sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Bem me quer, mal me quer


Na pastelaria do costume, oiço uma velhinha para outra – aquela Paula embirra comigo, é o que é, diz sempre que a assinatura não está bem, já o Carlos, aceita-me sempre os papeis todos, é uma mal encarada, a rapariga, está sempre com umas trombas...
Deduzi que a senhora deve ir provavelmente a um Banco, ou Balcão dos Correios, e que a Paula lhe rejeita um documento que depois é aceite pelo Carlos. Este um dos tiques mesquinhos que detesto na nossa gente, o de embirrar com fulano, o de exercer o seu ridículo poderzinho só porque sim.
Creio que todos já sentimos a prepotência de alguém que está, pelo menos naquele momento, com o poder de decidir sobre nós, pode ser por viabilizar um documento, como numa simples marcação de reunião, e perante o nosso olhar de gato das botas do Shrek, nos responde sem sequer nos olhar nos olhos, que não. É aquele tipo de gente do – não sei porquê, mas não gosto daquele gajo. Não saber porquê é a questão, pois sempre que decidimos, temos que saber porquê, ou quando aplicável, executamos normas de procedimento.
A diferença entre a Paula e o Carlos, pode simplesmente a de que a Paula não está de bem com a vida, a sua, e por isso descarrega as suas frustrações no freguês que se segue. O que torna a Paula numa má funcionária, pois não creio que o Carlos actue contra as normas, o que colocaria, a sua competência e posto de trabalho em causa.
Desconfio que a velhinha, quando vai de papelada na mão, se vê a Paula de serviço, e não vê o Carlos, dá meia volta e sai. E ela bem sabe porquê.

1 comentário:

Sputnickadelas