Hoje é 1º de Maio, e é sábado. Podia estar nostalgico dos primeiros primeiros de Maio, após o 25 de Abril, vividos lá, onde eles acontecem, mas não estou. Hoje trabalhei duro, toda a manhã, após mais uma noite de músicas, e podia sentir-me revoltado porque trabalhei no dia 1º, e cansado, mas não me sinto. Hoje podia estar apreensivo pelo estado mental de todo um governo que continua a fingir não haver crise, e que se prepara para me, e nos, entrar mais uma vez nos bolsos, nos meus, dos meus filhos, netos quando os houver, e se os houver, e nos dos outros, mas já nem me sinto. Hoje podia ter achado piada à notícia sobre os milhares de euros que vão ser gastos a colocar o senhor Ratzinger debaixo de olho, não vá ele fazer mais alguma asneira, bem como os óbvios prejuízos directos a um país, em calamitosa situação financeira, que mesmo assim vai parar, porque sim, mas não achei piada. Hoje, sábado, véspera do domingo, onde se anunciam batalhas campais, se prevêm apedrejamentos, tumultos, vinganças, se clamam os túneis, e tudo isto porque vai haver um jogo de futebol, eu podia achar afinal que em suma, de futebol, pouco se fala, do desporto nem se fala, mas nem acho nada.
Hoje, sábado, 1º de Maio, alheio-me, abstraio-me, desligo do resto e só penso no enorme prazer que espero ter logo á noite, ao dedilhar em público, a minha nova guitarra, e partilhar os seus sons com quem por ali estiver.
Penso também qual a música da inauguração, mas isso mais tarde se decidirá. Tenho de olhar para os presentes, estudá-los, e depois, sim, decidir.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Sputnickadelas