segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Elas




será que por serem mulher, elas, as violas são temperamentais? estou tentado a pensar que sim. e tenho vários fundamentos. elas, as violas por vezes são ariscas, não soam como quero, tenho de ser paciente, intuitivo, saber esperar, ser meigo, e imagine-se, ter a sensibilidade de adivinhar que canção lhes tocar...em suma, entendê-las,a elas, as violas, um instrumento-mulher, capaz de me levar aos mais altos limites, como também de me deixar envergonhado por um timbre disforme, um acorde descabido, um desafinanço inesperado. ela, que ora me pede para ser tocada, ora me diz, - hoje não, serei dissonante se ousares tocar-me. ela que com as suas formas sensuais me provoca no olhar, num convite ao abraço, e uma vez que a envolvo, me pede improvisos antes das ditas, músicas, como se de preliminares se tratassem, até um evoluir que se quer deliciosamente prolongado até ao final, das canções. olho-as, no meu pequeno harém, e estudo-as, entendo-as, toco-lhes ou simplesmente aguardo, que algo me diga, é hoje, toca-me, soarei como nunca, dar-te-ei o que queres de mim, bastando que me toques com aquele saber, o que é sentido, e vem de dentro. caso contrário, se me tocares mecânicamente, tu sabe-lo, serei morna, afinada quanto baste, e deixo-te aquela sensação de que podias tocar(me) bem melhor, e até os dedos te vão trair, e até a tua voz vai ser mais ou menos. e quando isso acontece, é porque ela, a viola, não está nos seus dias. ou serei eu?

4 comentários:

  1. Delicadeza..está tudo na delicadeza...ou pelo contrário, na ousadia, no inesperado...

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  2. Se calhar é por tudo isso que gostas tanto delas :)

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  3. Bom, tu e lá se não levas isso demasiado a sério e não começas para aí a pensar que podes ter tantas mulheres como tens violas...:):)

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  4. Amiga Antígona, nem vontade nem idade...

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Sputnickadelas