terça-feira, 18 de outubro de 2011

Quando for grande...

As imagens aparecem-me vagas, de um passado cada vez mais longinquo, tanto quanto impossível. Se o avô tinha esta profissão, o pai, aquela, o tio, a outra, eu queria ser também, qualquer coisa, quando fosse grande. Muitas vezes, os mais velhos, com frequência me perguntavam - o que queres ser quando fores grande. Escolher o que se ser, quando chegado ao tamanho grande era assumido como algo para o resto da vida, tal como o casamento. Uma vez barbeiro, barbeiro toda a vida. Era-se habituado a escolhas definitivas, seguras, rectilíneas, e assim se conduzia a vidinha. Mal acostumados que fomos, porque por via desse mau costume, mal acostumámos os catraios, aos lhes fazer a mesma pergunta, porque afinal, e em boa verdade, daqui para a frente será difícil aos cada vez em menor número, jovens deste país, terem estes a liberdade de escolha, e muito menos o vislumbre de uma segurança laboral que lhes permita a simples e legítima ambição de construir o seu futuro, num país cujo futuro cada vez é mais incerto. Triste o meu país, onde olhamos os jovens de hoje, os grandes de amanhã, a aspirar a um emprego que seja, nem que seja temporário, porque as outras aspirações, já eram. Bem, a não ser que emigrem...

3 comentários:

  1. O que importa é nunca baixar os braços e ter esperança, um dia... e emigrar ja não é solução para ninguem, tudo não passa de uma ilusão e o dinheiro não é tudo. :)

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  2. Preocupa-me tanto isso, Sputnick...

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Sputnickadelas