sexta-feira, 28 de outubro de 2011

momentos perfeitos



Não existem locais perfeitos. Talvez existam momentos perfeitos, ou próximos disso, dada a intensidade e emoção com que os vivemos. Igualmente, não existem fotos perfeitas, e carecendo de unanimidade, o tema tornar-se-ía alvo de discussão, dado que gostos não se discutem. Controverso.

Quando parei o carro, em local onde supostamente não se pode parar, a fim de captar algumas imagens, daquele reflexo solar sobre o mar, que lhe confere este brilho prata, e no horizonte uma nuvem cinza, descomunal, apenas me preocupei com os detalhes técnicos da fotografia, a linha do horizonte, que por defeito sempre inclina, o enquadramento, e alguma dificuldade de luz, dado que me encontro de frente para o sol.

Só durante a captação das fotos, me apercebo de um casal, a namorar, a ver o mar, saboreando quem sabe doces beijos, trocando mimos e promessas, assim os imaginei. Naquele instante, senti saudade, nostalgia, e como que uma inveja, desejei voltar àquela idade em que os corações batem mais forte, em que coramos por dá cá aquele beijo, e o mundo pára. Admito dizer que literalmente, fui cusco, voyeur, indiscreto, indecente, paparazzi, naqueles momentos em que através do zoom por alguns momentos, observei aquele duo que mais parecia uno, que estando longe e de costas, nem deu pela minha presença, muito menos imaginam eles, que figuram anonimamente numa fotografia em contra luz. Muito menos imaginarão, o efeito provocado no autor do retrato, que garanto, não tem tratamento de imagem. Nem o retrato nem as emoções do dito. Tudo natural e transparente.

Depois, contrariado, tive de arrancar, porque os carros atrás de mim, já estavam em modo buzinão. Não fora isso, teria sido um momento perfeito.

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Sputnickadelas