quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Fés



Serão com visitas, gente à conversa, e como as conversas são como as cerejas, e nas questões de debate, uma que vem quase sempre à baila é a questão apaixonante da fé. Quem tem, quem não tem, quem julga que a sua é a única que está certa e as outras, erradas e até pecadoras, quem esconde na fé, afinal os seus medos e frustrações, quem recusa sequer ler ou consultar leituras, opiniões, na desculpa de uma fé inabalável, e por aí fora.
Duvido sempre das pessoas de certezas absolutas, não lhes dou muito crédito. Acho ridículas e até falsas, as que fazem uma espécie de exibição, camuflada no argumento, de que a palavra Divina tem de ser divulgada. Não reconheço a nenhuma pessoa uma qualidade superior no que respeita a este assunto. A legitimidade dessas pessoas, é nem mais nem menos a mesma que a de todos, pois todos estamos no mesmo patamar, o do desconhecimento, e do que se desconhece não se pode afirmar, pode-se quanto muito pensar que talvez seja de certa forma. Dou tanto valor a mentes que se dizem certas e sem dúvidas, tal como dou aos três pastorinhos e o seu encontro com Nossa Senhora, ou à filha do saudoso Raúl Solnado que afirma conversar com Deus, resta-nos saber se por telemóvel, mail ou telepatia.
Por isso defendo que tanto vale uma fé praticada, numa igreja, num culto, templo ou mesquita, como a simples meditação num qualquer retiro que se escolha, e assim exercê-la, à fé, numa conversa, onde abrimos os nossos receios, desejos, os mais íntimos segredos, com algo que não é mais do que com a nossa própria consciência.
E lá terminou o serão, e cada um ficou com as suas, fé e consciência.

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Sputnickadelas