terça-feira, 26 de outubro de 2010

10 minutos em slow motion

Era o slow mais aguardado nas festas de garagem, e não só, pois as festas podiam ser nos nossos quartos de adolescentes, desde que autorizadas pelas mamãs, ou à sua revelia. Era também sempre esperado com a maior ansiedade nos convívios da escola e do liceu, porque garantia dez minutos seguidinhos de encosto, de beijos e carícias, com maior ou menor ousadia, conforme o caso, mas miúda que aceitasse dançar, o Shine on you Crazy Diamond , dizia-nos silenciosamente, que permitia aqueles tímidos avanços na penumbra. O meu debutante lado musical, sentia este tema numa lógica da dificuldade de reproduzir-lhe os solos, numa devoção quase religiosa, que vinha dos tempos do Umma Gumma.

Os backing-tracks fizeram-me reviver mais uma vez esta música, num plano totalmente diferente. Ando a interioriza-la, a senti-la, e a toca-la, aos poucos vou limando arestas, tentando aperfeiçoar, tanto quanto consiga, os solos da guitarra do Gilmour. Este é um solo que, ou se toca igual, ou não tem sentido dar-lhe um toque pessoal. Delicio-me nestes íntimos ensaios, que faço à média-luz, para criar o clima, e vou saboreando este reaprender, até chegar ao momento de voos em outros palcos. Não coloco contudo, de parte, um ensaio revivalista em palco de dança, com par a condizer. Mas isso são outros 500...

2 comentários:

Sputnickadelas