quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Uma flor


Não deve existir ninguém que não tenha recebido ou oferecido flores. Sendo certo que o balanço está esmagadoramente favorável ao lado feminino no que toca a recebe-las.
Na parte que me toca, embora raras vezes tenha oferecido flores em forma convencional, sou muito mais capaz do gesto de colher uma, apenas, de preferência silvestre, num acto espontâneo, sem premeditação, e ofertá-la.
Muitas vezes o que é hábito ou tradição, fazendo total sentido para uns, não o faz de todo para outros. Há que respeitar, sabemos, bem com há que ponderar as mudanças que alguns sugerem e preferem, bem como entender as diferenças.

Estas duas situações merecem reflexão:

Numa viajem de grupo que fiz pelas cidades marroquinas, à passagem por um cemitério local, o guia, natural muçulmano, explicou à comitiva lusa, que os vivos ofertavam aos seus mortos, comida. A gargalhada foi geral, acompanhada com os inevitáveis comentários da praxe. O homem, calma e pacientemente aguardou até que se instalasse algum silêncio, e pausadamente disse – é que nós muçulmanos, cremos que ao contrário do que crêem os cristãos, os mortos, a comerem alguma coisa, continuará a ser a comida que apreciavam em vida e não, as flores. E continuou o silêncio.

Alguém em França, determinou que não queria uma única flor no seu funeral, indicando porém uma vasta lista de instituições necessitadas, para onde, quem o quisesse homenagear, deveria contribuir com a quantia que entendesse, e consumado o donativo, entregar o respectivo comprovativo à família, do defunto. Prático, útil, e original.
...
Continuarei a permitir-me à colheita solitária de uma flor, e ao significado que representa a sua oferta.

Flores cortadas, numa jarra, num ramo, numa palma, numa coroa, são natureza, morta.

3 comentários:

  1. São de facto natureza morta. Mas, e não fora eu Mulher, gosto que me ofereçam flores. Por acaso, uma das últimas que me ofereceram, é natural e linda.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. CF, coma diz a canção da Ana Carolina - toda a mulher gosta de rosas. E uma, apenas, faz o sentido e o efeito desejado, de muitas.

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Sputnickadelas