sábado, 30 de abril de 2011

Tou xim?

Coloco o telemóvel no sítio onde não devo. Manuseio sem cuidado um pequeno amplificador, que levo para testar o meu som ao vivo, e catrapum, telemóvel partido. Depois de me chamar nomes da pior classificação, pré e pós acordo ortográfico, e de olhar umas quinze vezes para o cadáver, conformo-me. Da conformação passo à reflexão. De como seria a nossa vida sem a lista de contactos, sem os mails, sem os documentos, as fotografias, os trabalhos, as idas ao banco, aos parceiros de trabalho, e todo o resto de actividades e acções directamente relacionadas com os telemóveis, e pc's, principalmente. De facto, estes companheiros tornam-se inseparáveis de nós. Sem nos darmos conta, uma grande parte da nossa mobilidade e funcionamento do dia a dia, seja em trabalho, privado, ou no plano lúdico, está guardado ali, naquelas caixinhas, que deixando de cumprir o seu papel, nos deixam como baratas tontas. Não gosto de dependências. Irrita-me saber que sou, em parte, refém deste modo confortável de viver, mas por outro lado, tão frágil. Tão efémero. Em forma de achega à minha reflexão, a meio do serão musical uma violenta trovoada, veio estragar a festa, as falhas de energia eram frequentes, e prudentemente, os equipamentos foram desligados, e cantou-se à capela, à luz da vela. Simples e castiço. O telemóvel, esse, é que não reanimou.

3 comentários:

  1. É nestes momentos especiais que sentimos um prazer redobrado em fazer aquilo que gostamos, afinal estava la tudo, a guitarra, a voz e a vontade, depois foi só seguir o embalo. Afinal é tão facil ser feliz. Beijo

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  2. Não temos, na maior parte das vezes, consciência do nível de dependência que fomos criando. Esses pequenos acidentes servem para nos lembrar que podemos muito bem passar sem certas coisas. Deve ter sido muito mais bonito, cantar à luz das velas :):)

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Sputnickadelas