domingo, 28 de março de 2010

virar a página?


Virar a página?
Rasgar a página?
Deitar o livro fora?
...
Em vários aspectos encontro-me em fase de restruturação, de mudanças, de reciclagem, de mandar fora o que não é essencial, de terminar pedaços de céu, enfim uma correria danada em vários quadrantes, que em conjugação com o pretendido método, e arrumação das coisas e das ideias, junto com o rame-rame do dia a dia, e mais as músicas, me deixa estafado. Literalmente estafado. Com o fechar de uma porta outra se abre e é sempre bom esse sabor a renovação e novidade desejada, e pensada. Daí que o estafanço fica compensado na balança.
Porém, no descartar das folhas, dos objectos, dos escritos, dos tais pequenos nadas, dos pequenos afluentes, fica sempre uma nostalgia, porque em cada um desses poréns, existe um momento, uma história, uma lembrança, que faz com que o ritmo em que se vão jogando as coisas fora diminua, como se se prestasse uma última homenagem a coisas tão triviais, como um isqueiro que nos lembra, que cigarro acendeu, quando onde e a quem; uma factura de restaurante que nos lembra com quem se jantou, onde se estacionou, o que se levava vestido, e como decorreu o resto da noite; uns apontamentos que num ápice nos transportam "áquele" dia e nos deixa invadir o sentimento da época. Ao deitar para o lixo, pequenas tralhas, deitamos um pouco também uma porção de postits que deixarão de nos avivar a memória. Por isso, as fotografias nunca deverão ser destruídas. Nem que seja para nos vermos mais novos e mais magros. Falo por mim.

1 comentário:

  1. Tb me relembro num ápice, perante determinados objectos. Alguns, poucos, perseguem-me há anos. A maior parte, vou deitando fora. O que guardo com mais estima, e nem é um objecto, é o pedaço de cordão que caiu do umbigo do meu J. Sempre que o olho, sorrio...

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