terça-feira, 24 de novembro de 2009

Nevoeiro e Alcacer-Quibir


Gosto das manhãs de nevoeiro, de me sentir agasalhado, confortável na roupa e sentir o frio que não me invade. Dão-me uma alegria que não sei explicar, estas manhãs. De bom grado, mandava o trabalho à fava e rumava a uma qualquer praia, ou ambiente rural, mas o dever chama. Saio de casa formatado de sorriso, não obstante o rádio do carro anuncie na voz de Constâncio que vamos ter de pagar mais impostos, e o sorriso, o meu, fica mais discreto, para logo a seguir, ao escutar o Camilo Lourenço afirmar, que sim, que vêm aí mais impostos, que defende os aumento zero para os salários, e que daqui a dez anos talvez a coisa se regularize. Vai-se-me o sorriso, e penso, não em mim, mas nos meus filhos, e nos filhos de outros, e vejo imagens de uma espécie de filme Metropolis do século XXI. Relembro o almoço de ontem, com dois parceiros comerciais que semanalmente interagem com Espanha, que me asseguram que por lá a crise existe, mas nem por sombras se compara com a nossa, e vejo-nos como que acorrentados a cavar o carvão para os porões das classes que supostamente nos governam e seguramente nos sugam. Páro o carro, e pára o rádio. Acaba o som, mas não acabam as desgraças. Adiem-se os pensamentos nefastos. Afinal o nevoeiro, e aquele frio saboroso, devolvem-me o sorriso, e a vontade de enfrentar mais um dia, de cumprir o ganha-pão. O meu e o do Estado, porque muito pãozinho que eles mamam, sou eu quem lho coloca na mesa. Ao menos que do nevoeiro saísse um D.Sebastião, que desse uma estocada no mouro Sócrates e nos devolvesse alguma esperança.

2 comentários:

  1. Finalmente alguém que também gosta de dias assim!!!
    Quanto aos impostos...bem sou muito radical. Penso sempre que este País é o que fazemos dele. O pior é que para cada 10 que se importam, estão 60 que se marimbam (eu sei, estou generosa).
    :)

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Sputnickadelas