quinta-feira, 15 de julho de 2010

in Natura

identificamo-nos com pessoas, com músicas, com cores, com aromas, com roupas, como lugares. um lugar onde me sinto integrado, como que se fazendo parte dele, é a "minha" praia, que conheço a palmo, cujos cheiros não são os de outras praias. chego ali de manhã, bem cedo, e somos eu, o mar, e as gaivotas, que se passeiam por cima em acrobáticos prodígios da natural navegação aérea, algumas até partilhando a praia comigo, como se me sabendo não hostil, pois afinal, de tantas vezes me deslocar a esta praia, quem sabe, as gaivotas me conheçam. é um local onde a praia pode ter outras componentes, tais como mergulhar tal como se veio ao mundo, porque outros olhos não há por ali, senão os dos meus amigos alados, e que me conste, não lhes atenta ao pudor a minha carcaça. ou esgravatar as rochas em busca de umas saborosas lapas, a saborear mais tarde com um Lancers gelado. ou até mesmo iniciarmos uma pequena incursão ao reino dos fósseis, dado que toda a arriba o é. estava eu, pois, neste deleite da natureza, eu, o mar, e as gaivotas, quando pelas horas convencionais chegam os humanos. as gaivotas levantaram voo, e eu comportei-me como me pertence, como um deles. foi aí que peguei no livro do Saramago, e comecei a ler.



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