quinta-feira, 28 de outubro de 2010

do Leste, com amor (ou de Sudoeste)


Conheço o Sr.L há uns bons quinze anos. É pessoa cuja casa lhe visitei, umas quantas vezes por via do meu ofício. Casa não, mansão, um casarão, numa quinta, plena de árvores, alguma vinha até, um lugar bonito. Conheço-lhe a mulher, filhos, um deles com uma deficiência profunda, a precisar atenção constante, que sempre observei nos momentos que presenciei.
Hoje, o Sr.L, visitou-me, acompanhado de uma lustrosa rapariga com cabelos cor de sol, um decote mais que generoso, e um traje de se lhe tirar o chapéu, ou o gorro, se na terra dela. A pronúncia denunciava-lhe a origem, os olhares matadores, a pouca fidelidade. Definitivamente, esta não era a senhora L, nem pelo aspecto, nem pela idade, nem pelo resto.
Preciso dos seus serviços - diz-me o Sr.L, entre uma mistura de comprometido, vaidade, e pedido de cumplicidade, a que só faltou a tradicional piscadela de olho - é na morada da menina, não na que você conhece, quando estiver a chegar ligue-me.
Dito e feito, ligo, e antes do toque, ou misturado no toque, um forró invade-me o ouvido. No aposento, lá estava o Sr.L, em pose, pareceu-me de defender a sua fêmea, ou, arrisco, defender-me do arremesso do decote, do olhar e do que mais se veria.
De saída, em conversa com o Sr.L, fico-me pelo hall uns instantes. Os necessários para que uma porta se abrisse, uma criança saisse, e dissesse ao Sr.L - pai.
Palpita-me que o Sr.L se tornou acionista, de alguma casa de meninas, aqui da zona. Aquele "pai" e o forró, deixaram-me a modos que desconfiado.
De regresso lembrei-me se o filho, aquele filho do Sr.L, ainda merece os mesmos cuidados. Do Pai.

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Sputnickadelas