segunda-feira, 23 de maio de 2011

das Confianças e das Decepções

No princípio todos confiamos. Em alguém, em algo. Aprende-se, quase sempre a custas próprias, que nem tudo, nem todos, merecem a nossa confiança. Na medida em que a nossa idade avança, as nossas confianças são mais restritas, porém, mais avaliadas, e por isso, menores os riscos da decepção, essa grande consequência da quebra, ou da perca da confiança. Quando chegamos a este mundo, em estado de formatação, confiamos. São os nossos pais, avós, gente chegada, o nosso porto de abrigo incondicional, a confiança neles é total, e para nós, quando em tenra idade, adquirem o estatuto da omnipotência. Ao primeiro raspanete, ao primeiro momento em que caímos e o avô não nos segurou a tempo, à primeira qualquer atitude que uma dessas referências nos desagrade ou desaponte, tomamos as primeiras percepções da decepção. Progressivamente nas várias fases do crescimento, estas e as outras pessoas do nosso mundo, nos vão merecendo a confiança, agora em doses medidas, bem como nos tornamos exigentes, e regateamos, e apontamos as falhas e os erros, se decepcionados. Nos amores, os equilibrios, ou a falta dos mesmos, entre a confiança e a decepção, colocam muitas vezes um ponto final naquele que, à partida seria o amor para o resto da vida. Quanto maior é a dimensão da perca da confiança, maior será a dificuldade em ceder uma chance. As pessoas podem mudar sim, mas pouco, e por isso cabe-nos, como seres inteligentes, contrariar aquela imagem de confiança eterna e submissa do cão cujo dono o agride, e mesmo assim, este lhe abana o rabo. Se decepcionados, para dar nova chance, precisam-se de mudanças inequivocas, de acções, e de compromissos efectivos. Porque já lá vou com trinta e sete anos disto, e por conseguinte, não sou mais o menino confiante, porque atravessei as fases de outros acreditares, porque vivi umas quantas promessas que nunca se cumpriram, não abano mais o rabo, não senhor - estarei de costas viradas à campanha eleitoral, pelas razões invocadas. Deixo aos que eventualmente ainda confiam, porque são novatos, ou pouco inteligentes, e aos que rapam do mesmo tacho da classe política, o meu lugar vago, para assistir nas próximas duas semanas ao circo, que nos vai custar mais uns milhares, pois tal como não há almoços grátis, as campanhas eleitorais custam dinheiro, e todos sabemos que não são pagas pelos partidos, mas sim pelos que abanam o rabo, e pelos que não o abanam. deja vu para mim, só o dos Crosby,Stills, Nash & Young.

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Sputnickadelas