domingo, 1 de novembro de 2009

fim da linha

Domingo cinzento, com tiques a Outono, a convidar a uma saída, a fazer um passeio matinal, e deixar o relógio em casa, e ao sabor de encontros e reencontros tagarelar aquelas futilidades, que sempre se dizem, onde vez ou outra saem frases do tipo - temos de combinar um cafezinho, qualquer dia, ou, pois, o tempo é cada vez menos, ou, é a vida.

Ao início da tarde, na entrada do hospital cruzo-me com um grupo de gente que decerto debate o estado clínico de algum familiar e amigo, e escuto, no meio de outras palavras - é a vida.
Subo ao último piso do edifício, talvez para que os enfermos ali internados possam estar mais perto do céu.
Transtornado, na saída, encontro outros peregrinos, as palavras escasseiam, os soluços tentam parecer-se com o silêncio, os olhares cruzam-se, evitando-se, impotentes.

De uma boca sai a frase - é a vida.

Não - penso eu. Não é a vida.


2 comentários:

  1. Ainda não tenho bem a certeza se é a vida, se o que fazemos dela... Tenho dias que pendo para uma; outros para outra. A cada dia que passo mais me aproximo da segunda. Mas ainda assim, nem sempre lá estou...

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  2. O que fazemos dela, sem dúvida. Porém, muitas vezes o vento sopra contra, e no caso que relato, derrubou.

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Sputnickadelas