segunda-feira, 23 de novembro de 2009

É preciso ter calma


O controle de situações limite, aprendi, é por vezes a fronteira entre o tudo acabou em bem e o desastre. Em tempos fiz uma formação de condução fora de estrada, e uma das lições mais importantes desse curso, foi a de que em certas situações, para reduzir a velocidade e aumentar a aderência do veículo ao piso, temos de... acelerar. E por várias vezes confirmei que é mesmo assim, numa delas em plena Serra da Estrela, evitei um "capotanço". O instinto manda-nos colocar o pé no travão, ou puxar ali mesmo o travão de mão, mas a ordem que parte do cérebro contraria tudo - acelera. E o carro estabiliza.
Por vezes quando alguém nos chega aos berros, cheio de tudo, inclusivamente da razão, o nosso instinto, bem como a vontade é dar o troco. E hoje, não antes, pois antes eu era um rastilho que incendiava à primeira provocação, eu deixo falar, vou olhando a pessoa nos olhos, num olhar atento e tão conciliador quanto possível, e deixo que as palavras, muitas vezes vociferadas, se esgotem como o ar de um balão, até chegar o silêncio, que é como quem diz, o momento em que tenho a batata nas mãos, e reconhecendo, quando aplicável, a razão, num tom de voz baixo mas firme, nunca deixando de olhar nos olhos, para não dar a sensação de dominado, levo a àgua ao meu moinho, e ao do meu interlocutor, não raro, acompanhado por um pedido de desculpas, por parte de quem afinal, apesar de ter razão, não tem de abordar aos gritos, e a cuspir perdigotos. Contudo, cá por dentro, ficam reprimidas as réplicas, que afinal, em nome de muitos poréns, tenho de conter, e a consolação de que tudo está bem quando termina bem.

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