sexta-feira, 16 de julho de 2010

Sinais


De volta ao Senhor Doutor, agora de pontualidade britânica, pelo menos no que diz respeito, enquanto espero os poucos minutos, escuto o diálogo entre uma paciente que liga e a recepcionista que atende. A paciente tenta agendar uma consulta para depois das 20, e a menina diz que não pode ser, e click, desligam-se. Comenta a menina da recepção que nos últimos tempos é assim - muita gente tenta adiar as consultas, porque tem receio de faltar no trabalho, dada a insegurança instalada, e ser dispensada; ou porque não lhe$$$ calha; ou pedem a renovação das receitas pelo mesmo motivo, o que se está a traduzir numa silenciosa mas engrossante legião de pessoas que não se irão diagnosticar ou medicar, pelo mesmo motivo denominador cumum.
Estamos pobres, em todas as vertentes, esta é apenas mais uma. Seremos pobres e menos saudáveis. Pobres e podres. Das responsabilidades, todos têm a sua fatia, a começar, os que nisto mandam, terminando naqueles que não deixarão de pagar a sua conta de net ou de telemóvel, nem deixarão de se arrastar na romaria dos shoppings, em prejuízo da vigília da saúde, pois isso pode esperar, porque afinal nem se está para morrer, e neste faz de conta, tão bem conduzido pelo senhor engenheiro, se caminha, assobiando, para não sei onde.

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