quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Não sei se ria, chore ou fuja

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Perante a avalanche de notícias de rescaldo deste fim de semana prolongado, verifico que umas são hilariantes, outras irrelevantes, apesar da forma pomposa com que nos são impingidas, outras preocupantes, e outras, que se tentam aligeirar, dramáticas. Apetece-me comentar, talvez, para mais tarde confirmar se ri, ou chorei, ou fugi.
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Obama, o recente prémio Nobel da Paz, acaba de anunciar que vai enviar mais trinta mil soldados para o Afeganistão, e relembra à Nato que tem de fazer a sua parte - alinhar. Mais trinta mil pais e mães que ficarão de coração apertado. Não estou a ver, na prática, e por enquanto, grande diferença. Entre este e o outro.

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Por cá, celebrou-se a entrada em vigor do Tratado de Lisboa. Bairrismo puro. Saloismo puro. Vamos ter mais do mesmo, com a Alemanha e a França a ditar a pauta. Não recuperaremos as pescas, a agricultura, as indústrias e os comércios. O Tratado foi porreiro, e mais nada. Gostava de saber quem pagou aquilo tudo.
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Na onda do bairrismo tivemos também a Cimeira cuja pompa e importância empalideceu, com as ausências de dois polémicos dirigentes, e o baldanço de Lula, que se pirou à socapa. Sobraram o tema Honduras, e os discursos enfadonhos. Mais uma vez, gostava de saber quem pagou os hoteis, as limos, a segurança, os banquetes...
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Comemorou-se no democrático Portugal mais um 1º de Dezembro. Ao que consta, dois partidos políticos, não puderam comparecer (coisas dos porteiros e seguranças e assim) e António Costa, o Presidente da Câmara da Capital, não compareceu. Talvez porque esteve a servir à mesa na Cimeira, ou no Tratado, que um homem pode valer por dois mas não se desdobra.
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O desemprego deu mostras de recuperação. Os dois dígitos tão esperados lá para a Primavera de 2010, revelaram-se em Outubro. Estamos com mais de 10% de desempregados. Haja algo que se antecipe em Portugal.
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António Barreto declarou recentemente que Portugal está à beira da irrelevância e talvez do desaparecimento. De irrelevante, creio que já temos uma boa dose. Do desaparecimento, sem dúvida que caminhamos para lá. Basta acompanhar e projectar a um futuro próximo, as análises de Medina Carreira ou Camilo Lourenço.

Nisto do desaparecimento, fica-me uma dúvida - como será o meu Passaporte no futuro, e lembrei-me daquele filme do Tom Hanks - O Terminal.


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Aqui bem perto de mim, em Palmela, uma fábrica de componentes para automóveis, a Lear, vai fechar as suas portas, ajudando aos dois dígitos do desemprego com mais 2.200. Fonte próxima, um futuro desempregado, meu vizinho, garante-me que outras se seguirão, e todas elas têm uma coisa em cumum - fornecem a Auto-Europa. (a este vizinho, não poderei desejar Boas Festas, né?)
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Mas porque tudo tem finais felizes, escutei José Sócrates aparentemente alheio a isto tudo, a afirmar que a economia está a acelerar, qual TGV, e que o desemprego logo voltará a diminuir. Dito pelo homem que prometeu milhares de empregos quando obteve a maioria absoluta, e olhando para os dígitos, só tenho que acreditar. Eu e o meu vizinho. O resto é má lingua, coisas da reacção, oposição, e de gente que não é moderna.
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1 comentário:

Sputnickadelas