segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Primeiro Morrem os Sonhos


Quantas vezes não aplicamos, sem dar por isso, a teoria do caos à nossa torrente de pensamentos. Começa o divagar no alho, e acaba num bugalho que nada tem a ver com o alho. Ou até tem.
Aparentemente foi o que me aconteceu ontem, no tempo que consegui dedicar, mais uma vez, como se não houvessem outros canais, ou livros, ou discos lá em casa. Mas não, insisto em ver o Ídolos. Sim, mea culpa.
Procurei um motivo para tal critério, e encontrei que mais interessante que observar os que passam à fase seguinte, é observar os que não passam, ou melhor, a arrogância como que, agora todo o júri, infectado pelo Manél, vomita austero as decisões implacáveis com aparente prazer, perante o desespero de alguns concorrentes.
Desse pensamento passei ao seguinte, e lembrei-me do título de um livro que seguramente tenho há mais de vinte anos, do Harold Robbins, intitulado de Primeiro Morrem os Sonhos, título mais que apropriado para aplicação directa da desilusão estampada nestes jovens aspirantes a estrelas.
E daí passei para nova divagação, mais lata, aplicada às gerações de jovens desta idade, e da anterior a esta, particularmente - as legiões de maltinha nova que aspira a um futuro, uma situação estável de emprego, comprar o seu carrito, as suas quatros paredes, enfim projectos legítimos, deverão observar o Ídolos como uma amostra do que os vai esperar, quem sabe, vida fora.
Primeiro morrem os sonhos, e depois deles virão as alternativas aos sonhos.
As novas gerações debatem-se com um problema inicial, e duradouro – são muitos, tal como no Ídolos. Logo, são dispensáveis, descartáveis, e muitas vezes levam um não, sem qualquer ponta de consideração, tal como no Ídolos.
E de emprego em emprego descartável, não o do sonho, mas o alternativo, o possível, envelhecerão sem poder fixar o sonho, sem oportunidade, de em tempo certo, planificarem a sua vida, serem felizes e realizados. Aos que sonham constituir família, pior um pouco, será imprudente, com contratos a prazo, juntar trapinhos e fazer filhos. Os sensatos não o farão.
A conclusão desta minha sucessão de pensamentos, é a de que o Ídolos passou de lixo televisivo a programa, pedagógico. Uma amostra aos jovens do que os espera, vida fora. Há que ser bom, e agradar ao júri.

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