarque, não existe pecado. Bem mais tarde, tive o previlégio de estar em Colónia, e presenciar outro Carnaval, assim como tive um cheirinho carioca, ao saír atrás do ensaio geral do bloco de Vila Isabel em plena Copacabana, alucinante. O contacto com os vários modos de festejar esta celebração, levou-me ano após ano, a construir alguma aversão ao Carnaval importado. Se temos uma tradição carnavalesca, de raíz, muitas delas, centenárias, genuínas, porque carga de água é que temos que gramar com miudas com pele de galinha, enregeladas, a esboçar uns atabalhoados passos de samba? Porque é que temos de fingir que estamos no Verão, se aqui é Inverno?
Não vi nada mais imponente e contagiante do que vivi no Rio, não vi nada mais elegante do que presenciei em Colónia, mas, esses, são os deles, e o nosso é o nosso. Consumamos pois, o que é nosso, e apreciemos os restantes. Por isso comemos sardinha assada, e os outros...não.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Amor por Calendário



Sempre fui contra a corrente das efemérides, e das rotininhas. Se nas primeiras acho absurdo comemorar-se algo porque alguém inventou aquela data para aquele tal propósito, na segunda sou anti mesmo, apenas me vergo às rotinas de obrigação, aquelas que a vida e o trabalho nos impõem, mas se o tempo está por minha conta, então vou navegando ao sabor da vontade, o que me leva a, meio contrariado ter de elaborar uma lista de canções para brindar os casalinhos, que no próximo domingo vão exercitar o amor, a paixão, as emoções... num restaurante. Daí que pela minha parte, contrariado, repito, vou ter de seguir um guião, e não tocar ao sabor da corrente, que é como acho que tudo deve ser - fluir.
Aqui fica a minha safra, e se alguém não gostar, que vá ser feliz para outro local de fazer os casais felizes.

...
dos Lusos
A paixão
Canção do engate
Encosta-te a mim
Foi feitiço
Foi por ela
Intervalo
Jura
Loucos de Lisboa
Pó de arroz
Sei-te de cor
Telepatia
Tudo o que eu te dou
dos irrrmãos
Como é grande o meu mamor por você
De volta pro meu aconchego
Desculpe o auê
Emoções
Eu sei que vou te amar
Fico assim sem você
Gostoso demais
Se eu não te amasse tanto assim
Sozinho
Você é linda
dos camónes
If you leave me now
Love me tender
More than words
My way
She
Sorry
Tears in heaven
Unforgettable
Woman
Wonderful tonight
Yesterday
You are so beautiful
Your song

...

domingo, 7 de fevereiro de 2010

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Noblesse Oblige



Num jantar, evento, bar, onde possa tocar os meu reportório, tento fazer parte do ambiente, e não impor a presença da música-músico aos presentes, são eles que, querendo, vêm ao músico, tal como podem ir à garrafeira mirar os Reservas.

Posso dizer que nas minhas noites de música, para além do imenso prazer de tocar e cantar, e sentir um bom acolhimento do meu trabalho, leia-se escape, tara, paixão, hobbie , e por aí fora, por vezes, ao tocar para grupos, gosto de cuscar um pouco, quem é aquela gente, de onde vêm, o que os liga, como são afinal aqueles a quem lhes debito o meu esboço de arte. Muitas vezes dou comigo a tentar adivinhar em que onda se sintonizam, o que resulta não raro em algumas surpresas.

Os grupos, na grande maioria, de trabalho, são variados, já apanhei de doutores para cima, inicialmente, e não sempre, meio empertigados, até que se rompe o gelo e depois criam um ambiente agradável, onde se pode ir até ao Moustaki; como aturei horríveis pedantes incultos e cagões, tipo propaganda-médica, donos de stands, cabeleireiras-donas-de-salão, e ainda os sobreviventes construtores civis - tudo malta que mistura vinho verde, com sangria e com licôr Beirão, tal como misturam Quim Barreiros com U2. Malta da função pública é geralmente agradável,e tal como o grupo de ontem, de malta ligada ao apoio social, gente de primeira, gente que se sente que são Gente, acustumados que estão a pressões que num jantar em espaço acolhedor, se despiram todos os problemas, e junto com o staff da casa, fizeram a festa. Aquelas 17 mulheres e 2 homens, marcaram a diferença, e proporcionaram aos que supostamente o deveriam fazer, nós, o staff, uma noite memorável. Tão memorável, que as cantorias terminaram com um cover das Doce, e após a viola no saco, quase que aprendo a dançar Kisomba , com genuína representante, eu que sou um pé de chumbo. As coisas que não se fazem pelos clientes, ai ai.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Quem me dera a-mala....


Contra toda a corrente contra, o serão de ontem picou-me para o desejo, leia-se necessidade de tirar os pés daqui e voar a destinos, onde a única coisa igual e rotineira, seja eu, e as tralhas que arrumo na mala. Com efeito, perante as nuvens mais que negras que pairam sobre o nosso muribundo país, em hora de telejornal, à comparação do nosso caos com o grego, em vez de déficits , bancas-rotas, e estados de calamidade, a minha mente voou directamente à ilha de Corfu, onde vivi das noites mais loucas da minha vida. Com a imagem do João Jardim, em vez de de vociferar contra tamanha aberração política, flutuei nas piscinas naturais de Porto Moniz, e salivei pelas lapas assadas. Mais tarde em reposição no cine lá de casa revi o Vicky Cristina Barcelona e regredi às Ramblas, ao Bairro Gótico, e empanturrei-me de tapas, em vez de me fixar nas meninas, e nos enredos do Woody. Mas o pior foi quando dei um olho à novela da SIC, e vi as imagens calçadão de Copacabana - em 2 segundos estava sentado na cadeirinha à beira mar, a beliscar um queijo de coalho, assado, temperado com sal e oregão, e claro, regado com uma capirinha no capricho. Até parece que o sol estava a queimar... Definitivamente, estou com uma carência. Tomara que os low cost não acabem.
Já de pantufas, ainda vejo o Sócrates na TVI24, e pergunto-me se este ano, o dito fará aquelas férias nas Canárias, que nos custaram mais de 1000 € ao dia.... E a minha mala, ali parada, no sotão, a criar rugas. Não há direito!!!

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

As Novas Uniões

Ainda algum do pessoal não engoliu as novas modalidades de união e eis que Sócrates, mais uma vez surpreende e inova, na sua cruzada a favor a modernidade, dando-nos na prática um bom exemplo, de que está todo virado para as novas uniões, e que parceiro mais indicado para a demonstração das novas uniões do que o Paulinho. Ai que marotos, estes políticos modernos. Espera-se a todo o momento que Durão Barroso se pronuncie, dado que já foi unido, com o Paulinho, claro está.





Eles andam aí


Saio da pastelaria, após o galão e a torradinha e quase esbarro no TóZé. Tózéeeeeee, há quanto tempo, meu. Pois é, uns dez anos. Estás com quantos? 44 e tu? 52, pá, então o que fazes por aqui? Vim ver a minha mãe. Ah, malandro, fizeste gazeta. Antes fosse, estou desempregado. Desempregado??? Então? Aquela m... faliu, os gajos mudaram a fábrica para Marrocos, e para a Polónia. Mais outra. De modo que ando aqui à conta do subsídio, o pior é quando acabar. Pois é, do ano que vem para a frente, será a nova modalidade, o desempregado sem rendimento. Vai ser um caos, lembras-te do Quim? Lembro. Já se quis matar. Porra. É verdade, agora anda a comprimidos a ver se se reforma, mas nem 50 tem... É do caraças. O meu filho já teve de sair da Faculdade, está a trabalhar num call center. Sei como é, o meu filho também já lá andou. Mas é só enquanto eu não arranjar trabalho, se arranjar. Vais conseguir. Não estou optimista, já disse à minha mulher, que se nos tirarem a casa, vou à Assembleia e f.... um deles. Calma TóZé. Vais ver, roubam-nos tudo, julgas que não vão haver tumultos? pilhagens? carros incendiados nos parques? A malta anda calada porque vai recebendo, mas e depois? Quem nos vai dar empregos? Portugal não tem solução, digo-te eu. Nem a malta nova se consegue encaixar! As fábricas daqui, as que estão a funcionar, estão a despedir, e vais ver que qualquer dia calha à Auto-Europa... Vira para lá essa boca. Já esteve mais longe, os gajos só querem estádios de futebol, TGV's e auto-estradas. Vais ver, um dia estou em directo na TVI, a incendiar um BM. Tás doido. Verdade, pá. Bem tenho que ir à velhota. Eu também tenho que ir. A gente vai-se vendo por aí, vou ser como o Santana Lopes. Pois, eh eh.
De caminho, perdi o sorriso, e lembrei-me das palavras do Medina Carreira, e pensei - vai acontecer.
Observação:
O nome TóZé é fictício. O país citado também, pois seria impossível haver um país assim como o descrito.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Rosa


... Lobato Faria.
Chamaram-te...