Primeiro começa por ser, como outros, parceiro comercial, coisa que começou há mais de vinte anos. Tal como os jogadores de futebol, foi mudando de camisola, mas sempre a jogar na mesma modalidade. Com as rotinas de trabalho, foi crescendo uma amizade, reforçada, em almoços, que se cumprem sempre, e religiosamente a cada segunda-feira. A proximidade da idade, e a rotinal laboral, tornou-nos mais que parceiros de trabalho, amigos, que entre tabelas e negócios, vão partilhando momentos, os problemas dos filhos, as alegrias, as intrigas do ramo, a política, o futebol, algumas pequenas confidências. Há poucos meses uma subida brusca de tensão arterial levou-o de urgência para o hospital. Dieta aqui, exercício ali, lá foi recuperando, perdendo uns quilitos, mantendo o almoço das segundas. Hoje ligou-me, a dizer que na próxima não pode vir - há que fazer uma cirurgia, ao que parece, urgente. Esforço-me por dar força a quem se esforça por se manter aparentemente forte, tentando disfarçar o medo, que é também o meu medo. E revejo-me nele, no meu amigo, hoje um , amanhã, quem sabe, o outro. Segunda-feira o almoço não será como tem sido, nestes tantos anos, porque, nada é para sempre.
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"Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! A alguns deles não procuro, basta saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida...mas é delicioso que eu saiba e sinta que eu os adoro, embora não declare e os procure sempre..."
Vinicius de Moraes
:( Hoje o sorriso é triste. Só uma coisa. Isso que dizes, do fazer de forte, é de facto algo exterior. O ombro amigo faz falta aos fortes. Tanto como aos fracos. Olha que sei o que digo...
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