quarta-feira, 24 de março de 2010

Eu fui






Diz-se que a primeira vez é sempre a melhor. Discordo. Se bem que quando, em 1975, eu fui um dos sortudos que teve o previlégio de assistir a um dos dois concertos dos Genesis, em Cascais, a poucos concertos tinha assistido, até porque poucos haviam no Portugal de então, o da outra senhora.

Desde a primeira audição do vinil Selling England by the Pound que me tornei fã, fanático pela banda, e os tostões seguintes foram para comprar os LP's anteriores, incluindo o primeiro, muito embrionário, que muito me custou a adquirir. Quando sai o duplo The Lamb Lies Down On Broadway... penso ter massacrado toda a família e vizinhança durante semanas a fio com as constantes passagens dos discos. Por isso não é de estranhar que quando os concertos foram anunciados, eu comecei a dormir mal, quando adquiri o bilhete, pouco e mal, e na véspera, não devo ter dormido nada. O concerto, claro está, era à noite, mas eu e o C, seguimos depois de almoço no comboio já apinhado, de fanáticos como nós, que qual formiguinhas se dirigiam para o Dramático. Nas imediações do Pavilhão, que me pareceu enorme, onde mais tarde vim a desfrutar de muitos e bons concertos, e até onde, mais tarde viria a tocar (deprimente), na primeira parte do Iggy Pop, concentravam-se os enormes camiões que davam para antecipar os decibeis lá dentro, a maralha ansiosa, e... as forças militares, Copcon pois então, o ano era o de 75. A entrada fui tumultuosa, o pessoal atropela-se, não sei como, mas vim parar de uma ala lateral até ao centro do pavilhão, presumo que saltando uma rede de vedação. Na minha frente algo próximo do paraíso, dezenas de colunas, um palco preparado para as teatralizações de Peter Gabriel, que vestindo a personagem de Rael nos levou a todos, desta vez, ao vivo, e não no gira-discos, pelo LP duplo fora, numa execução irrepreensível, e brindado-nos no encore com um Musical Box extasiante. No regresso, num comboio que devia carregar umas seis vezes mais gente do que o permitido, alucinado, o pessoal da barbicha, da borbulha e dos pontos negros na face, cantava em coro the carpet crawlers. Para trás ficou aquele que foi o melhor concerto da minha vida, e a devoção eterna aos Genesis, mas apenas com o Peter, leia-se.
E todo este reviver, porque ontem passou na rádio I know waht I like. Coisa rara.
A Flower?



2 comentários:

  1. Ainda bem que frisaste Genesis só com Peter...porque já me estava a preparar para escrever isso...não foi preciso...no último parágrafo respirei de alívio quando li isso.

    ;)

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  2. Xiiiiiiiii que saudades!!!! Que concerto!!!!! O da minha vida, sem dúvida! Adorava conseguir o dvd mas parece que não há. Já corri tudo. Adorava ver esse concerto, só mais uma vez :):):)

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Sputnickadelas