sábado, 3 de julho de 2010

Barulhentas e adoráveis

O fim de semana musical foi recheado, concorrido, multifacetado, de gentes de todos os gostos e idades. Quando em tempos de outros palcos fiz um pacto comigo mesmo de apenas tocar aquilo que verdadeiramente gosto, nesta fase de acústicos, foi para cumprir, e por isso há que ter muitas cartas na manga, para agradar e ser fiel à determinação. Na primeira noite, a de 6ª, uma grande mesa, anuncia-me que vou tocar para um grupo, de mulheres, avisam-me. As mulheres são barulhentas. Do local onde toco aos sábados ligam-me - sabes quem está aqui a jantar? O Jorge Palma! Já lhe dissemos que tocas uma data de canções dele. " 'ganda galo" - pensei.
As meninas chegaram, foram chegando, meninas, mulheres, e um resistente macho no meio de todas elas. Foram evitando a proximidade às colunas de som, na medida em que se iam sentando, tão má é a reputação dos músicos. Esperei, discreto, que as conversas fluissem, e as sangrias descessem. Começar a tocar em frente a umas vinte e tal mulheres a falar ao mesmo tempo, é obra difícil, garanto, e o truque para conseguir penetrar nesta torre de Babel é bem simples - tocar aquilo que elas querem ouvir, e muito baixinho, tão baixinho que a pouco e pouco, uma a uma, as bocas se calam, a sangria continua a fazer o seu milagre, e começam a cantarolar. O final foi colossal, com promessas de regresso. Missão cumprida. Mulheres, adoro-vos. Mesmo que barulhentas.

1 comentário:

  1. :) E nós também adoramos músicos. Somos é assim, meio armadas em não sei o quê, e sentamos longe e assim :):)

    ResponderEliminar

Sputnickadelas