segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Os ratinhos e o Zé Ratão

No passado sábado a necessidade de adquirir um producto, levou-me a um grande espaço comercial. As lojas tradicionais que o vendiam fecharam. A alternativa é única, portanto. Já no seu interior, observo gente com ar vitorioso de carrinho de compras repleto de embrulhos de Natal, brinquedos. Porque agora os brinquedos compram-se no São Martinho, por causa dos talões, dos descontos, das promoções, e outras complicações.
Perde no meu talvez retrógado entender, o espírito natalíco, ganha o espírito consumista.

Na RTP 1 assisto a um discurso sobre os impulsos do consumidor - fala da culpa, da confiança, das reações do cérebro, e de repente sinto-me como um rato de laboratório, lembro-me das pessoas que avistara no dia anterior, e imagino-as roedores, com cauda e tudo. Da matéria televisiva apura-se que o consumidor, outrora cliente, tem de ser estudado, formatado, e instruído, a fim de dar o máximo rendimento, leia-se, deixar o maior volume de euros, a troco de uma duvidosa necessidade, ou quantas vezes, uma efémera e frustrante felicidade. Para isso, tal como no acasalamento entre animais, são criados os moldes de ambiente necessários - os que são visíveis e apelativos, e anular os aspectos nocivos, e aqui temos a fórmula em formato de cartão de crédito e seu respectivo plafond.

São os sinais dos nossos tempos, com particular adesão de Portugal, a uma total entrega da distribuição comercial aos mega grupos, em prejuízo do comércio tradicional que, segundo mentes iluminadas, são parte do garante de boa cobrança fiscal, bem como da saúde destes dependería a boa qualidade de vida, de cidades e seus bairros. Tal como numa Suécia, por exemplo.
Transbordei por isso, de felicidade quando descobri que, espante-se, o nosso Primeiro Ministro, num gesto de puro visionário, se manisfesta, na prática, um defensor do pequeno comércio, contrariando a até aqui, desenfreada poliferação de grandes espaços em terras de Viriato.
E vai daí que Sócrates figura entre um dos clientes com direito a destaque na montra e tudo, de uma loja tradicional. É detalhe mencionar que a loja em questão de chama Rodeo Drive, que não fica em Portugal, muito menos na CE, mas sim em Beverly Hills, LA, California. Outro detalhe será dizer que é das mais caras lojas, lá do bairro, e que cada cliente é atendido mediante marcação prévia, em privado, dispondo de uma legião de funcionários à disposição.
Porreiro pá!
.....

2 comentários:

  1. Looolll. Rodeo Drive. Lembro-me dela, do filme Pretty Woman...

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  2. Bem, com este desfecho não estava a contar.
    Não sei se rio ou se choro.
    ...

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Sputnickadelas