sábado, 6 de fevereiro de 2010

Noblesse Oblige



Num jantar, evento, bar, onde possa tocar os meu reportório, tento fazer parte do ambiente, e não impor a presença da música-músico aos presentes, são eles que, querendo, vêm ao músico, tal como podem ir à garrafeira mirar os Reservas.

Posso dizer que nas minhas noites de música, para além do imenso prazer de tocar e cantar, e sentir um bom acolhimento do meu trabalho, leia-se escape, tara, paixão, hobbie , e por aí fora, por vezes, ao tocar para grupos, gosto de cuscar um pouco, quem é aquela gente, de onde vêm, o que os liga, como são afinal aqueles a quem lhes debito o meu esboço de arte. Muitas vezes dou comigo a tentar adivinhar em que onda se sintonizam, o que resulta não raro em algumas surpresas.

Os grupos, na grande maioria, de trabalho, são variados, já apanhei de doutores para cima, inicialmente, e não sempre, meio empertigados, até que se rompe o gelo e depois criam um ambiente agradável, onde se pode ir até ao Moustaki; como aturei horríveis pedantes incultos e cagões, tipo propaganda-médica, donos de stands, cabeleireiras-donas-de-salão, e ainda os sobreviventes construtores civis - tudo malta que mistura vinho verde, com sangria e com licôr Beirão, tal como misturam Quim Barreiros com U2. Malta da função pública é geralmente agradável,e tal como o grupo de ontem, de malta ligada ao apoio social, gente de primeira, gente que se sente que são Gente, acustumados que estão a pressões que num jantar em espaço acolhedor, se despiram todos os problemas, e junto com o staff da casa, fizeram a festa. Aquelas 17 mulheres e 2 homens, marcaram a diferença, e proporcionaram aos que supostamente o deveriam fazer, nós, o staff, uma noite memorável. Tão memorável, que as cantorias terminaram com um cover das Doce, e após a viola no saco, quase que aprendo a dançar Kisomba , com genuína representante, eu que sou um pé de chumbo. As coisas que não se fazem pelos clientes, ai ai.

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Sputnickadelas