domingo, 6 de dezembro de 2009

Brincadeiras Proibidas

No passado dia 3 foi assinalado o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência. Autarcas, e outras importantes figuras muniram-se dos seus staffs e rodearam-se de imprensa, para fazerem um pequeno percurso em cadeiras de rodas, assim como que para sentirem as dificuldades dos deficientes motores, neste caso.

Um exercício destes sem as urgentes tomadas de medidas e consequentes modificações, em tudo o que esteja mal, soa-me quase a um acto maldoso. Pois que de hipócrita e insipiente, já o é.

Portugal continua a ser, dos países da UE, que menos olha para os direitos, regalias, acessibilidades, qualidade de vida, oportunidades profissionais e reduções fiscais, no que diz respeito aos deficientes.

O que se passou no dia 3, está a passar-se este mês, com as caridadezinhas do espírito de Natal, onde se lembram que o pobre, que tem de comer e de se vestir, mas só na época natalícia.

O que se passou no dia 3, foi apenas um momento de protagonismo a que infelizmente nos acostumámos, e não é porque se fazem umas centenas de metros numa cadeira de rodas, que se pode avaliar o que é viver sempre entre essa cadeira, e uma cama, sem o confortável pensamento de que a qualquer momento se pode desistir dessa desconfortável sensação.

Contudo, se os decisores deste país entenderem que a única forma de sensibilização, é passarem as dificuldades dos deficientes, que o façam com dignidade e verdade - durante uma semana, em privado, sem publicidade, e findo o exercício, se comprometam a executar, o que afinal já devia ter sido feito, e só depois disso, apareçam em público, pois até a obra estar feita, deviam ter vergonha de fazer aquelas figuras, de coitadinhos.

3 comentários:

  1. Uma boa reflexão! Aproveito também para falar um pouco dessa caridade no Natal. De facto, parece-me estranho que só se lembrem de ajudar o próximo no último mês do Ano... As carências, as dificuldades e as dores não existem apenas no Natal...
    É triste.
    Grata pela visita
    Até breve
    ~universosquestionáveis~

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  2. Um grande APOIADO!!! É isso mesmo :):):)
    Beijinhos

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  3. Pois é. É mesmo assim. Já trabalhei de perto com pessoas portadoras de deficiência. É uma realidade dura, são existências marcadas por sofrimentos e dificuldades. A maior parte do mundo, e esse a que te referes em particular, não tem a mínima noção do que é um dia a dia dessas pessoas. E julgam, pateticamente, que estes gestos valem de muito.

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Sputnickadelas