quarta-feira, 11 de maio de 2011

será o canto do cisne?

Quando há cerca de quatro anos decidi largar as bandas, vulgo conjuntos, fi-lo com a total convicção de que era chegada a data da mudança. As razões, muitas - começara nos palcos aos catorze anos, e poucas foram as pausas durante décadas. Já se tornava difícil aguentar as sucessivas actuações, por vezes de cinco horas, as noites não dormidas, e a idade a cobrar um CV desses anos todos, dos muitos palcos, das muitas terras e gentes que conhecera. Para trás ficou um percurso, tanto profissional como em modo lúdico, que recordo com muito agrado e até algum orgulho. Mas foi definitiva a decisão - porta fechada. Em boa hora, vi o excelente trabalho de voz e viola acústica do VP, que me serviu de mote e inspiração para abrir uma nova porta, e que todos os dias, me faz descobrir qualquer coisinha num tema, ou uma ideia de um novo ritmo para testar nos agora calmos palcos que piso, e no meu cantinho das violas. Comigo mesmo, egoístamente ensaio, toco, pesquizo, quando me dá na gana, sem compromissos, sem obrigações. E que bem que se está assim, porque já se encheu o papo, em época certa, do contrário.

Curioso, é que deve haver por aí um surto de nostalgia, nos músicos da minha geração. De alguns que tinham literalmente arrumado as botas, recebo em menos de uma semana, três convites para reabilitar as suas extintas formações musicais. Vou escutando as propostas, a descrição dos reportórios, dos músicos, dos ensaios, dos hipotéticos locais de exibição, e tremo só de pensar em voltar ao antigamente. É que eles, os que me desafiam, não se dão conta que as coisas mudaram, que nada está como eles deixaram há vinte anos. Não lhes digo, por educação e respeito, que tudo mas tudo mudou, a começar pelos corpos que carregam.

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Sputnickadelas