sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Tradição

Existem coisas que fazemos, e porque são boas, nos sabem, e nos fazem bem, tornamos a repeti-las, pois faz sentido que assim seja, essa repetição ganha um sabor antecipado no vislumbre do tal bem que vai saber.
Já perdi a conta, a quantos são, mas seguramente perto de dez, manhãs do dia de Natal em que me levanto, me agasalho, e rumo a uma forma de peregrinação que me é tão necessária.
E assim aconteceu hoje, uma boa selecção de clássicos no cd, a estrada só para mim, o aconchego da roupa fofa, quente e confortável, o carro leva-me ao Cabo Espichel, onde vez ou outra me dirijo, como que em romaria, falar com o "meu" Senhor, pois a todos é lícito ter o seu, já que nunca ninguém O viu, e eu tenho o meu, que creio estará na verdadeira medida dos que crêem e querer crer, mas de olhos bem abertos.
O Cabo estava glacial, diz-me o carro que estão 6 graus lá fora, chuvisca, mas estou ali a cumprir uma vontade, e o frio, o vento e a chuva são de menos perante o bem que me faz deambular por ali, naquela ponta do meu pequeno país, com vistas de cortar a respiração. Saio sempre dali mais leve, mais aliviado, hoje, mais ainda, quem sabe porque não cruzei com vivalma, e pelas condições de tempo adverso, instalou-se em mim uma serenidade tão saborosa.
Próximo destino, a "minha" praia, o mar afinal. Magestoso, varrendo toda a praia, ou corrigindo, o espaço onde no verão, o mesmo mar devolve a areia aos porcos veraneantes, ensinando sempre, afinal o que estes nunca aprendem - a areia é entregue ao longo da Primavera, limpa, lavada, isenta de beatas, de pacotes, de plásticos, e toda a espécie de porcarias que o bicho-homem ali deposita. Está assim a minha praia, linda, selvagem, cheirosa, à minha disposição, e mais uma gaivota tão doida como eu.
Foram como sempre dois preciosos momentos dedicados a mim, que não dispenso. E agora que estou mimado, vamos mimar a mamã, e saborear o convívio.




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Sputnickadelas