quinta-feira, 11 de agosto de 2011

o país das cigarras



Quem entra no nosso país, meio distraído que esteja, ou não tomando atenção às notícias da nossa inquietante situação, decerto lhe custará a crer que estamos como estamos, ou como dizem que estamos, ou como fingimos que não estamos. Atente-se às taxas de ocupação hoteleira, aos corropios das noites bem festejadas, bem comidas e bem bebidas, aos sucessos dos festivais de verão, e pode-se julgar que a crise é ali mais ao lado, ou talvez que o pessoal vive hoje, o que, receia não poder a vir viver amanhã. Comam-se hoja as conquilhas, porque amanhã não sabemos se as há para comer, ou dinheiro para as comprar. Dizem-me pessoas bem informadas, porque afinal é o trabalho deles, que a coisa ficará preta lá para meados de Setembro, piorando em Outubro. Franzo o sobrolho e coço a cabeça. Pois se hoje já correm notícias das milhares de insolvências, das falências de famílias inteiras, do incumprimento das pessoas aos seus encargos, dá que pensar, que devemos ter um país a várias velocidades, onde uns andam sempre a abrir e aparentemente não contam os euros, e outros já não os contam, porque não os têm. Medina Carreira profetizou que iríamos andar à batatada num futuro próximo. Com os exemplos que temos tido de outros países europeus, já se viu que basta uma pequena faísca para a malta se descontrolar. Espera-se que aqui isso não aconteça, porque, diz-se, o povo é sereno. Contudo, não tenho dúvidas nenhumas que se irão revelar as cigarras bem como as formigas, e mais, aqueles a quem nem deram chance de escolher o carreiro, muito menos, à matemorfose.

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Sputnickadelas