quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Espelho meu

Vejo-me ao espelho e digo para os botões que não tenho - estás a ficar velho pá, olha as ruguitas, os brancos, a barriguinha, enfim, cada vez mais parecido com o teu pai. Convenço-me mais ainda quando dado a esforços, aqui ou ali já não existe a mesma força, e a mesma genica. Porém sinto-me bem no corpo que tenho já que a outro não aspiro. Se assim pensasse, o producto não seria eu, podia ser qualquer coisa, mesmo que com a aparência do eu mais novo, mas seguramente seria um actor de mim mesmo. No que toca a interiores d'alma, existe um modo diferente. Será que a alma envelhece? Não creio. Creio que a alma se alimenta dia a dia, em pequenas doses, em pequenos detalhes, e enriquece, depurando e peneirando aquilo que lhe é nocivo ou fútil, ou desnecessário. Pode até considerar-se um pouco irónico que quando sabemos fazer escolhas, e dizer não, que quando somos sábios o suficiente para errar menos, a anatomia nos prive e limite aqui e ali, e em pequenos avisos, nos diga que temos de reenventar novas respostas, e contar conosco, e com quem, no trajecto que percorremos, nos vê sempre com os mesmos olhos - o nosso núcleo duro.

3 comentários:

  1. É isso mesmo. A alma não envelhece. Cresce, e evolui...

    ResponderEliminar
  2. Já viu o fime "O estranho caso de Benjamim Button"?
    É fantástico e acerta na mouche nessas questões da idade e as limitações e a maturidade e tudo o mais inerente.
    Vale a pena!

    :)

    ResponderEliminar

Sputnickadelas